sábado, 8 de junho de 2013

A vez da classe D

Valor Econômico
09/04/2012

Carol Carquejeiro/ Valor

Sônia Gonçalves diz que não sabe "como vai ser o amanhã". Na dúvida, guarda uma parte do dinheiro que recebe por seu trabalho regular como faxineira em escritórios e pelos "bicos" em residências depois do expediente e em seu dia de folga. A poupança vai engordando, mas vez ou outra, quando "a situação aperta", ela tira R$ 100 da caderneta para fechar o mês sem dívidas, "já que é complicado fazer poupança e pagar contas recebendo salário mínimo".

Para fazer seu pé de meia, ela não pede assessoria ao gerente do banco, pois tem muito tempo "para pensar na vida e fazer contas" durante a hora que passa dentro do ônibus para cruzar São Paulo e chegar ao seu trabalho. "Guardo R$ 100, R$ 50, depende de quanto dá no mês", conta Sônia. "Às vezes não dá, mas sempre tento guardar um pouco porque sei que não gasto mais do que ganho".

A paulistana Sônia, 53 anos, faz parte de um grupo de 4,2 milhões de brasileiros acima de 18 anos pertencentes à classe D que diz ter "algum dinheiro guardado para eventuais imprevistos", segundo dados levantados pelo instituto Data Popular a pedido do Valor. Esse grupo de 4,2 milhões representa 21% dos adultos da classe D que vivem em áreas urbanas.

A segurança financeira é o principal foco de 43,1% dessas pessoas, seguida por realizar um sonho de consumo (29,5%), compras à vista (17%) e investir e obter rendimento (10,4%). A estimativa foi feita com base na análise de dados obtidos em um estudo realizado no último trimestre de 2011 com cerca de 18 mil entrevistados de todos os estados brasileiros.

Mauro Halfeld, professor de Finanças da Universidade Federal do Paraná e autor de livros sobre investimentos, relata que sempre escutou questionamentos sobre como pessoas que ganham um salário mínimo conseguem economizar. "Conheço gente com renda mensal de R$ 40 mil que está sempre endividada e pessoas muito simples que fazem hora extra, trabalham nos fins de semana e conseguem economizar. É uma questão de disciplina", diz.

A pesquisa do Data Popular ajuda, portanto, a desfazer o mito de que para poupar é preciso ganhar bem. Para Halfeld, o resultado do levantamento pode ser explicado pelo fato de as pessoas terem hoje mais acesso a informações sobre finanças pessoais. "Quase ninguém falava disso dez anos atrás", afirma.

Assim como Sônia, a empregada doméstica Maria Aparecida da Silva, 42 anos, começou a poupar e foi longe: há cerca de dez anos, comprou uma casa em sua cidade natal, Jurema, em Pernambuco. Hoje tem um salário bruto de R$ 900, dos quais de R$ 200 a R$ 300 são direcionados mensalmente à caderneta de poupança. Seu objetivo é comprar uma segunda casa, desta vez em São Paulo. "Estou morando com a minha irmã, mas quero morar na minha própria casa".

A dedicação em sua vida financeira é reflexo de seu esforço pessoal. Maria Aparecida, que passou a infância colhendo grãos de café, não sabia ler quando se mudou para São Paulo, em 1999. Um dia, começou a relacionar as letras e sílabas aos nomes dos personagens das novelas, na tentativa de ler revistas de celebridades. Foi quando percebeu que entendia algumas palavras. A patroa notou seu interesse e decidiu ajuda-lá. Um ano depois, estava lendo até dois livros por semana. Hoje, cursa a 7ª série do ensino fundamental. "Não imaginava que um dia aprenderia a ler ou que compraria uma casa", relata Maria. "Por mais que ganhe pouco, consigo comprar muito do que quero", acrescenta.

Uma pesquisa divulgada recentemente pela Cetelem BGN, empresa do grupo BNP Paribas, realizada em conjunto com a Ipsos Public Affairs, mostra que há um grupo de pessoas da classe D que administra suas finanças de maneira cautelosa e tem mais acesso a bens e serviços que antes eram privilégio apenas das classes mais altas, como planos de previdência privada e de saúde.

Marcelo Neri, pesquisador do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirma que os "sonhos de consumo" da classe D são, basicamente, serviços de empresas privadas que podem substituir os serviços públicos de baixa qualidade. "O que é subir na vida para a classe D? É ter uma vida melhor não só em termos materiais, como também ter mais segurança", diz Neri.

A pesquisa da Cetelem BGN, chamada O Observador 2012, mostra que as classes D e E gastaram, em novembro de 2011, R$ 59 com previdência privada (média por família), mais que a classe C (R$ 51). A cifra indica um avanço em relação a 2010, quando a classe D não investiu em previdência complementar. Houve também um aumento nos gastos com seguros, em igual período, que passaram de R$ 5 para R$ 21. O estudo foi feito com base em 1.500 entrevistas domiciliares com 334 famílias das classes A e B, 810 da classe C e 356 das classes D e E.

