quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Seis sinais de que você é um chefe ultrapassado no seu negócio

Camila Lam
13/11/2013
Cuidar da gestão de pessoas de uma empresa não é uma tarefa fácil. Entretanto, é importante que o empreendedor saiba da importância de ser um chefe que seja um exemplo para sua equipe. “O empresário hoje não pode ser mais aquele cara, atrás do balcão, atrás do computador ou atrás do caixa o dia inteiro”, afirma Alexandre Prates, empresário e especialista em liderança.

Para Fernanda Schröder Gonçalves, coordenadora do setor de Carreiras do Ibmec/MG, muitos empresários são centralizadores e isso acaba interferindo na sustentabilidade do negócio. “Eles delegam sem terem segurança, acabam acumulando tarefas e ficam presos nas tarefas operacionais”, explica.

“Em termos de atitude, o líder forte é expansivo e ajuda a engradecer sua equipe investindo nos talentos”, afirma Eduardo Carmello, diretor da Entheusiasmos Consultoria. Veja seis sinais de que você é um chefe ultrapassado.

1. É centralizador

Se você considera uma perda de tempo delegar tarefas e acredita que consegue fazer mais rápido, pense melhor..“A empresa de cinco passa a ter 50 funcionários, mas ainda assim só o dono que faz as coisas”, exemplifica Prates. O ideal é que o processo comece aos poucos e que a equipe aprenda como as tarefas são realizadas.

A principal desvantagem de ser um empreendedor centralizador é que sua empresa deixa de inovar, pois ensinar a sua equipe a participar mais dos processos pode gerar novas soluções. “As pessoas deixam de trazer ideias novas, não há criatividade na empresa”, afirma Fernanda.

2. Não estimula a equipe

Quando a empresa já está funcionando de uma determinada maneira, um chefe acomodado não vê necessidade de incentivar a equipe a fazer um trabalho melhor. “Ele quer hoje que as pessoas funcionem sozinhas, sem ele cobrar e sem ele ensinar nada”, resume Prates.

Para Carmello, um erro que a maioria dos donos de pequenas empresas comete é acreditar que a motivação para trabalhar tem que ser pelo medo. ”Ele não entende a ideia de respeito e acaba gastando uma energia para se posicionar como um líder forte, quando não é”, explica.

3. Raramente escuta os outros

Receber feedbacks nunca é demais, mesmo para o dono de uma pequena empresa. Os profissionais da nova geração, por exemplo, querem ser ouvidos e muitas vezes se deparam com chefes que não valorizam esse tipo de atitude. Para Prates, se o empresário tem pensamentos muito egoístas, como “eu tenho a empresa há 10 anos. Por que vou escutar uma pessoa que acabei de contratar?”, é preciso fazer uma reflexão.

Um líder que toma essa postura evolutiva não pode só escutar como tem que colocar em prática. Caso contrário, o empresário perderá os melhores talentos da empresa.

4. Só se preocupa com os próprios benefícios

Se você é do tipo de pessoa que quando alguma coisa dá certo assume as vitórias, mas quando não dá joga a culpa na equipe, esse estilo de liderança deve ser mudado. Caso contrário, você terá uma equipe cansada e desengajada. “O líder forte é aquele que fomenta a competência para que a equipe possa voar com as suas próprias pernas”, explica Carmello.

A principal desvantagem de insistir nesse tipo de atitude é que nenhum funcionário vestirá a camisa da sua empresa.

5. Vê custo em tudo

Para melhorar a equipe e formar sucessores é preciso ter uma visão de longo prazo. “A questão de treinamento e desenvolvimento para as pessoas é vista como custo e não como investimento. Ele não arrisca nesse sentido e prefere economizar”, afirma Fernanda.

Além disso, investir para ter um ambiente de trabalho agradável ou oferecer benefícios são algumas práticas que custam, mas que podem melhorar a produtividade da sua equipe.

6. Não assume que precisa se profissionalizar

Empreendedor gosta de ter controle de tudo, mas nem sempre tem conhecimento de todas as áreas da empresa. “Se ele não tem competência em determinadas áreas, deve buscar ajuda fazendo cursos ou buscar uma empresa qualificada para terceirizar o serviço”, ensina Fernanda.

Para Carmello, o empresário que insiste em uma postura de que sabe de tudo pode acabar perdendo espaço no mercado.


