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terça-feira, 22 de abril de 2014

Grande SP e Brasília têm os maiores custos de vida do país

Victor Martins
21/04/2014
São Paulo e Brasília disputam o posto de cidade mais cara do Brasil. Comparando o custo de vida com o restante do País, a capital paulista tem preços 9% maiores que a média nacional e a federal, 15% superiores.

Os cálculos são parte de um estudo do Banco Central (BC) que projeta que serão necessários 25 anos para a região metropolitana de São Paulo recuar para o preço médio verificado na média do País.

O Nordeste, em contraponto, tem o menor custo de vida, 14% inferior ao da média nacional. No entanto, essa diferença começa a diminuir.

Com o avanço econômico da região Nordeste nos últimos anos e a maior demanda por produtos e serviços, os preços desses itens passaram a subir, mas o processo ainda é lento: serão necessários 89 anos para que a região atinja o custo de vida médio do Brasil.

No Norte, esse prazo de convergência é ainda maior, e chega a 119 anos. O estudo do BC destaca ainda que, das cinco grandes regiões brasileiras, três estão ficando mais caras (Norte, Nordeste e Sul), uma está ficando mais barata (Sudeste) e uma está estável (Centro-Oeste), sem perspectiva de cair para a média nacional.

Para economistas ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, os dados do Banco Central evidenciam, além das diferenças regionais de níveis de preço, que as desigualdades brasileiras persistem.

A despeito de avanços, sobretudo depois da expansão do grupo que se convencionou chamar de nova classe média, e de programas de distribuição de renda, as regiões onde são verificados os menores custos de vida ainda estão associadas com os menores salários e os piores níveis de bem estar social, com exceção do Sul.

"Essa diferença de preços se explica pelas diferenças históricas e pelo mercado de trabalho regional", afirma Vagner Alves, economista da gestora de recursos Franklin Templeton. "No caso de São Paulo, o custo da mão de obra é o que puxa os níveis de preço, assim como em Brasília."

Disparidade

Segundo a pesquisa, o maior nível de qualidade de vida está no Sul. Para Alves, isso se explica porque a região tem patamar de preços 4% menor que a média nacional e, ao mesmo tempo, baixa taxa de desemprego.

"Consequentemente o Sul também detém uma das rendas mais elevadas", observa o economista Alves. "Se comparar São Paulo com Porto Alegre, não há diferença no preço de serviços; essa disparidade pode ser observada, no entanto, nos preços de bens e nos preços administrados, segmentos nos quais a inflação paulista é maior", argumenta.

O Norte e o Nordeste, em contraponto, têm os menores níveis de bem estar, mas se aproximam gradualmente das outras áreas do País.

Para Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), houve um processo entre 2003 e 2012 no qual o custo de vida mais baixo ajudou a impulsionar a renda e o poder aquisitivo.

Na visão de Bentes, porém, esse processo perdeu força a partir de 2013. "Nas regiões mais pobres, a pressão maior vem dos preços dos alimentos", afirma ele.

Tabelas

Sérgio de Souza Carvalho Júnior, diretor do Grupo 5 sec Brasil, explica que a rede de franquias de lavanderias trabalha com quatro tabelas diferentes para que os preços se adéquem à realidade local.

"Em Alagoas o pessoal trabalha com tabela zero, a mais barata. Isso porque a concorrência lá ainda é contra a lavadeira de rio", relata Carvalho.

"A gente tem de estar antenado para respeitar as necessidades de cada micro região. Dentro da Grande São Paulo, eu tenho cinco grupos de lojas e o pessoal trabalha nas tabelas 1, 2 e 3", explica o diretor do Grupo 5àsec Brasil.

Segundo ele, a diferença de preços entre uma tabela e outra é de 12% a 15%."Varia de acordo com o poder aquisitivo da população de cada cidade e local."

Na opinião de André Braz, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), "a política de salário mínimo fez com que o consumidor, sobretudo em regiões pobres como Norte e Nordeste, incorporasse hábitos no cotidiano que passaram a estimular a inflação”.

"A gente observa, quando faz os indicadores de preço, que os custos são maiores em regiões como Sudeste e Centro-Oeste, mas os índices não mostram tão claramente, como faz essa pesquisa do Banco Central, as diferenças regionais de preço", pondera Braz.

Carestia

Um levantamento informal feito pela reportagem sobre o custo da alimentação nas proximidades de prédios do Banco Central, em diferentes regiões, ilustra os dados da pesquisa da própria entidade.

