sábado, 8 de maio de 2010

Supervisores gastam apenas 16% do seu tempo com atividades de liderança

Administradores

Estudo envolvendo mais de 100 equipes de supervisores e gerentes de empresas de todo o Brasil revelou falhas desses profissionais no gerenciamento e treinamento de funcionários. Segundo a pesquisa, mais da metade do tempo de trabalho dos supervisores é gasto para resolver problemas (29%) ou em atividades administrativas (30%), como reuniões, despacho de papelada, checagem de e-mail e telefonemas. Atividades importantes, como treinamento, ocupam somente 1% do horário de trabalho dos gestores. 

De acordo com o estudo, realizado pela Proudfoot Consulting no primeiro trimestre de 2008, a atividade de supervisão propriamente dita ocupa apenas 16% do tempo dos supervisores. Esse índice representa menos da metade do valor considerado adequado (35%), segundo especialistas da consultoria. 
Para o presidente da Proudfoot, João Currito, a falta de planejamento das atividades e o baixo mentoring e acompanhamento que recebem de seus superiores com relação às suas atividades do dia-a-dia são as principais causas do desperdício de tempo de supervisores e gerentes. “Todo profissional possui metas de produção e performance. Falta aos supervisores e gerentes mais suporte por parte de seus superiores e o efetivo acompanhamento e suporte às suas atividades na empresa”, avalia. 
Outro fator que chamou a atenção no resultado da pesquisa foi o baixo investimento em treinamento de pessoal, responsável por apenas 1% do tempo de trabalho. O nível considerado ideal pelos especialistas da Proudfoot é de 20%. “As empresas devem sempre manter o foco no aperfeiçoamento profissional de seus funcionários. Como conseqüência desse investimento, a produtividade sofreria um impacto positivo”, afirma Currito. 
Atividades sem valor agregado também refletem diretamente na produção das empresas. Segundo o levantamento, 17% do tempo total de trabalho dos supervisores é destinado a processos que não geram nenhum resultado prático. Segundo a consultoria, para obter-se um nível de produção satisfatório, esse percentual não deveria ultrapassar a marca de 5%.
Currito lembra ainda os resultados da última pesquisa feita pela Conference Board, uma entidade americana sem fins lucrativos, que entrevistou CEOs de grandes empresas da Ásia, Europa e Estados Unidos para listar os dez maiores desafios globais desses profissionais. “Quando questionados, 38,4% dos CEOs afirmaram que a excelência na execução é o principal desafio a ser vencido. Esse resultado reforça ainda mais a idéia de que é preciso investir e aperfeiçoar os trabalhos nos níveis de execução, isto é, nos níveis de supervisão e gerência, para alcançar uma produtividade cada vez mais alta”, ressalta. 

Rico do Brasil supera o da Suécia em IDH

Prima Página

Os brasileiros mais pobres vivem em condições de desenvolvimento humano comparáveis às da Índia, mas os 20% mais ricos, em situação melhor que a fatia mais rica da população da Suécia, Alemanha, Canadá e França. As informações estão no relatório do PNUD que analisa os números recentes do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e cita um estudo europeu que conclui que países que atingiram alto desenvolvimento humano (IDH maior de 0,800) nos últimos anos, como o Brasil, ainda têm parte da população sofrendo privações comuns às de países do fim da lista.



O estudo “Desigualdade no Desenvolvimento Humano: Uma determinação empírica de taxas de 32 países” menciona cálculos que comparam a desigualdade em 32 nações ricas e em desenvolvimento. São elas: Austrália, Canadá, Finlândia, França, Alemanha, Itália, Holanda, Polônia, Espanha, Suécia, Estados Unidos, Colômbia, Brasil, Peru, Paraguai, Vietnã, Indonésia, África do Sul, Bolívia, Quirguistão, Nicarágua, Guatemala, Índia, Gana, Camarões, Madagascar, Guiné, Costa do Marfim, Zâmbia, Etiópia, Moçambique, Burkina-Fasso.

Nessas nações, os números do IDH foram calculados para 5 estratos da população de acordo com a renda. No Brasil, a fatia mais rica tem um IDH de 0,997, próximo do máximo (1,000). O número é maior que o IDH do país que encabeça o último ranking, a Islândia (IDH de 0,968), e supera o valor correspondente aos 20% mais ricos de todos os outros países calculados, incluindo o do Canadá (0,967) e o da Suécia (0,959), terceiro e sétimo lugar na lista, respectivamente.

O atual IDH do Brasil, uma média de todo o país, é de 0,807, mas os mais pobres estariam sujeitos a condições correspondentes a um IDH de 0,610, ficando abaixo do segmento mais pobre da Indonésia (0,613), do Vietnã (0,626), do Paraguai (0,644) e da Colômbia (0,662). O IDH dos mais pobres brasileiros é comparável ao IDH da Índia (0,609).

"Os resultados mostram que a desigualdade no desenvolvimento humano foi bastante alta, e maior ainda em países em desenvolvimento”, afirma o relatório do PNUD. O texto acrescenta que a América Latina é o continente que apresenta as maiores desigualdades. No Brasil e em países como Guatemala e Peru, a diferença do IDH dos 20% mais pobres para o IDH dos 20% mais ricos só não é superior à de alguns países da África, como Madagascar e Guiné.

O relatório do PNUD ainda destaca outras formas de desigualdade. Segundo o documento, uma criança que nasce em algum dos 20 países do topo do ranking pode viver até os 80 anos, mas se ela nascer nos países de IDH mais baixo, sua expectativa de vida não é maior que 49 anos. Segundo a entidade, houve avanços importantes na maioria dos países, em especial nos índices de educação, mas, especialmente na África, alguns países tiveram retrocesso. “São preocupações centrais as extensas lacunas entre os ricos e pobres e entre homens e mulheres dentro dos países. Altos níveis de pobreza humana em muitos países em desenvolvimento requerem ações prioritárias”, conclui o texto.

