terça-feira, 11 de junho de 2013

Brasil despenca em ranking de competitividade

BBC BRASIL
30 de maio, 2013

Caminhão / Reuters

De 2012 para 2013, o país caiu do 46º para o 51º lugar entre 60 nações analisadas pela escola de negócios IMD. Na comparação entre o ano passado e 2011, o Brasil já havia recuado duas posições no ranking.

O relatório, chamado IMD World Competitiveness Yearbook, analisa o gerenciamento das competências de cada país na busca por mais prosperidade.

"A competitividade de uma economia não pode ser reduzida apenas a PIB e produtividade; cada país ou empresa também tem que lidar com dimensões políticas, sociais e culturais", diz o documento.

"Cada nação tem que criar um ambiente que tenha a estrutura, as instituições e as políticas mais eficientes para encorajar a competitividade dos negócios".

Baseados em dados disponíveis e pesquisas próprias, o ranking avaliou o desempenho de cada país em quatro áreas: desempenho econômico, eficiência governamental, eficiência empresarial e infraestrutura.

A liderança da lista foi ocupada pelos Estados Unidos, que desbancaram Hong Kong e voltaram ao topo, enquanto que a Venezuela foi considerado o menos competitivo dos países pesquisados.

Economia baseada em consumo

O Brasil também foi um dos que mais perderam posições desde que o ranking global de competitividade, incluindo países desenvolvidos e emergentes, começou a ser compilado pelo instituto, em 1997.

Naquele ano, o país ocupava a 34º colocação entre 46 países.

Entre as nações que mais ganharam posições (cinco ou mais) no ranking, estão China, Alemanha, Coreia do Sul, México, Polônia, Suécia, Suíça, Israel e Taiwan.

Além do Brasil, Argentina, Grécia, Hungria, Portugal, África do Sul, entre outros, registraram as maiores quedas.

"O Brasil deixou de fazer reformas importantes que, se postas em prática, poderiam aumentar a competitividade do país frente a outras nações do globo", afirmou à BBC Brasil o diretor do centro de competitividade mundial do IMD, Stéphane Garelli.

"Além disso, o país possui uma economia mais baseada no consumo do que na produção. Como resultado, deixou de priorizar investimentos em setores em que poderia ser se tornar competitivo", acrescentou.

Carlos Arruda, professor de Inovação e Competitividade da Fundação Dom Cabral (FDC) e coordenador no Brasil dos estudos do World Competitiveness Yearbook do IMD, concorda. Ele acredita que falta ao Brasil ações de "longo prazo".

"O Brasil teve ganhos importantes nos últimos anos, mas corremos o risco de perdê-los se continuarmos pensando a curto prazo", vaticinou.

"Entre essas ações, estão o investimento em infra-estrutura e em educação. Essas são algumas áreas que claramente não estão acompanhando o grau de sofisticação da nossa economia, puxando o nosso crescimento para baixo", acrescentou.

Garelli, do IMD, acrescenta que outras nações latino-americanas, como Chile, Argentina ou Venezuela também vêm perdendo terreno e sendo "desafiadas" por economias emergentes da Ásia, mais competitivas.

O mesmo aconteceu, segundo ele, com alguns países da Europa, como Itália, Espanha, Portugal e Grécia, fortemente atingidos pela crise financeira mundial.

Para o especialista, tais nações não diversificaram suficientemente suas indústrias ou controlaram os gastos públicos, de modo que, agora, têm de enfrentar fortes pacotes de austeridade fiscal.

Ele, no entanto, ressalva que generalizações são "enganosas".

"A competitividade da Europa vem caindo, mas Suíça, Suécia, Alemanha e Noruega seguem um caminho diferente, colhendo os louros de suas políticas de estímulo à competitividade. A América Latina também vem desapontando, mas há grandes companhias globais por toda a região".

"Os Brics são totalmente diferentes em suas estratégias de competitividade e performance, mas permanecem como uma terra de oportunidades", disse.

"No final, as regras de ouro da competitividade são simples: produzir, diversificar, exportar, investir em infraestrutura, dar apoio a pequenas e médias empresas, incrementar disciplina fiscal e manter coesão social", diz Garelli.