Nas proximidades da sede do BC, em Brasília, o preço do prato feito, por exemplo, que é um produto comum a todas as regiões brasileiras, é R$ 12, o mais elevado entre as cidades observadas. Entre o ano passado e 2014, o preço desse prato foi reajustado em 20%.

Já em Recife, o custo do prato feito - conhecido em várias regiões como PF - foi reajustado em 28,57% entre um ano e outro, mas, mesmo assim, na cidade ele sai por R$ 9.


Disponível em http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/grande-sp-e-brasilia-tem-os-maiores-custos-de-vida-do-pais. Acesso em 21 abr 2014.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

As dicas da criadora do Coursera para concluir cursos online

Camila Pati
08/04/2014
jovens em mesa com computadores 
O outono de 2011 foi decisivo para a carreira dos professores do departamento de ciência da computação da Universidade de Stanford, Daphne Koller e Andrew Ng.

Envolvidos com pesquisas sobre tecnologias educacionais, eles decidiram lançar três cursos online para os estudantes da universidade.

O estrondoso sucesso (cada curso teve milhares de inscritos) foi o insight que eles precisavam para criar, em abril de 2012, a plataforma de educação online gratuita Coursera.
“Quando lançamos oficialmente, eram 37 cursos e quatro universidades parceiras: Stanford, Princeton, Universidade da Pensilvânia e Universidade de Michigan”, lembra Daphne.

Hoje, diz a cofundadora, são 633 cursos de 100 universidades de 20 diferentes países e um número de estudantes de fazer inveja às maiores universidades do mundo: 7,2 milhões.

Tudo isso no prazo exato de dois anos desde a sua criação. Mas Daphne não quer parar por aí. Ela quer expandir o acesso à plataforma (que tem aulas predominantemente em inglês) também para quem não tem domínio do idioma.

Uma das iniciativas, por exemplo, é a parceria com a Fundação Lemann para legendar cursos em português. Já são 10 com legenda. “Com isso dobramos e até triplicamos, em alguns casos, o número de inscrições de brasileiros nesses cursos”, conta.

Ela também tem planos de parcerias com instituições brasileiras, o que significa que em breve a plataforma deve estar “falando português” e oferecendo cursos desenvolvidos por professores das melhores universidades do país.

Por este motivo, Daphne esteve no Brasil na última semana. A EXAME.com, ela falou sobre educação online, os temas que mais interessam aos brasileiros e deu dicas de como escolher o curso certo para não desistir no meio do caminho. Veja os principais trechos da conversa:

EXAME.com: Você costuma dizer que a educação online é o futuro. Estamos preparados para isso?
Daphne Koller: Já há muitos usos de tecnologias online que, alguns anos atrás, seriam considerados impossíveis. Pense em tudo que é relacionado ao consumo de entretenimento.
Antes do Youtube, do Netflix e seus similares, as pessoas não pensavam que poderia ter tanto entretenimento pela web. Antes do Facebook, as pessoas não pensavam que poderiam ter amigos pela web.

Cinco anos atrás, namoro pela internet era um conceito bizarro. Encontrar um parceiro para a vida, pela internet? Que estranho. E hoje sites de relacionamento são o que as pessoas mais novas estão usando.

É um processo e geralmente acontece mais rápido do que as pessoas pensam.

EXAME.com: Então, já estamos preparados?
Daphne Koller: Acho que há pessoas que não estão preparadas. Sabemos da exclusão digital. Ainda existem pessoas para quem internet e computadores, em geral, ainda são um mistério assustador.

Para essas pessoas, precisamos fazer um trabalho melhor de prepará-las e termos a certeza de que a interface que provemos seja simples e fácil de usar.

Mas profissionais qualificados não têm absolutamente nenhum problema em fazer essa transição para educação online.

EXAME.com: Quantos alunos brasileiros estão no Coursera?
Daphne Koller: O Brasil é um país muito grande para gente, é o quinto em termos de crescimento de estudantes. Já são 250 mil.

EXAME.com: Quais os cursos que mais interessam aos brasileiros?
Daphne Koller: Se você olha para os dez cursos com mais alunos brasileiros, eles tendem a cair em duas categorias principais. A primeira é negócios e habilidades de empreendedorismo.

A segunda, é o que eu chamaria de habilidade cognitiva de pensamento, que é aprender a racionalizar, argumentar e usar o pensamento matemático.

EXAME.com: A evasão dos cursos é um problema?
Daphne Koller: A mídia exagera nas reportagens sobre evasão. Porque muitas das pessoas que se inscrevem para um curso não aparecem nem no primeiro dia e muitos não chegam a entregar a primeira tarefa.