Estudo aponta o Brasil como a 5ª economia em 2013

Andrei Netto 

O Brasil será a quinta maior economia do mundo já em 2013, pelos cálculos da PricewaterhouseCoopers, divulgados ontem, em Londres. Até lá, o País terá ultrapassado gigantes como Alemanha, Reino Unido e França. Os prognósticos econômicos indicam ainda que até 2020 o Produto Interno Bruto (PIB) do grupo de sete maiores emergentes - chamado E-7 e formado por China, Índia, Brasil, Rússia, México, Indonésia e Turquia - será maior do que o do G-7. Cinco das 10 maiores economias, até 2030, serão países hoje tidos como emergentes.
O relatório leva em consideração o ritmo de crescimento e a valorização média das moedas de cada país para traçar perspectivas de médio e longo prazos. Para a PriceewaterhouseCoopers, E-7 e G-7 terão pesos equivalentes por volta de 2019. A diferença de riquezas vem caindo - em 2000, o PIB dos sete países mais ricos do mundo era o dobro dos países hoje considerados emergentes pela consultoria - e, este ano, deve sofrer sua maior redução: 35%. Após a ultrapassagem, a distância seguirá aumentando: em 2030, o E-7 será 30% mais rico que Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália (G-7).
"Em 2030, nossas projeções sugerem que o top 10 global do ranking de PIB terá a liderança da China, seguida dos Estados Unidos, Índia, Japão, Brasil, Rússia, Alemanha, México, França e Reino Unido", afirmou o relatório, assinado pelo diretor de Macroeconomia da PwC, John Hawksworth. Nesse horizonte, as 10 maiores economias serão, pela ordem: China, Estados Unidos, Índia, Japão, Brasil, Rússia, Alemanha, México, França e Reino Unido.
Entre os reposicionamentos, três chamam mais atenção: a China, que ultrapassa os EUA, a Índia, superando o Japão, e o Brasil deixando para trás todos os gigantes europeus. Outra constatação do estudo é que a economia indiana crescerá mais rápido que a chinesa na década de 20. "A influência do E-7 já é enorme e esta análise mostra que a questão não é se o E-7 ultrapassará o G-7, mas quando", explicou Ian Powell, economista da PwC.
Para Powell, as mudanças econômicas já resultam em uma nova geopolítica. "O G-7 já foi expandido para G-20 como o fórum-chave para decisões de economia global."
De acordo com a PwC, o Brasil contará com o crescimento e a exposição internacionais obtidas com a Copa do Mundo de 2014 e com a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro. Já a Rússia conta com superpoderes na área de energia e a Índia, graças a seu crescimento demográfico, passará a crescer mais que a China.
As estimativas da PwC são ainda mais otimistas sobre a performance dos países em desenvolvimento do que as feitas por Jim O"Neill, chefe de pesquisa em Economia Global do banco de investimentos americano Goldman Sachs e autor do acrônimo Bric, sigla com a qual destacou a emergência de Brasil, Rússia, Índia e China na década passada.
Segundo O"Neill afirmara em novembro do ano passado, a China superará os Estados Unidos em 2027. Sua previsão anterior, feita há sete anos, indicava que a ultrapassagem aconteceria em 2041.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Dez pontos essenciais para abrir uma empresa com sucesso

Zenaide Carvalho

“Você está, agora, diante de uma nova experiência. 
Dedique-se a ela de corpo e alma, 
e verá surgir o próximo degrau de evolução.” (Taniguchi)

Você detectou que tem capacidade empreendedora e pretende tornar-se um empresário, parabéns! Agora, observe os pontos essenciais abaixo para ter a sua idéia realizada com o máximo possível de acertos e muito sucesso:

1. Ver-se trabalhando no negócio

Imagine-se frente àquele tipo de empreendimento. Algumas pessoas resolvem abrir empresas somente porque ouviram dizer que o mercado está propício para tal atividade. Se você não sentir-se bem – fazendo o que gosta ou aprendendo a gostar da sua atividade – não será feliz e, consequentemente, seu negócio estará fadado ao fracasso. Se houver sócios, veja-os também, ao seu lado: é agradável? Estude, pesquise, conheça e adquira habilidades gerenciais, que são vitais a qualquer empresário.

2. Escolher um ponto adequado ao negócio

A escolha do ponto é vital para seu negócio. O que você deve considerar é se precisará do fluxo de muitas pessoas (neste caso considere um ponto de frente de rua ou em shopping) ou se seu negócio não depende deste fluxo. Verifique o valor do metro quadrado dos locais onde pretende instalar sua empresa e veja as outras opções como necessidade de estacionamento. Talvez a escolha de uma sala, ou de um galpão ou até mesmo um ponto em ruas secundárias pode resolver o seu problema de localização. Essa escolha deve levar em conta o conforto dos seus clientes, o fluxo de pessoas e ainda a distribuição do seu produto. E não deixe de considerar a venda pela internet.

3. Projetar quanto precisa para abrir a empresa

Faça as contas. Projete tudo que precisará, incluindo o capital de giro, que é o investimento necessário para suprir as despesas em períodos em que ainda não há entrada em caixa. Considere a compra de máquinas, instalações, reformas no ponto, consultorias e não esqueça do item “divulgação” do seu negócio. Projete sempre um investimento maior, para evitar surpresas.

4. Projetar receitas

Faça pesquisas sobre o tipo de atividade que pretende abrir em negócios similares. Descubra quanto é viável faturar nos meses iniciais. Projete Receitas menores e para, pelo menos, um ano e não se empolgue muito. Se as receitas surpreenderem positivamente, ótimo!

5. Projetar despesas

Aluguéis, energia elétrica, custo das mercadorias vendidas, telefone, salários, contador, taxas diversas, internet, impostos, divulgação, material de escritório, pro-labore dos sócios que trabalharão na empresa. Tudo isso e mais um pouco deve ser projetado para que você tenha a real noção de quanto irá precisar para manter a sua empresa aberta. Prudência não faz mal: projete despesas maiores.

6. Planejar o marketing (vendas, produtos, preço dos produtos, divulgação, distribuição)

Essencial na vida de toda empresa conhecer o marketing, sem vendas a empresa não existe. Para vender bem é necessário ter políticas para escolha ou lançamento de produtos, formas de divulgação da empresa, equipe de vendas forte, treinada e motivada, preços de produtos adequados à estratégia da empresa – não sem considerar o mercado – e uma distribuição eficiente. Isso tudo para atender àqueles que farão o seu sucesso: seus clientes internos e externos.

7. Conhecer as necessidades legais

Não deixe de legalizar sua empresa. Empreendimentos legalizados faturam até quatro vezes mais que os informais. Consulte um bom contador, que será seu braço direito na legalização do seu negócio, fazendo um planejamento tributário estratégico adequado a sua atividade.

