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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Badoo: quer teclar comigo?

Sergio Damasceno
08 de Março de 2012
Com tripla nacionalidade – americana, brasileira e italiana – Alice Bonasio, a diretora de marketing e comunicação do Badoo no Brasil é escritora, pesquisadora e relações públicas. É formada em Jornalismo e Letras com pós-graduação em Estudos dos Meios de Comunicação em Empresas de Entretenimento e Criatividade.

Sob o seu comando está a operação nacional, do Badoo, uma das sensações da internet brasileira, que já conta com mais de dez milhões de usuários no País. A rede social de social dating (encontros sociais) se define como ponto de encontro para o usuário e o conecta a atividades de lazer. Confira a entrevista:

MEIO & MENSAGEM ››  Como está estruturada a operação brasileira do Badoo?
ALICE BONASIO ›› O site tem operação global e nós ainda não temos um escritório no Brasil. Tudo é centralizado no escritório em Londres, onde está o serviço ao consumidor e de suporte técnico, em que temos brasileiros. Se os usuários têm qualquer problema, podem resolver pelo site, em português, pois falam com os brasileiros, mas não estamos efetivamente no Brasil. Nos planos futuros, com certeza, pensamos sobre isso. Não temos data ainda porque até agora não temos nenhum escritório além de Londres e Rússia. A sede do Badoo fica em Londres porque é um bom lugar dentro da Europa. Mas o nosso principal mercado é o Brasil.

MEIO & MENSAGEM ›› O Badoo tem 138 milhões de usuários...
ALICE BONASIO ›› ... número que muda a todo instante. Temos uma média de 125 mil novos usuários cadastrados por dia.

MEIO & MENSAGEM ›› O Brasil é o maior mercado. Que outros são importantes para a rede?
ALICE BONASIO ›› Nós não temos o detalhamento dos mercados e, portanto, não temos os números de usuários por países. Mas, a cada mês, dez milhões de brasileiros usam o site. O México também é um mercado muito bom. Na Europa, França, Espanha e Itália são os nossos maiores mercados. No momento, estamos em expansão nos mercados anglo-saxões como EUA, Reino Unido e Alemanha. Na Ásia, por enquanto, não temos nada. Porque é um mercado muito diferente. Consideramos as estratégias para entrar na região.  

MEIO & MENSAGEM ›› Quais são os modelos de negócios que sustentam o site?
ALICE BONASIO ›› O modelo de negócio é chamado de “freemium”. A maior parte dos serviços que o Badoo oferece é gratuita. E a maior parte dos usuários usa os serviços gratuitos. Mas existe a possibilidade de pagar para ter uma funcionalidade maior. Se você pagar um pacote de assinatura mensal — e muitos optam por isso —, você passa a ter “superpoderes”. Pode ver mais detalhes do perfil de uma pessoa, olhar o perfil de outro usuário sem que ele saiba que você o tenha visitado e daí por diante. Outra fonte de renda são os micropagamentos. Quando você se registra, vai automaticamente para o topo das listas de buscas porque é um usuário novo. Contudo, como 125 mil pessoas se registram por dia, não existe a possibilidade de ficar no topo por muito tempo. Assim, se a pessoa quer se promover e ficar no topo da lista, pode fazer um micropagamento (uns R$ 2, R$ 3), vai para o topo da lista e recebe mais mensagens, mais pessoas veem o perfil. Paga para ter visibilidade. Portanto, temos essa renda de micropagamentos também. Pode-se comprar presentes virtuais para as pessoas como um buquê virtual, para chamar a atenção de alguém que você quer conversar. Entre 5% e 10% dos nossos usuários fazem isso, o que é suficiente para manter a operação.

MEIO & MENSAGEM ›› E a publicidade na rede?
ALICE BONASIO ›› Exatamente pelo motivo de o modelo ser tão bem-sucedido, até o momento não vemos necessidade de publicidade. Portanto, podemos oferecer ao usuário um site sem nenhuma publicidade.