Há pessoas que só assistem aos vídeos e tratam o curso como um documentário de televisão, o que, na minha opinião, é bem divertido. Você pode aprender assistindo documentários, lendo um livro. É melhor aprender com engajamento ativo, mas nem todo mundo vai fazer isso.

EXAME.com: Então, não é um problema?
Daphne Koller: Entre as pessoas que estão comprometidas em terminar o curso, a taxa de conclusão é de mais de 60%. Entre quem paga para receber um certificado - que pressupõe um valor que não é alto, de 50 dólares -, a taxa de conclusão chega a 90%.

De certa maneira, pode-se dizer que não é um problema tão grande quanto as pessoas fazem parecer. Mas ainda é maior do que queremos porque se 64% terminam o curso, 35%, não.

EXAME.com: Como evitar que estes 35% abandonem?
Daphne Koller: Estamos muito interessados em aumentar taxa de conclusão entre esses alunos e existe uma variedade de mecanismos para os quais estamos olhando.

Incluindo, por exemplo, o que ocorre em centros de aprendizagem, em que estudantes aprendem juntos de maneira organizada e com a ajuda de um facilitador que os ajude com o material do curso e a solucionar problemas.

O fato de haver uma comunidade no entorno do estudante o ajuda a concluir o curso.

EXAME.com: Fazer o curso em grupo é um jeito de diminuir as chances de não terminá-lo?
Daphne Koller: A primeira coisa é criar tempo semanal na sua rotina para fazer o curso. Um período que você saiba que vai trabalhar nisso. Porque, do contrário, as pessoas deixam tudo para o último minuto e quando se dão conta perderam prazos e percebem que não vão terminar o curso.

A segunda é identificar um grupo de pessoas com quem você quer estudar junto. Podem ser reuniões presenciais ou conversas virtuais. É útil criar uma comunidade porque assim você sente que deve a conclusão do curso também a eles. Além de ser mais divertido, há mais comprometimento.

EXAME.com: E o processo de escolha do curso?
Daphne Koller: Escolher bem o curso é a terceira coisa. Algo muito legal desses cursos abertos online é que o estudante pode explorar nas duas primeiras semanas do curso se ele é adequado para o seu perfil.

Se ele decidir prosseguir é que o conteúdo tem a ver com o que ele espera e o jeito de ensinar também. E se ele não gostar, não precisa continuar. Não tem punição, é de graça.

EXAME.com: Este tipo de curso online é um diferencial para o currículo?
Daphne Koller: Há recrutadores que estão usando a conclusão desses cursos online como um fator importante para selecionar e contratar profissionais.

EXAME.com: Com tanta oferta de cursos, como é possível se diferenciar academicamente?
Daphne Koller: Tem pessoas que agarram as oportunidades que elas têm e começam e terminam esses cursos. Há outras que não tem motivação porque estão muito ocupadas assistindo televisão ou fazendo outra coisa.

Para se diferenciar academicamente há duas barreiras: financeira e a da motivação. O que fizemos foi derrubar a primeira, não a segunda.


Disponível em http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/as-dicas-da-criadora-do-coursera-para-concluir-cursos-online?page=1. Acesso em 18 abr 2014.

sábado, 19 de abril de 2014

O que o mercado quer? Profissionais com poder de adaptação

Daniel Barros
17/04/2014
 
Na fabricante de bens de consumo anglo-holandesa Unilever, a equipe de marketing da marca de sabão Omo tem uma coordenadora que foi ginasta da seleção olímpica brasileira, artista do Cirque du Soleil e analista de marketing da marca de pilhas Duracell no Panamá.

Ao lado dela senta uma gerente que se formou em nutrição, resolveu estudar psicologia e foi trabalhar em marketing. Profissionais com formações igualmente ecléticas são encontrados em vários outros setores da empresa, reflexo de sua política de contratação.

“Nosso processo de seleção tenta ser o menos restritivo possível”, diz Eduardo Reis, vice-presidente de recursos humanos da companhia no Brasil. A obsessão tem um bom motivo. O objetivo da Unilever é contratar e formar funcionários com alta capacidade de se adaptar.

Para oxigenar a gestão, seus profissionais mudam constantemente de área. Os mais jovens não passam mais de dois anos numa função. A empresa de tecnologia IBM também joga nesse time.