8. Organizar a administração e gestão

Sem planejamento não há perpetuação. Organize sua empresa como se ela fosse futuramente transformar-se em uma franquia. Documente tudo, planeje o organograma, projete a sua necessidade de capital humano e como mantê-los na empresa. Elabore missão e visão da empresa, controles adequados e não esqueça que serão necessários alguns líderes para esse negócio andar.

9. Pessoas

As empresas são projetadas para realizar os sonhos de pessoas. Os seus, o sonho de seus clientes, de seus colaboradores, seus fornecedores e até, indiretamente das pessoas que você não conhece, através dos programas sociais governamentais que você mantém através dos impostos. Considere em todo o processo que todos precisam estar felizes, motivados, tendo alegria ao relacionar-se com sua empresa. As empresas têm uma missão social antes de mais nada. Pesquise o que essas pessoas desejam com o seu negócio, a sua atividade. E atenda a esses anseios. O lucro virá como conseqüência.

10. Escrever isso tudo no Plano de Negócios

Se você já pensou nos itens anteriores, agora é a hora de colocar isso tudo no papel e seja bem-vindo ao que chamamos de Plano de Negócios. Por mais simples que seja, o plano de negócios é o seu empreendimento no papel antes de você gastar dinheiro. Servirá para analisar a viabilidade naquela hora, local e com as pessoas que você tem em mente. Se não der certo no papel, reveja tudo, item por item, e refaça o que for necessário.

Filantropia de resultados

Renata Agostini 
Para empresas com histórico de liderança, a perpetuidade do sucesso muitas vezes está ligada à capacidade de buscar novas oportunidades mesmo quando tudo corre bem. Com presença em 80% dos lares brasileiros e faturamento de 15 bilhões de reais, a Coca-Cola Brasil é a terceira maior operação da empresa no mundo -- só fica atrás da matriz nos Estados Unidos e da filial do México -- e vem registrando contínuos índices de crescimento nas vendas. No entanto, ao esmiuçar as estatísticas do consumo de seus produtos, os executivos de marketing da empresa perceberam um flanco aberto justamente naquela que é hoje a mais importante fatia do mercado brasileiro: a baixa renda, responsável por cerca de 60% do consumo dos produtos da Coca-Cola no país. Apesar dos grandes volumes absolutos de venda, o brasileiro ainda consome menos o refrigerante que mexicanos, argentinos e chilenos. E, mostraram as pesquisas, o brasileiro da classe C está ainda mais distante da marca. Seu consumo é 30% inferior ao registrado nas classes populares de países vizinhos.
A culpa, segundo a conclusão dos executivos de marketing da empresa, não é apenas dos concorrentes, mas também da distância que separa a Coca-Cola desse novo mercado. "Esse é um mercado em que a disputa está cada vez mais acirrada e em que a cada dia há novos concorrentes. Sairá vencedor quem conseguir se aproximar dele primeiro", diz Cláudia Lorenzo, diretora de projetos especiais da Coca-Cola. Para chegar mais perto desse novo consumidor, a subsidiária brasileira criou um programa inédito no mundo, uma mistura de empreendimento social com marketing. Batizado de Coletivo, o programa é voltado para a educação de jovens na faixa de 17 a 25 anos. Com a participação de organizações não governamentais e associações de moradores, a empresa instala salas de aula em favelas e em bairros pobres de grandes cidades brasileiras. Nelas, são ministrados cursos de técnicas de vendas em varejo. Durante dois meses, os jovens aprendem como escolher e expor os produtos, gerenciar estoques e abordar os clientes. Ao longo do treinamento, eles são testados por seu desempenho em jogos que simulam o dia a dia de um pequeno varejo -- e os mais bem avaliados são encaminhados para entrevista de emprego nas fabricantes de Coca-Cola. Em uma espécie de trabalho de conclusão de curso, os participantes montam um plano de negócios que deve ser apresentado a um pequeno dono de bar ou mercadinho da comunidade, com sugestões de melhoria no estabelecimento. A Coca Cola ajuda a implantar o plano de negócios, oferecendo uma linha de microcrédito ao varejista no valor de 3 000 reais -- uma parceria da empresa com o Banco Interamericano de Desenvolvimento e com a ONG Visão Mundial. Caso desejem abrir seu próprio negócio, os participantes do programa também terão acesso a uma linha de microcrédito -- no valor de 1 500 reais. Esse é o lado social do programa.
O lado marketing tem como objetivo aumentar a força de vendas em áreas pouco exploradas pela marca. A meta da Coca-Cola, ao final do programa, é transformar um em cada dez alunos em revendedor de seus produtos em seu bairro. Até agora o programa já formou 550 jovens em cinco favelas -- duas na cidade de São Paulo e três em Recife. A ideia, no entanto, é treinar 1 milhão de jovens até 2012, em 1 500 comunidades.
O formato do programa e os benefícios comerciais que a empresa espera obter com sua implantação são resultado de uma pesquisa de campo que começou em novembro de 2008. Durante cinco meses, 20 executivos da Coca-Cola foram enviados para conviver com famílias das classes C e D em diferentes regiões do país. Durante dois dias eles participaram de tarefas domésticas como se fizessem parte da família visitada sem se identificar como executivos ou revelar que trabalhavam para a Coca-Cola -- a abordagem das famílias foi feita por meio de um instituto de pesquisa. No processo de imersão, os executivos cozinharam, fizeram compras e foram a cultos religiosos. Com base na experiência, a equipe detectou, por exemplo, que raramente as famílias pensavam em se mudar do bairro onde viviam -- mesmo diante da perspectiva de melhora de renda. Eles também perceberam que os filhos desejavam contribuir com o rendimento familiar o quanto antes. Tais constatações levaram às diretrizes básicas do Coletivo: o projeto teria de ser desenvolvido dentro da comunidade, com foco em jovens e em geração de renda. "A gente se engana achando que de dentro de um prédio na praia de Botafogo é possível saber a melhor maneira de vender Coca-Cola numa favela", diz José Borda, vice-presidente de estratégia comercial da Coca-Cola, que participou de um projeto de imersão em Belo Horizonte. A estrutura das salas do Coletivo também foi pensada junto com representantes das comunidades, que desenvolveram o projeto em parceria com as agências de publicidade contratadas pela empresa.

