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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O poder nas mãos da geração Y

Luciene Antunes
De acordo com um estudo recente coordenado pela pesquisadora Caroline Marcon, da consultoria de recursos humanos Hay Group, cerca de 20% dos jovens que trabalham em grandes empresas brasileiras já ocupam cargos de liderança. O levantamento foi realizado com 5 600 profissionais nascidos a partir da década de 80, a chamada geração Y, em empresas dos setores de tecnologia, mineração e industrial.
1) A proporção de pessoas da geração Y em cargos de liderança foi surpreendente?
Já havia uma percepção de que a ascensão da geração Y está ocorrendo mais rapidamente do que a de seus antecessores. Além de quantificar o fenômeno, a pesquisa mostrou que essa evolução está ocorrendo de forma ainda mais veloz do que se imaginava.
2) Por que a trajetória da geração Y é mais acelerada?
Em comparação com os executivos mais velhos, os jovens da geração Y tiveram muito mais acesso a informações mais cedo. Com isso, eles chegam às empresas com uma bagagem diferenciada de formação, domínio de idiomas e uso de novas tecnologias, um conjunto de habilidades que facilita a evolução da carreira.
3) Em quais áreas de negócios a participação de pessoas da geração Y em cargos de liderança é maior?
Em geral, empresas de tecnologia são mais conectadas com os valores dessa geração. No Brasil, companhias como BuscaPé, Nextel e Oi estão entre as que possuem uma quantidade acima da média de funcionários e líderes da geração Y.
4) O Brasil se destaca no número de jovens que já ocupam posições-chave nas empresas?
Seguimos tendências mundiais. Estima-se que, em 2014, a geração Y será quase metade da força de trabalho mundial.
5) Quais são as mudanças de cultura que a geração Y está trazendo para as empresas?
Os representantes da geração Y são mais interdependentes e tendem a trabalhar melhor em equipe do que seus antecessores. Por causa disso, têm uma demanda maior por avaliações de desempenho e uma relação mais informal com os superiores, ainda que respeitem uma liderança que considerem inspiradora e legítima.
6) Existem ainda muitos conflitos entre gerações?
Ainda é muito difícil para os profissionais mais velhos entender como os mais jovens conseguem fazer tantas coisas simultaneamente. Questionam se o fazem com qualidade e comprometimento, já que por vezes estão conectados ao MSN, falando ao telefone, ouvindo música ao mesmo tempo em que trabalham.
7) Outra das características da geração Y é a alta rotatividade. Ao chegar a postos de liderança, esses jovens tendem a sossegar num mesmo lugar?
Não. Independentemente do nível hierárquico, eles vão ser sempre ansiosos por galgar posições mais altas e oportunidades de aprendizado, por isso irão manter o radar ligado em oportunidades dentro e fora da companhia. Essa noção de apego e sacrifício por uma determinada empresa não faz parte do repertório da geração Y. 

sábado, 25 de setembro de 2010

Anote aí 21: Estratégia; Classes C e D; Consumidor; Buscadores; Jovens

SODERI, Catia. No centro da estratégia Administração das marcas ganha importância fundamental no desenvolvimento das empresas e é considerada oportunidade de diferenciação em mercados comoditizados. Consumidor Moderno, ano 15, nº 149, julho de 2010, pp. 54-59.

VASCONCELLOS, Marcos. Consumo das classes C e D atrai pequeno empresário Criar produtos para esse público ainda é considerado o maior desafio. Folha de S. Paulo, 05 de setembro de 2010, Caderno Negócios, pp. 1-3.


CAMARGO, Heloíza et al. Como saber o que se passa na cabeça do consumidor? Novos estudos sobre neuromarketing dão boas pistas para incrementar as vendas. Pequenas Empresas & Grandes Negócios, nº 260, setembro de 2010, pp. 104-105.


BOTTONI, Fernanda. Quem é vivo sempre aparece Buscadores como Google, Bing e Yahoo são a porta de entrada para a maioria dos sites. Veja como aumentar sua visibilidade nessas ferramentas. Próxxima, nº 22, setembro de 2010, pp. 40-44.


