Jerônimo Mendes
26 de agosto de 2013
Peter Drucker costumava dizer que empreender não é ciência
nem arte, apenas uma prática. De fato, ao ler a história de empreendedores de
sucesso, descobre-se que uma boa parte deles não tinha a menor ideia de onde
queriam chegar. Sua única certeza era o fato de que queriam empreender de
qualquer forma.
Se você leu o clássico Feitas para Durar, de James Collins e
Jerry Porras, vai lembrar que das 100 empresas pesquisadas no livro, somente
três iniciaram com uma ideia grandiosa: Ford, General Electric (GE) e Johnson
& Johnson.
As demais empresas, portanto, 97% delas, segundo os autores,
foram iniciadas por muitos empreendedores rotulados como péssimos líderes e
desprovidos de qualquer senso de planejamento e gestão. Alguns eram “fora da
casinha”.
Era o caso de Soichiro Honda, por exemplo, um obstinado,
porém um líder de difícil relacionamento, e de Bill Hewlett e Dave Packard,
fundadores da HP que iniciaram a empresa sem saber o que ela faria.
A despeito de todas as dificuldades existentes ao longo do
caminho, a maioria prosperou, diferente de muitos outros que iniciaram com uma
boa ideia, de maneira planejada e os quais, num primeiro momento, sabiam onde
queriam chegar.
Era o caso da Texas Instruments, cujas raízes eram fundamentadas
num conceito muito bem-sucedido, formada para explorar uma oportunidade
tecnológica e mercadológica específica na época, portanto, uma excelente ideia
na época.
Com exceção das três primeiras empresas citadas, as demais
empresas foram construídas por empreendedores com uma característica
imprescindível para quem deseja prosperar no mundo dos negócios: disciplina.
Por experiência, posso afirmar que a maioria dos
empreendedores, salvo casos raros como Steve Jobs (Apple) ou Dean Kamen
(Segway), não nascem com nada especial ou diferente das demais pessoas. O fato
é que, além da disciplina, a maioria deles é dotada de uma capacidade
inquestionável de pensar em produtos e serviços que mudam a vida das pessoas ao
redor do mundo.
Quantos empreendedores bem-sucedidos você conhece? Selecione
e tente avaliar a sua trajetória de sucesso. A maioria começou sem capital, sem
projeto, sem produto ou serviço bem definido, a ponto de a gente se perguntar:
como é esse cara conseguiu chegar aonde chegou?
Por tudo isso, não há como discordar de Peter Drucker. Tem
muito a ver com disciplina, força de vontade e persistência. O empreendedorismo não segue as regras
tradicionais de ensino. Tem a ver com a prática.
A lógica de empreender é que não há lógica a ser seguida. A
lógica fica por conta do “se”, ou seja, se você planejar, se você persistir, se
você estudar, se você tiver foco, se você tiver sorte e assim por diante. Como
diria Jeffrey Timmons, estudioso do assunto, o segredo é que não há segredos.
Dessa forma, o empreendedorismo deve ser visto e pensado
como uma disciplina. Pode até ser ensinado nas escolas, mas nunca será
bem-sucedido se não houver aprendizado de fato, por meio de erros e acertos,
escolhas e consequências. Nesse caso, não existe garantia de sucesso.
Nesse sentido, o conselho de Raúl Candeloro foi uma benção
para mim: “pare de falar de empreendedorismo e comece a praticar o que você diz
nas aulas, nos artigos e também nas palestras”.
Aos 50 anos de idade, estou fazendo o que já deveria ter
feito há quase dez anos, ao ser demitido de uma grande empresa. De certa forma,
estou empurrando a minha vaquinha morro abaixo para enfrentar um novo desafio,
sem a menor certeza de que vai dar certo e com a enorme esperança de que vai
dar certo.
Disponível em http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/a-logica-do-empreendedorismo/72553/.
Acesso em 02 mai 2014.