MEIO & MENSAGEM ›› Como se dá a expansão do Badoo?
ALICE BONASIO ›› A maioria dos usuários chega por recomendação ou convite de amigos. É muito viral. Você tem a opção, como em outras redes sociais, de convidar os seus contatos para entrar no Badoo. A maior parte dos usuários entra assim, de maneira natural, sem grandes campanhas de marketing. Temos o nosso aplicativo dentro do Facebook. Nossos usuários geralmente têm perfil no Facebook e também no Badoo.

MEIO & MENSAGEM ›› Vocês têm algum tipo de restrição?
ALICE BONASIO ›› Não restringimos nada. Porque não é apenas um site de relacionamento. As pessoas podem estar no site à procura de amizades, para ir ao cinema etc. É um site para adultos. Temos condições de filtrar para permitir que somente adultos possam se registrar, com monitoramento. As fotos são todas moderadas. Temos centenas de moderadores que olham as fotos do perfil para ter certeza que não há nada inconveniente. Dentro do perfil, ao contrário, você pode compartilhar seus álbuns particulares com outras pessoas. Mas tem que dar autorização, não é público. Todas as fotos públicas são moderadas.

MEIO & MENSAGEM ›› Qual é o perfil do usuário do Badoo?
ALICE BONASIO ›› A faixa etária, na maior parte, está entre os 25 anos e 35 anos. Tem mais homem do que mulher, numa proporção mundial de 55 homens para 45 mulheres. O usuário quer conversar (chats), encontrar novos amigos e também quer algum tipo de relacionamento. É uma interatividade mais aberta. Você começa com uma amizade e vê o que acontece depois. Não é do tipo “quero encontrar um marido”. A maioria não entra no Badoo pensando nisso seriamente.

MEIO & MENSAGEM ›› Qual é o diferencial do Badoo em relação a sites de relacionamento como o eHarmony e o Par Perfeito?
ALICE BONASIO ›› Nesses sites é preciso preencher formulários, pensar no que quer, como quer se representar para as outras pessoas. Tem algo mais artificial. Os relacionamentos no Badoo tendem a ser mais honestos porque a pessoa se coloca e depois vai querer conhecer a pessoa no mundo real. É como ir ao bar, ao clube.

MEIO & MENSAGEM ›› E vocês conseguem saber o que se viabiliza no mundo real entre as pessoas?
ALICE BONASIO ›› Entre as nossas pesquisas, perguntamos a milhares de usuários se eles conheciam as pessoas. A média mundial que conhece os usuários pessoalmente é de mais de 50%, ou seja, mais da metade dos encontros que acontecem no Badoo se transforma em encontros reais. Entre duas pessoas, uma se conhece no mundo real. No Brasil, essa média é ainda mais alta, de 70%. Acho que é por causa da sociabilidade maior do brasileiro.

MEIO & MENSAGEM ›› É a primeira vez que o Badoo vem a público ao Brasil (a entrevistada participou de seminário na Social Media Week)?
ALICE BONASIO ›› É a primeira vez que participamos de um evento desse tipo. Nossa única grande iniciativa foi em 2008, quando participamos do Carnaval da Bahia com a cantora Daniela Mercury, que criou um perfil no Badoo. Fizemos promoções para as pessoas concorrerem a abadás. No futuro, poderemos fazer outros eventos.

MEIO & MENSAGEM ›› Alguns especialistas falam sobre a eventual saturação das redes sociais, assim como aconteceu com outras bolhas de internet antes. O que você acha?
ALICE BONASIO ›› Certos aspectos da bolha de internet aconteceram mais por causa do modelo. Ninguém tinha um modelo de negócios. Só se pensava em atrair mais usuários. Agora, até o Facebook, por mais usuários que tenha, começa a pensar num modelo. Pelo fato de termos um modelo totalmente sustentável — já faz mais de dois anos que estamos no lucro — e considerando que a empresa começou só em 2006 e apenas em 2008 chegou a esse formato atual, percebe-se que o modelo é muito bem-sucedido. No nosso caso, certamente, não é uma bolha. E outras empresas como o LinkedIn funcionam no modelo freemium também. O Facebook vai mais para o lado da publicidade. Tem várias coisas a se considerar quando começa a fazer essa publicidade mais personalizada, porque tem a questão da privacidade, de usar os dados do usuário. E se eu não quero ser um advogado da marca? É assim que você paga o uso do Facebook. No nosso caso, o usuário que não paga é sustentado pelos outros usuários que pagam. Todo mundo fica contente porque não exigimos nada do usuário a não ser fazer parte da rede. Os usuários não pagos fazem a rede mais interessante para os usuários pagos porque tem toda aquela gente que está no Badoo.