FURTADO, Jonas. Jovens aprovam associação entre marcas e música Estudo mostra que a incorporação de novos hábitos não elimina os antigos. Meio & Mensagem, ano XXXII, nº 1.427, 20 de setembro de 2010, p. 40.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Anote aí 20: Patrocínio; Celular; Enfrentamento; Design; Web

MURAD, Fernando. Patrocínio não garante preferênciaMarca do patrocinador não influencia comportamento de compra dos torcedores de futebol. Meio & Mensagem, ano XXXII, nº 1412, 07 de junho de 2010, p. 36.

ABREU, Adriana. Celular vira ferramenta para conquistar clientes Empresários divulgam promoções e oferecem serviços por Bluetooth. Folha de S. Paulo, 25 de abril de 2010, Caderno Negócios, p. 4.

ANTUNES, Marcel. Enfrentando os grandes Como ‘lutar’ de igual para igual com uma empresa de grande porte que oferece os mesmos produtos e serviços que a sua?. Gestão & Negócios, nº 22 pp. 56-57.

NITSCHE, Rique. Design é tornar tangível uma intenção de transformação Os limites da minha linguagem representam os limites do meu mundo. Revista da ESPM, ano 16, volume 17, nº 3, maio-junho de 2010, pp. 124-129.

BOTTONI, Fernanda. Velho é quem acha que a web é só dos jovens Pessoas com mais de 55 anos que acessam a web têm maior grau de escolaridade e padrão de vida mais alto que a média dos usuários brasileiros. Próxxima, nº 20, julho de 2010, pp. 56-61.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Como vender para o cliente adolescente?

HSM Online
Atraente por influenciar decisões de compras dos pais, não se preocupar com contas ou dívidas e ter mais tempo livre para, por exemplo, gastar tempo – e dinheiro – em um shopping, o público adolescente é um grande filão. Mas lidar com um consumidor tão dinâmico é tarefa árdua. A questão, então, é: como vender para esse cliente?

Esse foi o ponto de partida para a entrevista realizada pelo Portal HSM com o professor João Matta, da ESPM, especialista em marketing infantil e adolescente. Além de apontar meios de chamar a atenção desse público e obter bons resultados em vendas – o que inclui fidelizar o cliente –, Matta traça um perfil e contexto desse público.
Essa imersão na realidade do cliente, alías, é uma excelente estratégia para o sucesso das vendas, segundo o professor José Carlos Teixeira Moreira, que palestrou sobre o assunto durante o Fórum Mundial de Marketing e Vendas 2009 da HSM. Ao entender melhor e mais rapidamente suas necessidades, é mais fácil criar ofertas mais inteligentes e ricas em valor, e, consequentemente, negociar, gerar vendas e conquistar sua satisfação.
Confira a entrevista!
 
Portal HSM: Qual é o perfil do consumidor adolescente atual? O que ele quer e o que busca?
João Matta:
 Por um lado, é difícil definirmos exatamente um perfil do consumidor adolescente de hoje, já que atualmente os jovens tendem a fragmentar-se em grupos específicos, o que alguns chamam de tribos. Portanto, para definir um perfil bem preciso de consumo é preciso aprofundar-se qualitativamente nestas tribos para entender o comportamento dos jovens pertencentes a elas.
Por outro lado, os adolescentes apresentam alguns comportamentos comuns de consumo que podem nos ajudar a descrever um perfil único. Estes jovens buscam diferenciar-se entre os iguais. Qualquer que seja a tribo, a busca é por legitimar-se socialmente através do grupo.
Em primeiro lugar, a identidade que se procura construir é a do grupo. Uma vez identificado o grupo a que se quer pertencer através de comportamentos de consumo iguais - mesmas marcas, mesmos produtos, mesma intensidade de consumo, etc – esse jovem tende a diferenciar-se entre os integrantes deste grupo escolhido. Aí seu consumo é pelas mesmas marcas, mesmos produtos, mas com detalhes que o diferencie de forma sutil dos outros do grupo, como, por exemplo, as cores, um acessório a mais, entre outros.
 
