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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O consumo está de mudança para o interior

Fernando Scheller
20 de julho de 2014
 
A vida das empresas de varejo do Brasil está prestes a ficar mais complicada. O crescimento do interior vai obrigar que as grandes redes estejam presentes em um número cada vez maior de cidades para atingir os consumidores com sobra de renda para gastar. Um estudo da consultoria Boston Consulting Group (BCG) mostra que, em 2000, as varejistas nacionais precisavam ter lojas em 229 cidades para cobrir 75% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Em 2020, para atingir a mesma fatia da economia, as companhias precisarão fincar bandeira em pelo menos 400 municípios.

Para chegar a esses dados, a consultoria usou dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e fez cálculos que projetam a demanda futura para 220 categorias de produtos.

O BCG estima que, até 2020, US$ 307 bilhões em dinheiro novo devem entrar no mercado. Do total, US$ 141 bilhões devem se concentrar no interior, enquanto a projeção de consumo adicional nas capitais é de US$ 83 bilhões, mesmo valor estimado para as regiões metropolitanas.

Para abocanhar uma parcela desses bilhões, as varejistas terão de ir muito além do interior de São Paulo, onde o potencial já é bem explorado e grupos como o Iguatemi desenvolvem empreendimentos para a alta renda. Daqui em diante, as empresas terão de estar dispostas a gastar bem mais a sola do sapato: segundo o BCG, entre os mercados emergentes do interior destacam-se Jequié (centro-sul da Bahia), Açailândia (sudoeste do Maranhão), Umuarama (noroeste do Paraná) e Rio Grande (extremo Sul).

Dentro das regras do estudo, consumidor emergente é aquele que ganha pelo menos US$ 15 mil ao ano - o equivalente a R$ 33 mil, ou cerca de R$ 2,5 mil ao mês, incluindo o 13.º salário na conta. Um cliente de alta renda precisa receber pelo menos US$ 45 mil por ano, ou cerca de R$ 100 mil.

Potencial. Para Olavo Cunha, sócio do BCG e coautor da edição 2014 do estudo A Nova Fronteira de Consumo do Brasil, as líderes do varejo nacional estão demorando para "acordar" para as necessidades de consumo dos novos polos do interior. "Ou as empresas não tiveram fôlego de investimento ou não tiveram a visão sobre o potencial dessas cidades distantes dos grandes centros."

O estudo do BCG aponta diversos segmentos que não conseguem aproveitar a renda disponível no interior, desperdiçando até metade de seus potenciais consumidores. O BCG estima que, considerada a renda de Feira de Santana (BA), metade da população deveria ter acesso à internet banda larga. Hoje, no entanto, somente 20% dos moradores são atendidos.

No caso dos supermercados, segundo o levantamento do BCG, as grandes redes nacionais ainda estão concentradas em polos econômicos consagrados. Por isso, empresas como a paranaense Super Muffato e a paraense Y. Yamada, mesmo com poucas dezenas de lojas, conseguem proteger a liderança no interior de seus Estados de origem.

Segundo especialistas em varejo, há alguns sinais, no entanto, de que a corrida dos grandes varejistas para o interior vai se intensificar nos próximos anos. No setor de shopping centers há uma clara tendência de migração para o interior - tanto pelo surgimento de novos polos de consumo quanto pela dificuldade de expansão nas capitais, reflexo do alto preço dos terrenos e também da acirrada concorrência.

Dentre as mais de 50 inaugurações de centros comerciais previstas para o restante de 2014 e o ano de 2015, apenas um terço será em capitais, segundo dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Um dos setores mais preocupados em acompanhar a interiorização dos shoppings é o varejo de moda, explica Marcos Gouvêa de Souza, sócio da consultoria GS&MD - Gouvêa de Souza. "O ritmo só não é maior porque a abertura de shoppings teve uma retração."