Segundo Marcelo Neri, da FGV, essas classes vêm sendo beneficiadas nos últimos anos pelo reajuste do salário mínimo. Neste ano, o consumo das classes D e E deve ser estimulado pelo aumento de 14,13% do mínimo.

O coordenador do Comitê do Critério Brasil na Abep (Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa), Luis Pilli, ressalta que a classe D constitui hoje 15,2% dos domicílios do país, porém nas capitais do Nordeste esse percentual sobe para cerca de 25%. "A típica família da classe D tem uma renda familiar que ronda os R$ 710, ainda direciona cerca de 30% do orçamento para alimentação, possui aparelho de televisão, geladeira, mas dificilmente tem um carro. Em parte desses lares, já há máquina de lavar", diz.

A expectativa dos pesquisadores é de que a classe D, que desde 2005 tem diminuído de forma consistente, continue a recuar nos próximos anos, com o crescimento da chamada nova classe média, formada pela classe C.

Miriam Nascimento Prates, que trabalha desde os 15 anos de idade como empregada doméstica, é uma das brasileiras que recentemente subiu na pirâmide social. "De três anos para cá, minha vida melhorou, embora não do jeito que gostaria", relata a faxineira de 43 anos, mãe de três filhos. "Pretendo montar meu próprio negócio, um restaurante", diz.

Hoje, Miriam conta com uma renda bruta mensal de R$ 1,6 mil. Em sua casa própria, em um bairro da zona sul de São Paulo afastado da região central, há dois aparelhos de televisão, TV a cabo, máquina de lavar e um computador "que não funciona direito".

Depois de 22 anos sem viajar "nem mesmo para o litoral sul de São Paulo", Miriam relata emocionada que, em meados do ano passado, foi à Bahia. "Tenho muitos sonhos. Um dia, quero comprar uma casa com piscina. Mas, antes de tudo, tenho a preocupação em manter meu atual padrão de vida", afirma.


Disponível em http://www.valor.com.br/financas/2605776/vez-da-classe-d?utm_source=newsletter_manha&utm_medium=09042012&utm_term=vez+da+classe+d&utm_campaign=informativo&NewsNid=2604754. Acesso em 05 jun 2013.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Poder emocional dos números

Eduardo Zugaib
05/07/2010


Números são racionais. Palavras e gestos, emocionais. Foi assim que aprendemos. É assim que muitos de nós nos relacionamos com estes universos. Lembra-se do primeiro dez ou do primeiro zero que você tirou na escola? Certamente eles vieram acompanhados de uma emoção. A atitude adotada depois deles ajudou a compor a sua história. Frente ao dez, você pode ter se superado ou se acomodado. Frente ao zero, pode ter se derrotado ou procurado entender onde foi o erro, para também superá-lo. Independente da história, os números estavam lá, fortalecendo crenças e modelos mentais de garra, arrojo, empreendedorismo e visão criativa na sua vida.

Quando colocamos números nas nossas vidas, passamos a ter não apenas emoções e desejos, mas objetivos. Metas quantificáveis são grandes motivadores para a descoberta e o exercício das nossas habilidades interpessoais, seja no relacionamento com nossa equipe, seja no dia-a-dia com nossos clientes.

Na nossa mente, o poder de um número incomodando é muito forte. Equipes inteligentes de vendas que o digam. Sua mobilização começa no sincronismo de conhecimentos, habilidades e atitudes na busca de um número real e alcançável: a meta. Quando atingida ou superada, ela deve retornar na forma de reconhecimento e de recompensa. É o que mantém o moral da tropa sempre elevado, na busca de quadros desejáveis. Isso requer decisão, esforço e apoio da direção da empresa, criando ambientes físicos e emocionais favoráveis para suas equipes. Afinal, quem são os colaboradores senão os seus primeiros clientes?

Numa visão simplista (acredite: ela ainda opera em muitas mentes por aí), o cliente é visto apenas como aquele que compra. Tal raciocínio resume a venda apenas como o fechamento do pedido. Num mundo de relações cada vez mais complexas, o espaço entre os dois lados do balcão é repleto de variáveis que podem, e devem, formar na vida do cliente, uma experiência de marca positiva. Essa experiência constrói-se etapa a etapa: ela surge na definição de uma comunicação eficiente, passa pela afinação da política de atendimento, revela-se pela percepção do encantamento, ganha força pelo relacionamento e consolida-se na fidelização do cliente.

Em cada uma dessas etapas da experiência de marca, definir metas é fundamental para tangibilizar os resultados, conjugando o poder emocional que os números carregam em si. E lembrar que, em tempos de alta competitividade, fidelizar significa encantar um dia após o outro, sempre.