Portal HSM: Que importância tem o mercado adolescente? Quais benefícios uma empresa pode obter com a conquista desse cliente?
JM:
 Depois de passar longos anos em uma sociedade de produção, pertencemos atualmente a uma sociedade de consumo. Os adolescentes de hoje se manifestam e se estabelecem a partir das marcas que consomem. A geração de seus pais era uma geração de produtos, não de marcas. A diferença é que os jovens buscam aspectos além dos funcionais em seu consumo e o mercado precisa estar atento a esta diferença porque isto impactará, e já impacta, o consumo de produtos e serviços de forma significativa. Portanto, a empresa que não entender rapidamente o que este jovem busca não sobreviverá, porque o adolescente de hoje será o adulto de amanhã.
Conquistar o consumidor adolescente de hoje por meio de uma marca traz a uma empresa benefícios futuros evidentes - fidelização e mais tempo de consumo deste cliente - e benefícios imediatos como o consumo direto dos produtos e, principalmente, a influência positiva destes jovens em outros grupos de consumidores. Por exemplo, seus pais. Entretanto, é preciso entender o que é consumir marca para este adolescente. Não é uma tarefa fácil, é preciso pesquisa séria para se chegar lá.
 
Portal HSM: Quais os principais desafios para conquistar esse público?
JM: Há um desafio que é prioritário: conhecê-lo com profundidade. Saber que eles passam grande parte de seu tempo online, que se relacionam pelas redes sociais e que nasceram em um mundo digital, não nos leva mais a ter conclusões eficazes. É preciso aprofundar o conhecimento sobre este público. Para isto não bastam pesquisas quantitativas que trazem dados sobre suas preferências e seus comportamentos de consumo. Saber quantas horas estão online e onde acessam é insuficiente para este aprofundamento. Tenho trabalhado com métodos ligados à antropologia e à sociologia para chegar a um aprofundamento mais preciso. Este público é um target em movimento e, por esta razão, é difícil definir seu perfil com precisão e por um longo tempo. O pesquisador do público adolescente é aquele que nunca pode dizer "este jovem é assim", o bom pesquisador de jovens diz "este jovem está assim".

Portal HSM: Nessa faixa etária é comum o jovem ser disperso. Como chamar sua atenção e fidelizá-lo?
JM: 
Ele não é disperso, ele é efêmero em seus interesses. Na visão mais imediatista de um adulto, os jovens fazem muita coisa ao mesmo tempo. Na visão destes jovens tudo o que fazem são parte de seu mundo e convergem para um só conteúdo. Por exemplo, acessar o computador e usar muitos aplicativos e redes sociais ao mesmo tempo em que falam no celular, em sua visão não é fazer muita coisa ao mesmo tempo, é estar conectado e isto é uma coisa só para eles.
Portanto, devemos entendê-los em sua efemeridade, rapidez com que se interessa e desinteressa por algo, velocidade em que aprende a usar a tecnologia e uma certa "preguiça" em se enraizar em algo. Seu negócio é mudar o tempo todo. Para conquistar este tipo de cliente é preciso mais do que usar sua linguagem e tentar entender seu mundo. É preciso acompanhá-lo na mesma velocidade em que muda seus desejos, sonhos, afetos e, por que não (?), as suas necessidades.

Portal HSM: Quais as principais regras para vender para o público adolescente?
JM:
 A principal regra é a lealdade. A mudança rápida que os produtos e, principalmente, as marcas precisam ter não devem acontecer em seu discurso. Mudar de discurso significa, por exemplo, ser ora a marca melhor disto ora melhor daquilo. Isto pode ser entendido pelo jovem como falta de lealdade.
O jovem, ao contrário do que pensam alguns apocalípticos do marketing, não é vítima da publicidade dirigida a ele. Ele sabe muito bem diferenciar um discurso verdadeiro e leal de um superficial e realizado apenas com objetivos mercadológicos. Ser adolescente e empolgado com o mundo atual não é doença.
Toda a cadeia do desenvolvimento de um produto ou serviço de uma marca - planejamento de marketing, definição de preço, imagem da marca e a comunicação - deve ser desenhada de forma integrada com esta velocidade de mudança do jovem.
Para se disponibilizar produtos e serviços para este público é preciso dispor de um profissional de marketing versátil, flexível e com repertório suficiente para conduzir todas estas etapas de forma integrada e sincronizada. Definir preço apenas a partir de técnicas financeiras é suicídio. O gestor de marketing precisa ter a capacidade de conduzir o processo com foco no lucro, mas também ter habilidades que envolvam toda abstração que o mundo das marcas necessita. Só contas não é mais suficiente, é preciso ir além.