Disponível em http://exame.abril.com.br/pme/noticias/6-sinais-de-que-voce-e-um-chefe-ultrapassado-no-seu-negocio?page=1&utm_campaign=news-diaria.html&utm_medium=e-mail&utm_source=newsletter. Acesso em 13 nov 2013.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Cinco bons motivos para você não abrir um negócio

Priscila Zuini
12/11/2013
Empreender virou moda. Essa é a opinião de boa parte dos especialistas em empreendedorismo no país. Com um ambiente de negócios mais amigável, muita gente escolhe esse caminho como carreira. O que pode ser muito bom para a economia nem sempre vale a pena para o empreendedor.

Além das características comuns aos empreendedores, como senso de oportunidade e capacidade de execução, fazer um negócio dar certo exige muito tempo e dedicação. Por isso, quem pensa em abrir um negócio para “descansar” da rotina do trabalho pode cair em uma grande armadilha.

A pedido de Exame.com, os professores Alessandro Saade, da Business School São Paulo, e João Bonomo, do Ibmec/MG, listaram alguns bons motivos que indicam que pode ser uma roubada virar dono do próprio negócio.

1. Se você busca tranquilidade

Se você busca mais tranquilidade e tempo com a família, abrir um negócio pode ser uma má ideia. “Normalmente as pessoas procuram a carreira empreendedora querendo certa tranquilidade, ser donas do próprio horário, montar seu cronograma do jeito que acredita que vai ter mais autonomia, mas a gente sabe que pelo menos nos primeiros 60 meses elas tendem a trabalhar mais do que qualquer trabalhador comum”, explica Bonomo.

É verdade que ser empreendedor traz mais autonomia, mas é um engano pensar que isso significa ter menos trabalho.

2. Se você pensa em copiar alguma moda

De vez em quando, muitos empreendedores investem em negócios que prometem explodir. Compras coletivas, frozen yogurt e outros são exemplos disso. Virar empreendedor só porque um setor promete crescer muito ou apostando em uma modinha pode ser um erro grave. “Entrar num mercado oferecendo a mesma coisa que a concorrência é suicídio. Ou oferece algo novo, ou nem tente entrar”, sugere Saade.

Segundo Bonomo, acreditar que vai dar certo apenas copiar outra empresa é muito comum ainda. “Não adianta acreditar que vai dar certo só de olhar o negócio alheio e fazer uma coisa semelhante. Isso tende a enganar os sonhadores, que se espelham no sucesso alheio sem acreditar que precisam conhecer mais, achando que é só replicar a técnica que o negócio vai dar certo”, indica. Entrar em um mercado em crescimento pode dar certo, mas exige preparação, um diferencial e capital.

3. Se você é teimoso demais para ver os erros

Ser empreendedor significa ter autonomia para tomar decisões. Enquanto isso pode ser bom na hora de pensar em horários, por exemplo, é bastante complexo quando é preciso decidir o caminho do negócio. Por isso, se você acredita que basta ter dinheiro ou conhecimento, pode fracassar no seu negócio. “Você precisa ver outros elementos, por exemplo, como está o mercado, como a cadeia produtiva tem se posicionado. Na carreira empreendedora, um dos pontos mais importantes é conseguir fazer uma autoanaálise da sua capacidade e dos seus conhecimentos e verificar as atitudes necessárias para o desenvolvimento daquele determinado tipo de empreendimento”, diz Bonomo.

Se você é teimoso demais para reconhecer seus erros rapidamente e corrigi-los, pode levar muito tempo até conseguir ganhar dinheiro com um negócio próprio.

4. Se você não conhece o mercado

Além da falta de capacidades empreendedoras, quem quer abrir um negócio sem conhecer nada do mercado pode estar destinado a fracassar. Para Bonomo, não conhecer o mercado e não ter um bom capital para uma pesquisa podem ser fatores impeditivos para o desenvolvimento do negócio. “As pessoas se apegam muito ou por terem atitude ou capital ou conhecimento sobre as operações, mas não conhecimento sobre o mercado em si e não acompanham o mercado no passado recente nem as tendências futuras”, indica o professor.

O primeiro passo é entender que o mercado ainda tem longevidade. “Começar agora um serviço de manutenção de tablets parece um bom negócio. Em 2016, o número de tablets vendidos no país será maior que o de notebooks. Agora, criar o mesmo serviço para manutenção de desktops não me parece ser um mercado em crescimento ou durador”, exemplifica Saade.

