segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Sete tendências de comportamento da nova geração

Renata Leite
08/10/2014
Os jovens, hoje, já não se contentam mais em comprar apenas um produto. Eles estão atrás de experiências que deem significado à aquisição e justifiquem, inclusive, o compartilhamento da vivência com amigos nas redes sociais. O consumo pelo consumo tende a diminuir cada vez mais nos próximos anos, o que representa um desafio e tanto para as marcas. Como conversar com essa nova geração? O primeiro passo é entender que as prioridades mudaram e se refletem em sete novas tendências de comportamento.

A primeira questão a ser levada em consideração é que o tempo desses consumidores se tornou mais caro. Após uma overdose de estímulos diretos das marcas, de conteúdos e de informações, as pessoas estão deixando um pouco de lado o multitasking, ao menos em determinados momentos do dia, para buscarem uma tranquilidade mental. O sentimento de cansaço as leva a cultivarem práticas que visam a uma paz interior e mais leveza na vida. Já não é qualquer oferta aquela capaz de ganhar a atenção dos jovens.

A tendência do “Mindfullness” fica clara na crescente busca por experiências espirituais, de ioga, de massagem, de SPA e de relaxamento. “As pessoas estão mais preocupadas com o bem-estar, com seus horários, em terem uma vida mais focada e regrada, que as permita dar mais atenção à família. Elas querem soluções mais certeiras, estão procurando um produto determinado e não uma multiplicidade de oportunidades”, resume Carol Althaller, pesquisadora de tendências especializada em comportamento do consumo, cultura urbana e comportamento jovem, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Consumismo com os dias contatos?

Esses comportamentos se posicionam como opostos ao consumismo, mas não completamente, já que representam um alento no cotidiano ainda corrido. A meditação, por exemplo, é muito praticada em metrópoles como Nova York e Londres como uma forma de repor energias e aguentar o ritmo acelerado de vida. Não é um modelo alternativo ao sistema, mas uma forma de garantir a performance nele.

Algumas marcas já estão conseguindo tirar vantagem desse novo comportamento do consumidor, como a Selfridges, que criou em suas lojas o No Noise, espaço para quem busca momentos de paz e tranquilidade. A iniciativa promovida no início de 2013, ia além das vendas, convidando os consumidores a entrarem na “Sala do Silêncio”, encontrando a calma no meio da multidão. No local criado para o relaxamento, eram proibidos sapatos, celulares e outras distrações do Século XXI, que deveriam ser deixados em lockers disponíveis.

Há também produtos que estão sendo lançados já dentro dessa nova filosofia, como o Slow Cow, bebida que promove o efeito inverso dos energéticos. O produto chegou ao Brasil no fim do ano passado, com os jovens como público-alvo. Entre os slogans da bebida estão “Mais calma. Mais foco” e “Relaxa o nervo. A noite é longa”. O líquido azulado promete ajudar a manter a concentração e o desempenho no dia a dia atribulado, mas tudo com calma. Parece contraditório? Para a nova geração, não é.

Passagem para fora da realidade

Esse comportamento de busca pela tranquilidade leva à segunda tendência: as pessoas estão atrás de atividades em que as façam se desligar da realidade e viver algo completamente novo. A nova geração é de Experiential Seekers. “Os consumidores passam a ter valores pós-materialistas, em que buscam experiências em vez de produtos. As pessoas estão indo para o festival Burning Man, no meio do deserto, para passar uma semana trocando coisas. Elas querem ser protagonistas, fazer parte de algo maior e não apenas comprar um item”, analisa Carol.

Nessa tendência, entram os festivais de música como o Tomorrowland, que acontece pela primeira vez no Brasil em 2015 e teve todos os 180 mil ingressos vendidos em apenas três horas. Uma solução mais simples e acessível às marcas foi a iniciativa da Farm de montar uma feira no meio da Gávea, bairro da Zona Sul carioca, em que eram oferecidos obras de arte, quitutes e peças suas e de parceiras. A ação tirou suas consumidoras do lugar comum de adquirir roupas e acessórios da marca em sua loja para ganharem uma experiência muito mais rica e completa.