Portal HSM: Quais os melhores meios (redes sociais, TV, revista etc) e estratégias para obter o melhor rendimento de cada um deles na conquista desse consumidor?
JM: 
Aqui a ideia é simples. Nunca antes o conceito de comunicação integrada foi tão aplicável. Este público não consome mídia de forma fragmentada. Para os adolescentes, os meios de comunicação são, praticamente, a mesma coisa. Terá sucesso a empresa que conseguir estar presente, ao mesmo tempo, em todos os meios que este público acessa diariamente. Portanto, grandes ações apenas em redes sociais são tão insuficientes quanto grandes ações apenas na TV.
Eu diria que estamos em tempos de uma comunicação integrada e sincronizada, e é assim que eventos, internet, TV, revistas precisam funcionar. Só desta forma uma marca terá chance de se estabelecer e obter sucesso financeiro com este público consumidor.

sábado, 10 de julho de 2010

Jovens da geração Y podem ser divididos em quatro tipos de profissionais


Gladys Ferraz Magalhães
Quando o assunto é trabalho, os jovens da chamada geração Y (nascidos depois de 1980) podem ser divididos em quatro tipos de profissionais. Ao menos, é o que revela a pesquisa “O que os jovens buscam no mercado de trabalho?” realizada pela professora e coordenadora adjunta de graduação em Administração do Ibmec/RJ, Lucia Oliveira.

De acordo com o estudo, os jovens profissionais podem ser agrupados como Engajados, Preocupados, Céticos e Desapegados, sendo os primeiros os mais ambiciosos da lista, já que desejam status, prestígio, poder, conhecimento e auto-realização.

Além disso, os engajados são os que mais aceitam as condições do mercado de trabalho, sem muito questionamento, e confiam plenamente que, com o grau de qualificação que alcançaram, conseguirão conquistar uma posição privilegiada no mercado de trabalho.

Para este perfil, a carreira é importante, o que faz com que este profissional invista tempo e dinheiro em sua qualificação. No mais, eles são caracterizados pela posse de capitais econômico, cultural e social, o que, por consequência, na maior parte das vezes, leva-os a ocuparem posições de prestígio em empresas privadas grandes e renomadas.

Preocupados

Os Preocupados, por sua vez, são assim chamados por sentirem-se preocupados em relação à sua capacidade de encontrar uma posição condizente com suas expectativas, construídas a partir do momento em que ingressaram em uma boa faculdade.

Este receio, de acordo com o levantamento, origina-se, em grande parte, na percepção de que lhes falta o capital cultural e social exigidos pelo mercado, carência esta decorrente de sua origem socioeconômica.

Assim como os engajados, estes profissionais consideram o trabalho e a carreira muito importantes e aceitam as condições do mercado de trabalho, que eles enxergam, porém, como competitivo e exigente.

No que diz respeito às metas, eles querem sair de cargos operacionais e trabalhar com algo que gostam, preferencialmente, em empresas privadas. Contudo, não descartam a carreira pública, sobretudo por conta da pressão familiar.

Céticos e desapegados

Quanto aos Céticos e Desapegados, estes são os que menos se preocupam com a carreira. Em comum, têm ainda a predileção por trabalharem em cargos públicos, sendo que, no primeiro caso, também há o desejo de trabalhar em organizações não-governamentais.
Quanto às ambições, os Céticos esperam realização, enquanto os Desapegados buscam poder conciliar vida profissional e pessoal.

