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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Quem perde com o desaparecimento dos jornais locais?

Carlos Castilho
17/04/2012
Para variar terei de me apoiar mais uma vez em estatísticas norte-americanas para colocar na mesa um tema que interessa também aos brasileiros:  o jornalismo local e hiperlocal.  Segundo uma  pesquisa do Pew Center, 72% dos norte-americanos seguem regularmente o noticiário do local onde moram e 32% admitiram que sua vida seria gravemente afetada caso a imprensa comunitária desaparecesse.

Aqui no Brasil, não conheço uma pesquisa feita nos mesmos moldes e, se houvesse, provavelmente os números seriam diferentes por conta das debilidades crônicas de nossa imprensa regional e pelo histórico fascínio do resto do país pela agenda do eixo Rio-São Paulo-Brasilia.

Isto não quer dizer que não tenhamos bons jornais nos demais estados e nem que a realidade do interior do país sejam menos interessante do ponto de vista jornalístico do que o que ocorre nos dois maiores centros urbanos e na capital política do país. É que nosso cardápio informativo quotidiano está de tal maneira impregnado pela agenda carioca, paulista e brasiliense que nem nos damos conta de que coisas também acontecem noutras regiões.

O bombardeio  noticioso com eventos ocorridos no eixo Rio-São Paulo acabou contribuindo para a intensificação da perda de identidade nas comunidades do interior, um fenômeno que começou a ganhar corpo nos anos 1970 com a migração cada vez maior de pessoas de região para região no Brasil e com o processo de globalização econômica e social. Hoje, aqui como nos Estados Unidos, há consideráveis setores da população interiorana que sentem-se desenraizados, fenômeno estudado pelo britânico Anthony Giddens [Modernidade e Identidade. Anthony Giddens. Jorge Zahar. 233 páginas. 2002]

Os norte-americanos já começam a se mostrar preocupados com o futuro da imprensa regional e local diante das mudanças em curso em todo o sistema jornalístico do país. É uma preocupação com o tipo de informação que estará à disposição dos moradores de pequenas e médias cidades, mas também sobre a forma como o jornalismo comunitário e regional poderá contribuir para a sobrevivência da indústria da comunicação.

Desorientadas, as pessoas voltam gradualmente a se reagrupar em comunidades com a preocupação básica de buscar algum tipo de identidade, seja a perdida seja uma nova, conforme a teoria desenvolvida pelo catalão Manuel Castells, no seu livro O Poder da Identidade [Editora Paz e Terra, 532 páginas.2000].  Segundo Castells, esse processo assume formatos e propostas que variam de continente para continente, mas mantém uma preocupação básica: criar novas comunidades sociais, usando ferramentas presenciais ou virtuais.

É nesse contexto que as pessoas voltam a se interessar pela informação local criando um novo espaço para a imprensa e um novo mercado de consumidores de notícias, já que é patente a perda de interesse dos leitores pela agenda política nacional. Alguns jornais como O Globo já se deram conta desse fenômeno e multiplicam as iniciativas e projetos voltados para o público local.

Acontece que ai surge um novo problema. A cobertura local é cara porque implica uma diversificação de informações e consequentemente a criação de um amplo quadro de repórteres e informantes.  Simultaneamente, as indústrias jornalísticas passam por um momento de vacas magras, onde tudo o que implica gastos vai imediatamente parar nos últimos lugares da lista de prioridades.  O fator econômico é apontado unanimemente como o grande fato limitante no crescimento da mídia local, tanto pela pesquisa do Pew Center como por investigações acadêmicas aqui no Brasil . 

Para atender à demanda da população e contornar as dificuldades financeiras, os jornais não têm outra alternativa senão desenvolver uma parceria com o público. Os leitores têm hoje acesso fácil a telefones celulares com câmeras e muitos conseguem até usar a internet com telefones inteligentes. A imprensa terá de criar uma relação com o público para que ele colabore como provedor de material para notícias, mas para que esta parceria seja duradoura os jornais devem retribuir dando aos leitores maior participação no processo de produção informativa. 

É nesse ponto que está o X do problema, porque isto implica a mudança de alguns comportamentos muito antigos, que levaram a imprensa a vincular-se mais ao poder do que aos seus leitores.


Disponível em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/posts/view/quem_perde_com_o_desaparecimento_dos_jornais_locais. Acesso em 15 ago 2013.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

A era do hiperconsumidor moderno

Zilda Knoploch
Estamos em uma Era diferenciada. E não digo a de Aquário ou a tão “batida” Era da Internet. Vivemos em um período que vai além dos contatos instantâneos, o qual classifico como Era da hiper-conectividade. É um tempo no qual tudo no mundo está online. Quando seria possível conversar a qualquer hora, em qualquer lugar, da tela de seu celular ou de seu tablet com uma pessoa do outro lado do mundo? Além disso, o que essa facilidade tecnológica e praticamente inerente ao nosso dia-a-dia muda nas relações interpessoais? Tudo.