Um dos reflexos desse comportamento dos jovens está em sua preferência por fazer uma viagem do que uma compra. “A nova geração mira no que dá prazer e não no que dá dinheiro. Ele faz o que gosta, mesmo que ganhe menos e é por isso que ele tende a investir no que realmente provoque uma experiência diferenciada, como uma viagem. Ele está menos preocupado em comprar e mais em criar algo dele, mais autoral e econômico, simultaneamente. Isso nos leva à terceira tendência: a Cultura Maker”, diz a pesquisadora.

Cultura “maker”

Mais do que nunca, as marcas precisam apurar suas observações em relação ao que motiva os consumidores, à percepção deles em relação aos produtos, ao momento de compra e até ao de descarte. “O consumidor está num processo de empoderamento, no qual ele customiza e cria alternativas para os bens e serviços. Os usos podem ser completamente diferentes ao que a empresa idealizou no momento de produção”, diz a antropóloga do consumo Hilaine Yaccoub, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Hilaine oferece, ao lado de Carol Althaller, o curso Culturelab Tendências e Consumo, que começa no próximo dia 13 no Studio 512, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro. Em quatro aulas, a dupla buscará desconstruir certezas e estereótipos e entregar ferramentas para profissionais e empreendedores serem capazes de olhar e interpretar os detalhes da vida cotidiana. A ideia é que eles possam prever marolas que tendem a se tornar ondas e até tsunamis no futuro próximo.

Outro novo padrão comportamental que vem ganhando essa intensidade nos últimos tempos é o de cobrança por direitos e responsabilidades civis por parte das marcas. A quarta tendência passa pela habilidade de os consumidores trackearem e quantificarem tudo. Eles assumiram o controle e estão mais focados em suas compras. Os discursos vazios são mais fáceis de serem desmascarados em simples pesquisas em sites como o “Reclame Aqui”. As empresas que abraçam causas em prol de todos tendem a sair na frente nesse contexto, como é o caso do Meu Rio, rede que mobiliza cariocas e já conseguiu exercer pressões para a aprovação da Lei da Ficha Limpa e para a manutenção de um projeto social na comunidade do Cantagalo, cujo terreno seria cedido para uma empreiteira.

Dinheiro já não é tudo

Se por um lado a internet facilitou essa participação maior – basta lembrar das mobilizações de junho de 2013, que começaram nas redes sociais –, a web também abriu portas para as marcas, na quinta tendência das New Currencies. Ela alterou a forma de se pensar o varejo. As lojas passaram a vender a partir de um tweet, foto ou post com uma hashtag. E menções nas redes sociais podem valer como novas moedas de troca para, por exemplo, baixar livros ou músicas. O dinheiro já não impera mais como único protagonista das relações econômicas, principalmente quando fazer o que se gosta é o que importa e isso não necessariamente significa ganhar suficiente para comprar coisas.

A sexta tendência aponta para a emergência de debates de temas relacionados às desigualdades por padrões de etnias, nacionalidades, religiões e sexualidade. Esses assuntos estão sendo discutidos a todo momento, especialmente nas redes sociais, o que leva a mudanças de comportamento: homens estão se assumindo mais sensíveis, mulheres estão lutando por direitos iguais em diferentes esferas sociais, diversas composições familiares estão surgindo – e aparecendo em comerciais de TV.

Campanhas de marcas como a Diesel e a Barney’s já deram voz a questões feministas que estão sendo levantadas e defendidas nas redes sociais. Apropriar-se dessas temáticas e se posicionar em relação a elas pode ser interessante para as marcas desde que alguns cuidados sejam tomados. A Nestlé lançou recentemente um vídeo captado por uma câmera colocada nos seios de uma mulher. A peça mostrava como essa parte do corpo feminino é olhada por todo o tempo enquanto ela caminha pelas ruas.