Estabeleça metas reais e alcançáveis

Proponho um desafio a você: procure no calendário a expressão “um dia”. Vá de janeiro a dezembro, analisando cada informação que aparece. Escolha um mês aleatoriamente. O mês do seu aniversário, por exemplo. Tente achar “um dia” e enlouqueça. Agora, inverta a expressão: ao invés de “um dia” procure o “dia um”. Ou dia dois, dia dez ou quinze. Como “um dia” é subjetivo demais e não existe em calendário algum, tudo que se decide resolver nele, provavelmente nunca será resolvido. “Um dia” não cria lastro e, por isso, o compromisso e a atitude não se instalam. Um dia é um dia. É uma data que você não encontra entre as outras 365 do ano.

Quando delegamos as nossas chances para o acaso ou para um tempo indefinido, nós mais afastamos que atraímos possibilidades. Como Alice, nos dispersamos no País das Maravilhas, nos deparando a todo instante com encruzilhadas confusas e o seguinte questionamento:

- Aonde você pretende chegar?
 Se a resposta for “não sei”, a replica da vida será instantânea:
 - Então… qualquer caminho serve para você.

Quando estamos dentro do elevador sem a certeza de que estamos no edifício certo, qualquer andar em que saltarmos serve. Não faz a menor diferença. Essa é uma metáfora simples, que ajuda na percepção do poder dos números em tornar a conquista mais tangível. Esse casuísmo da vida comprova que apenas desejar não basta. É preciso transformar desejo em ação, em construção e caminhada contínua, visualizando criativamente os números de cada nova etapa. Definir qual é o edifício que precisamos entrar e, gradativamente, explorar seus andares. Estabelecer metas reais e alcançáveis torna nossas conquistas mais sustentáveis.

Eleve a temperatura dos seus sonhos

Querer e fazer são as forças criativas que usamos quando decidimos, nós mesmos, conduzir nossas vidas. É preciso querer, fazer e, principalmente, acreditar no que se faz. A crença na realização deve ganhar status de febre, aquecendo não ao corpo, mas a mente, ao coração e ao espírito. É possível dizer se alguém tem ou não febre de uma forma subjetiva: está quente ou está frio. Mas a temperatura real só pode ser medida em números. São eles que nos ajudam a decidir o melhor a fazer. Essa “febre do bem” pode ser chamada de foco. E ela se traduz em algumas temperaturas distintas:

 1. A temperatura dos seus objetivos e metas - Você não conseguirá mudar tudo que precisa de uma só vez. Quando falamos do tempo para a ação que temos à nossa frente, os dois meses seguintes, por exemplo, os objetivos já se configuram em metas: eles têm prazo definido. Há um número envolvido que pede a definição de um ou dois objetivos desafiadores, atingíveis e mensuráveis. Perder peso? Quantos quilos em quantos meses? Comprar um bem novo? Quanto economizar? Qual despesa cortar, já que um aumento pode não estar cogitado no momento e faz parte de decisões que não são apenas suas?

2. A temperatura do seu plano de ação - O seu plano nasce da sua meta. Ele está relacionado às atividades estratégicas que você precisa empreender e aos comportamentos que precisa mudar para tornar sua meta mais tangível. Seus conhecimentos, habilidades e atitudes se encaixam aqui.

3. A temperatura do controle - Divida sua meta em metas menores, para que os resultados apareçam gradativamente. Feito isso, acompanhe o progresso de suas ações. Ainda no exemplo do peso, emagrecer 6 quilos nos próximos seis meses pode ser mais fácil de controlar se a meta menor de perder 1 quilo a cada mês for perseguida com disciplina.

4. A temperatura da sua fidelidade ao plano - Projetos definidos informalmente têm poucas chances de sucesso. Projetos rabiscados em guardanapos de bar, se não forem guardados com carinho, esfarelam-se dentro da lava-roupas e caem rápido em dispersão. Auto-complacência e permissões são o primeiro passo para a auto-sabotagem. Você conhece o “Ah… mas é só um cigarrinho…” do ex-fumante? Pois é.

A lição número 1? Disciplina. A lição 2? Ser fiel à lição 1, sempre. Tá, mas… e daí? E daí, que se você não decidir a temperatura dos seus sonhos, alguém decidirá por você. Eles poderão ficar congelados, morrendo aos poucos por hipotermia. Ou então mornos, embrulhando seu estômago por toda a vida. Adotar números em nossas vidas e perceber o potencial de motivação que eles carregam são atitudes que nos ajudam a definir e perseguir melhor os nossos sonhos.

Disponível em http://www.hsm.com.br/editorias/gestao-e-lideranca/poder-emocional-dos-numeros. Acesso em 05 jun 2013.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Como fazer sua marca se destacar no mercado

Camila Lam  
05/06/2013

Mulher usando celular

O sonho de muitos empreendedores é de que a sua marca esteja sempre em alta no mercado. “O consumidor é bem informado e está faminto por novidades, mas ao mesmo tempo está saturado de escolhas e opções”, afirma Grazielle Mendes Rangel, consultora de inovação digital e coordenadora do curso de Inovação Digital, Planejamento e Estratégia em Redes Sociais do Ibmec/MG.