Austeridade x competitividade

Garelli também lembrou que as medidas de austeridade fiscal, em geral, reduziram a competitividade dos países que implantaram medidas para conter gastos.

Segundo ele, embora a reorganização das finanças tenha sido considerada por grande parte dos governos como uma condição para o crescimento sustentável no futuro, o remédio para a crise foi ministrado "rápido demais".

"Os pacotes de austeridade encontram oposição da população. Os países precisam de coesão social para alcançar a prosperidade", afirma.

"É como se uma pessoa precisasse emagrecer. Ela não pode deixar de comer, do contrário, morrerá; precisa diminuir seu peso aos poucos, de forma a atingir plenamente seus objetivos", compara.

Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/05/130530_ranking_competitividade_lgb.shtml. Acesso em 10 jun 2013.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Estudo de universidade alemã diz que verde estimula a criatividade

BBC Brasil
5 de abril, 2012

Pinheiros verdes. BBC

As respostas foram codificadas com diferentes valores para medir o grau de criatividade. Soluções como "construir uma parede" receberam menos pontos. Já usos como "fazer o tijolo virar pó, misturar com água e usar como aquarela para pintar" foram classificados como mais criativos.

Antes de responderem à pergunta, os participantes eram expostos a desenhos de retângulos azuis, cinzas, vermelhos e brancos e outros verdes. Aqueles que viram as imagens verdes se saíram melhor no teste.

Para a autora da pesquisa, Stephanie Lichtenfeld, "o verde pode servir como uma pista que evoca a motivação de um esforço para autossuperação e o domínio de tarefas, que por sua vez podem levar ao crescimento".

Em entrevista à BBC Brasil, a cientista deixou claro que a influência da cor é sutil e que os resultados ainda são iniciais, mas para aqueles que quiserem testar por si mesmos, informa que o tom de verde mais usado no estudo foi semelhante ao que é encontrado na natureza, como em pinheiros.

Quanto a pintar paredes de escritórios de verde, para estimular os funcionários, por exemplo, Lichtenfeld recomenda cautela. "O benefício depende muito das tarefas que as pessoas estão fazendo. Em alguns setores o vermelho pode ter um impacto interessante também, de estimular a interação entre a equipe. O verde poderia ser útil quando as atividades dependem muito da criatividade", disse à BBC Brasil.

Veja como outras cores podem afetar o ser humano, segundo o estudo:

Vermelho

Com potencial para causar efeitos negativos e positivos, o vermelho é uma cor que deve ser usada de forma estratégica. Estudos já revelaram que por suscitar um medo do fracasso, a cor não deve ser experimentada momentos antes de provas. No entanto, outra pesquisa indicou que times que usam uniformes vermelhos têm mais chance de vitória. Outro efeito tradicional é um aumento de atratividade das mulheres que vestem vermelho.

Amarelo

O amarelo é associado ao estímulo do bom humor e pode ajudar a aumentar a capacidade de concentração e foco, podendo ser usado em escritórios. Um estudo analisou convidados de três coquetéis em salas pintadas de amarelo, vermelho e azul, revelando que os que estavam no ambiente amarelo eram mais animados e falantes.

Azul

No mesmo estudo dos coquetéis, pesquisadores descobriram que aqueles que estavam na sala pintada de azul foram os que ficaram até mais tarde. O motivo? A cor deixaria as pessoas mais confortáveis e à vontade. A cor pode ser usada em quartos, pelo efeito calmante e relaxante, que pode até apaziguar a frequência cardíaca. Assim como o verde, também pode estimular a busca por soluções criativas.

Rosa

Embora seja associada com imagens de doçura, feminilidade e leveza, o rosa nada mais é do que um tom mais claro de vermelho, e por isso ainda é um forte estimulante. Para obter efeitos calmantes e relaxantes o ideal é o azul ou o verde.