O projeto voltado para a baixa renda no Brasil está sendo acompanhado com atenção pela matriz da Coca-Cola, em Atlanta. Caso dê certo, o modelo pode ser replicado em países como China e Índia, onde o potencial de vendas é enorme, mas o consumo per capita de produtos da empresa ainda é muito baixo -- respectivamente 6 e 2 litros per capita por ano. No caso brasileiro, o programa é crucial para que a companhia volte ao desempenho que já teve no passado. No início dos anos 90, a Coca-Cola chegou a ter 60% de participação no mercado brasileiro de refrigerantes. Tempos depois, viu sua participação cair para 48%, em um movimento que ficaria conhecido como a Guerra das Tubaínas (referência ao florescimento de uma infinidade de marcas de refrigerantes populares). As vendas foram se recuperando aos poucos. Hoje, a empresa tem 56,8% de participação -- uma posição invejada por marcas menores que, a seu modo, conhecem a linguagem e os desejos da nova classe C brasileira.

Mulheres magras vendem mais

Adnews

Mulheres que assistiram o vídeo de um desfile de moda como parte de estudo americano foram quatro vezes mais propensas a recusar um snack oferecido após a exibição do que as que só foram entrevistadas. O motivo? A ditadura da magreza imposta pelas passarelas. O estudo diz que ao ver o desfile as mulheres ficam com a auto-estima baixa, se sentindo mal.

A pesquisa foi organizada por professores da Villanova University, em parceria com a faculdade de Nova Jersey, com o apoio do hidratante Dove. A marca se inspirou na "Campanha pela Real Beleza", anúncios que foram veiculados mundialmente enaltecendo a beleza feminina natural. Segundo dados do estudo, os anúncios com mulheres magras tendem a fazer a mulher se sentir inferior, mas fazem a marca vender mais.

O resultado da pesquisa mostra que 42% das 194 universitárias entrevistadas, com idades entre 18 e 24 anos, demonstraram expressão negativa quanto aos relacionamentos amorosos, vida sexual, beleza e condição física após ver modelos magras.

A crise nos deixa mais imorais?

Juliana Belda

Você já reparou se, para não perder o emprego em meio a tantas demissões, o comportamento do seu empregado anda diferente? Será que ele não está mais condescendente e solícito, anda mentindo, ou até mesmo flertando com você e com os demais sócios e diretores?

Pode ser que sim. Uma pesquisa divulgada pela revista Time revelou que 28% de 1200 trabalhadores americanos entrevistados cometeriam atos imorais para se manterem empregados diante do atual contexto econômico. Sendo que 13% deles mentiriam; 2% tomariam como mérito próprio o trabalho de outra pessoa ou flertariam com seus chefes e 4% fingiriam concordar com os interesses de seus superiores.

Segundo a chefe de RH da empresa que encomendou a pesquisa, as pessoas planejam o Natal, as férias, os casamentos e feriados, mas não pensam a longo prazo sobre sua carreira e por isso acabam apelando para essas atitudes quando se veem encurraladas.

Certamente, uma política de transparência pode evitar esse tipo de comportamento na sua empresa, afinal é o medo e a incerteza que desencadeiam tal “falsidade corporativa”. Mas, de qualquer forma, mantenha os olhos abertos.

C, D e E não se submetem aos padrões de consumo

Pegn

'Bonito é aquilo que eu posso pagar'. É assim que as classes C, D e E, base da pirâmide social, pensam sobre os produtos que desejam consumir, segundo pesquisa feita pela consultoria A Ponte. Para as classes de menor renda, interessa mais aquilo que está próximo de sua realidade, informa o site InfoMoney.
O estudo foi feito de maneira inusitada: os participantes foram convidados a fotografar imagens daquilo que eles mesmos consideram esteticamente bonito, tanto com relação aos produtos consumidos, quanto às marcas ou lugares que desejam freqüentar.
A primeira constatação da pesquisa é que essas classes não desejam estar submetidas aos padrões de consumo e imagem impostos pela sociedade, principalmente através da cultura de massa. Esta primeira observação dialoga de forma positiva o que foi dito do Brasil em matéria produzida pela revista britânica 'The Economist'.
Segundo a reportagem, na mídia, sobretudo nas novelas, a imagem transmitida, e que serve de guia para o consumo - nesse caso, da classe média - é a de 'pessoas brancas, bem vestidas, servidas por empregados, morando em lugares onde o verão parece ser perpétuo'. A pesquisa da consultoria A Ponte mostra que esse padrão é bem distante das classes mais baixas, e que estas reivindicam, por exemplo, a maior participação dos negros na TV e no cinema.
Quanto ao consumo, a pesquisa aponta que há uma sobreposição entre o que é atrativo e a possibilidade de consumo. O que é muito caro, muito distante, não é amplamente reconhecido como bonito.
Muitas das fotografias remetiam a marcas populares, ou a lojas de varejo em que os produtos podem ser comprados em longos crediários, com parcelas acessíveis ao bolso destes consumidores. De acordo com André Toretta, um dos publicitários responsáveis pela pesquisa, não há preocupação quanto aos juros, ou o tempo do financiamento. 'Para estas classes, o preço do produto é o preço da parcela, não importa o tempo que levará para pagar'.
O publicitário explica que a noção de juros é relativa para eles. 'Antes do acesso ao crédito, os empréstimos que faziam eram informais. Pagar juros para o agiota que mora no mesmo bairro é muito mais caro que pagar as prestações de um produto, portanto, para as classes mais baixas, a situação melhorou', declara.
Segundo Toretta, a falta de informações sobre educação financeira que a maioria tem impossibilita pensar em cálculo de juros compostos, comparação entre pagamento à vista e parcelado, dentre outras noções.
As imagens que os membros das classes C, D e E consideram mais bonitas, tanto no centro, quanto na periferia, são relacionadas principalmente ao consumo. 'Isso demonstra felicidade e um deslumbramento por entrar no mercado, podendo consumir', diz Toretta.
Ele destaca que as próprias vendas para essas classes visam sua inclusão na sociedade de consumo. 'As vendas para a classe média geralmente são de exclusão, personalização. 'Eu quero ter o que mais ninguém tem' é o princípio. Já para a base da pirâmide, ocorre justamente o contrário, para garantir a esses consumidores o que todos os outros já têm', conclui.

