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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Doze truques que fazem você comer com os olhos e gastar mais

Priscila Yazbek
21/07/2014

Picanha australiana, do restaurante Baby Beef Rubaiyat

Pense no cheirinho de pão fresco recém-saído do forno, numa fatia suculenta de picanha na brasa ou em uma massa artesanal ao molho de queijo mascarpone, que é especialidade da casa e harmoniza perfeitamente com uma taça de Sauvignon Blanc.

Esses são alguns dos exemplos de estímulos usados por restaurantes e supermercados para nos levar a gastar mais e quase deixar as calças para pagar a conta. Você pode não notar, mas eles conhecem exatamente os seus pontos fracos.

Inspirada em uma matéria do site Business Insider, EXAME.com consultou alguns especialistas para mostrar quais são as principais táticas usadas para aguçar os paladares brasileiros.

Pode parecer besteira, mas não é. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha mostrou que o brasileiro gasta, em média, R$ 663 por mês com o almoço fora de casa durante a semana.

Os gastos dos brasileiros nos supermercados cresceram 18% no primeiro trimestre de 2014 em relação ao mesmo período de 2013 e também aumentou em 7% a quantidade de itens levados por cada passada nas lojas, segundo a pesquisa Consumer Insights, da Kantar World Panel.

Se esse tipo de conta também só aumentou dentro da sua casa, vale a pena conferir as estratégias que fazem de você um prato cheio para os restaurantes e supermercados:

1 Que tal um salgadinho para acompanhar a cerveja?

Já parou para se perguntar por que você levou aquele temperinho especial e um aromatizante de ambiente, se o objetivo era comprar sabão em pó e um quilo de arroz? Porque os supermercados não organizam suas prateleiras ao acaso.

“Na área de cerveja, eles colocam o salgadinho; próximo às carnes, eles colocam temperos. Os produtos não são agrupados apenas por categorias, itens complementares são posicionados junto a itens básicos para que o cliente não leve somente o essencial”, diz Marcelo Pontes, líder de marketing da ESPM.

Da mesma forma, produtos infantis são agrupados nas prateleiras inferiores para estimular o famoso “mãe, compra?” das crianças. E produtos de grande necessidade ficam nas laterais e no fundo da loja para que o cliente passe por gôndolas que não precisaria passar.

2 Só R$ 9,99...

Colocar o valor quebrado é uma tática antiga, mas bastante efetiva. “A sensação de que não é R$ 10, mas sim R$ 9,99 leva o cliente a pensar que o gasto é um pouco menor”, explica o líder de marketing da ESPM.

Nos cardápios, outro truque é esconder o cifrão: além de deixar o menu menos poluído, o destaque maior vai para o prato e não para o valor.

Os preços também não ficam desalinhados à toa. “Ao colocá-los em ordem crescente, o cliente compara e fica mais tentado a escolher o prato pelo valor. Além disso, o preço fica no final da frase para dificultar a comparação”, conta Léo Texeira, sócio da consultoria para empresas do ramo de alimentos e bebidas AyB.

3 Oferta do dia!!!

Uma das táticas mais tradicionais são os anúncios de ofertas e promoções. “Em supermercados são usadas palavras âncoras, como ‘promoção imperdível’, ‘oferta do dia’, ‘semana da fruta’, ‘semana da carne’, etc”, exemplifica o líder da área de marketing da ESPM.

Já os restaurantes apresentam as promoções em lousas posicionadas na entrada da casa ou nas primeiras páginas do cardápio, destacando a sugestão do chef ou o prato do dia.

4 Pão fresquinho

Aparentemente inofensivo, o cheirinho de pão fresco também esconde por trás uma estratégia calculada. “Vários supermercados deslocaram a padaria para a parte da frente da loja porque o cheirinho do pão desperta o apetite do cliente e o leva a consumir mais”, diz Marcelo Pontes.

5 “Que musiquinha boa...Vê mais uma cervejinha, por favor”

Uma boa playlist faz bem para os ouvidos, mas no bolso pode causar o efeito oposto. "Quando os restaurantes querem manter o cliente por mais tempo, eles colocam uma música clássica, um jazz, um lounge. Isso automaticamente acalma a pessoa e ela se sente mais relaxada e consome mais”, diz Pontes.

Essa é a tática usada quando os restaurantes querem que o cliente permaneça na casa e gaste mais, porém o contrário também pode ocorrer e o volume da música pode aumentar quando o objetivo é acelerar a rotatividade das mesas.