Branco

Estudos passados identificaram associações desta cor com autoritarismo, esterilização, amplitude e pureza, dentre outros. Mas também há ligações com enjoos, náusea, fadiga e dores de cabeça. A cor deve ser evitada em escritórios, por exemplo, ou ao menos estar lado a lado com elementos coloridos para servirem de "descanso" ao olho humano.


domingo, 9 de junho de 2013

Estudo aborda coabitação e formação de domicílios

IPEA
04/04/2012
As condições do mercado de trabalho, habitação, renda, estado civil, local de residência, raça e gênero afetam a saída dos jovens dos domicílios paternos. Esta foi uma das principais conclusões de um estudo lançado nesta quarta-feira, 4, em Brasília. De acordo com o Comunicado do Ipea nº 142, Coabitação familiar e formação de novos domicílios, mulheres e pretos ou pardos são mais propensos a sair da casa dos pais, junto ao fato de estarem empregados – a independência é fortemente influenciada pela inserção no mercado de trabalho. O fato de ser mulher foi um dos fatores mais significativos no modelo.

Segundo a análise da técnica de Planejamento e Pesquisa do Instituto Maria da Piedade Moraes, os jovens tendem a permanecer mais tempo com os pais quando moram em domicílios próprios regulares. Feita com base nos números da PNAD 2009, a pesquisa mostra que residir em cidades grandes também é um fator que aumenta a probabilidade desse jovem ser dependente e, quanto mais elevada a sua educação, maior a propensão dele morar com os pais.

Por fim, a técnica defende que a compra da casa própria não é necessariamente a melhor solução habitacional para os jovens, que têm grande mobilidade residencial. Para ela, a política habitacional deve ser diversificada e levar em conta variáveis relativas ao ciclo de vida: “A população jovem necessita de uma oferta habitacional variada, a preços acessíveis, que atenda às suas necessidades de moradia, mas que lhe confira flexibilidade para mudar em busca de emprego, de educação ou para formar outra família”.


sábado, 8 de junho de 2013

A vez da classe D

Valor Econômico
09/04/2012

Carol Carquejeiro/ Valor

Sônia Gonçalves diz que não sabe "como vai ser o amanhã". Na dúvida, guarda uma parte do dinheiro que recebe por seu trabalho regular como faxineira em escritórios e pelos "bicos" em residências depois do expediente e em seu dia de folga. A poupança vai engordando, mas vez ou outra, quando "a situação aperta", ela tira R$ 100 da caderneta para fechar o mês sem dívidas, "já que é complicado fazer poupança e pagar contas recebendo salário mínimo".

Para fazer seu pé de meia, ela não pede assessoria ao gerente do banco, pois tem muito tempo "para pensar na vida e fazer contas" durante a hora que passa dentro do ônibus para cruzar São Paulo e chegar ao seu trabalho. "Guardo R$ 100, R$ 50, depende de quanto dá no mês", conta Sônia. "Às vezes não dá, mas sempre tento guardar um pouco porque sei que não gasto mais do que ganho".

A paulistana Sônia, 53 anos, faz parte de um grupo de 4,2 milhões de brasileiros acima de 18 anos pertencentes à classe D que diz ter "algum dinheiro guardado para eventuais imprevistos", segundo dados levantados pelo instituto Data Popular a pedido do Valor. Esse grupo de 4,2 milhões representa 21% dos adultos da classe D que vivem em áreas urbanas.

A segurança financeira é o principal foco de 43,1% dessas pessoas, seguida por realizar um sonho de consumo (29,5%), compras à vista (17%) e investir e obter rendimento (10,4%). A estimativa foi feita com base na análise de dados obtidos em um estudo realizado no último trimestre de 2011 com cerca de 18 mil entrevistados de todos os estados brasileiros.

Mauro Halfeld, professor de Finanças da Universidade Federal do Paraná e autor de livros sobre investimentos, relata que sempre escutou questionamentos sobre como pessoas que ganham um salário mínimo conseguem economizar. "Conheço gente com renda mensal de R$ 40 mil que está sempre endividada e pessoas muito simples que fazem hora extra, trabalham nos fins de semana e conseguem economizar. É uma questão de disciplina", diz.

