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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Nossas expressões faciais são universais?

Forebrain
27/06/2012
As expressões faciais são a maneira mais forte de transmitirmos informações sobre nossas emoções para as outras pessoas. De maneira recíproca, quando observamos a fisionomia de alguém, podemos obter informações sobre seu estado de humor e dizer se esta pessoa está com raiva, triste, alegre ou preocupada, por exemplo. As expressões faciais são tão importantes para comunicar aos outros o que sentimos que o nosso cérebro possui um processamento bastante rápido e específico, altamente qualificado, para o reconhecimento de expressões faciais.

A importância das expressões faciais foi observada pela primeira vez por Charles Darwin em 1872, no livro “A Expressão das Emoções no Homem e nos animais”, onde sugeriu que os mamíferos revelariam suas emoções através de suas faces, e que algumas expressões faciais básicas teriam uma função biológica adaptativa. Os diferentes estudos na área de neurociências têm considerado como básicas seis tipos de emoções: alegria, tristeza, raiva, nojo, medo e surpresa. Estas emoções seriam comuns à maioria dos povos e poderiam ser facilmente reconhecidas por suas respectivas expressões faciais, que seriam compostas pelo recrutamento de músculos faciais específicos para cada emoção. A expressão de alegria, por exemplo, é marcada pelo sorriso e uma leve contração dos olhos, enquanto que a expressão de surpresa é associada a uma boca entreaberta e olhos arregalados. As expressões de raiva e nojo, por sua vez, são marcadas pelo franzir do cenho.

Em virtude de suas origens biológicas evolutivas, durante muitos anos acreditou-se que estas emoções básicas, reveladas através de suas expressões faciais específicas, poderiam ser reconhecidas por diferentes populações, em diferentes regiões do planeta, independente de fatores culturais. Esta hipótese, chamada de hipótese da universalidade, considera que as seis emoções básicas e suas respectivas expressões faciais seriam a linguagem universal para sinalizar os estados emocionais internos. Porém, nas últimas décadas, alguns pesquisadores começaram a questionar esta hipótese devido a algumas evidências neurocientíficas.

Um estudo publicado em 2005 demonstrou que quando japoneses e caucasianos visualizavam fotos de faces expressando medo, regiões cerebrais diferentes eram ativadas em resposta à visualização. Mais ainda, este mesmo estudo observou que as regiões ativadas nos indivíduos caucasianos estavam associadas mais diretamente a uma percepcão emocional do estímulo, enquanto que os japoneses não pareciam atribuir uma valência emocional (ou seja, considerá-las como negativas) para as faces.

Um outro estudo mais recente, publicado pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS,) avaliou indivíduos caucasianos ocidentais e indivíduos do leste asiático, enquanto visualizavam animações de faces expressando as seis emoções básicas. Os resultados obtidos indicaram que os caucasianos eram capazes de reconhecer as seis emoções básicas de forma coerente, enquanto que os asiáticos não conseguiam realizar essa tarefa, havendo uma considerável sobreposição no reconhecimento das diferentes faces, especialmente as de surpresa, medo, nojo e raiva. Os resultados desses e de outros estudos mostram que as expressões faciais de emoção são percebidas de maneira diferenciada por indivíduos pertencentes a culturas diferentes, colocando em xeque a ideia de que a emoção humana seria universalmente representada pelo mesmo conjunto básico de somente seis expressões faciais distintas.

Considerando que o estudo das expressões faciais é de grande relevância para o Neuromarketing, é de extrema importância termos em mente que aspectos culturais podem influenciar no reconhecimento de padrões emocionais, antes aceitos como universais. Desta maneira, as ferramentas, que utilizam a avaliação das expressões faciais como instrumento de avaliação de reação de consumidores frente a estímulos de Marketing devem ser consideradas com cautela.


Disponível em http://www.forebrain.com.br/nossas-expressoes-faciais-sao-universais/. Acesso em 11 jul 2013.