Pequenos também devem investir em branding

Viviane Danin

As marcas passaram a exercer um papel ainda mais importante em um mundo de mercados globalizados e novas tecnologias da informação. As relações com os produtos e objetos sofreram alterações consistentes. Pode-se dizer que as marcas nesse novo contexto histórico são o ponto-chave para estratégias de sobrevivência das empresas.
E de que maneira empresários e designers devem projetar e administrar as marcas? Perguntas como essa encontram respostas no livro Branding Design e Estratégias de Marcas, de Álvaro Guillermo, lançado recentemente pela Demais Editora.
O livro ajuda principalmente o pequeno empresário a encontrar exemplos que demonstram os benefícios da marca e de uma boa assessoria profissional nessa área.
Assim como desenvolvem seus planejamentos estratégicos, seus planos de marketing e de comunicação, as empresas devem criar suas estratégias de marca. Segundo Guillermo, “estratégias de marca permitem preservar a identidade, mesmo com proprietários e administradores de perfis diferentes. Ajudam, por exemplo, a profissionalizar empresas familiares, estabelecem ações de médio e longo prazo”.
No entanto, é importante saber que projetos estratégicos de marcas são de longo prazo. Além disso, é preciso conhecer o passado, ter ações claras para agir no presente e preparar os cenários para colher resultados no futuro.
Guillermo é arquiteto, designer e mestre em Educação, Arte e História da Cultura. Seu livro é útil para profissionais de propaganda, mas tem o foco nos empresários, inclusive de pequenas e médias empresas. A publicação traz exemplos vividos e realizados pelo escritório Arte In, no qual Álvaro é diretor. Apresenta também cases que ajudam a entender o mercado.
Segundo o autor, “num mundo globalizado, as diferenças se aproximam e, cada vez mais, nos parecemos com os outros. Chegamos a padrões que pasteurizam nossas vidas. Por isso, é preciso cuidar bem da marca e conhecer bem seus diferenciais, aquilo que faz sua empresa ser singular. Seja diferente mas não tente ser o que não é. Utilize sempre a verdade”. É uma boa lição.

Cresce o número de pessoas que moram sozinhas. O que elas querem?

Katia Simões

Quando, em meados dos anos 90, a consultora de marketing americana Faith Popcorn apresentou ao mundo o conceito do encasulamento (cocooning, em inglês) para retratar a tendência do isolamento das pessoas nas metrópoles, muitos torceram o nariz e outros ignoraram a previsão. 

Segundo ela, o morador das grandes cidades passaria parte do seu tempo livre divertindo-se em casa. Fosse por temer a violência urbana ou por gostar da comodidade da vida moderna, ele daria preferência, por exemplo, a assistir um filme na TV ou no vídeo em vez de ir ao cinema. Ou fazer ginástica na própria esteira em lugar de ir à academia. A previsão de Popcorn confirmou-se mesmo em sociedades tipicamente familiares como as latinas e transformou-se no que os estudiosos do comportamento humano passaram a chamar de hiperindividualismo. Ao estudá-lo, percebe-se que o isolamento acontece até quando se anda na rua com o iPod plugado na orelha, uma tentativa de desligar-se do entorno e mergulhar numa diversão própria.

A tendência ao hiperindividualismo, consolidada em paí ses como a Inglaterra, onde um terço das casas tem apenas um morador, e a França, em que 50% dos domicílios de Paris são habitados por uma só pessoa, já é realidade também por aqui. O número de brasileiros que moram sozinhos dobrou na última década e soma mais de 6 milhões de pessoas. A estimativa é que até 2016 chegue a 12 milhões de indivíduos, um exército três vezes maior que a população do Uruguai ou que a soma dos moradores da Dinamarca e do Paraguai. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 11,07% dos 54,6 milhões dos domicílios brasileiros registrados pelo censo de 2006 abrigavam apenas um morador. "Esse universo tende a crescer mais nos grandes centros urbanos, já que hoje os casamentos são menos duradouros, as famílias são menores e um número cada vez maior de pessoas prefere ter o próprio canto a ter que dividi-lo com a família ou com os amigos", afirma José Augusto Domingues, professor de comportamento do consumidor do curso de MBA da Escola Superior de Propaganda e Marketing. "Há também um aumento da expectativa de vida da população, o que faz ampliar esse bolo dos solitários com a participação da terceira idade." Na visão de Domingues, esse ainda é um movimento típico de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte, que oferecem serviços e produtos que facilitam a vida de quem vive sozinho. E é também um fenômeno das classes A e B, cujo nível cultural e econômico é mais alto.

Levantamento feito pelo Ibope Mídia apontou São Paulo como a cidade que mais abriga pessoas que moram sós no Brasil, o equivalente a 6% da população, num total de 720.000 domicílios. As mulheres são maioria: formam 53% do bloco do eu sozinho, enquanto os homens somam 48%, sendo os indivíduos entre 35 e 54 anos maioria (53%) entre os solitários paulistanos. E o que eles consomem? O levantamento do Ibope Mídia revela que 62% se dizem adeptos de marcas mais refinadas, 34% não escondem que freqüentemente compram produtos por impulso nos supermercados, 33% daqueles que têm mais de 20 anos concordam com a frase "eu só penso em trabalho", e 52% admitem que se preocupam muito consigo mesmos. 

Se você pensa em ter a turma dos independentes entre seus clientes, prepare-se: com hábitos muito próprios e personalidade na maioria das vezes pouco agregadora, os singles, como são também chamados, não são fáceis de serem fisgados. Disposto a entender melhor quem é esse consumidor cuja força cresce a cada dia, o Instituto Marketing Analysis Brasil acaba de colocar no mercado um estudo fresquinho envolvendo oito das principais capitais do país. O resultado mostra que os independentes são consumidores mais exigentes, que buscam melhores preços e só concordam em adquirir itens mais caros se isso trouxer valores agregados como qualidade e durabilidade. "Eles ficam menos tempo em casa, por isso procuram produtos e serviços que facilitem a vida, que sejam duráveis, mais concentrados e em porções menores", diz Paloma Zimmer, analista da pesquisa. O estudo revelou, entre outras coisas, que os singles enxergam as compras como uma atividade de lazer (42%), costumam ir mais a bares e restaurantes que a média da população (42% contra 21%), assim como fazem suas refeições em redes de fast- food com muita freqüência (36%). São também bons compradores de bebidas alcoólicas (45%) e de doces e chocolates (66%), o que os faz responsáveis hoje por 40% do consumo de produtos embalados individualmente e preferem encontrar em um único endereço tudo o que procuram (leia o quadro De olho no próprio umbigo, na pág. 56). Sem contar que os solitários navegam em média 54 minutos por dia na internet, contra os 34 minutos gastos pela maioria da população. 