Além disso, ele lembra da importância de dominar o processo do negócio como um todo. “Montar uma empresa onde o dono não sabe como o seu negócio funciona é imperdoável. Não se monta um negócio sobre o conhecimento dos outros, a não ser que ele seja seu sócio”, sugere.

5. Se tudo depende apenas de você

Um negócio que concentre absolutamente tudo no dono pode ter os dias contados. “Dentistas, chaveiros e artesãos, por exemplo, sofrem do risco de escalabilidade. O crescimento do negócio está diretamente vinculado à capacidade de trabalho individual desses profissionais. O faturamento total é igual a capacidade máxima de produção de cada um deles”, indica Saade.


Disponível em http://exame.abril.com.br/pme/noticias/5-bons-motivos-para-voce-nao-abrir-um-negocio?page=1&utm_campaign=news-diaria.html&utm_medium=e-mail&utm_source=newsletter. Acesso em 12 nov 2013.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Avanço da classe C não melhora vida nas favelas, aponta IBGE

FolhaPress
06/11/2013
Apesar do avanço da renda da classe C nos últimos anos e do crescente acesso ao mercado de consumo e crédito, um fosso ainda separava os moradores de favelas e de outras áreas das cidades do país em 2010, de acordo com dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quarta-feira (6).

Eles tinham rendimento mais baixo, nível de instrução menor e estavam mais sujeitos à informalidade no mercado de trabalho. Em suas casas, alguns bens como computador com internet e automóvel também eram menos presentes.

Talvez resida na educação o maior abismo: enquanto 14,7% da população de outras áreas tinha concluído o ensino superior, nos chamados aglomerados subnormais (favelas, palafitas, cortiços e outros tipos de conjuntos de habitações precárias) esse percentual era de apenas 1,6%.

Na renda, a disparidade também ficava evidente: 31,6% dos moradores de comunidades carentes tinham rendimento familiar per capita menor do que meio salário mínimo, contra 13,8% da população de outras áreas. A informalidade também era mais elevada: 27,8% dos moradores de favelas trabalhavam sem carteira assinada. O percentual fica restrito a 20,5% dos ocupados que moraram fora dessas áreas degradadas.

De acordo com o IBGE, 11,4 milhões de pessoas viviam em favelas em todo o Brasil em 2010. Eram 6.329 comunidades, distribuídas em 232 cidades brasileiras. Trata-se ainda, segundo o instituto, de um fenômeno tipicamente metropolitano.

As cinco maiores regiões regiões metropolitanas brasileiras concentravam 59,3% dos moradores de favelas de todo o país. Desse total, 18,9% viviam na Grande

São Paulo e 14,9% no Rio de Janeiro e nas cidades do seu entorno metropolitano. As demais regiões na lista das cinco eram Belém, Salvador e Recife.

Segundo Maria Amélia Villanova, técnica do IBGE, a ocupação de favelas é um processo histórico no país e se deu de modo diferente nas diversas regiões brasileiras, mas sempre caracterizado pela presença de população mais pobre e em moradias sem as mesmas condições de outras áreas, com acesso mais difícil, sem infraestrutura adequada em muitas localidades e, em geral, sem posse irregular do terreno ou imóvel.

Porém, diz, existem algumas diferenças regiões no tipo de ocupação do solo. Em São Paulo, por exemplo, as favelas predominam na periferia. Já no Rio, as comunidades mais antigas se formaram nas regiões central, na zona sul e da zona norte (especialmente na área mais perto do centro, como Estácio e Tijuca) em morros e encostas.

Na capital paulista, a densidade demográfica em favelas era de 297 habitantes por hectare (cada hectare equivale a 10 mil metros quadrados). Nas favelas do Rio, por exemplo, a densidade era menor: 257 habitantes por hectare.

Em todo o país, a maior parte das favelas está em área plana (52,5%), embora 19,7% das comunidades se situavam em encostas bastante inclinadas um dado que em quase toda a temporada de chuvas de verão se traduz em deslizamentos de casas e frequentemente em mortes. A região Sudeste concentrava a maioria das favelas 55,5% das 6,3 mil comunidades instaladas no país.

Rute Imanishi, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) especializada no tema, disse que "a opção de morar nas favelas foi a que restou" às famílias de renda mais baixa que queriam ter acesso a serviços públicos de melhor qualidade (saúde e educação em especial) e morar mais perto do trabalho diante do elevado custo de moradia nas maiores capitais do país.

"É muito caro moras em cidades como Rio e São Paulo. A alternativa barata seria viver muito mais longe, mas cidades nas "franjas" dessas regiões metropolitanas, em cidades muito afastadas e com serviços igualmente ou até mais precários do que nas favelas."

