Na Grã-Bretanha, o aumento do número de obesos já fez o sistema de saúde importar mesas de operação maiores dos Estados Unidos, país conhecido pela grande parcela de pessoas acima do peso. Guinchos especiais, macas e ambulâncias também foram comprados para transportar pacientes maiores ao hospital.
O empresário americano Scott Kramer ressalta o potencial de lucro desse nicho crescente de mercado. Conta que o primeiro produto comercializado por sua empresa foi o vaso sanitário Big John, cuja circunferência é 48 cm maior que a padrão, aumentando em 75% a área do assento. A peça pode aguentar até 363 quilos.
Mundo mais pesado
O empresário lembra que "as pessoas estão ficando mais pesadas no mundo em desenvolvimento, à medida que (os países emergentes) se tornam mais ricos".
"Eles querem comer o que nós (dos países desenvolvidos) comemos. E deixam de andar de bicicleta para dirigir um carro. Enquanto a ingestão calórica aumenta, o nível de exercícios diminui. A consequência natural é aumentar o peso", diz.
"Hospitais e os institutos de medicina legal não são geralmente equipados para obesos. Aí os bombeiros precisam ser acionados para remover o corpo. É importante manter a dignidade nesse momento"
Keith Davis, do Goliath Caskets
A empresa de Kramer vende vários produtos voltados à parcela da população acima do peso, inclusive acessórios que ajudam na higiene de quem não consegue lavar determinadas partes de seu corpo. Do berço ao túmulo, as empresas estão aproveitando as oportunidades desse mercado. Keith Davis, do Goliath Caskets, funerária especializada em caixões de grande porte, lembra que a obesidade "é uma epidemia".
"É importante que a gente alivie o constrangimento das famílias dos obesos (no momento do funeral)", explica. "Hospitais e os institutos de medicina legal não são geralmente equipados para obesos. Aí os bombeiros precisam ser acionados para remover o corpo. É importante manter a dignidade nesse momento", ressalta.
Mais gastos
As empresas Big John e Goliath Caskets podem ter encontrado uma oportunidade de negócios entre os obesos. Mas, para outros empresários, a obesidade representa um problema. O aumento de tamanho e peso dos frequentadores de teatro, por exemplo, tem causado grande impacto financeiro na hora de projetar novas salas.
O consultor de projetos arquitetônicos para teatros Gene Leitermann diz que, além dos assentos maiores, as novas salas precisam de espaço extra para garantir a acessibilidade de quem precisa.
"Tem havido um aumento constante no espaço para as pernas e na largura dos assentos nos auditórios ao longo dos últimos cem anos. Mas, se você olhar para os últimos 20 anos, (verá que) o aumento é muito mais acentuado", diz.
Segundo o consultor, nas últimas duas décadas os auditórios tiveram um aumento de área de cerca de 30% para acomodar o mesmo número de pessoas de antes. Além das salas, banheiros e outros espaços também são maiores. "Esse espaço precisa de mais dinheiro para ser construído e mantido."
Falta de opção
Catherine Schrodetzki, ativista para os direitos de pessoas obesas, diz que há muitas oportunidades inexploradas e que alguns produtos em tamanho maior ainda não estão disponíveis para o bolso dos consumidores médios.
"Precisamos de estilos que nos agradem e não roupas pensadas para um obeso qualquer. Estamos falando de 47% da população que hoje está acima do peso"
Catherine Schrodetzki, ativista
A ativista também discorda do argumento de que produtos voltados para obesos precisam ser mais caros, porque gastam mais para serem produzidos. Uma das razões apresentadas por Schrodetzki é que os obesos, em geral, ganham menos que os demais.
Ela também reclama da falta de opção em lojas de roupas. "Precisamos de estilos que nos agradem, e não roupas pensadas para um obeso qualquer", diz. "Estamos falando de 47% da população que hoje está acima do peso", diz.
Para empresas que estejam tentando abocanhar uma parcela desse mercado, Schrodetzki sugere que os fabricantes "olhem para nós, façam pesquisas, falem conosco, descubram por que não estamos comprando em sua loja".