O centro de pesquisas da empresa no Brasil só contrata gente com mestrado ou doutorado, mas os profissionais precisam ser capazes de trabalhar em projetos que vão desde o uso de tecnologia em agricultura até a aplicação do big data em saúde e educação — versatilidade incomum na academia.

O próprio diretor do centro, Ulisses Mello, é geólogo de formação e trabalhou anos na Petrobras antes de ingressar na IBM.

A preferência por esse perfil de profissional é resultado da transformação em curso na economia mundial. “Em velocidades distintas, os países estão migrando para um modelo econômico com base no conhecimento”, diz Jorge Arbache, economista da Universidade de Brasília especializado em capital humano.

O exemplo mais perfeito dessa transição está nos Estados Unidos. Hoje, a Apple é a maior empresa americana, posto que já foi ocupado pela montadora GM ou pela petroleira Exxon. A força da Apple não está em sua capacidade de manufatura, mas em seu poder de inovação, design e marketing — a  empresa, aliás, terceiriza a maior parte de sua produção na Ásia.

Em maior ou menor medida, encontrar os profissionais mais aptos para essa nova fase da economia é um desafio mundial. A consultoria PwC entrevista periodicamente mais de 1 000 presidentes de grandes empresas globais para saber quais são os maiores entraves ao crescimento dos negócios.

Em 2009, 46% deles apontaram a falta de mão de obra adequada como um problema, percentual que pulou para 63% neste ano. No fim de 2013, os Estados Unidos, que convivem com um índice de desocupação de 6,7%, tinham milhões de vagas não preenchidas, sinal do descasamento entre os trabalhadores disponíveis e o que as empresas buscam.

Como o Brasil está posicionado para essa nova corrida global? Estamos mal. Uma pesquisa divulgada no começo de abril, fruto de uma parceria entre a PwC e a rede social LinkedIn, analisou o nível de adaptação da mão de obra em 11 países.

Trata-se de um conceito pouco usual, mas nem por isso menos importante: ele mede a capacidade das pessoas de mudar ao longo da carreira e encontrar o melhor posto de trabalho. A premissa é que pessoas certas nos lugares certos são mais produtivas.

No ranking final, o Brasil aparece em nono lugar, à frente apenas dos outros dois emergentes do estudo, Índia e China, mas bem distante dos primeiros colocados, Holanda e Reino Unido.

Com base nos perfis de 277 milhões de pessoas presentes no LinkedIn e de um banco de dados de 2 600 empresas de todas as partes, a pesquisa analisou cinco indicadores, do percentual de trabalhadores que já mudaram de setor (um parâmetro para o grau de adaptação a novos desafios) ao tempo que as vagas de emprego ficam em aberto (uma medida da falta de mão de obra adequada).

O Brasil não brilha em nenhum dos itens, mas vai especialmente mal no quesito que mede o número de funções ocupadas ao longo da carreira. Em média, o brasileiro com perfil no LinkedIn passou por 3,4 posições em uma ou mais empresas ao longo de sua carreira, enquanto o holandês e o australiano passaram por 4,5. Nesse ponto, a cultura parece ter uma grande influência.

“Ao analisar os dados da pesquisa, percebe-se que a tendência do brasileiro é buscar a estabilidade. A grande procura por concursos públicos confirma essa característica”, diz Osvaldo Barbosa de Oliveira, presidente do LinkedIn no Brasil. O psicólogo holandês Geert Hofstede desenvolveu na década de 80 um ranking de fatores que distinguem as culturas nacionais.

No levantamento, o brasileiro diz privilegiar a segurança, diferentemente de australianos, americanos, britânicos e holandeses. “As conclusões de Hofstede ainda são válidas porque fatores culturais demoram décadas para ser modificados”, diz Paulo Sabbag, professor de administração da FGV de São Paulo.

Problemas estruturais

Uma das razões do baixo poder de adaptação dos trabalhadores brasileiros é o histórico problema da educação no país. É algo que começa na pré-escola e não melhora até a graduação.

Menos de 1% dos brasileiros conseguem alcançar os dois níveis mais altos de conhecimento em matemática no Pisa, exame internacional que a OCDE, o clube dos países ricos, faz com adolescentes a cada três anos. A média dos países desenvolvidos é 12%.

Cerca de 80% dos advogados brasileiros recém-formados são reprovados no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e 60% dos médicos não passaram na prova do Conselho Regional de Medicina de São Paulo em 2013.

“Uns fingem que ensinam, outros fingem que aprendem, e a mão de obra brasileira vai ficando com um número cada vez maior de diplomas, mas cada vez menos qualificada”, afirma o filósofo e economista Eduardo Giannetti da Fonseca.