Cuidado na execução

A causa era boa – o combate ao câncer de mama –, mas a execução levantou polêmica, especialmente entre feministas. “Pode fazer sentido para a marca falar com esse nicho e tratar do empoderamento da mulher, mas é preciso ter coerência. Dove aproveita o tema muito bem ao retratar a mulher comum em suas propagandas”, conta Carol.

A sétima tendência aponta para oportunidade para marcas que promovam ações que unam as pessoas. Diferentes grupos sociais querem dialogar entre si e estar junto. Existe uma busca por sociabilidade, aprendizado e lazer. Ocorrem movimentos como a volta dos karoquês, onde se pode chegar sozinho e rapidamente se juntar a um grupo e fazer amigos quase que instantaneamente, assim como a criação de novos espaços para saborear comida de qualidade, como os foodtrucks, nos quais já na fila é possível trocar ideias sobre o que irá pedir e criar laços.

Esse tipo de relação é potencializada pela internet, que favorece a formação de grupos que ganham dimensões de movimentos culturais. Um exemplo é o caso do Passinho Carioca, estilo de dança que começou a ser compartilhada na web e levou a encontros nas ruas para embates performáticos. O objetivo é estar junto, aprender e mostrar habilidades.


Disponível em http://www.mundodomarketing.com.br/reportagens/comportamento-do-consumidor/31888/7-tendencias-de-comportamento-da-nova-geracao.html?utm_medium=e-mail&utm_source=mail2easy&utm_campaign=Newsletter+Dia. Acesso em 08 out 2014.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Inovação no varejo

Maurício Morgado
GVExecutivo
vol. 7, n. 5, set/out 2008


Resumo: No varejo, inovação significa a capacidade de o varejista captar e entender as mudanças nos desejos e necessidades dos clientes e de a elas responder continuamente. “Inovação” tornou-se, ultimamente, uma palavra de moda. Por essa razão, às vezes seu sentido é usado indiscriminadamente. Especificamente no varejo, a inovação ocorre de várias formas. A mais evidente é a maneira como o varejista articula o conjunto composto por linha de mercadorias, visual merchandising, perfil e treinamento de equipe, precificação, mensagem e tipo de propaganda e, inclusive, local em que instala sua loja. A FNAC e a Livraria Cultura, cada uma com seu estilo, são outros dois ótimos exemplos desse processo.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Cresce o número de cafeterias com apelo de atendentes sensuais nos EUA

Estadão PME
08 de outubro de 2014
Reprodução 
Atendentes de biquíni ou lingerie, baristas sem camisa e garçonetes vestidas em capas sensuais. Estas são algumas das armas recentemente adotadas por cafés e restaurantes norte-americanos na disputa pela preferência do consumidor.

Nos últimos anos, o apelo sensual passou a ser um expediente bastante usual em cidades tradicionais da região noroeste do país, como em Washington, Oregon e Idaho.

Um dos exemplos é o Hot Cup of Joe, tocado pelo ex-stripper Chris Mullins. Ele montou uma cafeteria na capital dos Estado Unidos, Washington e, como diferencial estratégico, aboliu a camisa do uniforme dos baristas da casa, todos do sexo masculino.

"Eu vivi no mercado de entretenimento adulto por muitos anos e, por isso, meio que sei que as mulheres gritavam por algo desse tipo. Agora elas podem ver algo pessoalmente, além de também tomarem uma deliciosa caneca de café", diz ele em entrevista ao canal de televisão ABC News.

Mas não é apenas o público feminino o alvo dessa nova onda. Os homens, e sobretudo eles, têm à disposição uma centena de opções que atacam a sensualidade como bandeira mercadológica.

Para além do já globalmente consolidado Hooter's, redes como Tilted Kilt Pub & Eatery's exploram o nicho com bastante particularidade. O segredo é encontrar garçonetes jovens e saradas para servir cerveja e lanches vestindo roupas sugestivamente pequenas.