MEIO & MENSAGEM ›› Existe um trabalho em cima da base?
ALICE BONASIO ›› Nós sempre tentamos engajar o usuário. Estimulamos o usuário a se reengajar com o produto se ele não está ativo. É óbvio que, num site de relacionamento, quando você é bem-sucedido, você perde o seu usuário. Lógico que tem usuário que não quer mais porque entrou na rede para ter um relacionamento e, quando está num relacionamento, não permanece. Tem muitos usuários que continuam porque estão mais abertos. Não é só porque você está num relacionamento que você não quer conhecer outras pessoas por amizade.

MEIO & MENSAGEM ›› As redes sociais, em geral, exercem um forte apelo sobre o usuário brasileiro. Antes o Orkut, depois o Twitter e agora o Facebook. Em função disso, o Badoo oferece alguma coisa especial para o usuário brasileiro?
ALICE BONASIO ››  A internet cresce rapidamente no Brasil e também as redes sociais. Cerca de 90% dos brasileiros que usam a internet estão nas redes sociais. Os brasileiros têm mais amigos nas redes sociais do que outras nacionalidades. A média brasileira é de 66 amigos enquanto a média mundial é de 41 amigos. Tem essa sociabilidade maior. No Brasil, já existe essa afinidade natural. É casual, do tipo “vamos ver o que rola”, bem amigável, aventureiro.

MEIO & MENSAGEM ›› Como o Badoo foi construído?
ALICE BONASIO ›› O fundador, Andrey Andreev, é russo. Mas saiu da Rússia há vários anos e morou na Espanha. E foi lá que começou o Badoo. O primeiro mercado do Badoo foi a Espanha e, de certa forma, isso influenciou o crescimento pela Espanha, Itália e França. E pela afinidade linguística e cultural com a da Espanha se espalhou para a América Latina, organicamente. De 2006 a 2008, o Badoo tinha um formato um pouco diferente. Era mais na esteira do Facebook, onde você procurava amigos que já conhecia e usava as ferramentas do Badoo para interagir com as pessoas¬ que já conhecia. O Andrey estava passeando em São Petersburgo e viu um bar que se chamava Telefone Café, no qual as pessoas ficavam nas mesas com telefones e olhavam ao redor. Se você gostasse de alguém, tinha um jeito bem divertido de contatar as pessoas que estavam perto de você. Foi quando teve a ideia, usando a geolocalização, de transferir esse conceito para a internet. Porque você está perto das pessoas e tem como se aproximar delas sem nenhum medo de rejeição. Você se utiliza da tecnologia para socializar no mundo real. É algo tão simples, mas, ao mesmo tempo, muda toda essa área de redes sociais. Foi aí realmente que explodiu, quando os números começaram a crescer de maneira que está hoje.

MEIO & MENSAGEM ›› O que deve vir de novidades do Badoo, em particular, para o Brasil, em médio prazo?
ALICE BONASIO ›› Em médio prazo, os planos são continuar a expansão e engajar os nossos usuários. No Social Media Week (SMW), convidamos alguns usuários para conversar e saber o que gostam e o que não gostam. E você tem tantas ideias boas somente por usar o Badoo. Esse negócio de engajar o usuário, ver o que a gente pode melhorar no produto e ver o que podemos fazer de divertido e ter mais presença no Brasil, mesmo antes de pensar num escritório. Ter mais uma presença.

MEIO & MENSAGEM ›› Em 2008, o Badoo participou do Carnaval da Bahia. Existe mais alguma iniciativa desse tipo para o futuro? 
ALICE BONASIO ›› Num futuro não muito distante, estaremos olhando para essas possibilidades de novo. É mais interessante fazer eventos como a SMW, em que podemos conversar com os representantes das outras empresas, dos formadores de opinião. Acho que isso é interessante. A publicidade tradicional não faz parte da nossa estratégia no momento.