Números de balanços de redes como Riachuelo e Renner mostram bem essa tendência de interiorização. A primeira abriu 12 lojas no primeiro trimestre, sendo 8 no interior; a segunda promoveu 11 inaugurações, sendo 4 em capitais. Fontes dessas empresas disseram ao Estado que a expansão em eixos econômicos emergentes deve se intensificar nos próximos anos.

Comércio eletrônico. Uma esperança de muitos varejistas é usar o comércio eletrônico para atingir regiões mais distantes - evitando, assim, gastos com aluguel e funcionários. É uma iniciativa válida, segundo especialistas em varejo, mas insuficiente para formar uma clientela fiel. "Hoje, a tendência é a presença multicanal, que combina loja física com venda pela web", explica Gouvêa de Souza.

Embora o e-commerce cresça a taxas próximas a 30% ao ano no País, inclusive fora das capitais, o levantamento do BCG mostra que o brasileiro do interior valoriza o contato direto com o produto. Nas capitais, 63% fazem questão de ver o produto que pretendem comprar. No interior, o porcentual sobe para 81%.


Disponível em http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,o-consumo-esta-de-mudanca-para-o-interior-imp-,1531410#cap1.  Acesso em 01 ago 2014.

sábado, 31 de agosto de 2013

IBGE: renda dos ricos supera a dos pobres em 39 vezes

Luciana Nunes Leal; Felipe Werneck  
16/11/2011
Embora pesquisas apontem quedas sucessivas na desigualdade de renda no Brasil, dados do Censo 2010 divulgados hoje mostram que os 10% mais ricos no País têm renda média mensal 39 vezes maior que a dos 10% mais pobres. Ou seja, um brasileiro que está na faixa mais pobre da população teria que reunir tudo o que ganha (R$ 137,06) durante três anos e três meses para chegar à renda média mensal de um integrante do grupo mais rico (R$ 5.345,22).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os 10% mais pobres ganhavam apenas 1,1% do total de rendimentos. Já os 10% mais ricos ficaram com 44,5% do total. Outro recorte revela o rendimento médio no grupo do 1% mais rico: R$ 16.560,92. Os dados valem para a população de 101,8 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais de idade e algum tipo de rendimento em 2010. A renda média mensal apurada foi de R$ 1.202. Levando-se em conta os habitantes de todas as idades, o IBGE calculou a renda média mensal per capita de R$ 668. O Censo indica, porém, que metade da população recebia até R$ 375 por mês, valor inferior ao salário mínimo oficial em 2010 (R$ 510).

Cidades

O IBGE também mostra que as cidades de porte médio, com população entre 10 mil e 50 mil habitantes, foram as que apresentaram a maior incidência de pobreza. Enquanto a proporção de pessoas que viviam com até R$ 70 de rendimento domiciliar per capita era, em média, de 6,3% no Brasil, nos municípios de 10 mil a 20 mil habitantes esse porcentual era o dobro (13,7%), com metade da população nessas cidades vivendo com até meio salário mínimo per capita. Já nas cidades com população superior a 500 mil habitantes, menos de 2% recebiam até R$ 70 per capita e cerca de um quatro (25%) vivia com até meio salário mínimo de rendimento domiciliar per capita.

Entre as capitais, segundo o IBGE, manteve-se a tendência de melhores níveis de rendimento domiciliar per capita nas regiões Sul e Sudeste. O maior valor (R$ 1.573) foi registrado em Florianópolis (SC), onde metade da população recebia até R$ 900. Em 17 das 26 capitais, metade da população não recebia até o valor do salário mínimo.

Entre as capitais, a pior situação foi registrada em Macapá: rendimento médio domiciliar per capita de R$ 631, com 50% da população recebendo até R$ 316. A capital do Amapá também ficou com a maior proporção de pessoas com rendimento domiciliar per capita de até R$ 70 (5,5%) e até um quarto de salário mínimo (16,7%). No Sudeste, o Rio registrou os maiores porcentuais de pessoas nessas condições (1,1% e 4,5%, respectivamente). Os melhores indicadores foram observados em Florianópolis (SC): 0,3% da população com rendimento médio mensal domiciliar de até R$ 70 e 1,3% com até um quarto do salário mínimo.