Tilted Kilt tem atualmente 94 unidades dos Estados Unidos e planeja abrir outras 30 ainda neste ano, segundo dados da Bloomberg. A rede deve alcançar em 2014 um faturamento de US$ 2,33 milhões, 18% acima do registrado no ano anterior.

Mas por mais ousada que possa parecer, a proposta de Tilted Kilt soa como brincadeira infanto-juvenil perto das redes de baristas de biquini que se proliferam nos últimos meses. Marcas como Devil's Brew Coffee Stand colocam atendentes em roupas íntimas ou de banho em cabines de drive-thru em horário comercial.

O negócio, à julgar pela profusão de unidades, desponta como uma mina de dinheiro - são mais de 130 desses cafés na somente em Washington. Entretanto, o setor oferece também um manancial de polêmicas. O conselho de moradores de Spokana Valley's, na região de Washington, conseguiu a banir as trabalhadoras seminuas dos tais cafés. E, recentemente, uma das empresárias mais bem-sucedidas do nicho foi presa por operar unidades onde, supostamente, as atendentes ofereciam favores sexuais em troca de gorjetas.

Carmelo Panico, de 52 anos, tocava diversas cafeterias na área de Seattle, incluindo Java Juggs Espresso, Twin Peaks, Bella Butterscotch e o Hot Spot. Todos operavam com baristas seminuas. Segundo uma investigação, nesses locais um copo de café custava US$ 6, mas por outros US$ 14 o cliente poderia observar parte da genitália ou os seios da atendente. Segundo a polícia local, uma barista confessou ter faturado assim  mais de US$ 500 mil trabalhando em uma cabine de drive-thru.


Disponível em http://pme.estadao.com.br/noticias/noticias,cresce-o-numero-de-cafeterias-com-apelo-de-atendentes-sensuais-nos-eua,4768,0.htm. Acesso em 08 out 2014.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

PMEs aumentam faturamento após investimento em embalagens

Priscilla Oliveira
01/10/2014
 
Observando as ofertas na prateleira, qual estaria mais propensa ao interesse do consumidor: a que se parece com as demais ou a que possui traços e cores inovadoras? Provavelmente, a segunda opção chamaria mais atenção. Isso porque produtos diferentes e com visuais mais atrativos tendem a se destacar naturalmente. Entendendo a importância de trabalhar a embalagem tanto quanto o conteúdo, as pequenas e médias empresas estão apostando cada vez mais em destinar parte dos recursos financeiros em alterações no rótulo.

Estudo de cores, pesquisa de identidade visual e adaptação a tecnologias de conservação do produto são alguns dos pontos avaliados e considerados antes de alterar qualquer artigo. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 75% das empresas que investiram em design obtiveram aumento nas vendas. Além disso, ao buscarem modernizações, elas também conseguiram reduzir os custos de produção em 41%.

O investimento na apresentação, hoje, deixou de ser superficial para tornar-se primordial à sobrevivência de uma marca. “O frasco é o ponto de contato do consumidor com o produto. Principalmente para quem atua com bens de consumo, ele representa um grau de relevância muito alto. Em lojas de conveniência, por exemplo, onde se tem menos trabalho de vendedor, o artigo precisa se vender por si só”, conta Roberto Kanter, Diretor Executivo do Canal Vertical e Professor dos MBAs da Fundação Getúlio Vargas, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Primeiros passos

Contratar um designer gráfico para compor a equipe fica fora da realidade de muitas pequenas e médias empresas, mas buscar ajuda especializada é possível e o primeiro passo a dar. Alguns escritórios conseguem ajustar preços de acordo com porte da companhia e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) possui um corpo de profissionais capacitado no tema, em parceria com a Associação Brasileira de Embalagens (Abre).

Um dos maiores erros de um empresário é acreditar que pode dar conta sozinho, utilizando uma forma amadora. “Não dá para fazer de qualquer jeito, sendo essencial contratar escritórios de design. Alguns eles estão, hoje, em incubadoras de faculdades, inclusive. E o custo é muito acessível. Atualmente, não faz mais sentido se contentar com uma criação artesanal, mas ainda existem os que ignoram a relevância desse investimento. É miopia de alguns empresários achar que o foco deve estar apenas na produção. A indústria investe em produção e pensa pouco no Marketing. Alguns pensam de forma muito conservadora e veem a estratégia apenas como publicidade. Existem outras vertentes”, conta Roberto Kanter.

