segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Para a marca obter respeito e relevância no Twitter

Marco Gomes


O Twitter é a rede social do momento. No Brasil, cresceu mais de 450% em um ano e ganha cada vez mais espaço na mídia e nas estratégias de comunicação corporativa. Mas, como uma empresa deve se comportar no microblog? Como conseguir relevância e respeito na meritocracia informal da Internet?

O bar
A comparação com um bar é a mais comum entre os brasileiros que são usuários freqüentes de microblogs. O Twitter é como um bar: você precisa chegar, escolher uma mesa, conversar com quem está ali perto de você e mudar de mesa se quiser conversar com outro grupo. Se ficar gritando pro bar todo ouvir, será ignorado e até ridicularizado.
Coffee break de conferência
Como numa roda de conversa em um coffee break, você precisa ser educado – não adianta chegar falando, isso pode ser interpretado como arrogância. A melhor estratégia é ouvir antes de se pronunciar: chegue, observe sobre o que é o assunto da vez e contribua de maneira construtiva.
Uma falha muito comum das empresas e celebridades que entram no Twitter é se comportar como se o veículo fosse de mão única, onde só eles falam e as respostas não importam. As redes sociais são vias de mão dupla, cada ação feita por uma entidade é analisada pela comunidade, que dá feedbacks instantâneos. Essas respostas devem ser levadas em consideração pela marca, gerando um diálogo com seus seguidores.

Escreva conteúdo relevante
Após escutar bastante e começar a entender qual é o assunto que está sendo comentado, a empresa deve contribuir para a discussão, não ficar fazendo propaganda cega de seus produtos.
Discutir as últimas novidades do seu mercado, inclusive citando outros players, é uma boa maneira de começar com segurança. Fazendo isso, a empresa fala de um assunto que entende, sua própria área, e pode contribuir construtivamente, fomentando a discussão entre seus seguidores.
Saiba lidar com pessoas grosseiras

Muitas pessoas se apoiam na falta de espaço do meio para deixarem de ser educadas. Com 140 caracteres mal dá para escrever uma frase elaborada, por isso, cortesia e moderação são as primeiras coisas a serem esquecidas em um meio tão limitado.
Se um produto, serviço ou mesmo uma afirmação da empresa não estiver de acordo com as expectativas de um consumidor, ele tende a ser muito mais grosseiro do que seria pessoalmente.
A empresa precisa estar preparada para lidar com esse tipo de usuário, pedindo maiores detalhes da queixa, explicando a situação e sabendo pedir desculpas quando necessário. O Twitter é um meio em que empresas e pessoas comuns têm o mesmo espaço: 140 caracteres.
Personalize o porta-voz
Indivíduos querem falar com outros indivíduos, não deixe seu Twitter ser uma extensão dos famigerados e indesejados atendimentos telefônicos dos anos 90.
Dê um nome e um rosto à pessoa que cuida do twitter da empresa. Uma boa maneira é usar o nome do CEO ou do responsável pelo atendimento a clientes.
@comscorecares, o twitter da Comscore, usa o nome de Frank Eliason, Senior Director da corporação, para se comunicar com seus clientes.

Evite famosos
Como todos nós, famosos também erram, e, num meio de alta exposição como o twitter, há mais probabilidade dos erros serem públicos. Esses equívocos podem ser associados à sua marca.
Se você associa sua marca a uma personalidade e ele posta no Twitter uma opinião polêmica, sua marca pode ser impactada pela repercussão negativa. É muito comum vermos celebridades se atrapalhando ao fazer declarações homofóbicas, racistas, xenofóbicas, de cunho político ou religioso.
Não filtre seguidores
Aumente as chances de receber feedback abrindo canais de comunicação direta com quem te segue e siga-os de volta. Esse tipo de comportamento não é recomendado para perfis pessoais, por demonstrar uma necessidade de popularidade. Porém, para empresas e outras instituições, essa conduta é aceitável.
Ferramentas como o SocialToo te ajudam a manter a reciprocidade no Twitter: sempre que alguém começar a te seguir ele vai seguir a pessoa de volta.
Um perfil não deve seguir muito mais gente do que é seguido – uma diferença muito grande entre o número de pessoas que o perfil segue versus seus seguidores alerta o sistema antispam do Twitter que pode, inclusive, suspender a conta.
Saiba usar hashtags

Para centralizar assuntos, a comunidade criou as hashtags (palavras precedidas pelo símbolo #). Essa “regra” ou notação foi inspirada em outros meios, como IRC e chats. O uso de hashtags ajuda a comunidade a discutir assuntos de interesse comum e agrega temáticas aos twitts, como#forasarney#fail#followfriday.
As hashtags são um recurso muito importante no Twitter e outros ambientes sociais. É importante saber usá-las a seu favor, tomando cuidado para ser relevante sem parecer ridículo.
Uma das atitudes mais rejeitadas pela comunidade é a criação excessiva de hashtags. “#umapracadatwitt” , é como pedir desesperadamente pra ter atenção, é patético, você não vai querer isso para a sua empresa.
Mais uma vez, vale a regra do início: antes de escrever, observe e aprenda como a comunidade se comporta. Usar um recurso poderoso com as hashtags de maneira errada pode gerar atrito com seu círculo social, queimando o capital social que poderia ser adquirido.
Por muitas vezes, nos deparamos com o uso inadequado das hashtags, em mensagens que usam # no início de cada twitt, sem designar assunto ou agregar valor na discussão sobre os temas apresentados.
Recebi por e-mail um exemplo de uso inadequado das hashtags, veja o início do texto:
#Olá, MARCO GOMES, tudo bem?
#Sabemos que o brasileiro é o povo que passa mais tempo conectado à web, chegando à média de 24 horas mensais. [...]
O texto acima usa # no início de cada frase, sem designar assunto ou agregar valor na discussão sobre os temas apresentados, deixando claro que se trata de uma tentativa desesperada do redator em parecer moderno e antenado. Deu errado. Seria muito mias digno escrever normalmente e usar as hashtags apenas após entender como elas funcionam.
Consiga respeito e relevância

O Twitter, assim como outras redes sociais, tirou o controle da informação das instituições mais poderosas. A informação deixa de estar em um monopólio, tornando-se social. Como em toda relação social, você deve escutar antes de se pronunciar, responder educadamente seus pares, entender a meritocracia informal da Internet, ser interessante e relevante.

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