Cor e gênero

No Brasil, os rendimentos médios mensais dos brancos (R$ 1.538) e amarelos (R$ 1.574) se aproximaram do dobro do valor relativo aos grupos de pretos (R$ 834), pardos (R$ 845) ou indígenas (R$ 735). Entre as capitais, destacaram-se Salvador, com brancos ganhando 3,2 vezes mais do que pretos; Recife (3,0) e Belo Horizonte (2,9). Quando analisada a razão entre brancos e pardos, São Paulo apareceu no topo da lista, com brancos ganhando 2,7 vezes mais, seguida por Porto Alegre (2,3).

Os homens recebiam no País em média 42% mais que as mulheres (R$ 1.395, ante R$ 984), e metade deles ganhava até R$ 765, cerca de 50% a mais do que metade das mulheres (até R$ 510). No grupo dos municípios com até 50 mil habitantes, os homens recebiam, em média, 47% a mais que as mulheres: R$ 903 contra R$ 615. Já nos municípios com mais de 500 mil habitantes, os homens recebiam R$ 1.985, em média, e as mulheres, R$ 1.417, uma diferença de cerca de 40%.


Disponível em . Acesso em 16 nov 2011.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Da periferia das cidades para o grande público

Rodrigo Carneiro
29/03/2012
Sempre foi assim. À margem, a periferia das grandes cidades concebe seus próprios modos de expressão artística. Diante das adversidades do dia a dia, cria e os desenvolve. Eles, então, ultrapassam a linha da pobreza e, digamos, ascendem socialmente; chegando à indústria cultural - que tenta codificá-los. Amplificada, a voz dos excluídos causa desejo e repulsa em um novo público, para, no final do processo, ser assimilada, domesticada, na visão dos mais alarmistas, pelo sistema. No caso da música, isso é de uma clareza exemplar.

Afinal, o samba, reconhecido pela Unesco como patrimônio imaterial da humanidade, em 2005, originário do recôncavo baiano, levado à região da Praça Onze, no centro do Rio de Janeiro, e, devido à especulação imobiliária, aos morros da Guanabara, só começou a ser levado a sério nos grandes salões com a chancela do maestro e compositor Heitor Villa-Lobos (1887-1959). No ano de 1940, em parceria com o regente britânico, naturalizado americano, Leopold Stokowski, Villa-Lobos promoveu um registro fonográfico à bordo do navio S.S. Uruguai, com as participações de Donga, Pixinguinha, Cartola, João da Baiana e Zé Espinguela.

Até então, o samba era visto com reservas e alvo constante de preconceito. Cartola, vale lembrar, lavava carros quando foi reencontrado pelo jornalista Sérgio Porto em 1956. Compositor de sucessos gravados por Carmen Miranda, Mário Reis, Francisco Alves e Silvio Caldas durante a década de 1930, o poeta de "As Rosas Não Falam" sumira do cenário e só foi estrear como intérprete de suas composições em 1974.

Outros gêneros também protagonizaram ciclo de absorção semelhante no Brasil. O punk rock, o rap e o funk carioca são alguns deles. "Todas estas expressões surgiram entre as pessoas de baixa renda, trabalhadoras e moradoras nos bairros mais pobres. São manifestações de autoestima dentro de uma sociedade tão discriminadora quanto a nossa", diz João Batista de Jesus Felix, doutor em antropologia social pela USP.

Os primeiros ecos da versão brasileira do punk, que nasceu nos EUA, em meados dos anos 1970, e explodiu mundialmente com a cena inglesa, foram ouvidos em afastados bairros paulistanos e em cidades vizinhas de tradição operária como Osasco e a região do Grande ABC (Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul). Vivendo os momentos finais de horrendas duas décadas de ditadura militar, subdesenvolvimento econômico e uma inflação de dimensões continentais, o Brasil era punk, aliás, pré-punk.