"Quem conseguir conquistar sua confiança terá uma estrada de boas oportunidades de ofertas de produtos e de serviços pela frente", afirma Eduardo Ayrosa, professor de comportamento do consumidor da Fundação Getulio Vargas-RJ. Para isso, é essencial não só conhecer seus hábitos de vida e de consumo, como suas necessidades no dia-a-dia, que esbarram em coisas simples, como a pouca flexibilidade de horário de alguns prestadores de serviço à mudança das porções de alimentos, bebidas e produtos de limpeza, ainda concebidos para uso familiar. 
MANUAL DO INDEPENDENTE 
O que fazer para conquistar a preferência da turma que não divide a casa com ninguém 

ADOTE uma comunicação segmentada, que fale diretamente a esse público, oferecendo-lhe serviços e produtos sob medida a preço justo 
TRABALHE com horários flexíveis. Atender fora do expediente comercial e nos fins de semana faz a diferença
OFEREÇA serviço de delivery, principalmente em horários alternativos. Quanto menos tempo o cliente que vive sozinho perder, melhor
ESCOLHA com qual subgrupo dos solitários você deseja trabalhar: o das pessoas jovens ou o da terceira idade. Seus hábitos de consumo são bem diferentes, assim como a forma de conquistá-los. Os primeiros são mais fiéis a bens duráveis, têm menos tempo e valorizam a praticidade. Já os idosos se preocupam principalmente com o preço e a comodidade
TENHA uma boa variedade de produtos na quantidade e nas dimensões certas. Evitar desperdício é o que eles mais querem 
APOSTE em meios não convencionais de marketing e valorize o tratamento personalizado. Vale oferecer tarifas especiais, promoções nas compras pela internet e setorizar parte da loja com produtos voltados a esse universo
TREINE a equipe para que conheça produtos e serviços em profundidade e possa promover uma consultoria e não uma simples venda. Trata-se de um consumidor mais informado e exigente do que a média.
Ao constatar que os singles eram ótimos clientes de suas lojas, principalmente os da terceira idade, a rede Villareal Supermercados, de São José dos Campos, interior de São Paulo, não dormiu no ponto. Há pouco mais de um ano vem trabalhando de olho nesse público e promoveu algumas mudanças no layout da loja e no mix de produtos. "O primeiro passo foi oferecer pães, doces, massas, molhos, frutas e verduras em porções menores, e o reposicionamento dessas ofertas em locais nobres", diz Flávio Almeida, sócio-diretor. "O resultado foi um aumento de 30% na venda dessas linhas." Em seguida, a rede ampliou o volume de itens com esse perfil, que hoje já soma mais de 250 produtos, e passou a fazer um cadastro mais completo desse público através do mailing de seu cartão-fidelidade. "Outro fator que chamou a nossa atenção foi a boa participação dos independentes nos cursos gratuitos oferecidos pelo Villareal, o que nos levou a pensar em temas mais específicos para as suas necessidades", afirma Almeida. O próximo passo, segundo o empresário, será investir em uma comunicação mais focada nas suas expectativas, algo que vá além da inclusão de produtos no catálogo de promoção da loja. Visando atrair cada vez mais esse consumidor, a próxima loja a ser inaugurada pela bandeira abrigará uma cafeteria, para funcionar como ponto de encontro de solitários dispostos a jogar conversa fora. "A idéia é vender produtos, serviços e comodidade", diz Almeida.

Foi apoiada nesse tripé que a Enoteca Decanter, de Belo Horizonte, há um ano negociou com seus fornecedores estrangeiros a entrega de vinhos em meia garrafa, uma demanda da própria clientela. Hoje são 30 variedades, entre tintos, brancos e de sobremesa que já chamam a atenção nas prateleiras em razão da boa variedade da procedência. São rótulos chilenos, argentinos, italianos, uruguaios, franceses, portugueses e espanhóis, com preços 50% menores que nas embalagens convencionais. "Fomos pioneiros na comercialização de meia garrafa e a iniciativa já responde por 15% do volume de vendas, com tendência a crescer, pois o número de pessoas que moram sozinhas aumenta a cada dia", diz o enólogo Lisandro Vieira. "Para atrair ainda mais esse público, nos transformamos numa loja de vinhos com enogastronomia, o que facilita a degustação da bebida dentro da enoteca."

Sem fazer um estudo mais profundo, apenas ouvindo um pouco mais a própria clientela, o Pet Center Marginal, com lojas em São Paulo, passou em 2003 a funcionar na madrugada justamente para atender melhor quem vive só. "São pessoas com horários e hábitos diferentes, que permanecem menos tempo dentro da loja, mas sabem exatamente o que procuram e exigem um padrão de atendimento e qualidade acima da média da maioria dos clientes", diz Eugênia Fonseca, responsável pela área de marketing. Para 2009, a rede pretende lançar um serviço especial para facilitar a vida desse público. Trata-se do Day Care, uma espécie de creche para animais, que poderão ser deixados ali por algumas horas do dia, com espaço de convivência e sociabilização para pets, área de exercícios, um monitor para entretenimento e adestramento de comandos básicos, além de ofurô para banhos relaxantes ou estimulantes. O preço? "Semelhante ao cobrado pelas creches infantis, na faixa dos R$ 700 por mês", afirma Eugênia.

Na opinião da consultora Katia Bello, sócia da Opus Design, empresa especializada em comunicação estratégica de varejo, todos os ramos podem ter os singles como clientes potenciais, basta avaliar com atenção suas necessidades e oferecer-lhes as melhores condições de compra, sejam elas dentro ou fora da loja. Todavia, quem tira mais proveito desse grupo são os setores de serviço e entretenimento. Nos Estados Unidos, onde em 30 anos o número de pessoas que moram sozinhas aumentou 50%, os singles movimentam US$ 80 milhões por ano. No Brasil não há estatísticas precisas. Estimativas da Associação Brasileira de Agentes de Viagem (Abav) sinalizam que eles respondam por 30% das viagens de turismo realizadas no país; já o Sindicato de Lavanderias e Similares no Município de São Paulo (Sindilav) acredita que 20% dos serviços das lavanderias na cidade demandam dos singles. Uma fatia significativa, considerando-se que o setor movimenta no estado R$ 400 milhões por ano, segundo José Carlos Larocca, presidente da entidade.