Por outro lado, existem os empreendedores que já chegam ao mercado usando a embalagem como grande diferencial e que buscam constante evolução a partir de novos estudo de criação. “A Do Bem, que é uma PME, se criou assim desde o início e vem crescendo. Há uma preocupação de se estabelecer no mercado via embalagem, com cores escolhidas taticamente”, afirma o professor.

Mudanças radicais

Criada há 10 anos, a Lettuca começou vendendo biscoitos amanteigados em embalagens simples, fechadas no grampo e com uma produção artesanal. Os pacotes vendidos possuíam 500 gramas ou um display com 20 unidades. Após observar a tendência por alimentos funcionais, o idealizador Leonardo Muller decidiu investir em biscoitos do tipo orgânicos. Além de buscar algo saudável e gostoso, ele optou por criar um pacote atrativo. O proprietário participou do projeto do Sebrae e deu andamento à construção de uma nova imagem.

A marca Lettuca passou a ser secundária e o biscoito Fibratto tornou-se o carro-chefe da pequena empresa. “Foi feito um reposicionamento e uma designer viabilizou o nova modelo. O projeto demorou seis meses para ser concluído e a gramatura do biscoito foi revista. De 500 gramas foi para 245 gramas, atendendo ao consumo de uma semana. E a versão de uso rápido ficou em 75 gramas. O lançamento da nova imagem ocorreu em junho de 2013 e o faturamento dobrou, bem como o número de funcionários. Não mudamos a receita, mudamos o apelo comercial”, conta Érico Marchi, responsável pela Área Comercial da Lettuca, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Pouco mais de um ano após estrear nas prateleiras, o novo design foi premiado como terceira melhor embalagem de família de produtos pela Abre. “Foi espetacular ser reconhecido e em tão pouco tempo. Tivemos uma nova visão do mercado e ele, uma nova visão de nós. A maior parte de nossos investimentos mira na apresentação, uma vez que não temos capital ainda para mídia. É a nossa forma de se destacar entre os concorrentes”, conta Érico Machi.

Cultura da empresa

A Botica de Banho, empresa de perfumaria, também foi uma das vencedoras do Prêmio Abre. Campeã na modalidade embalagem de micro e pequena empresa, a fabricante de aromas vem se firmando como inovadora nos frascos e kits que vende. Em 2010, outra medalha foi recebida pela linha masculina. Apostar em estudos e no desenvolvimento de recipientes diferenciados faz parte da cultura da empresa, que tem parcerias com agências de design para a criação da parte visual.

A concepção de novos estilos possui grau altíssimo de importância para os gestores. “Penso que a apresentação precisa ter uma história. Além disso é necessário associarmos função à beleza. O cliente não quer mais o básico, por isso nossos produtos transmitem sentimentos. Acreditamos também no relacionamento, em fazer coisas únicas para pessoas únicas” diz Claudia Spring, Diretora e Criadora da Botica de Banho, em entrevista ao Mundo do Marketing.

A empresa pretende continuar a investir em novos modelos e planeja criar, em 2015, uma linha cujo tema será a simplicidade. “Vamos levar algo sutil e belo, mas com um toque de sofisticação, que é o condutor de nossas ações. Tentamos pensar de forma sofisticadamente simples e fazer tudo de maneira descomplicada, mas com um toque de glamour", conta Larissa Muhlbauer, responsável pelo Marketing da Botica de Banho, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Questão de sobrevivência

Outra empresa reconhecida pela Abre foi o Café do Centro. Com quase 100 anos de história, a média empresa se destacou no módulo competitividade internacional com produtos de exportação e ficou em segundo lugar na categoria. Produtora e distribuidora de seus grãos especiais, a marca investiu na história das regiões de plantio de café do Brasil para idealizar suas embalagens. “Existem diversos produtores e queríamos nos diferenciar deles, com isso contratamos uma empresa de design para criar essa embalagem. Foi um trabalho longo porque a designer precisava conhecer a empresa para criar algo que fosse a nossa cara”, conta Rodrigo Branco Peres, Diretor Executivo do Café do Centro, em entrevista ao Mundo do Marketing.