"Se o punk não tivesse sido inventado no exterior, nós o inventaríamos aqui", diz Clemente Nascimento, fundador dos Inocentes, músico da Plebe Rude e curador do festival O Fim do Mundo, Enfim, que acontece entre hoje e domingo no Sesc Pompeia, em SP. "Já de início as bandas se preocuparam em fazer som próprio e praticamente ninguém fazia cover. Isso foi fundamental para que criássemos a nossa identidade".

A movimentação fez barulho. Logo, a estética punk da garotada suburbana seria incorporada na produção do pós-punk paulistano - Mercenárias, Voluntários da Pátria, Smack, entre outros -, na sonoridade dos demais Estados, na faixa "Punk da Periferia", composta e gravada por Gilberto Gil no disco "Extra", de 1983, e até mesmo em um dos álbuns mais significativos e bem-sucedidos comercialmente dos Titãs, "Cabeça Dinossauro", de 1986.

"Não ter medo da rua aguça a criatividade. Nesse sentido, a periferia está mais do que exposta ao que acontece no mundo", diz Marco Butcher, fundador, nos anos 1990, do Thee Butchers' Orchestra, e hoje envolvido em projetos como Jesus & the Groupies, The Uncle Butcher e Thee Kaipirinas. O músico Kiko Dinucci, de trabalhos como Metá Metá e Passo Torto, concorda com Butcher. "Desde os primórdios da música popular no Brasil há a fusão de gêneros estrangeiros, o que se dá de forma aculturada. A arte periférica sempre existirá e sempre será espontânea, de acordo com as influências, externas ou não, que as rodeiam", diz Dinucci.

Dividindo espaço com punks na estação São Bento do metrô e nas Grandes Galerias, na rua 24 de maio, ambas no centro de São Paulo, em meados dos nos 1980, os primeiros adeptos do hip hop no Brasil também vinham da periferia - assim como toda aquela cultura originária dos guetos negros e latinos nova-iorquinos que tem como elementos de formação o DJ, a dança de rua, o MC e o grafite. Em solo brasileiro, os pioneiros do gênero - gente como Mister Théo, Thaíde & DJ Hum, Ndee Naldinho e Racionais MCs - foram iniciados nos chamados bailes black, promovidos por equipes de disc-jóqueis. Ainda mais associado aos desvalidos, o rap, a manifestação musical do hip hop, trazia a informação do sample, onde se compõe a partir de uma base já existente. Além de uma contundente infinidade de temas narrativos.

De seus passos iniciais até os dias de hoje, o hip hop passou por momentos de obscuridade e holofotes midiáticos. Segundo Jesus Felix, autor de estudos acadêmicos como "Chic Show e Zimbabwe e a Construção da Identidade nos Bailes Black Paulistanos" e "Hip Hop: Cultura e Política no Contexto Paulistano", o período atual é o de visibilidade. E reafirmação do caráter contestador.

"Recentemente, Emicida participou do 'Conexão Repórter', do SBT. As cenas externas foram todas gravadas no bairro onde ele nasceu, o Jardim Novo, no extremo norte de São Paulo. Já o Criolo, no 'Esquenta', da Rede Globo, fez questão de reafirmar sua condição de negro. Também defendeu os interesses dos oprimidos", diz o antropólogo. "E tem o Thaíde, que é um dos apresentadores de 'A Liga', na Band. Os espaços midiáticos estão sendo ocupados. O que eu considero extremamente positivo."

O funk carioca, que no definitivo refrão de "Som de Preto", sucesso de Amilcka e Chocolate, "é som de preto, de favelado, mas quando toca ninguém fica parado", suscita paixões extremadas desde os anos 1980. Hoje, o pancadão, como também é conhecido, é trilha sonora tanto de festas ao ar livre - que têm sido reprimidas pela polícia nas comunidades carentes - quanto das casas noturnas destinadas ao público abastado. Isso em todo o país. Lulu Santos, Xuxa e Regina Casé já se declaram entusiastas. Enquanto setores da Secretaria de Segurança carioca dirigia atenções ao segmento "proibidão" do funk - sim, o elogio à marginalidade também faz parte do agito. No jogo de amor e ódio, uma lei estadual, de 2009, diz: o pancadão é movimento cultural do Rio.