Guilherme Athia, professor de marketing e gestão estratégica de marcas do Insper, explica que anunciar uma novidade ou divulgar promoções por meio do mailing, por exemplo, é uma maneira de promover a empresa. Entretanto, ele enfatiza que é preciso monitorar essas ações. “Dê a opção de a pessoa querer continuar recebendo, de forma clara, para que a pessoa se sinta prestigiada”, explica.

Com a ajuda de Grazielle, Athia e Adriano Gomes, professor do curso de Administração da ESPM, Exame.com listou cinco recomendações para pequenos empresários.

1. Foque no consumidor

Os seus clientes atuais são os melhores porta-vozes do seu produto ou serviço. “Eles comunicam a sua marca. Entregando aquilo que você se propôs a entregar, você já vai estar fazendo o seu branding”, afirma Athia.

Para Grazielle, o consumidor está preferindo marcas que descompliquem a vida dele. “Ele quer gastar muito mais tempo com experiências prazerosas de consumo”, diz. Por isso, ela afirma que a venda de qualquer produto ou serviço tem que ser ágil, investir em tecnologias e treinamento pode ser uma solução.

2. Esteja sempre atento

Hoje, as reclamações dos consumidores podem não chegar diretamente ao empresário ou responsável pelo marketing do negócio. Para Gomes, o ideal é que uma pessoa faça uma busca no site do Procon ou do Reclame Aqui para verificar se há alguma mensagem sobre a marca.

Nesses casos, a instrução é responder com informações precisas, e se for o caso, providenciar a devolução do produto ou oferecer novamente o serviço. “Isso é muito bom para a marca. Agrega valor e qualquer pessoa que navegar nesses sites lerá a resposta da empresa”, explica Gomes.

3. Inove

Uma maneira de chamar a atenção do seu público-alvo é fazer com que o cliente possa participar de eventos diferentes como oferecer uma participação na criação de um novo produto. “É trazer o consumidor para ajudar a produzir o que vai oferecer depois”, explica Grazielle.

Um restaurante pode oferecer um curso de gastronomia ou uma degustação de um novo prato, por exemplo. “É levar a a experiência do cliente para outros caminhos”, resume Athia.

4. Invista nas redes sociais

A presença das marcas nas redes sociais é fundamental porque os consumidores estão conversando sobre os produtos ou serviços nas páginas. A decisão de contratar ou não uma agência para monitorar essas informações depende do objetivo do empreendedor.

“Existem agências especializadas nas redes sociais, existem empresas que cobram muito e há outras que estão se especializando em atender PMEs”, afirma Gomes. Para Athia, é possível que o empresário cuide da gestão da marca nas redes, mas é preciso bom senso para que as mensagens não se tornem excessivas e repetitivas.

5. Olhe para dentro

Para que a empresa e a sua marca sejam referências no mercado é importante avaliar como os funcionários avaliam o negócio. Para Grazielle, uma cultura colaborativa pode agregar novas soluções na organização.

“O endomarketing é uma das formas de marketing mais baratas. Oferecer condições especiais dos serviços e produtos para funcionários e até uma extensão para familiares, por exemplo”, explica Gomes.


Disponível em http://exame.abril.com.br/pme/noticias/como-fazer-sua-marca-se-destacar-no-mercado?page=1&utm_campaign=news-diaria.html&utm_medium=e-mail&utm_source=newsletter. Acesso em 05 jun 2013.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Riachuelo usa geomarketing para dobrar lojas

Letícia Alasse
29/03/2012

Loja da Riachuelo

A Riachuelo apostou no geomarketing e dobrou o número de pontos de venda no Brasil em seis anos. A varejista realizou um mapeamento das regiões brasileiras onde poderia encontrar o seu público-alvo e identificar potencial de mercado. Como resultado, a marca do Grupo Guararapes passou de 77 lojas em 2005 para 145 no fim de 2011, somando, no total, 366,4 mil metros quadrados de área de vendas.

O projeto inicial tinha o desafio de, em 10 anos, igualar o número de unidades abertas em 60 anos de história da companhia. Por meio da sobreposição de mapas temáticos, o processo propõe que as empresas selecionem características favoráveis e o software busca os recursos de cada ambiente, apoiado em base de dados de instituições de pesquisa, como o IBGE.

“Cada empresa utiliza esta solução de acordo com as suas demandas. A Riachuelo usa para identificar se a compra do terreno e os investimentos se adequam ao potencial de venda daquela região. Diversos padrões podem ainda serem somados com os parâmetros de cada empresa”, declara Ronaldo Oliveira, diretor da Pitney Bowes Software Brasil, empresa responsável pelo geomarketing da varejista.