E mesmo nossos profissionais mais preparados esbarram em dificuldades adicionais. A legislação trabalhista brasileira restringe práticas bem estabelecidas no mundo desenvolvido, como trabalhar em casa ou ter uma jornada flexível.

Nos mercados mais dinâmicos, os trabalhadores tendem a ser protegidos mais com o reforço do seguro-desemprego do que com leis que engessam a criação de vagas. “Essas limitações diminuem consideravelmente a produtividade de nossa força de trabalho”, afirma o economista André Portela, da Fundação Getulio Vargas.

O Reino Unido, um dos destaques na pesquisa, não por coincidência é o terceiro numa lista de 43 países que avalia as legislações trabalhistas mais flexíveis. O Brasil é o penúltimo colocado.

Para Andreas Schleicher, diretor da área de educação da OCDE, o mais determinante no desenvolvimento de novas habilidades é quanto as empresas investem no aprendizado de seus profissionais, outra área em que o Brasil poderia fazer mais, principalmente entre as médias e pequenas empresas.

“Na hora de cortar gastos, o primeiro item da lista é o treinamento”, diz Betania Tanure, consultora de recursos humanos e professora do Programa de Pós-Graduação em Administração da PUC-MG. Grandes companhias, como Unilever e IBM, conseguem driblar essas dificuldades impostas pela realidade brasileira.

Contratam e retêm os profissionais com o perfil adequado a esse novo momento da economia. Um dos grandes desafios do país para as próximas décadas é exatamente este: aumentar o número de Marílias, Eduardos e Ulisses, os profissionais da foto que abre esta reportagem.


Disponível em http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1063/noticias/a-cara-do-novo-emprego?page=1&utm_campaign=news-diaria.html&utm_medium=e-mail&utm_source=newsletter. Acesso em 17 abr 2014.

domingo, 13 de abril de 2014

Tendência a procrastinar está no gene humano, diz estudo

Vanessa Daraya
08/04/2014
A maioria das pessoas tende a deixar para amanhã o que pode ser feito hoje. Mas não é por acaso. Existe uma explicação científica para isso: um novo estudo sugere que a procrastinação está no gene humano.

Um artigo sobre o estudo foi publicado no jornal Psychological Science.

A pesquisa foi feita por cientistas da Universidade de Colorado, nos Estados Unidos, que descobriram que a tendência a procrastinar é afetada por fatores genéticos.

Procrastinação e impulsividade são traços geneticamente ligados e provavelmente resultantes de origens evolutivas semelhantes.

Ser impulsivo tem uma vantagem evolutiva porque pode ter ajudado os antepassados com a sobrevivência cotidiana. Eles buscavam recompensas imediatas quando o dia seguinte era incerto.

A procrastinação, por outro lado, pode ser um fenômeno recente na história humana. No mundo moderno, as pessoas têm muitas metas de longo prazo que exigem preparo. Mas o impulso e a facilidade em se distrair tornam essas tarefas distantes em alvos da procrastinação.

Para chegar nessa conclusão, os cientistas decidiram estudar se esse mau hábito realmente podia ter suas raízes na genética. Os pesquisadores avaliaram 181 gêmeos idênticos (que compartilham 100% de seus genes) e 166 gêmeos fraternos (que compartilham apenas 50% de seus genes).

A discrepância genética ajudou os pesquisadores a entender a importância das influências genéticas e ambientais sobre os comportamentos específicos, como a procrastinação e impulsividade. Os gêmeos foram avaliados na habilidade de estabelecer e manter objetivos, na propensão de procrastinar e na impulsividade.

Baseado nos comportamentos parecidos entre os gêmeos, os pesquisadores concluíram que a procrastinação é, de fato, um fator genético, assim como a impulsividade.

Além disso, parece haver uma sobreposição genética entre procrastinação e impulsividade, ou seja, não há influências genéticas exclusivas para um ou outro traço sozinho. Isso sugere, portanto, que a procrastinação é um subproduto da evolução da impulsividade.

Mas não pense que agora dá para culpar a genética quando procrastinar. Segundo Daniel Gustavson, autor do artigo, entender sobre a procrastinação serve, na verdade, para ajudar a criar meios de evitar essa atitude.

Essa descoberta e futuros novos estudos sobre o tema têm potencial para ajudar a superar essas tendências enraizadas de se distrair e se esquecer do trabalho.