Tudo acontece na periferia, atentava uma das músicas do Ratos de Porão, no álbum "Crucificados pelo Sistema", de 1984. A máxima punk hardcore crossover do RDP continua valendo em 2012. Afinal, neste exato momento, algo, do ponto de vista artístico, está sendo desenvolvido n'alguma localidade negligenciada pelas autoridades. Algo legítimo que será absorvido em seguida. É o inevitável.


Disponível em http://www.valor.com.br/cultura/2592460/da-periferia-das-cidades-para-o-grande-publico?utm_source=newsletter_manha&utm_medium=29032012&utm_term=da+periferia+das+cidades+para+o+grande+publico&utm_campaign=informativo&NewsNid=2589792. Acesso em 02 jun 2013.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

São Paulo está entre as piores cidades do Estado para idosos

Vinicius Queiroz Galvão

Estudo do governo de São Paulo divulgado ontem mostra que a capital é uma das piores cidades do Estado em condições de vida para os idosos. Dos 645 municípios paulistas, a cidade de São Paulo está na 503ª posição, com 38 pontos numa escala de zero a cem.
Para a dentista Helena Baitz, 66, o que São Paulo oferece para os idosos é "um horror". "Eu me reúno com grupos de amigos para cantar e nos divertir, mas é um grupo. A maioria dos idosos tem mais motivos de insatisfação que de alegria", diz.

O índice do estudo leva em conta mortalidade precoce dos idosos, acesso à renda e participação em atividades culturais e esportivas, por exemplo. Entre as dez maiores cidades do Estado, apenas uma -São José dos Campos- tem índice considerado alto pelo governo. As outras nove têm pontuação em torno de 50 ou abaixo.

"A proporção de idosos é maior nas pequenas cidades. E é mais fácil o poder público localizar essa faixa etária e dar atenção a ela", diz Felícia Madeira, diretora-executiva da Fundação Seade, que fez o levantamento em conjunto com a Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento. "Se as cidades não fizerem nada, será uma bomba-relógio em todas as áreas", afirma o secretário, Rogério Amato.

Para Wilson Jacob Filho, professor titular de geriatria da Faculdade de Medicina da USP, as cidades menores são melhores em qualidade de vida para os idosos. Segundo diz, em todo o mundo os índices mais altos de longevidade não estão em megalópoles como São Paulo.

"A cidade foi se transformando num ambiente hostil e não acolhedor a um idoso que tem algum grau de limitação", afirma. "Nas cidades pequenas, as coisas são mais próximas, o idoso transita com facilidade. Além disso, na capital os familiares dos idosos são comprometidos com o trabalho. No interior sempre tem alguém mais perto para cuidar do idoso."

Bailes e ginástica

A rotina de Donária de Lima Moreira, 85, é o retrato do dia a dia dos idosos de Santo Antônio da Alegria (a 331 km da capital), de 6.000 habitantes e cidade de SP com melhores condições para os idosos.

Ontem, Donária acordou uma hora mais tarde, às 4h, porque na véspera ficara até a meia-noite assistindo ao jogo do São Paulo, seu time do coração. "É que às 7h já tinha de estar na aula de ginástica e, antes disso, precisava fazer muita coisa aqui em casa", disse. Antes de se exercitar no Centro de Convivência do Idoso, ela arrumou a casa, passou e lavou roupas e alimentou as galinhas.

Mas é aos sábados, dia de baile no CCI, mantido pela prefeitura, que a vitalidade dela se destaca. Donária é apontada pelas colegas como uma das mais animadas. "O que tocar eu danço. Bolero, valsa, forró", diz. O casal Orildes José Firmino, 77, e Marcília Naves, 68, redescobriu o prazer de namorar há dez anos. Viúvos, resolveram tentar um novo relacionamento. Hoje, elogiam a tranquilidade da cidade e frequentam as aulas de ginástica e o forró.