Processo de reestrutura

Em cinco anos, os executivos da Riachuelo decidiram focar toda atenção na estratégia, analisando as informações que o processo poderia oferecer. Com detalhes do perfil do público no entorno, a empresa tinha que decidir como abrir uma loja que não roubasse os clientes de outro ponto de venda da marca e entender o comportamento dos consumidores da região.

“Enxergávamos uma forte demanda reprimida, mas tínhamos também um grande desafio. Como todo varejista, percebemos que as nossas decisões deviam ser acertadas e baseadas no conhecimento sobre expansão do negócio. Precisávamos criar uma metodologia mais robusta, que sustentasse o conhecimento que a companhia já tinha”, conta Eduardo Mônaco, gerente de business intelligence da Riachuelo.

Um dos principais objetivos da rede era desenvolver uma metodologia própria, que funcionasse com um diferencial competitivo. Apesar de usar a ferramenta de uma terceira empresa, os executivos pretendiam dominar a avaliação dos investimentos. Após aprimorar o método, a Riachuelo conseguiu criar uma distribuição de lojas nas cinco regiões brasileiras, sendo os últimos mercados abertos em Tocantins e no Acre, e também reformular outros pontos de gestão.

Relacionamento com o consumidor

Durante o processo de expansão, a Riachuelo teve que investir em outros setores da companhia para gerir seu crescimento. Unindo diferentes departamentos na reestruturação, a empresa conseguiu dar suporte às decisões de áreas como relacionamento com os clientes, pesquisa de mercado, análise de promoções e categoria de produtos, além de ações de marketing, estrutura de loja e crédito e cobrança.

“A diferença é que criamos uma metodologia de decisão. Se antes agíamos por meio do intuitivo e qualitativo, aprimoramos para um método quantitativo de análises, mais objetivo. Conforme a empresa cresce, temos que criar novos mecanismos, indicadores e formas de gerenciamento”, diz Marcos Tadeu, Gerente de Expansão da Riachuelo.

A inteligência utilizada para expansão territorial também auxiliou no contato com os clientes e na escolha de ofertas de produtos. Com a ferramenta, a rede tem informações sobre quantas pessoas moram em cada domicílio a cinco quilômetros das lojas, se existem mais homens ou mulheres, idosos ou crianças e traça uma estratégia para dialogar com eles.

Atualmente, a Riachuelo identifica possíveis consumidores na região, além de antigos clientes que não utilizam mais o cartão, e envia convites para que conheçam ou voltem à loja, entre outras ações de marketing direto. Na hora de realizar uma promoção, ao invés de apenas colocar os catálogos em frente às lojas, a marca também os manda para a casa de alguns clientes selecionados e calcula o retorno da ação.

Decisões segmentadas

Com o número de informações de cada região, a empresa consegue tomar decisões cada vez mais segmentadas e assertivas. Nestes cinco anos de trabalho, a Riachuelo fechou apenas uma loja no centro de João Pessoa e abriu outra próxima ao local, mas dentro de um shopping. Existem diferenças no retorno de investimento de cada região.

Apesar de não divulgar o faturamento de cada ponto de venda, a companhia admite que algumas têm um desempenho bastante alto, enquanto outras registram vendas mais baixas. Todas, no entanto, estão dentro do limite estipulado, de acordo com os estudos realizados em cada região.

“Temos verbas regionais de marketing. Com as informações enriquecidas de cada bairro e região, podemos sugerir para os gerentes locais ações a serem realizadas, baseado nas características do público em cada espaço”, conta Mônaco, da Riachuelo.

Apesar de ter dados detalhados de cada ponto de venda, a Riachuelo preza por não fazer grandes diferenciações nas lojas. Voltada para um público de todos os gêneros, idades e classes sociais, com o conceito “Moda ao alcance de todos”, a marca estuda ainda projetos de ações distintas em cada espaço. As ações de relacionamento mais focadas, entretanto, já contabilizam um retorno de investimento por volta de 30% a 40%.

Gerenciamento de investimentos

Além do departamento de expansão, relacionamento e cálculo de investimento em promoções, a Riachuelo também consegui promover melhorias na área comercial, mediante ao processo de demarcação de preços e do entendimento do consumidor com as linhas de produtos. Já no departamento financeiro, os executivos diminuíram a inadimplência, com o suporte para a concessão de crédito para os clientes. Atualmente, o setor conta com 19,3 milhões de usuários do cartão Private Label Riachuelo, contra os 7.980 mil de 2005.

“Hoje, o nosso processo é muito maduro e deixaremos os números e a realidade nos dizerem quais as nossas pré-condições. Os dados refletirão nas nossas contas o aumento de renda em cada região”, explica Tadeu. Para este ano, a empresa planeja inaugurar mais pontos de venda, com número ainda indeterminado, em novas cidades e em mercados onde já está presente, tanto na rua quanto em shoppings.