Além disso, afirma, muitos moradores criam cômodos para alugar e geram uma renda extra morando em favelas. Permitem ainda que filhos e outros parentes construam "na laje" ou no mesmo terreno. Se não estivessem em comunidades, não seria tão fácil construir e "verticalizar" suas moradias em áreas regulares sob fiscalização das prefeituras.


Disponível em http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1423103&tit=Avanco-da-classe-C-nao-melhora-vida-nas-favelas-aponta-IBGE. Acesso em 10 nov 2013.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Empresa tem 37 mil clientes ocultos em 400 empresas

Rômulo Madureira
01 Novembro 2013
Empresas no Brasil especializadas em soluções empresariais oferecem o serviço de “cliente oculto”, utilizado como uma forma sigilosa de avaliar o atendimento de redes hoteleiras, restaurantes, cinemas, fast foods, varejistas, entre outros. A OnYou é uma dessas empresas e conta hoje com 400 clientes em todo o Brasil e cerca de 37 mil clientes ocultos a seu serviço. O sócio-diretor da empresa, José Worcman, explica como funciona o trabalho. “Nosso departamento seleciona e treina os clientes ocultos, que vão frequentar sigilosamente as lojas das empresas se passando por clientes comuns. Depois, terão que enviar para nossos consultores um relatório detalhado de informações, que vão se tornar mais tarde um diagnóstico cultural das empresas”, diz.

As avaliações são periódicas. São analisados elementos como a imagem do produto, cortesia e simpatia dos funcionários. Dessa forma, Worcman garante que é possível detectar até se o funcionário não está em um bom dia ou se está permitindo que fatores externos atrapalhem seu rendimento. O executivo refuta a crença de alguns empresários de que o serviço estaria cada vez mais dispensável com o advento das redes sociais. Para tanto, cita os exemplos da United Airlines e da Brastemp. O primeiro caso é do guitarrista canadense Dave Carroll, que flagrou a forma descuidada com que o pessoal da companhia aérea americana carregava seu instrumento musical. Para protestar, compôs uma música descontraída cujo refrão entoava United breaks guitars, ou seja, a United quebra guitarras.

O vídeo tornou-se um viral na internet. Resultado? A United Airlines contratou o guitarrista, que compôs uma segunda canção, dessa vez falando bem da companhia. Já o caso da Brastemp foi de um consumidor brasileiro que publicou nas redes sociais sua indignação pelo fato de a marca não tomar providências em relação à sua geladeira quebrada. Ambos os casos mancharam a imagem das empresas por conta da exposição na mídia de suas falhas no atendimento ao cliente.

Nas duas ocasiões, o prejuízo poderia ter sido evitado, segundo o presidente da OnYou. “Se estas empresas utilizassem os nossos serviços, teriam mais possibilidade de detectar tais vulnerabilidades antes que elas viessem a público através da web. É lógico que é importante monitorar as redes sociais, mas com o cliente oculto o empresário está um passo a frente”, argumenta.

Livraria Cultura aprova serviço

Há cerca de dois anos, a Livraria Cultura utiliza os clientes ocultos para obter respostas acerca da qualidade de sua prestação de serviço. O diretor comercial da rede de lojas, Rodrigo de Castro, acredita que os relatórios dos clientes ocultos tragam insumos reais e técnicos para embasar o posterior treinamento e capacitação dos funcionários das livrarias. “Buscamos um olhar novo, crítico, neutro e imparcial para melhorar ainda mais o serviço que oferecemos. É necessário que as visitas dos clientes ocultos sejam realizadas em horários e dias distintos. Só assim podemos avaliar de forma holística o que estamos fazendo e, consequentemente, corrigir os erros e adaptar o trabalho”, diz.

Disponível em http://www.portalnovarejo.com.br/index.php/tecnologia/item/7804-empresa-tem-37-mil-clientes-ocultos-em-400-empresas. Acesso em 10 nov 2013.

domingo, 10 de novembro de 2013

Sulista gasta mais que a média nacional

Márcia De Chiara
04 de novembro de 2013
 
O gasto médio com as compras de supermercado do consumidor que vive no Sul do País é 60% maior do que a média nacional. Enquanto os sulistas desembolsam R$ 28,30 cada vez que vão às compras, o brasileiro gasta em média R$ 17,52, aponta pesquisa da Kantar Worldpanel.