A pesquisa do Data Popular ajuda, portanto, a desfazer o mito de que para poupar é preciso ganhar bem. Para Halfeld, o resultado do levantamento pode ser explicado pelo fato de as pessoas terem hoje mais acesso a informações sobre finanças pessoais. "Quase ninguém falava disso dez anos atrás", afirma.

Assim como Sônia, a empregada doméstica Maria Aparecida da Silva, 42 anos, começou a poupar e foi longe: há cerca de dez anos, comprou uma casa em sua cidade natal, Jurema, em Pernambuco. Hoje tem um salário bruto de R$ 900, dos quais de R$ 200 a R$ 300 são direcionados mensalmente à caderneta de poupança. Seu objetivo é comprar uma segunda casa, desta vez em São Paulo. "Estou morando com a minha irmã, mas quero morar na minha própria casa".

A dedicação em sua vida financeira é reflexo de seu esforço pessoal. Maria Aparecida, que passou a infância colhendo grãos de café, não sabia ler quando se mudou para São Paulo, em 1999. Um dia, começou a relacionar as letras e sílabas aos nomes dos personagens das novelas, na tentativa de ler revistas de celebridades. Foi quando percebeu que entendia algumas palavras. A patroa notou seu interesse e decidiu ajuda-lá. Um ano depois, estava lendo até dois livros por semana. Hoje, cursa a 7ª série do ensino fundamental. "Não imaginava que um dia aprenderia a ler ou que compraria uma casa", relata Maria. "Por mais que ganhe pouco, consigo comprar muito do que quero", acrescenta.

Uma pesquisa divulgada recentemente pela Cetelem BGN, empresa do grupo BNP Paribas, realizada em conjunto com a Ipsos Public Affairs, mostra que há um grupo de pessoas da classe D que administra suas finanças de maneira cautelosa e tem mais acesso a bens e serviços que antes eram privilégio apenas das classes mais altas, como planos de previdência privada e de saúde.

Marcelo Neri, pesquisador do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirma que os "sonhos de consumo" da classe D são, basicamente, serviços de empresas privadas que podem substituir os serviços públicos de baixa qualidade. "O que é subir na vida para a classe D? É ter uma vida melhor não só em termos materiais, como também ter mais segurança", diz Neri.

A pesquisa da Cetelem BGN, chamada O Observador 2012, mostra que as classes D e E gastaram, em novembro de 2011, R$ 59 com previdência privada (média por família), mais que a classe C (R$ 51). A cifra indica um avanço em relação a 2010, quando a classe D não investiu em previdência complementar. Houve também um aumento nos gastos com seguros, em igual período, que passaram de R$ 5 para R$ 21. O estudo foi feito com base em 1.500 entrevistas domiciliares com 334 famílias das classes A e B, 810 da classe C e 356 das classes D e E.

Segundo Marcelo Neri, da FGV, essas classes vêm sendo beneficiadas nos últimos anos pelo reajuste do salário mínimo. Neste ano, o consumo das classes D e E deve ser estimulado pelo aumento de 14,13% do mínimo.

O coordenador do Comitê do Critério Brasil na Abep (Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa), Luis Pilli, ressalta que a classe D constitui hoje 15,2% dos domicílios do país, porém nas capitais do Nordeste esse percentual sobe para cerca de 25%. "A típica família da classe D tem uma renda familiar que ronda os R$ 710, ainda direciona cerca de 30% do orçamento para alimentação, possui aparelho de televisão, geladeira, mas dificilmente tem um carro. Em parte desses lares, já há máquina de lavar", diz.

A expectativa dos pesquisadores é de que a classe D, que desde 2005 tem diminuído de forma consistente, continue a recuar nos próximos anos, com o crescimento da chamada nova classe média, formada pela classe C.

Miriam Nascimento Prates, que trabalha desde os 15 anos de idade como empregada doméstica, é uma das brasileiras que recentemente subiu na pirâmide social. "De três anos para cá, minha vida melhorou, embora não do jeito que gostaria", relata a faxineira de 43 anos, mãe de três filhos. "Pretendo montar meu próprio negócio, um restaurante", diz.