Disponível em http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/tendencia-a-procrastinar-esta-no-gene-humano-diz-estudo. Acesso em 8 abr 2014.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Por que seus vendedores devem ser também consultores

Priscila Zuini
28/03/2014
Homens conversando
Vendas corporativas e consultivas são praticamente sinônimas. O profissional de vendas que não pratica uma consultoria a cada cliente certamente perderá espaço para o concorrente.

A venda B2B mudou. As empresas estão mais seletivas e exigentes na hora de selecionar seus parceiros fornecedores. O vendedor deve, portanto, conhecer bem seu mercado, seus concorrentes e, em especial, o segmento e fatos sobre seu prospectivo cliente.

O comprador de uma empresa tem por obrigação obter a melhor condição. O vendedor, por outro lado, tem por obrigação prover diferenciais que não sejam única e exclusivamente concessões relativas a preço, desconto nos produtos ou serviços.

O vendedor deve perguntar antes de mostrar soluções a cada venda. A arte da pergunta é o ponto mais importante nas vendas corporativas. Como, quando, onde, quem, o que, quanto? São perguntas abertas e que desvendam necessidades.

Saiba entender antes de atender. É fundamental confirmar entendimento na comunicação com seu comprador. Utilize perguntas fechadas, que comecem, por exemplo, por “deixe me ver se entendi bem...” e valide cada resposta dada anteriormente pelo cliente.

Descubra o DNA do cliente nas vendas corporativas. O que significa a compra ou investimento na sua proposta? Esta pergunta remete ao lado emocional do cliente, mesmo na relação empresarial. Acredite: o comprador se motiva por reconhecimento do seu chefe após cada negociação, sobretudo, quando ele resolve algo urgente, traz economia para sua empresa, obtém tranquilidade contratando você e seu negócio.

Apresente proposta com credibilidade: relacione fatos (informações dadas pelo cliente) na sua proposta quando for apresentá-la e tenha um bom preparo para lidar com objeções. Foque nos ganhos intangíveis, não no preço (objeção mais comum).


Disponível em http://exame.abril.com.br/pme/noticias/por-que-seus-vendedores-devem-ser-tambem-consultores. Acesso em 31 mar 2014.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Ser bonitão ainda é muito bom para a carreira, aponta estudo

Maxwell Strachan
27/03/2014
 
Apesar do que você possa ter ouvido da suposta “Guerra contra os homens”, ser um cara ainda é um ótimo negócio. Especialmente se você for bonito.

Um novo estudo indica que homens atraentes têm muito mais chances que mulheres de convencer as pessoas de que suas ideias de negócio valem a pena.

O estudo, realizado por uma equipe de pesquisadores da escola de administração da Universidade Harvard, da Universidade da Pensilvânia e do MIT foi publicado online na Proceedings for the National Academy of Sciences.

Para o estudo, os pesquisadores analisaram três competições reais em que empreendedores tinham de apresentar suas ideias de negócios para um júri.

Dois grupos, um de homens e um de mulheres, foram analisados. Eles classificaram cada participantes como bonito ou não – usando os termos “atraente” ou “não-atraente” – e descobriram que há uma hierarquia bastante clara na hora de decidir quem é melhor para apresentar uma ideia de negócio:

1. Cara bonito
2. Cara não tão bonito
3. Mulher, e não importa a aparência.

Em um experimento, investidores acompanharam as apresentações e depois deram dinheiro para que as empresas fossem fundadas.

Os pesquisadores acompanharam o desempenho de cada grupo, e os homens atraentes tinham melhores chances de sucesso que as duas outras categorias:

Reprodução
Em outro experimento, os participantes tinham de ordenar (numa escala de 1 a 7) apresentações feitas via vídeo por homens e mulheres de vários níveis de atratividade. Apesar de as apresentações serem idênticas, os resultados não o foram:

Reprodução
 
Tudo isso é terrivelmente deprimente, por várias razões. Uma delas foi levantada por um dos próprios pesquisadores: os investidores podem não ser sexistas, mas escolhem os homens atraentes porque outros “investidores e futuros clientes provavelmente vão preferi-los”. Parabéns a todos!


Disponível em http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/ser-bonitao-ainda-e-muito-bom-para-a-carreira-aponta-estudo. Acesso em 31 mar 2014.

sábado, 5 de abril de 2014

Empreendedorismo é um dom?

Camila Lam
25/03/2014 
Mulher usando laptop
Uma pergunta muito comum no mundo empreendedor é: empreendedorismo é um dom ou algo que pode ser desenvolvido?