A companhia realiza muitas transações B2B e, para os empresários do ramo de cafeterias, ter um diferencial entre os fornecedores é sinônimo de mais negociações. Além da bebida, são criadas personalizações em xicaras e cafeteiras com o nome do fabricante, de forma fazer o cliente lembrar a todo momento que tipo de café ele está tomando. A divulgação dos produtos é feita apenas em anúncios de revistas especializadas. A maior mídia para a empresa é o boca a boca.

Por este motivo, ser atraente em todos os níveis em que é manipulado é fundamental para que a marca seja procurada e exista. “Concorremos com empresas top, precisamos criar nosso diferencial. E também é importante lembrar que a embalagem deve conservar o produto sem afetar sua qualidade. Utilizamos tecnologia para que o grão fique protegido e, neste caso, o pacote é mais do que beleza, ele faz o item ser melhor”, conta Rodrigo Branco Peres.


Disponível em http://www.mundodomarketing.com.br/reportagens/planejamento-estrategico/31831/pmes-aumentam-faturamento-apos-investimento-em-embalagens.html?utm_medium=e-mail&utm_campaign=Newsletter+Dia&utm_source=mail2easy. Acesso em 01 out 2014.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Quem pode se considerar rico no Brasil

João Sandrini
10/04/2012
Golfista profissional 
Poucas perguntas são tão difíceis de responder sobre qualquer pessoa quanto em qual classe econômica ela está inserida – com exceção dos muito ricos e muito pobres. Mesmo sendo padronizados, os critérios utilizados para segmentar a população por diversos institutos de pesquisa (como Nielsen, Ipsos, Ibope e Datafolha) são tão polêmicos que o próprio entrevistado quase nunca concorda com a própria classificação ao saber dos resultados.

Não há um padrão mundial de classificação, mas, no Brasil, coube à Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep) a missão de elaborar o Critério de Classificação Econômica Brasil. Esse padrão serve como base para a maioria dos questionários sobre o poder de consumo de cada família. A renda média dos brasileiros em cada uma das oito classes econômicas é explicada na tabela a seguir:

Classe econômicaRenda média familiar bruta mensal
A1R$ 12.926
A2R$ 8.418
B1R$ 4.418
B2R$ 2.565
C1R$ 1.541
C2R$ 1.024
DR$ 714
ER$ 477

Em relação à tabela, é preciso entender três detalhes importantes. O primeiro é que os valores informados para cada classe social são a renda média e que há uma grande dispersão dentro de cada grupo. Em relação às pessoas que fazem parte da classe A1, há desde famílias que ganham 10.000 reais ao mês até quem embolsa mais de 1 milhão de reais. O número de 12.926 reais é apenas a média.

O segundo fator é que o número da renda média familiar é considerado de baixa qualidade pelas próprias empresas que realizam as pesquisas. Muita gente não revela a renda verdadeira por questões de segurança ou até mesmo desconhecimento. Em algumas famílias, a renda mensal varia tanto que o próprio entrevistado é incapaz de informar a média.
Na verdade, os problemas de ordem prática quando os pesquisadores vão coletar as informações nos domicílios são inúmeros. “Muitas vezes quem vai responder as perguntas é o filho adolescente que não sabe com exatidão a renda dos pais”, diz Luis Pilli, diretor do comitê do Critério Brasil para a Abep.