Hoje, Miriam conta com uma renda bruta mensal de R$ 1,6 mil. Em sua casa própria, em um bairro da zona sul de São Paulo afastado da região central, há dois aparelhos de televisão, TV a cabo, máquina de lavar e um computador "que não funciona direito".

Depois de 22 anos sem viajar "nem mesmo para o litoral sul de São Paulo", Miriam relata emocionada que, em meados do ano passado, foi à Bahia. "Tenho muitos sonhos. Um dia, quero comprar uma casa com piscina. Mas, antes de tudo, tenho a preocupação em manter meu atual padrão de vida", afirma.


Disponível em http://www.valor.com.br/financas/2605776/vez-da-classe-d?utm_source=newsletter_manha&utm_medium=09042012&utm_term=vez+da+classe+d&utm_campaign=informativo&NewsNid=2604754. Acesso em 05 jun 2013.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Poder emocional dos números

Eduardo Zugaib
05/07/2010


Números são racionais. Palavras e gestos, emocionais. Foi assim que aprendemos. É assim que muitos de nós nos relacionamos com estes universos. Lembra-se do primeiro dez ou do primeiro zero que você tirou na escola? Certamente eles vieram acompanhados de uma emoção. A atitude adotada depois deles ajudou a compor a sua história. Frente ao dez, você pode ter se superado ou se acomodado. Frente ao zero, pode ter se derrotado ou procurado entender onde foi o erro, para também superá-lo. Independente da história, os números estavam lá, fortalecendo crenças e modelos mentais de garra, arrojo, empreendedorismo e visão criativa na sua vida.

Quando colocamos números nas nossas vidas, passamos a ter não apenas emoções e desejos, mas objetivos. Metas quantificáveis são grandes motivadores para a descoberta e o exercício das nossas habilidades interpessoais, seja no relacionamento com nossa equipe, seja no dia-a-dia com nossos clientes.

Na nossa mente, o poder de um número incomodando é muito forte. Equipes inteligentes de vendas que o digam. Sua mobilização começa no sincronismo de conhecimentos, habilidades e atitudes na busca de um número real e alcançável: a meta. Quando atingida ou superada, ela deve retornar na forma de reconhecimento e de recompensa. É o que mantém o moral da tropa sempre elevado, na busca de quadros desejáveis. Isso requer decisão, esforço e apoio da direção da empresa, criando ambientes físicos e emocionais favoráveis para suas equipes. Afinal, quem são os colaboradores senão os seus primeiros clientes?

Numa visão simplista (acredite: ela ainda opera em muitas mentes por aí), o cliente é visto apenas como aquele que compra. Tal raciocínio resume a venda apenas como o fechamento do pedido. Num mundo de relações cada vez mais complexas, o espaço entre os dois lados do balcão é repleto de variáveis que podem, e devem, formar na vida do cliente, uma experiência de marca positiva. Essa experiência constrói-se etapa a etapa: ela surge na definição de uma comunicação eficiente, passa pela afinação da política de atendimento, revela-se pela percepção do encantamento, ganha força pelo relacionamento e consolida-se na fidelização do cliente.

Em cada uma dessas etapas da experiência de marca, definir metas é fundamental para tangibilizar os resultados, conjugando o poder emocional que os números carregam em si. E lembrar que, em tempos de alta competitividade, fidelizar significa encantar um dia após o outro, sempre.

Estabeleça metas reais e alcançáveis

Proponho um desafio a você: procure no calendário a expressão “um dia”. Vá de janeiro a dezembro, analisando cada informação que aparece. Escolha um mês aleatoriamente. O mês do seu aniversário, por exemplo. Tente achar “um dia” e enlouqueça. Agora, inverta a expressão: ao invés de “um dia” procure o “dia um”. Ou dia dois, dia dez ou quinze. Como “um dia” é subjetivo demais e não existe em calendário algum, tudo que se decide resolver nele, provavelmente nunca será resolvido. “Um dia” não cria lastro e, por isso, o compromisso e a atitude não se instalam. Um dia é um dia. É uma data que você não encontra entre as outras 365 do ano.