Disponível em http://www.meioemensagem.com.br/home/midia/noticias/2012/03/08/Badoo-Quer-teclar-comigo. Acesso em 05 nov 2013.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

É produtivo ser feliz?

Mente Cérebro
maio de 2012
Uma das crenças mais comuns em nossa sociedade é que pessoas contentes com a atividade profissional produzem mais. Essa ideia se reflete também nas organizações. Uma enquete recente da Associação Espanhola de Direção e Desenvolvimento de Pessoas (Aedipe), feita com executivos que ocupavam nível gerencial, descobriu que quase 87% dos entrevistados acreditam que oferecer condições para que o indivíduo se sinta satisfeito profissionalmente é uma estratégia adequada para melhorar a competitividade empresarial.

Na verdade, entre os efeitos mais estudados em relação à felicidade no trabalho está o desempenho. Tal é o interesse nessa área que alguns autores a definem como o “santo graal” da pesquisa organizacional. A este respeito, muitos trabalhos estabelecem relação clara entre satisfação e produtividade.

Um estudo conduzido pela psicóloga organizacional Despoina Xanthopoulou e seus colegas da Universidade de Creta na indústria de fast-food mostrou que os trabalhadores com maior nível de comprometimento produziam mais. No entanto, não há consenso sobre o assunto e outras pesquisas não confirmam o resultado. Um fato que complica a situação é que os indicadores utilizados para “medir” a felicidade no trabalho são muito variados. Além disso, pode não ser a felicidade que leve a melhores desempenhos – mas, ao obter sucesso profissional, a pessoa se mostre mais feliz. Parece lógico haver uma relação bidirecional entre as duas variáveis. Essa foi a questão que o pesquisador Daniel Koys, da Universidade DePaul, tentou entender melhor quando desenvolveu uma pesquisa longitudinal de dois anos. O cientista concluiu que a felicidade no trabalho se relaciona de forma positiva com o rendimento, o número de vendas e a satisfação do cliente. Parece, então, que o aspecto-chave é ser feliz para assim render melhor – e não o inverso.

Podemos pensar também que o bem-estar esteja associado à  maior capacidade de encontrar soluções inteligentes para os desafios. As pesquisadoras Charlotte Fritz, professora-assistente de psicologia organizacional e industrial da Universidade de Portland, e Sabine Sonnentag, professora do Departamento de Psicologia da Universidade de Konstanz, na Alemanha, descobriram em 2009 que o bom humor garante a criatividade do dia seguinte, corroborando resultados encontrados pela pesquisadora Alice M. Isen, da Universidade de Cornell, dez anos antes.

Outro ponto importante: a felicidade no trabalho parece estar associada a comportamentos de sociabilidade com os colegas e clientes, que reforçam (e ao mesmo tempo são reforçados por) estados positivos de ânimo e humor, o que costuma atenuar ou reduzir situações negativas nas organizações. O professor Peter Warr, da Universidade de Sheffield, salienta que a satisfação se relaciona de maneira negativa com o número de faltas. Ele afirma também que a felicidade reduz o comportamento contraproducente (como não cumprir as obrigações de forma proposital, desperdiçar ou usar recursos da empresa para fins pessoais e apropriar-se de material de escritório).

Os professores Russel Cropanzano, da Universidade do Arizona, e Thomas A. Wright, da Universidade de Nevada, argumentam que as pessoas menos realizadas com seu trabalho se mostram mais pessimistas, predispostas a adotar posturas defensivas e pouco cooperativas em relação aos colegas. Em contrapartida, segundo a psicóloga Barbara Fredrickson, pesquisadora da Universidade da Carolina do Norte, emoções positivas ajudam a expandir e desenvolver habilidades e vínculos sociais. Ou seja, favorecem a aquisição e o desenvolvimento de novas habilidades que preparam as pessoas para futuros desafios.


Disponível em http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/e_produtivo_ser_feliz_.html. Acesso em 26 jul 2013.