“Se eles precisam liberar mesas, aumentam o som. Mas, quando o movimento vai caindo, já que novos clientes não vão chegar, eles colocam uma música mais agradável para manter a clientela na casa por mais tempo”, explica Leo Texeira.

6 Que frio!

Nem sempre a escolha da roupa é a culpada pelo frio que você sente ao jantar fora. “Os restaurantes trabalham muito os sentidos dos clientes. Para estimular a fome, alguns diminuem a temperatura porque quanto maior o frio, mais fome se sente”, diz o líder de marketing da ESPM.

Por outro lado, a temperatura muito baixa ou muito alta pode estar ligada a uma tentativa de causar um certo incômodo, novamente para acelerar a rotatividade.

Com esse mesmo objetivo, conforme explica Pontes, as cadeiras usadas em fast foods passam longe de qualquer conforto. “No McDonald's, por exemplo, as cadeiras são fixas e feitas de fibra de vidro para que os clientes não sentem em turmas grandes e não ocupem por mutio tempo a mesa”, afirma Pontes .

7 Cuidado! Piso escorregadio

Os pisos mais lisos dos supermercados não servem apenas para que os carrinhos deslizem melhor. “Os pisos costumam ter baixa aderência para que o cliente tome cuidado para não escorregar e ande mais devagar. Assim, ele presta mais atenção nos produtos”, conta Marcelo Pontes.

8 Que horas são?

Mentalize um supermercado. Agora tente se lembrar de como são seus relógios. Provavelmente você terá dificuldade. “Muitos supermercados e tambémshoppings não deixam relógios visíveis para que o cliente gaste mais tempo na compra e não se preocupe com a hora”, diz Pontes.

9 Cardápio: uma obra de arte

Você pode nunca ter pensado nisso, mas os cardápios são praticamente um trabalho artístico. “São estudados, por exemplo, os pontos estratégicos. No cardápio de uma página, o meio é a área nobre, se tiver duas páginas o cliente faz uma leitura em ‘z’ e se forem três páginas o centro é o ponto alto”, diz o sócio da AyB.

Nos pontos nobres, são posicionados os pratos mais rentáveis e são destacadas fotos dos pratos que o restaurante deseja aumentar as vendas. E não qualquer foto, diga-se de passagem. São imagens meticulosamente tratadas para deixar o cliente com água na boca.

“Nós fazemos uma engenharia de cardápio de forma a destacar os pratos que têm custo baixo em relação ao preço de venda e que são interessantes para a operação do restaurante, como pratos pré-cozidos, ou que não precisam ser gratinados”, diz o sócio da AyB.

10 Que sede

Infelizmente, em alguns casos também são usadas estratégias desonestas. “Existem muitas táticas bem feitas, mas, evidentemente, existem algumas que são questionáveis do ponto vista ético. Alguns salgam a comida para que o cliente peça mais bebida ou usam um tempero mais forte no prato principal para despertar a sede”, comenta Pontes.

11 Experimente a especialidade da casa, feita com ingredientes exclusivos

Como em qualquer estratégia de marketing, não poderiam faltar frases de efeito. “Alguns exemplos são: ‘prato exclusivo da casa’, ‘hambúrguer picado na ponta da faca’, ‘massa artesanal’, ‘a mais famosa criação do nosso bar’, etc”, destaca Léo Teixeira.

Destacar ingredientes exóticos e misturas ousadas também costuma funcionar. “Alguns cardápios mais excêntricos destacam criações como Martini com Wasabi, e outras combinações chamativas. Assim, conseguem vender uma bebida simples por um preço bem alto”, diz o sócio da AyB.

12 A esperteza do garçom

O garçom é peça fundamental na estratégia de qualquer restaurante. “Nas casas que têm chopp e vinho, por exemplo, eles oferecem água ao cliente logo que ele se senta. Assim, ele sacia sua sede e pede vinho em vez da cerveja, já que a margem do vinho é maior”, diz o sócio da AyB.

E quanto mais atencioso for o garçom, mais à vontade para gastar fica o cliente. “Em um rodízio, por exemplo, é com a bebida que o garçom amplia as margens. Só de se preocupar se o copo está cheio ele consegue vender mais”, comenta Teixeira.

Os mais experientes também sugerem harmonizações de vinhos, ou dizem a famosa frase “este aqui sai bastante” quando são orientados pelos gerentes e donos do restaurante a destacar pratos mais lucrativos.

Alguns também sabem identificar o perfil do cliente. "Quando veem duas mulheres, por exemplo, dizem que podem trazer duas colheres para que elas dividam a sobremesa ou quando um cliente pede um petisco sugerem uma cerveja artesanal que combina com o aperitivo”, completa Teixeira.