Quando delegamos as nossas chances para o acaso ou para um tempo indefinido, nós mais afastamos que atraímos possibilidades. Como Alice, nos dispersamos no País das Maravilhas, nos deparando a todo instante com encruzilhadas confusas e o seguinte questionamento:

- Aonde você pretende chegar?
 Se a resposta for “não sei”, a replica da vida será instantânea:
 - Então… qualquer caminho serve para você.

Quando estamos dentro do elevador sem a certeza de que estamos no edifício certo, qualquer andar em que saltarmos serve. Não faz a menor diferença. Essa é uma metáfora simples, que ajuda na percepção do poder dos números em tornar a conquista mais tangível. Esse casuísmo da vida comprova que apenas desejar não basta. É preciso transformar desejo em ação, em construção e caminhada contínua, visualizando criativamente os números de cada nova etapa. Definir qual é o edifício que precisamos entrar e, gradativamente, explorar seus andares. Estabelecer metas reais e alcançáveis torna nossas conquistas mais sustentáveis.

Eleve a temperatura dos seus sonhos

Querer e fazer são as forças criativas que usamos quando decidimos, nós mesmos, conduzir nossas vidas. É preciso querer, fazer e, principalmente, acreditar no que se faz. A crença na realização deve ganhar status de febre, aquecendo não ao corpo, mas a mente, ao coração e ao espírito. É possível dizer se alguém tem ou não febre de uma forma subjetiva: está quente ou está frio. Mas a temperatura real só pode ser medida em números. São eles que nos ajudam a decidir o melhor a fazer. Essa “febre do bem” pode ser chamada de foco. E ela se traduz em algumas temperaturas distintas:

 1. A temperatura dos seus objetivos e metas - Você não conseguirá mudar tudo que precisa de uma só vez. Quando falamos do tempo para a ação que temos à nossa frente, os dois meses seguintes, por exemplo, os objetivos já se configuram em metas: eles têm prazo definido. Há um número envolvido que pede a definição de um ou dois objetivos desafiadores, atingíveis e mensuráveis. Perder peso? Quantos quilos em quantos meses? Comprar um bem novo? Quanto economizar? Qual despesa cortar, já que um aumento pode não estar cogitado no momento e faz parte de decisões que não são apenas suas?

2. A temperatura do seu plano de ação - O seu plano nasce da sua meta. Ele está relacionado às atividades estratégicas que você precisa empreender e aos comportamentos que precisa mudar para tornar sua meta mais tangível. Seus conhecimentos, habilidades e atitudes se encaixam aqui.

3. A temperatura do controle - Divida sua meta em metas menores, para que os resultados apareçam gradativamente. Feito isso, acompanhe o progresso de suas ações. Ainda no exemplo do peso, emagrecer 6 quilos nos próximos seis meses pode ser mais fácil de controlar se a meta menor de perder 1 quilo a cada mês for perseguida com disciplina.

4. A temperatura da sua fidelidade ao plano - Projetos definidos informalmente têm poucas chances de sucesso. Projetos rabiscados em guardanapos de bar, se não forem guardados com carinho, esfarelam-se dentro da lava-roupas e caem rápido em dispersão. Auto-complacência e permissões são o primeiro passo para a auto-sabotagem. Você conhece o “Ah… mas é só um cigarrinho…” do ex-fumante? Pois é.

A lição número 1? Disciplina. A lição 2? Ser fiel à lição 1, sempre. Tá, mas… e daí? E daí, que se você não decidir a temperatura dos seus sonhos, alguém decidirá por você. Eles poderão ficar congelados, morrendo aos poucos por hipotermia. Ou então mornos, embrulhando seu estômago por toda a vida. Adotar números em nossas vidas e perceber o potencial de motivação que eles carregam são atitudes que nos ajudam a definir e perseguir melhor os nossos sonhos.

Disponível em http://www.hsm.com.br/editorias/gestao-e-lideranca/poder-emocional-dos-numeros. Acesso em 05 jun 2013.