Os Céticos são assim chamados por serem críticos em relação às condições do mercado de trabalho, que acreditam serem nocivas para os trabalhadores, por conta da competição exagerada. Já os Desapegados não possuem uma percepção elaborada do mercado.

sábado, 3 de julho de 2010

A turma que não quer ter chefe

Renata Betti

As universidades brasileiras estão despejando no mercado de trabalho um grupo de jovens cujas angústias e ambições já não são as mesmas do típico recém-formado: no lugar de um emprego fixo numa grande empresa, eles preferem aventurar-se num negócio próprio, ainda que essa opção traga mais riscos e incertezas. Em apenas cinco anos, esse grupo ficou 30% maior, de acordo com um novo estudo do instituto internacional Global Entrepreneurship Monitor. Já são 3 milhões os brasileiros entre 18 e 24 anos que, com o diploma na mão ou prestes a obtê-lo, estão à frente da própria companhia. Eles vislumbram a possibilidade de alcançar sucesso mais rapidamente – mas também desejam usufruir a liberdade de quem não está sob as asas de um chefe. Outro aspecto captado pela pesquisa diz respeito à visão otimista que têm da economia brasileira. "Eles enxergam espaço para a inovação – e isso é um estímulo decisivo para que tentem a vida por conta própria", diz Simara Greco, coordenadora do estudo. Está-se falando de gente como Pedro Valiati, 27 anos, que ainda cursava engenharia ambiental na USP quando, junto com dois colegas, teve a ideia de abrir uma empresa numa área até então inexplorada: a de softwares para racionalizar o uso da água. Emprego? "Era o sonho dos meus pais, nunca foi o meu."

Mais da metade desses novos negócios se concentra no setor de tecnologia, muitos deles na área de TI, um mercado em expansão e passível de ser explorado sem grandes investimentos iniciais – vantagem determinante para profissionais que, em início de carreira, não contam com capital e começam sua empresa até dentro de casa. "Trabalho no meu quarto, em frente a um único computador", diz o cientista da computação Thiago Ventura, de 23 anos. Em 2007, ele e dois amigos de faculdade selaram sociedade num negócio voltado para o desenvolvimento de games educativos, em Cuiabá. Já com uma dezena de clientes fixos no país inteiro, cogitam agora recrutar mais gente e, enfim, abrir um escritório. Esse modelo de negócio só foi possível porque, nos últimos dois anos, os rapazes estiveram sob a guarida dos pais, que os sustentavam em casa enquanto eles acumulavam dinheiro. A mesma fórmula tem ajudado outros jovens no país a dar o pontapé inicial em sua empresa, e é reflexo de uma mudança de comportamento. Os brasileiros estão postergando a decisão de morar longe dos pais: 62% dos jovens só começam a pensar nisso quando já passaram dos 30 anos, segundo mostra o IBGE. Até lá, vão se capitalizando. Conclui o economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas: "Esse padrão é determinante para explicar o aumento do empreendedorismo entre os jovens com ensino superior no Brasil".

Ao tomarem a decisão de montar uma empresa, os jovens pesam também o fato de que, desse modo, terão mais liberdade para ditar os rumos do negócio e tomar conta do próprio tempo. É verdade que isso sempre impulsionou, em algum grau, a opção pelo empreendedorismo – mas foi mais recentemente que se tornou um fator decisivo. Fruto de uma educação mais liberal, dada por pais que viram de perto a ascensão dos movimentos estudantis e da contracultura, os jovens de hoje são menos afeitos à noção de hierarquia. "Criados com liberdade, eles resistem mais à ideia de responder a chefes e dar satisfação sobre o que fazem", diz a educadora Tania Zagury. É natural que vejam o empreendedorismo como uma alternativa. Ao segui-la, também buscam chegar ao sucesso mais rápido – o que, evidentemente, nem todos conseguem. A ideia de que se pode obter o sucesso, contudo, é reforçada pela ascensão-relâmpago de figuras como Larry Page e Sergey Brin, os fundadores do Google, ou de Mark Zuckerberg, o criador do site de relacionamentos Facebook. O jovem trio, que antes dos 30 amealhou fortunas na casa dos bilhões de dólares, chega a ser venerado pela nova geração de empreendedores brasileiros.