“O valor de usar uma ferramenta deste tipo para as empresas é a redução de custos, atingindo de forma mais fácil e ágil o cliente alvo da sua estratégia. Conseguimos obter, na verdade, de forma mais flexível e sucinta, as informações importantes em relação à georreferência e também em respeito ao comportamento de cada cliente para a tomada de decisão”, completa Oliveira, da Pitney Bowes.


Disponível em http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/riachuelo-utiliza-geomarketing-para-dobrar-numero-de-lojas?page=1. Acesso em 02 jun 2013.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Da periferia das cidades para o grande público

Rodrigo Carneiro
29/03/2012
Sempre foi assim. À margem, a periferia das grandes cidades concebe seus próprios modos de expressão artística. Diante das adversidades do dia a dia, cria e os desenvolve. Eles, então, ultrapassam a linha da pobreza e, digamos, ascendem socialmente; chegando à indústria cultural - que tenta codificá-los. Amplificada, a voz dos excluídos causa desejo e repulsa em um novo público, para, no final do processo, ser assimilada, domesticada, na visão dos mais alarmistas, pelo sistema. No caso da música, isso é de uma clareza exemplar.

Afinal, o samba, reconhecido pela Unesco como patrimônio imaterial da humanidade, em 2005, originário do recôncavo baiano, levado à região da Praça Onze, no centro do Rio de Janeiro, e, devido à especulação imobiliária, aos morros da Guanabara, só começou a ser levado a sério nos grandes salões com a chancela do maestro e compositor Heitor Villa-Lobos (1887-1959). No ano de 1940, em parceria com o regente britânico, naturalizado americano, Leopold Stokowski, Villa-Lobos promoveu um registro fonográfico à bordo do navio S.S. Uruguai, com as participações de Donga, Pixinguinha, Cartola, João da Baiana e Zé Espinguela.

Até então, o samba era visto com reservas e alvo constante de preconceito. Cartola, vale lembrar, lavava carros quando foi reencontrado pelo jornalista Sérgio Porto em 1956. Compositor de sucessos gravados por Carmen Miranda, Mário Reis, Francisco Alves e Silvio Caldas durante a década de 1930, o poeta de "As Rosas Não Falam" sumira do cenário e só foi estrear como intérprete de suas composições em 1974.

Outros gêneros também protagonizaram ciclo de absorção semelhante no Brasil. O punk rock, o rap e o funk carioca são alguns deles. "Todas estas expressões surgiram entre as pessoas de baixa renda, trabalhadoras e moradoras nos bairros mais pobres. São manifestações de autoestima dentro de uma sociedade tão discriminadora quanto a nossa", diz João Batista de Jesus Felix, doutor em antropologia social pela USP.

Os primeiros ecos da versão brasileira do punk, que nasceu nos EUA, em meados dos anos 1970, e explodiu mundialmente com a cena inglesa, foram ouvidos em afastados bairros paulistanos e em cidades vizinhas de tradição operária como Osasco e a região do Grande ABC (Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul). Vivendo os momentos finais de horrendas duas décadas de ditadura militar, subdesenvolvimento econômico e uma inflação de dimensões continentais, o Brasil era punk, aliás, pré-punk.

"Se o punk não tivesse sido inventado no exterior, nós o inventaríamos aqui", diz Clemente Nascimento, fundador dos Inocentes, músico da Plebe Rude e curador do festival O Fim do Mundo, Enfim, que acontece entre hoje e domingo no Sesc Pompeia, em SP. "Já de início as bandas se preocuparam em fazer som próprio e praticamente ninguém fazia cover. Isso foi fundamental para que criássemos a nossa identidade".

A movimentação fez barulho. Logo, a estética punk da garotada suburbana seria incorporada na produção do pós-punk paulistano - Mercenárias, Voluntários da Pátria, Smack, entre outros -, na sonoridade dos demais Estados, na faixa "Punk da Periferia", composta e gravada por Gilberto Gil no disco "Extra", de 1983, e até mesmo em um dos álbuns mais significativos e bem-sucedidos comercialmente dos Titãs, "Cabeça Dinossauro", de 1986.

"Não ter medo da rua aguça a criatividade. Nesse sentido, a periferia está mais do que exposta ao que acontece no mundo", diz Marco Butcher, fundador, nos anos 1990, do Thee Butchers' Orchestra, e hoje envolvido em projetos como Jesus & the Groupies, The Uncle Butcher e Thee Kaipirinas. O músico Kiko Dinucci, de trabalhos como Metá Metá e Passo Torto, concorda com Butcher. "Desde os primórdios da música popular no Brasil há a fusão de gêneros estrangeiros, o que se dá de forma aculturada. A arte periférica sempre existirá e sempre será espontânea, de acordo com as influências, externas ou não, que as rodeiam", diz Dinucci.