A consultoria visita semanalmente 8.200 domicílios espalhados pelo País para tirar uma fotografia das compras.

O maior gasto com alimentos, bebidas e produtos de higiene e limpeza é apenas uma entre as várias diferenças do perfil de consumo da região em relação aos perfis das demais. O sulista, por exemplo, prestigia as marcas tradicionais regionais.

"Existem marcas regionais que se mantêm na liderança de vendas no Sul por mais de cinco anos seguidos", diz Christine Pereira, diretora comercial da consultoria. Nesse rol estão, por exemplo, catchup Oderich, biscoito Isabela, pão industrializado Nutrella, farinha de trigo Anaconda, leite Tirol, manteiga Batavo, petit suisse Batavinho, água mineral Ouro Fino, entre outras, aponta a pesquisa.

Tradição. Além de prestigiar as marcas tradicionais da região, o consumidor do Sul dá preferência aos hipermercados com bandeiras regionais. "Os hipermercados com as bandeiras Angeloni e Zaffari são importantes para os consumidores locais", conta a especialista.

Ela observa que as compras no Sul estão concentradas nos hipermercados, enquanto nas demais regiões o movimento é em sentido oposto. Isto é, o abastecimento ocorre principalmente em pontos de vendas menores, como as lojas de supermercados.

Pelo fato de o sulista optar por lojas maiores, a frequência de compras na região também é menor em relação às demais. No Sul, o consumidor vai às compras oito vezes ao mês, enquanto a média mensal do País é de 14 vezes.

Na avaliação de Christine, esse comportamento de compras reflete não apenas questões culturais, mas também a condição socioeconômica da região. "O mercado do Sul é consolidado e formado por consumidores abastados." Segundo ela, 27% dos consumidores são das classes A e B e 27%, à classe C1.

Além de ter maior poder aquisitivo, os sulistas são mais informados e, nos últimos dois anos, gastaram mais com educação em relação à média do País, observa a especialista.

Risco. Na avaliação do presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar), Cláudio Felisoni de Angelo, as peculiaridades do Sul no consumo estão ligadas a questões culturais. "Como a colonização da região foi predominantemente europeia – alemã e italiana– a heterogeneidade é menor. Por isso, há um sentido maior identidade cultural e prestígio de marcas locais e tradicionais."

O outro lado da moeda do comportamento diferenciado de consumo do sulista é a maior dificuldade de se penetrar nesse mercado e ter sucesso por causa dessas barreiras. "Não é fácil entrar e se dar bem no Sul. O risco é alto", diz Christine. Em 2009, a Casas Bahia saiu do Rio Grande do Sul. Na época, os especialistas atribuíram a saída ao fato de a rede não ter adquirido "sotaque" regional.

Mercado maduro e experimentador, revela pesquisa

A Região Sul responde por 14,9% do consumo domiciliar de alimentos, bebidas e produtos de higiene e limpeza do País. Em 2012, os sulistas desembolsaram 1,8% mais em valor na comparação com 2011, descontada a inflação do período, para levar para casa uma quantidade de produtos 0,4% menor, revela a pesquisa da Kantar Worldpanel. A região reúne 15% dos lares brasileiros.

Além de ser um mercado consumidor maduro em termos de poder aquisitivo, com mais da metade dos lares nas camadas mais abastadas, é também maduro em termos de faixa etária: 52,4% dos domicílios não têm crianças com menos de 12 anos.

Educação. As famílias também são pequenas. Isto é, 84,5% delas têm entre uma e quatro pessoas. É também a região com maior índice de alfabetização: 94,8%.

"O mercado consumidor do Sul é maduro e experimentador", diz Christine Pereira, diretora comercial da consultoria. Ela explica que, apesar de o consumidor sulista prestigiar tanto as marcas locais como as redes varejistas da tradicionais da região, ele é aberto para testar novos produtos.

Não é sem motivos, por exemplo, que muitas empresas testam os novos produtos em cidades do Sul, antes de serem lançados no País em escala comercial.

Beleza. A pesquisa domiciliar da Kantar Worldpanel para traçar o perfil de consumo do brasileiro traz uma revelação surpreendente. Os lares do Sul gastam menos com produtos de higiene e beleza e com serviços estéticos em relação às demais regiões. Em contrapartida, o desembolso é maior com alimentos e bebidas.

Disponível em http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,sulista-gasta-mais-que-a-media-nacional,169252,0.htm. Acesso em 10 nov 2013.