Independentemente da área a ser explorada, a consultora Katia Bello reforça a necessidade de se conhecer melhor o grupo dos independentes. "O mercado ainda insiste em pensar que os desejos, carências e expectativas desse público são iguais e não percebe que esse grupo tem diversos subsegmentos de estilo de vida e perfis de comportamento e consumo", afirma. Evidentemente, um homem na faixa dos 40 que mora sozinho tem perfil completamente diferente de outro, na faixa dos 60, que também mora sozinho. E eles, claro, são diferentes das mulheres nas mesmas condições. E é a essas diferenças de comportamento que se deve ficar atento.

É o que vem fazendo a indústria da construção civil, que, de olho no bloco do eu sozinho bem abastado e já estabelecido, passou a conceber edifícios que atendam às suas necessidades e não mais às das famílias com filhos. Alguns prédios de um ou dois dormitórios lançados na cidade de São Paulo, por exemplo, já substituem o clássico playground por uma bem equipada sala de ginástica, e oferecem áreas de convivência para animais. Opções, cá pra nós, bem mais úteis para quem mora só e tem apenas um animal de estimação como companheiro.

Os especialistas afirmam, ainda, que é preciso praticar um preço justo e não inflacionar os custos só porque esse público tem mais renda para gastar com as próprias necessidades e desejos. É prática bastante comum no mercado de alimentos, por exemplo, cortar pela metade a quantidade oferecida na embalagem, mas reduzir apenas 25% do preço. "A maioria das empresas ainda não equacionou a questão da segmentação desse mercado, que está cada vez maior e mais complexo", diz o professor Ayrosa. "Ainda há uma percepção errada de que o single pode e deve pagar mais, o que torna grande parte desses produtos e serviços muito caros." Portanto, interessados em embarcar nessa tendência devem abrir os olhos e desenhar suas ofertas na medida certa, sem exagerar na dose e no preço, pois esse consumidor, que sabe exatamente o que quer, tende a responder por boa parte do mercado num futuro próximo.
DE OLHO NO PRÓPRIO UMBIGO 
Perfil de comportamento daqueles que vivem sozinhos segundo consultores 

- São exigentes, só adquirem produtos mais caros se implicar em maior valor agregado, principalmente, qualidade e durabilidade 
- Gostam de fazer as coisas do seu próprio jeito. Dificilmente compartilham suas decisões 
- Costumam ver os animais de estimação como bons companheiros e investem no seu bem-estar
- São auto-suficientes. Sabem exatamente o que buscam no ponto-de-venda e onde está cada item. Têm um nível de informação superior ao da média dos consumidores
- Valorizam a praticidade, a comodidade, o conforto e a conveniência
- Navegam na internet mais tempo que a maioria das pessoas
- Permanecem nas lojas menos tempo que os demais clientes 
- Preferem fazer suas compras em um único lugar que tenha produtos de diferentes segmentos
- Investem boa parte de seu dinheiro em benefício próprio. São bons consumidores de serviços de estética e bem-estar 
- Adoram viajar, porque possuem mais tempo e verba para o lazer 
- Dão preferência aos serviços de delivery pela praticidade 
- Estão entre os principais consumidores de serviços voltados à manutenção e arrumação da casa.  

Metodologia de implantação do Core Business

Administradores

Diversos autores têm chamado a atenção sobre a dificuldade de se identificar, de forma precisa, o Core Business de uma empresa, pela falta de procedimentos objetivos. 
Core Business significa a parte central de um negócio ou de uma área de negócios, e que é geralmente definido em função da estratégia dessa empresa para o mercado. Este termo é utilizado habitualmente para definir qual o ponto forte e estratégico da atuação de uma determinada empresa. Utiliza-se também para definir a área de atuação onde não pode, ou não se deve existir 'Outsourcing‘ (Terceirização). 
As alternativas de Outsourcing devem ser avaliadas como oportunidades de melhoria de eficiência operacional e da qualidade. Sua aplicabilidade não pode ser considerada de forma absoluta. 
Offshore Outsourcing é a prática da contratação de uma organização externa para executar algumas funções empresariais num país diferente daquele em que os ou serviços são efetivamente desenvolvidos ou fabricados. 
Grandes empresas estão pensando em transferir call centers e desenvolvimento de softwares, que hoje estão na Índia, para outros países emergentes. O fato deverá beneficiar o Brasil. 
Business Process Outsourcing (BPO) é a terceirização de um processo de negócio de uma organização, que normalmente não faz parte de seu core business. Por exemplo: A Coca Cola, onde quase toda a cadeia de abastecimento é a empresa terceirizada. 
Nearshore Outsourcing: é o BPO que é contratado para um país vizinho da empresa. 

Metodologia Para Implantação do Core Business na Empresa: 

Passo 1: Modelar a empresa segundo suas funções, de forma a explicitar as funções que poderiam conter seu core business, e alinhá-las entre as funções principais (de produção e de atendimento). 

Passo 2: Agregar as funções de produção e de atendimento em blocos de funções que são indissociáveis quando na operação da empresa. 
Por exemplo: quando se vende um bem ou um serviço, está neste exato momento sendo desenvolvida também a função de negociação. Assim, essas duas funções são entendidas como funções-afins e passam a pertencer a um bloco único. A inclusão de uma das funções de um dado bloco no core business implica na inclusão de todas as funções daquele bloco. 

Passo 3: Estabelecer o relacionamento entre os blocos de funções-afins e os campos da competição, isto é, identificar, dentro de um mesmo bloco de funções, todos os possíveis campos da competição que possam se relacionar com uma ou mais dessas funções. 
Exemplo: Marketing 

Passo 4: Identificar as armas (ferramentas gerenciais/operacionais) mais importantes para cada um dos campos da competição, incluindo também as armas que se relacionam com aquelas funções de apoio e de serviços internos que influenciam o desempenho das funções de produção e atendimento. 

Passo 5: Avaliar o grau de intensidade com que a empresa utiliza, ou poderá utilizar, cada uma das armas de competição identificadas como importantes no passo anterior. 

Passo 6: Identificar, a partir dos resultados obtidos no passo anterior, os campos de competição e, por decorrência, os blocos de funções-afins que a empresa pode, ou poderá, desenvolver com excelência. 

Passo 7: Definir, a partir dos resultados oriundos do passo anterior e da análise da concorrência, o core business da empresa. 