Dividindo espaço com punks na estação São Bento do metrô e nas Grandes Galerias, na rua 24 de maio, ambas no centro de São Paulo, em meados dos nos 1980, os primeiros adeptos do hip hop no Brasil também vinham da periferia - assim como toda aquela cultura originária dos guetos negros e latinos nova-iorquinos que tem como elementos de formação o DJ, a dança de rua, o MC e o grafite. Em solo brasileiro, os pioneiros do gênero - gente como Mister Théo, Thaíde & DJ Hum, Ndee Naldinho e Racionais MCs - foram iniciados nos chamados bailes black, promovidos por equipes de disc-jóqueis. Ainda mais associado aos desvalidos, o rap, a manifestação musical do hip hop, trazia a informação do sample, onde se compõe a partir de uma base já existente. Além de uma contundente infinidade de temas narrativos.

De seus passos iniciais até os dias de hoje, o hip hop passou por momentos de obscuridade e holofotes midiáticos. Segundo Jesus Felix, autor de estudos acadêmicos como "Chic Show e Zimbabwe e a Construção da Identidade nos Bailes Black Paulistanos" e "Hip Hop: Cultura e Política no Contexto Paulistano", o período atual é o de visibilidade. E reafirmação do caráter contestador.

"Recentemente, Emicida participou do 'Conexão Repórter', do SBT. As cenas externas foram todas gravadas no bairro onde ele nasceu, o Jardim Novo, no extremo norte de São Paulo. Já o Criolo, no 'Esquenta', da Rede Globo, fez questão de reafirmar sua condição de negro. Também defendeu os interesses dos oprimidos", diz o antropólogo. "E tem o Thaíde, que é um dos apresentadores de 'A Liga', na Band. Os espaços midiáticos estão sendo ocupados. O que eu considero extremamente positivo."

O funk carioca, que no definitivo refrão de "Som de Preto", sucesso de Amilcka e Chocolate, "é som de preto, de favelado, mas quando toca ninguém fica parado", suscita paixões extremadas desde os anos 1980. Hoje, o pancadão, como também é conhecido, é trilha sonora tanto de festas ao ar livre - que têm sido reprimidas pela polícia nas comunidades carentes - quanto das casas noturnas destinadas ao público abastado. Isso em todo o país. Lulu Santos, Xuxa e Regina Casé já se declaram entusiastas. Enquanto setores da Secretaria de Segurança carioca dirigia atenções ao segmento "proibidão" do funk - sim, o elogio à marginalidade também faz parte do agito. No jogo de amor e ódio, uma lei estadual, de 2009, diz: o pancadão é movimento cultural do Rio.

Tudo acontece na periferia, atentava uma das músicas do Ratos de Porão, no álbum "Crucificados pelo Sistema", de 1984. A máxima punk hardcore crossover do RDP continua valendo em 2012. Afinal, neste exato momento, algo, do ponto de vista artístico, está sendo desenvolvido n'alguma localidade negligenciada pelas autoridades. Algo legítimo que será absorvido em seguida. É o inevitável.


Disponível em http://www.valor.com.br/cultura/2592460/da-periferia-das-cidades-para-o-grande-publico?utm_source=newsletter_manha&utm_medium=29032012&utm_term=da+periferia+das+cidades+para+o+grande+publico&utm_campaign=informativo&NewsNid=2589792. Acesso em 02 jun 2013.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Logotipo: importante para o negócio?

Abraham Shapiro
10/05/2013

A Dako é uma importante e antiga fabricante de eletrodomésticos brasileira que decidiu recentemente mudar o logotipo da empresa. Desenvolvido por sua equipe de marketing em parceria com uma agência, o logotipo atual mudou de cor – do vermelho para o roxo – e traz agora um “sorriso”.
 A nova marca Dako

Segundo a empresa, esta nova identidade visual busca deixar a marca mais jovem e próxima da nova geração de consumidoras: a mulher moderna, jovem e que leva a vida de uma forma leve.

A empresa investiu algo em torno de R$ 4 milhões no projeto de rejuvenescimento da marca, incluindo o desenvolvimento de novos produtos e ações de marketing.

Um logotipo não é apenas um desenho. Ele é, antes de qualquer coisa, uma ideia transmitida através de uma imagem.

Em poucos dias faremos a repaginação do nosso blog Profissão Atitude (emprofissaoatitude.com.br). O  logotipo que foi desenvolvido pela designer Beatriz Boock para esta página – veja figura –  é composto pela imagem estilizada de um homem caminhando, parcialmente limitado a um quadrado de bordas arredondadas na cor amarelo-ouro.

Logotipo do blog Profissão Atitude

A ideia transmitida é a de que ele está “saindo do quadrado”, caminhando para fora das limitações, em busca de um propósito que só poderá ser realizado com atitude e impulso à ação.  O nosso logo fala sobre superação de limites atuais. Sua mensagem é: levante-se, saia em busca, caminhe, invista em si, faça da atitude a sua profissão… que é exatamente o conceito que utilizamos neste boletim diário.