Disponível em http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/noticias/12-taticas-que-te-fazem-comer-com-os-olhos-e-gastar-mais?utm_source=newsletter&utm_medium=e-mail&utm_campaign=news-diaria.html. Acesso em 24 out 2014.

domingo, 2 de junho de 2013

Como escolhemos o que vemos?

Forebrain
05/12/2012


Você já parou para perceber como a visão é um sentido essencial, principalmente para nós, seres humanos? É com a visão que conseguimos perceber o ambiente ao nosso redor e podemos formar opiniões, lembranças, preferências e experimentar sensações. Porém, existe uma série de estímulos visuais acontecendo a todo o momento e, por isso, nosso cérebro tem que selecionar para onde vamos olhar, ou seja, para onde nossa visão estará centralizada. Entender como e porque as pessoas prestam atenção nos diferentes estímulos ambientais é de grande valia, por exemplo, dentro da área da propaganda e marketing. Em um mundo com tantos atrativos, chamar a atenção do cliente se torna um pré-requisito importante para fazer com que a marca ou o produto que se está promovendo atinja o público-alvo.

Dentro desse assunto, os neurocientistas discutem que existiriam duas formas básicas através das quais um determinado estímulo estaria “chamando atenção”: por mecanismos iniciados por características relevantes do próprio objeto (também chamadas de fatores “de baixo para cima” ou “bottom-up”) ou por processos que começam quando estamos procurando no ambiente algo que nos interessa. Quando encontramos, aquilo “prende” nossa atenção (também chamados de fatores “de cima para baixo” ou “top-down”).

Por existirem esses dois tipos de processos que direcionam nossa atenção e, consequentemente, nossos olhares, diversas pesquisas nessa área procuram investigar justamente quando acontece um destes fenômenos, para que seja possível identificar o que captura a atenção de alguém e, com isso, saber o que é realmente relevante para o indivíduo. Com isso, uma das questões que existe em aberto é: será que apesar das características do estímulo (ou seja, dos fatores “bottom-up”), a sua relevância emocional pode agir de forma mais forte para chamar e direcionar a atenção? Em outras palavras: existira alguma diferença entre estímulos visuais positivos, negativos ou neutros com relação à sua capacidade de “chamar a atenção”?

Para ajudar a responder essas perguntas, pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá, investigaram o impacto de fatores emocionais no padrão de direcionamento do olhar para entender até que ponto as características físicas (como, por exemplo, cor, brilho, contraste, número de pessoas ou objetos na foto, dentre outras) e as emocionais (como, por exemplo, se a foto retrata uma cena que transmite tristeza ou felicidade) estariam “competindo” entre si durante o processo de visualização de uma cena complexa.

Com o objetivo de examinar como o movimento dos olhos poderia diferenciar, entre si, fotos negativas, positivas e neutras, os cientistas compararam a forma que tais imagens capturaram a atenção das pessoas utilizando a técnica de “eye-tracking”. Com esse tipo de tecnologia, os cientistas são capazes de monitorar continuamente para onde uma pessoa está olhando e, desse modo, montar um mapa com o padrão de direcionamento do olhar que o indivíduo apresenta. 

Os resultados desse estudo indicaram que a relevância emocional de uma cena (ou seja, se ela retratava uma situação agradável ou desagradável) estaria desviando mais atenção dos participantes do estudo, independente das suas características físicas. Em outras palavras, independente das qualidades visuais das fotos, aquelas que possuíam algum valor emocional (negativo ou positivo) possuíam maiores tempos de fixação do olhar, e, consequentemente, maior alocação de recursos atencionais do que as fotos neutras (sem valor emocional).

Dessa forma, a conclusão do estudo indica que a importância emocional do estímulo visual era mais importante para capturar a atenção das pessoas do qualquer outro fator, como brilho, contraste e cor, indo ao encontro da ideia que fatores afetivos e processos racionais estariam desempenhando um papel fundamental para controlar o direcionamento do olhar e, consequentemente, para onde a pessoa está prestando atenção. Com isso, esse estudo fornece mais informações sobre como nós selecionamos o que vemos e pode ser útil, principalmente para os profissionais da área de propaganda e marketing, para esclarecer quais são os fatores que influenciam na percepção, pelo público, das campanhas publicitárias idealizadas.


Disponível em http://www.forebrain.com.br/como-escolhemos-o-que-vemos/. Acesso em 02 jun 2013.