Outro impulso para o empreendedorismo vem do próprio mercado de trabalho, que está mudando em ritmo veloz no Brasil. Enquanto os empregos formais entre os que ganham menos aumentam, no topo da pirâmide eles se estão reduzindo. Segundo um levantamento da consultoria LCA, desde 2003 surgiram no país 700 000 postos formais de trabalho para quem ganha acima de 3 500 reais – o que é bom, porém insuficiente para absorver os 2,5 milhões de novos profissionais com diploma que, no mesmo período, saíram à procura de emprego. Nesse meio tempo, as grandes empresas no Brasil passaram por uma transformação espelhada numa tendência mundial: terceirizaram vários dos setores que não tinham relação direta com suas atividades-fim, como o de recursos humanos, o jurídico e a área de TI. Isso abriu um novo campo para quem trabalha por conta própria, como bem ilustra o caso das publicitárias Patrícia Moreno, 27 anos, e Ana Carolina Patrício, 28. Tão logo saíram da faculdade, em 2005, elas decidiram abrir uma consultoria. Hoje, trabalham para quinze empresas. "Somos o setor de marketing delas", explicam as moças.

O aumento do número de jovens empreendedores é desejável para qualquer país. "Recém-saídos da universidade, eles estão atualizados sobre sua área – e têm grande capacidade de inovar", diz o especialista Marcos Hashimoto, do Insper. Inovação é hoje, afinal, o que mais enriquece um país. Num cenário em que 83% dos donos de negócio brasileiros nem sequer pisaram numa universidade, esses jovens com diploma têm, também, infinitamente mais chances de prosperar. Para se ter uma ideia, apenas 7% das empresas abertas por brasileiros com ensino superior fecham antes de completar um ano de vida, um quarto da média nacional. O Brasil sempre registrou altos índices de empreendedorismo. Entre os jovens, 15% dos brasileiros já estão à frente de um negócio próprio, mais do que americanos (14%) ou indianos (12%) – ambos tradicionalmente empreendedores. A boa novidade, no entanto, é que nunca se viu tanta gente qualificada. Em 2007, aos 20 anos e com um empurrão financeiro dos pais, o administrador de empresas Rafael Soares decidiu se tornar dono de uma loja de material de construção, em São Paulo. Só fez isso depois de estar convicto de que o momento era bom e de inventar para o negócio um diferencial: junto com o material, ele vende serviços de empreiteiro. "Trabalho obcecadamente dia e noite", resume. A tão sonhada liberdade, ele não tem. Mas, a exemplo de tantos outros de sua geração, tem tudo para fazer seu negócio vingar.

terça-feira, 1 de junho de 2010

72% dos jovens têm preparação inadequada para enfrentar mercado de trabalho

Antônio Gois

De cada 100 brasileiros de 15 a 19 anos, 72 não estão preparados para conseguir uma boa colocação no mercado de trabalho. A constatação é de um estudo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) sobre a qualidade do ensino na América Latina.
A mesma conta foi feita em outros cinco países da região: Peru, México, Uruguai, Chile e Argentina. O percentual do Brasil só não foi pior do que o verificado no Peru.

Para chegar a essa conclusão, os autores do estudo levaram em conta não só o percentual de jovens sem ensino fundamental completo mas também aqueles que, mesmo concluindo este nível, tiveram uma educação de péssima qualidade.

No caso do Brasil, 43% dos jovens de 15 a 19 anos sequer haviam conseguido concluir o ensino fundamental. Dos 57% que fizeram o fundamental, no entanto, o estudo estima que metade teve uma educação de baixa qualidade, já que 50% dos alunos brasileiros que fizeram a prova de leitura do Pisa (exame internacional que compara a educação em diferentes países) não passaram do nível 1 de aprendizado, o mais baixo.

"Não estamos dizendo que esses jovens não conseguirão emprego algum. Poderão até trabalhar em atividades mais básicas, mas não será essa força de trabalho que atrairá empresas de alta tecnologia", diz o economista responsável pelo estudo, Juan Carlos Navarro.

