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sábado, 22 de fevereiro de 2014

Pare de pedir desculpas

Gisele Meter
20 de fevereiro de 2014
Você provavelmente já deve ter presenciado a seguinte situação: A pessoa chega atrasada em um compromisso e começa a enumerar várias desculpas que possam justificar sua falha, certo?

Você também em algum momento, já deve ter usado qualquer desculpa, para se isentar de alguma situação. Independente se suas justificativas são cabíveis ou não, saiba que desculpar-se excessivamente, pode prejudicar expressivamente sua carreira.

Isto acontece porque quando apresentamos desculpas, estamos permitindo que outras pessoas façam julgamentos acerca de nosso comportamento.

Ao apresentar desculpas, além de você se colocar passível de avaliação, ainda promove um desvio do objetivo inicial, seja ele um projeto, uma reunião ou qualquer outra coisa a que você tenha responsabilidade.

Tendemos a acreditar que se desculpar demasiadamente promove segurança nas pessoas que saberão os motivos pela sua falta ou falha, no entanto é importante saber que em alguns casos, as pessoas não estão muito interessadas e retomar o foco no objetivo é o que interessa.

Não falo para deixar de se desculpar quando sentir necessidade, o importante é que quando faça isso, você saiba que estará abrindo margem ao julgamento alheio, então faça isso de forma consciente – avalie as consequências.

Podemos nos desculpar de forma objetiva, sem precisar dar detalhes de nossa vida pessoal, ou os motivos que impediram que algo não se concretizasse, afastando assim conclusões equivocadas a nosso respeito.

Vamos retomar o exemplo do inicio desta matéria: ao chegar atrasado para uma reunião, ao invés de justificar que o trânsito estava péssimo, que seu filho está doente, ou que seu cachorro comeu o controle do portão, aja de forma mais profissional possível, apenas se desculpe pelo atraso e diga que fará tudo para garantir que isto não ocorra novamente.

Percebe como ambos têm um impacto diferente? Isto porque agindo assertivamente não há margens para interpretações e você ainda reforça o quão compromissado pode estar com as pessoas que lhe aguardam.

Não é necessário colorir seu pedido de desculpas com detalhes de sua vida pessoal, afaste as ideias centradas no processo e foque no objetivo principal.

Quando apresentamos desculpas, estamos buscando aprovação para nossa atitude, perdendo assim o controle da situação. Saiba que isto, pode te deixar vulnerável, pois não temos como prever os impactos que esta atitude pode causar.

É preciso compreender que no contexto empresarial, quando se trata de desculpas, assim como em várias coisas da vida, menos é mais.


Disponível em http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/pare-de-pedir-desculpas/75723/. Acesso em 20 fev 2014.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Você julga um livro pela capa?

Nastassja Fischer
03/02/2012
 
Existem alguns ditos populares que nos alertam que não devemos confiar em alguém somente pela sua aparência: “quem vê cara, não vê coração” e “nunca julgue um livro pela capa” são apenas dois exemplos. Porém, nossos rostos dão pistas essenciais sobre como devemos agir ou o que esperar de uma outra pessoa, como já foi, inclusive, falado em um texto aqui no blog. Por exemplo, existem evidências que pistas faciais de medo são processadas em apenas 40 milissegundos (ms), sendo esse tempo suficiente para gerar uma opinião sobre a intenção de outra pessoa. Com isso, certos sinais faciais podem ter uma influência substancial em como as pessoas avaliam e se comportam frente a outra pessoa em uma interação social.

Uma dessas pistas que procuramos quando nos relacionamos com alguém é a confiança. Detectar o quão confiável é uma pessoa possui uma importância especial, a partir do momento que se pode coletar informações importantes sobre se o indivíduo com quem estamos interagindo é alguém que podemos nos aproximar ou evitar. Dessa forma, a detecção da confiabilidade é essencial para a sobrevivência humana e existem um estudo que sugere, inclusive, que o cérebro possui regiões especializadas para desempenhar essa tarefa, como por exemplo, a ínsula e amígdala, que são regiões envolvidas em situações onde precisamos detectar um potencial perigo ou tomar uma decisão.

Baseando-se nessas informações, um trabalho realizado na Universidade do Arizona no Estados Unidos testou a hipótese de que o julgamento implícito da confiabilidade de terceiros estaria relacionado com o modo que as pessoas cooperam entre si. Para isso, os voluntários do teste participaram de uma tarefa de interação social chamada “jogo da confiança”. Na sua versão tradicional, existem duas funções a serem assumidas por pessoas diferentes: a de “investidor” e “parceiro”. Ao “investidor” é dada uma quantia em dinheiro e lhe é informado que ele tem a opção de ficar com todo o dinheiro, transferir a quantia total que recebeu para o “parceiro” ou repartir o que ele tem da forma que desejar. Diz-se também que o montante que for transferido será multiplicado de 3 a 4 vezes e dado ao “parceiro”. Esse último, então, tem o papel de decidir se vai transferir alguma parte do dinheiro multiplicado para o “investidor” e, com isso, o “parceiro” tem a opção de honrar a confiança nele depositada ou não.

Na versão do “jogo da confiança” usada pelos autores do estudo, os participantes do teste poderiam assumir apenas o papel de “investidores” e, antes do jogo começar, tinham que visualizar e avaliar, de forma não-explícita, as faces de 79 supostos “parceiros”, com os quais era dito que eles teriam que interagir. Posteriormente, em cada rodada do jogo, eles tinham que decidir se iriam transferir uma determinada quantia em dinheiro para seu parceiro sem ter nenhuma garantia de retorno, sendo esse um “índice” implícito do quanto eles confiavam no parceiro. Ao final da tarefa, eles ainda tinham que declarar o quanto eles confiavam nos “parceiros”.

Os resultados mostraram que a avaliação inicial de confiabilidade feita através da visualização da foto foi uma pista altamente influenciadora na decisão do “investidor” sobre o quanto de dinheiro ele iria dividir ou não. Ou seja, os participantes deram mais dinheiro para aqueles “parceiros” que eles achavam ser mais confiáveis no início do jogo, tendo como parâmetro apenas as suas fotos. Mais ainda, o fato do “parceiro” ter devolvido ou não o dinheiro após a divisão não influenciou na avaliação explícita de confiabilidade pelo “investidor” no final da tarefa. Pelo contrário, parece que o julgamento do quão confiável era o “parceiro”, realizado implicitamente antes de começar o teste e baseado apenas na aparência do rosto, exerceu uma influência mais forte nesse sentido.

Desse modo, pode-se observar como nós somos influenciados, mesmo que de forma não-consciente, por pistas sociais. Também é interessante notar como tais pistas podem afetar nossas decisões e a forma como interagimos com o próximo. Por mais que o velho ditado diga: “Quem vê cara, não vê coração”, parece que é na “cara” que nos baseamos para guiar qual será o próximo passo a ser tomado quando decidimos cooperar com alguém.


Disponível em http://www.forebrain.com.br/voce-julga-um-livro-pela-capa/. Acesso em 12 dez 2013.