Explico a razão. Aqui na Enfoque temos diversos brainstorms sobre como as empresas podem adaptar seus produtos para atender adequadamente esse novo “ser humano”, que vive online 24 horas e demanda uma série de ações capazes de atendê-lo a qualquer hora, seja a de Brasília ou a de Pequim. A famosa globalização extrapolou seus limites, portanto, antes mesmo de tentar vender algo para esse hiper-consumidor moderno, precisamos entendê-lo, decodificando o que ele quer, entendendo o que precisa e surpreendendo-o com um produto ou serviço que possibilite, ao mesmo tempo, atendê-lo no mundo físico tanto quanto no virtual.
Mas isso não é nada fácil. Ainda mais se formos segmentando nossos estudos. Uma prova é quando tratamos especificamente com os jovens, que hoje formam uma grande massa consumidora. Temos que incluir uma visão mais abrangente do processo de compra, independentemente se feitas online ou iniciadas na Internet e terminadas em qualquer ponto-de-venda físico.
Com o apoio da pesquisa Ludoviko, The Lateen Project, realizada pela Enfoque e sua associada, a norte-americana Kitelab, 4.800 adolescentes de seis países latino-americanos, entre eles o Brasil, mostraram como se comportam e o que querem. Os resultados, impressionantes, servem como base para irmos a fundo na cabeça desses jovens e apontar para as marcas o jeito certo de abordá-los, com que produto e em que momento.
Algumas conclusões são: o público adolescente está cada vez mais consumista. Isso porque o consumo é uma das formas de expressão e construção de identidade. Entre os itens que mais o seduzem estão roupas, tênis, maquiagem, esmaltes de unhas com cores da moda, games e gadgets eletrônicos. Aqui vale a pena detalhar um pouco mais o fator equipamentos eletrônicos por um viés psicológico.
Você já entrou no perfil de um adolescente de 13 a 18 anos em uma rede social? Não? Então acesse o Orkut, Facebook, Twitter e Flickr e veja que eles amam se autofotografar. Com poses variadíssimas, formam verdadeiras egotecas virtuais. Por isso é que, nas lojas de artigos eletrônicos, são os computadores, celulares e câmeras fotográficas – quando não já integradas ao celular – os itens mais vendidos para o público jovem. Eles precisam que suas fotos e vídeos estejam nesses locais para se sentirem integrados ao grupo. E eles querem produzir este conteúdo visual.
Outro ponto importante para as marcas é que, além de serem apaixonados por imagens, os jovens não conseguem ficar sem ouvir músicas. Mas se você pensa que eles vão até uma loja e compram um CD ou um DVD de show, está enganado. Usufruem da música online na hora, de graça. Então, se você quer fazer a cabeça de um adolescente, colocar um produto em uma prateleira musical pode não ser a melhor estratégia.
E com relação às marcas, eles as usam? Sim e não. Sim porque ter um tênis ou um celular da “marca da moda” faz com que eles se sintam parte de um grupo maior, evitando – inclusive – uma exclusão. E não porque eles não querem só usar uma marca pela própria marca. Para que aquela empresa faça parte de sua vida, ela precisa fornecer um produto da moda, com qualidade, interagir pelas redes sociais, oferecer brindes, conteúdo, games e até mesmo uma oportunidade de melhorias no produto. É o que chamamos de co-criação, ou seja, o jovem compra um produto e é incentivado a melhorá-lo, passando do estágio de simples consumidor para parceiro criativo.
Aqui sim é que está o Y ou o @ da questão: no entendimento da necessidade do cliente. Muitas empresas ainda não estão preparadas para o novo consumidor. Para ter um resultado positivo, seu produto precisa ser bom (evidente) e capaz de engajar esse consumidor hiper-conectado. Ao ouvir o que seu público-alvo deseja é possível criar uma estratégia para fornecer a ele exatamente o que quer. Pode parecer “lugar-comum” ou estratégia batida de marketing, mas é a pura verdade. Vemos milhares de empresas que ainda não sabem como fazer isso.
Nós sabemos. E a cada dia mais aprendemos com estes jovens ao pesquisar suas expectativas, anseios e entender o seu “idioma”. As pesquisas podem ser o caminho que você tanto está precisando. Com elas é possível entender claramente como está o mercado e de que forma o seu produto pode se destacar, dando oportunidade e voz para os consumidores.
É uma equação simples: produto bom + oportunidade de mercado + conhecimento de comportamento + ações efetivas = lucro. E se levarmos em consideração o hiper-consumidor moderno, por que não pensar em hiper-lucros? Fica a dica!