Por um lado, temos teóricos e acadêmicos interessados em entender a origem do comportamento empreendedor para identificá-lo e posteriormente encontrar maneiras de estimulá-lo. Por outro, temos os empreendedores em potencial que querem fazer uma auto reflexão para avaliar se possuem as condições necessárias para empreender.

Na minha humilde opinião, a resposta para essa pergunta é: ninguém nasce empreendedor, mas isso não quer dizer que qualquer um possa desenvolver as características necessárias.

Assim como vemos em atletas, artistas e diversos outros profissionais de alta performance, ninguém consegue chegar ao sucesso sem muito treino e dedicação. Mesmo que a pessoa tenha facilidade em algumas áreas, ela precisará investir horas e horas para aperfeiçoar uma série de características necessárias para dominar aquela área de conhecimento.

No caso de um empreendedor, além de habilidades essenciais como entendimento de mercado, capacidade de vender novas ideias, disciplina financeira, entre outros, é preciso ter uma carga cavalar de motivação e capacidade de seguir em frente na hora de encarar incertezas.

Por isso, se a pessoa não tiver força mental o suficiente para encarar grandes desafios e aceitar que para chegar longe, ela precisará errar muito pelo caminho e dificilmente conseguirá desenvolver as habilidades necessárias para atingir o sucesso por meio do empreendedorismo.

Por outro lado, tenho uma boa notícia. Só o fato de você estar lendo esse artigo já mostra que existe, mesmo que esteja no começo, a chama empreendedora dentro de você. Alguma vontade de ir além você tem, senão não estaria estudando mais sobre o tema. Ou seja, tendo essa curiosidade e motivação, é “só” uma questão de treino e prática para que você desenvolva todas as outras características necessárias.

Nesse momento consigo afirmar de forma categórica que você já está no caminho certo. A dica é: confie nos seus instintos e siga em frente. A jornada é longa e bastante perigosa, mas vale muito a pena se você tiver a força de vontade necessária.


Disponível em http://exame.abril.com.br/pme/noticias/empreendedorismo-e-um-dom. Acesso em 31 mar 2014.

domingo, 30 de março de 2014

Como transformar seu hobby em um negócio lucrativo

Priscila Zuini
17/12/2013
Máquina de costura da Singer
Você seria mais feliz se largasse o emprego só para fazer o que gosta? A boa notícia é que muitos empresários estão aproveitando seus hobbies para faturar.

Uma parte desses empreendedores fazem parte do microempreendedores individuais (MEI). Hoje, mais de 1,5 milhão de empreendedores usam a própria casa como sede da empresa, segundo uma pesquisa divulgada nesta semana pelo Sebrae. Entre os mais de 3,5 milhões de microempreendedores individuais (MEI), 48,6% trabalham em casa. A pesquisa mostra ainda que 77% dos empreendedores que têm o artesanato como fonte de renda também usam a própria casa para tocar a pequena empresa.

Boa parte desses empresários aproveitou um hobby ou habilidade para deixar o emprego e empreender. É o caso de Isamara Neves Barbos, formada em publicidade, que comercializa itens para festas infantis através da internet. Depois de buscar enfeites para a festa da filha e não achar nada que gostasse, Isamara aproveitou suas habilidades artísticas para faturar com esta demanda. No boca a boca, ela foi ganhando clientes e equilibrando a rotina de profissional e empreendedora. “Eu fui me especializando, fazendo mais cursos técnicos e ganhando uma graninha. Comecei não só a vender o que aprendi nas aulas, mas a desenvolver novas peças”, conta.

Com uma loja no site Elo7, Isamara levou um ano para ter com o artesanato a mesma renda que tinha no emprego. “Eu acho que dá pra ganhar de 1,5 mil a 4 mil reais por mês, mas vai depender muito da pessoa e do produto”, conta. Depois de investir em materiais e máquinas, ela procurou capacitação. “Como a coisa foi crescendo, fui fazer curso de empreendedorismo para começar a melhorar meu horário de trabalho”, diz.

O caminho de Isamara pode servir de exemplo para muita gente que sonha em deixar o emprego e transformar um hobby em negócio. Para Cynthia Serva, coordenadora do Centro de Empreendedorismo do Insper, gostar do que faz já é um bom começo. “Quando a pessoa tem uma grande paixão, a gente fala que é meio caminho andado. Saber o que gosta e em que quer empreender é o melhor dos cenários”, indica a professora.