O número da renda é tão poluído que levou a Abep a excluí-lo do critério de classificação econômica – e essa é a terceira ressalva importante. A tabela acima serve apenas como mera curiosidade. Os pesquisadores perguntam a renda, mas não utilizam o número para classificar os brasileiros. A pesquisa leva em consideração apenas a posse de bens e o grau de instrução do chefe de família. De acordo com o número de bens, as famílias recebem o seguinte número de pontos:

Posse de itens01234 ou +
Televisão em cores01234
Rádio (de qualquer tipo, mesmo que incorporado a outro equipamento de som ou televisor, com exceção do rádio do automóvel)01234
Banheiro (qualquer um que tenha vaso sanitário e faça parte do domicílio, incluindo lavabos e excluindo banheiros coletivos)04567
Automóvel (não considera veículos de uso profissional nem misto - por exemplo, um táxi usado para lazer aos finais de semana)04799
Empregado doméstico (qualquer empregado que trabalhe 5 vezes por semana no domicílio, incluindo babás, motoristas, cozinheiras, copeiras, arrumadeiras e governantas)03444
Máquina de lavar (não inclui tanquinho)02222
Videocasete ou DVD02222
Geladeira04444
Freezer (eletrodoméstico independente ou parte de uma geladeira duplex com duas portas independentes)02222

Já o grau de instrução do chefe de família leva os pesquisadores a computar o número de pontos a seguir para cada domicílio:

Grau de instruçãoNúmero de pontos
Analfabeto à terceira série de ensino fundamental0
Quarta série do ensino fundamental1
Ensino fundamental completo2
Ensino médio completo4
Ensino superior completo8

Realizadas todas as perguntas, os pontos de cada família são somados. A classe econômica será determinada pelo total de pontos obtidos, de acordo com a tabela a seguir:

Classe econômicaPontos
A142 - 46
A235 - 41
B129 - 34
B223 - 28
C118 - 22
C214 - 17
D8 - 13
E0 - 7

Pilli, da Abep, explica que os ricos brasileiros estão concentrados na classe A1. A classe média-alta englobaria os grupos A2 e B1. Já da classe média fariam parte as pessoas classificadas como B2, C1 e C2. Nas classes D e E, estariam os brasileiros com baixo poder de consumo. Considerando apenas as nove maiores regiões metropolitanos do país, é possível concluir que a grande maioria dos brasileiros pode ser considerada de classe média, conforme a tabela a seguir:

Classe econômicaPercentual da população
A10,50%
A23,60%
B19,60%
B220,80%
C126,30%
C223,20%
D15,20%
E0,80%

Pilli diz que o critério de classificação econômica prioriza muito a posse de bens – e não o grau de instrução ou a renda total. “É fácil de contar os bens e dar uma resposta correta e objetiva”, afirma. Ele admite que algumas vezes a pesquisa erra. Pessoas solteiras que moram sozinhas em imóveis pequenos, por exemplo, tendem a ser rebaixadas na pesquisa porque não faz sentido ter uma quantidade grande do mesmo bem. “A redução do número de pessoas na mesma família é um fenômeno recente que aos poucos vai se incorporando à pesquisa. Estamos sempre atualizando os critérios”, diz.

Ainda que os resultados não sejam 100% corretos, ele diz que esse tipo de levantamento tem grande valor estatístico porque permite entender os hábitos de consumo de todos os segmentos. A classe alta, por exemplo, tem características que não são vistas em outras categorias. O estrato mais rico da população gasta mais com comida fora de casa, compra bens supérfluos, valoriza marcas e contrata mais serviços.

Já a classe média compra bens de primeira necessidade, mas costuma parcelar a aquisição de bens duráveis, como automóveis e eletrodomésticos.

As pessoas classificadas dentro das classes D e E geralmente são desempregadas ou estão precariamente ocupadas, com uma renda baixíssima. “Muitas vezes alguém que mora em favela ou habitação precária é considerado de classe média porque tem salário e renda para consumir”, diz Pilli.


Disponível em http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/noticias/quem-pode-ser-considerado-rico-no-brasil?page=1&utm_campaign=news-diaria.html&utm_medium=e-mail&utm_source=newsletter. Acesso em 24 ago 2014.