Exemplo: Empresa Bolsa de Empregos Tiadro 

1. A Bolsa de Empregos Tiadro iniciou com bolsa de empregos (videotexto). 
2. A empresa foi pioneira na aquisição de know-how e a consolidação no e-recrutamento. 
3. O BusinessCenterRH.Tiadro, um e-marketplace de produtos e serviços para a Gestão dos Recursos. Humanos das empresas do Brasil e de outros países. 
4. Criou o Portal das Pessoas: Notícias, Clipping RH Diário, e-Recursos Humanos, Newsletter RH diária e semanal em mais de 30 jornais, revistas e sites em Portugal: empregos, formação, educação, responsabilidade social, artigos, orientação vocacional, legislação, agenda, seminários, congressos, cursos na e em várias áreas, Licenciaturas, Pós-graduações, MBA e Mestrados. 
5. O Jobshop.Tiadro são os canais de produtos e serviços para os Candidatos e as Empresas que valorizam e apóiam as “pessoas” na sua vida profissional e pessoal. 
6. Possui o recrutamento eletrônico, Seleção, Executive Search, formação em software/hardware, junto com parceiros. 
7. O bcRH.Tiadro disponibiliza tem equipe de Consultores Especializados, sem custos adicionais e o mesmo faz tudo que a empresa necessita na área de recursos humanos. 

Empresas que fizeram Core Business com sucesso 

1. O Google, por exemplo, entendem que as suas capacidades essenciais de software estão no cerne do seu sucesso. 
Ele continuamente procura a paisagem para os novos locais e meios de comunicação de extensão e de mistura destas capacidades. 
2. O YouTube comprou por US $ 1,65 bilhões em 2006. E este ano ele já comprou mais 11 empresas, que vão de uma videoconferência com um provedor processando paralelamente a empresa. 
3. Steve Jobs em 2001 anunciou o iPod, criou todo um novo núcleo, um que hoje representa quase 50% das receitas da empresa e de 40% dos seus lucros. 
4. Hoje, a Nókia tem ramificações fora em uma série de adjacência mercados, vendendo mais de 100 tipos de telefone. 
5. A Nike expandiu em segmentos adjacentes, introduziu novos produtos, desenvolvidos novos canais de distribuição, novos mercados geográficos. 
6. A Adereçam Express, baseou a sua expansão com bons resultados em adjacências a estudar como os seus clientes utilizam cartões. Com essas informações de clientes, AMEX gestores têm criado uma família de cartões com variadas taxas de juros, condições, serviços, programas e recompensa. 

Empresa que fracassaram por não fazerem Core Business 

1. Mais de 200 empresas pontocom americanas que faliram nos Estados Unidos no ano passado oferecem um argumento de peso para quem defende a insuficiência de uma atuação exclusivamente virtual. Além disso, se estar ao mesmo tempo na web e fora dela pode causar uma confusão na cabeça do consumidor, o mesmo pode-se dizer de empresas que vendem ao mesmo tempo em lojas e por catálogo, telemarketing ou porta a porta. 
2. Xerox, até hoje sinônimo de copiadora. Há alguns anos, porém, a empresa podia ter tomado a ponta no processo de desenvolvimento das impressoras laser para desktops. Por não considerar a nova tecnologia como uma ameaça, a Xerox parou no tempo e ficou assistindo a HP dominar esse mercado. 
3. Quando foi lançada a Encarta (enciclopédia multimídia da Microsoft) no início dos anos 90, qual era o paradigma de enciclopédia? A resposta óbvia é: Brittanica! Quando as vendas da Brittanica começaram a cair, a primeira reação dos gestores da empresa foi dar treinamento para os vendedores porta a porta, pois, se a Brittanica estava vendendo menos, só poderia ser devido a problemas na abordagem dos tradicionais vendedores. 

Empresa que fez o Core Business e não obteve sucesso 

A Warner optou pelo formato Blu-ray, da Sony, para seus próximos lançamentos em alta definição. O estúdio americano descartou o formato HD-DVD, da concorrente Toshiba, e seguiu a escolha já adotada por Disney, 20th Century Fox, MGM e própria Sony Pictures. O formato HD-DVD só foi adotado pelos estúdios Universal e Paramount. Os dois sistemas são incompatíveis. 

Principais motivos do fracasso do Core Business 

1. Toda empresa deve fugir da tentação de querer abraçar o mundo e especializar-se apenas em um ou outro segmento. 
2. As empresas devem concentrar todas as suas forcas em um segmento do mercado. 
3. Muitas vezes, é preciso reinventar seu negócio e até mesmo deixar para trás seu principal ramo de atuação para não desaparecer. Isso é especialmente verdadeiro no momento e que novas tecnologias surgem, atacando frontalmente seu core business. 
4. Deve-se estar o mais atualizado possível tecnologicamente. 
5. Adotar uma estratégia de atender o cliente onde quer que este se encontre é um suicídio estratégico. Algumas pessoas vão querer comprar na internet, cujos preços serão mais baixos, mas onde os produtos só são entregues após três dias. Outras, porém, irão às lojas físicas e comprarão lá, onde os preços serão um pouco mais altos, mas os produtos podem ser vistos e experimentados. 
6. Um empresário extremamente bem sucedido ao longo de décadas desenvolve um paradigma de gestão empresarial, se o ambiente empresarial for alterado, ele poderá insistir no uso das velhas técnicas e ferramentas, 
7. O desenho de estratégias empresariais é muito diverso de uma simples repetição de casos de sucesso, repetidas como meras “receitas de bolo”. 
8. Thomas Kuhn concluiu que o cérebro humano desenvolve rotinas como forma de poupar a memória de trabalho. Todos temos uma capacidade limitada de acumular informação nessa memória e, por isso, desenvolvemos rotinas ou formas padrão de solução de problemas. Temos uma dificuldade enorme de inovar 
9. Falta de “enxergar” o problema e a solução pela perspectiva do cliente. 
10. Os clientes não percebem motivos que os estimulem a ter confiança ou credibilidade na empresa. 
11. Falta aos colaboradores uma correta compreensão sobre a empresa e seus objetivos; 
12. Há um desconhecimento sobre os custos envolvidos, sobre os processos mais valorizados, sobre as habilidades técnicas necessárias e sobre a disponibilidade e aplicação de ferramentas de gestão; 
13. Por outros motivos como mudanças de hábitos, fim de uma necessidade, etc. 

Reconheço que a teoria fica longe da possibilidade prática, para que muitas empresas promovam a mudança, por não saber como fazer. Nos próximos artigos vou tentar mostrar, de uma forma mais simples, como os empresários poderão realizar mudanças na maneira de liderar suas empresas e fazer um core business corretamente.