O logotipo da sua empresa é importante demais. Não deve ser apenas um desenho, forma ou cores. Tem de haver um conceito a ser comunicado por meio dele.

Mas só isso não basta.

Sabe aqueles pássaros estilizados que se veem em todos os tênis, shorts e camisetas da Nike? Eles relativamente dão muito pouco valor à marca. Na verdade é a Nike que dá sentido ao símbolo do pássaro. Boa propaganda, produtos ótimos, bonitos e maravilhosamente colocados no ponto de venda.

Entrega do que se vende! Ser o que se promete ser… Isto é a força de um logotipo. Isto é a força de uma marca!


Disponível em http://www.hsm.com.br/blog/2013/05/logotipo-importante-para-o-negocio/. Acesso em 02 jun 2013.

domingo, 2 de junho de 2013

Como escolhemos o que vemos?

Forebrain
05/12/2012


Você já parou para perceber como a visão é um sentido essencial, principalmente para nós, seres humanos? É com a visão que conseguimos perceber o ambiente ao nosso redor e podemos formar opiniões, lembranças, preferências e experimentar sensações. Porém, existe uma série de estímulos visuais acontecendo a todo o momento e, por isso, nosso cérebro tem que selecionar para onde vamos olhar, ou seja, para onde nossa visão estará centralizada. Entender como e porque as pessoas prestam atenção nos diferentes estímulos ambientais é de grande valia, por exemplo, dentro da área da propaganda e marketing. Em um mundo com tantos atrativos, chamar a atenção do cliente se torna um pré-requisito importante para fazer com que a marca ou o produto que se está promovendo atinja o público-alvo.

Dentro desse assunto, os neurocientistas discutem que existiriam duas formas básicas através das quais um determinado estímulo estaria “chamando atenção”: por mecanismos iniciados por características relevantes do próprio objeto (também chamadas de fatores “de baixo para cima” ou “bottom-up”) ou por processos que começam quando estamos procurando no ambiente algo que nos interessa. Quando encontramos, aquilo “prende” nossa atenção (também chamados de fatores “de cima para baixo” ou “top-down”).

Por existirem esses dois tipos de processos que direcionam nossa atenção e, consequentemente, nossos olhares, diversas pesquisas nessa área procuram investigar justamente quando acontece um destes fenômenos, para que seja possível identificar o que captura a atenção de alguém e, com isso, saber o que é realmente relevante para o indivíduo. Com isso, uma das questões que existe em aberto é: será que apesar das características do estímulo (ou seja, dos fatores “bottom-up”), a sua relevância emocional pode agir de forma mais forte para chamar e direcionar a atenção? Em outras palavras: existira alguma diferença entre estímulos visuais positivos, negativos ou neutros com relação à sua capacidade de “chamar a atenção”?

Para ajudar a responder essas perguntas, pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá, investigaram o impacto de fatores emocionais no padrão de direcionamento do olhar para entender até que ponto as características físicas (como, por exemplo, cor, brilho, contraste, número de pessoas ou objetos na foto, dentre outras) e as emocionais (como, por exemplo, se a foto retrata uma cena que transmite tristeza ou felicidade) estariam “competindo” entre si durante o processo de visualização de uma cena complexa.

Com o objetivo de examinar como o movimento dos olhos poderia diferenciar, entre si, fotos negativas, positivas e neutras, os cientistas compararam a forma que tais imagens capturaram a atenção das pessoas utilizando a técnica de “eye-tracking”. Com esse tipo de tecnologia, os cientistas são capazes de monitorar continuamente para onde uma pessoa está olhando e, desse modo, montar um mapa com o padrão de direcionamento do olhar que o indivíduo apresenta. 

Os resultados desse estudo indicaram que a relevância emocional de uma cena (ou seja, se ela retratava uma situação agradável ou desagradável) estaria desviando mais atenção dos participantes do estudo, independente das suas características físicas. Em outras palavras, independente das qualidades visuais das fotos, aquelas que possuíam algum valor emocional (negativo ou positivo) possuíam maiores tempos de fixação do olhar, e, consequentemente, maior alocação de recursos atencionais do que as fotos neutras (sem valor emocional).

Dessa forma, a conclusão do estudo indica que a importância emocional do estímulo visual era mais importante para capturar a atenção das pessoas do qualquer outro fator, como brilho, contraste e cor, indo ao encontro da ideia que fatores afetivos e processos racionais estariam desempenhando um papel fundamental para controlar o direcionamento do olhar e, consequentemente, para onde a pessoa está prestando atenção. Com isso, esse estudo fornece mais informações sobre como nós selecionamos o que vemos e pode ser útil, principalmente para os profissionais da área de propaganda e marketing, para esclarecer quais são os fatores que influenciam na percepção, pelo público, das campanhas publicitárias idealizadas.


Disponível em http://www.forebrain.com.br/como-escolhemos-o-que-vemos/. Acesso em 02 jun 2013.