O argentino Jorge Werthein, diretor-executivo da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana e representante da Unesco no Brasil de 1997 a 2005, concorda. "O desempenho dos latino-americanos no Pisa, quando comparado com o de estudantes europeus, deixa claro que ainda não temos uma educação de qualidade."

Além de estimar o percentual de jovens sem preparação adequada para conseguir um emprego bem remunerado, o estudo do BID, por meio de uma pesquisa do instituto Gallup feita em vários países, compara também o grau de satisfação da população local com a qualidade do ensino. O que surpreende no caso dos países latino-americanos é que, mesmo tendo níveis baixos de qualidade, a população avalia de forma positiva a educação, fenômeno classificado no estudo como "satisfação excessiva".

No caso brasileiro, mais da metade (64%) da população disse estar satisfeita com a educação. O percentual do Brasil, porém, nem é um dos mais altos. No Paraguai, por exemplo, os satisfeitos chegam a 75%, percentual maior que o do Japão (70%). Uma explicação para essa "satisfação excessiva" está na escolaridade da população, já que, quanto mais escolarizados são os pais, menor a satisfação.

"Se uma criança atinge um patamar mais elevado que o do seus pais, a tendência é avaliarem positivamente a escola. Mas, no futuro, essa percepção favorável deve diminuir, porque as novas gerações estão chegando em um nível maior de escolaridade", afirma Navarro.

Para Werthein, nem sempre a população mais pobre tem a consciência de que a educação é um direito: "Essa consciência permite ter uma postura mais crítica sobre a qualidade".

Outro fator a influenciar a percepção de qualidade da educação é a existência de avaliações institucionais. Neste caso, o Brasil, ao lado do Chile, é elogiado no relatório por realizar exames nacionais que ajudam a população a julgar a qualidade.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Jovens da periferia gastam mais em aparência do que em educação, diz pesquisa

Uol Educação

Pesquisa realizada na Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo) constata que os jovens da periferia preferem gastar seu dinheiro com a aparência a investi-lo em educação ou saúde, por exemplo. Segundo o estudo, essa é uma forma que esses adolescentes encontraram para fugir dos preconceitos e serem aceitos por seu grupo social e pela sociedade.

A cientista social Paula Nascimento da Silva estudou 160 jovens da periferia de São Paulo. Eles discutiram temas como educação, família, saúde e violência, entre outros. Quando perguntados sobre o que comprariam se tivessem R$ 500, predominou a resposta de que iriam gastar com a aparência, em produtos como roupas, tênis, produtos de cabelo e cosméticos, apesar de também terem aparecido respostas como "vou ajudar a família", "vou ajudar nas contas da casa" etc.

O jovem da periferia, segundo o estudo, geralmente não tem emprego formal: a maioria faz bicos eventuais em atividades ilegais, diferente do jovem de classe média e alta, que não tem grande dificuldade para conseguir trabalho e estágios. A pesquisadora indaga: "por que esses jovens arriscam a vida para ganhar dinheiro e gastam com coisas aparentemente supérfluas"? A resposta encontrada é a de que eles são estigmatizados como marginais. Ignora-se a vitimização desses jovens, que é muito maior do que a encontrada em outros setores da sociedade.

Como exemplo, ela cita a taxa de homicídios violentos: a taxa da população geral é de cerca de 48 casos para 1.000 mortes. Já na periferia de São Paulo, ela sobe para 106 casos entre os jovens do sexo masculino. Assim, o consumo ligado à aparência traz resultados mais rápidos do que gastos com segurança, saúde ou educação, que trazem resultados "muito distantes". A tentativa de mudar a aparência é um meio de fugir desse estigma negativo que existe em relação ao jovem da periferia.

Ao invés de construir uma formação, o adolescente tenta aparentar algo que a sociedade aceita e valoriza. Paula esclarece que "esse jovem é frágil e tem necessidade de reconhecimento e aceitação, que se dá pelo que ele tem materialmente, pois vivemos numa sociedade de consumo". Paula conclui que falta ao poder público não apenas conscientizar esse jovem para que ele use seus recursos em algo mais construtivo, mas construir melhores condições de educação, saúde, alimentação e moradia. Com informações da Agência USP.