Mas, para que o processo dê certo, é preciso investir e tomar alguns cuidados. “Comece a testar, sem abandonar o emprego, de forma experimental”, diz Leo Feijó, consultor de comunicação da Rio Criativo, incubadora de economia criativa.

1. Diferencie hobby de negócio
Antes de começar, avalie se o seu hobby trará o mesmo nível de satisfação se virar um negócio. Vale lembrar que a atividade deixa de ser esporádica e passa a tomar a maior parte do seu tempo. “Existe uma reflexão que tem que ser feita que é se essa relação muda quando começa a ser trabalho”, indica Cynthia.

Mais do que isso, avalie também se você tem as habilidades que um negócio exige. “A maioria gosta muito do que faz e está engajado com a atividade, mas muitas vezes a maior dificuldade é na venda. Em uma composição societária, se quiser encontrar um sócio, é bom que ele seja complementar, um mais criativo e outro mais administrador”, diz Feijó.

2. Não subestime o planejamento
Se você acha que o seu hobby tem potencial para virar uma empresa, faça um pequeno planejamento. “Teste se tem outras pessoas que compartilham esse hobby e gostariam de ter acesso aos produtos, se enxergam valor nisso. Identificar algo que goste de verdade é super desejável, mas não tira a necessidade de planejar as premissas, saber se existe mercado, se existem pessoas que gostariam de pagar por isso e se existe concorrência”, diz Cynthia.

3. Pesquise o mercado
Esse planejamento começa com uma pesquisa de mercado, que pode ser feita de maneira informal no início. “Determine um nicho ou um segmento, um público e entenda esse mercado: se tem concorrentes, quantos existem na cidade, como eles se posicionam, o que pode trazer de valor agregado, como você pode se diferenciar dos outros players”, ensina a professora.
Outro dado importante é saber quais preços são praticados nesse mercado e como seu produto pode se encaixar nesta faixa.

4. Ouça muitas opiniões
Já com algumas hipóteses sobre os caminhos do negócio, é hora de validar suas teorias. A dica é buscar pessoas além do seu círculo de amigos e familiares e estar pronto para ouvir opiniões. “A gente percebe que amigos têm certa dificuldade de serem críticos do ponto de vista construtivo, tentar expandir esse grupo para ter validações mais realistas é importante”, diz Cynthia.

Isso, segundo Feijó, ajuda também a avaliar se existe demanda para este hobby. “Comece a vender artesanalmente para família e amigos, para ver que a demanda existe. É bom que tenha um diferencial, desde embalagem até como faz comunicação”, afirma.

5. Escute os mais experientes
Ouvir empreendedores que já traçaram o mesmo caminho para abrir um negócio pode ser uma fonte de aprendizado. “Ao contrário do que a maioria pensa, o bom empreendedor está sempre aberto a conversar. Não vai dar consultoria de graça, mas pode falar como foi a trajetória e quem sabe pode ser um parceiro”, conta Feijó.

6. Prepare-se financeiramente
É natural que o novo negócio traga menos renda que o atual emprego, especialmente no começo. “Por quanto tempo consegue conciliar de forma paralela, sempre lembrando que, do ponto de vista financeiro, no início você tem algumas perdas comparando com salário”, questiona Cynthia.

Para isso, vale estruturar um pouco o plano de negócios. “Não precisa ser muito elaborado, mas tem que elaborar um horizonte de 5 anos e ver quanto precisa investir. Tem que acreditar e assumir certo risco, porque depende só de você”, diz Feijó. Segundo ele, um ano é um período razoável para fazer testes e avaliar se o negócio tem potencial.

7. Estude gestão (mesmo no começo)
Falta de conhecimento de gestão costuma ser um desafio para quem transforma o hobby em negócio. Por isso, se prepare, desde o começo, para saber lidar com a estrutura de uma empresa. “Transformar hobby em negócio exige muito trabalho, a princípio de planejamento, para estruturar uma empresa e é preciso se preparar para isso”, diz Cynthia.


Disponível em http://exame.abril.com.br/pme/noticias/como-transformar-seu-hobby-em-um-negocio-lucrativo?page=1&utm_campaign=news-diaria.html&utm_medium=e-mail&utm_source=newsletter. Acesso em 30 mar 2014.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Oito dicas para negociar bem com fornecedores

Priscila Zuini
19/03/2014
entrevista de emprego
Uma negociação bem feita com fornecedores é essencial para que pequenas empresas sejam mais competitivas no mercado. Sem bons preços, os produtos podem ficar encalhados e isso significa prejuízo na certa. “Em qualquer tipo de negociação, a preparação é fundamental”, diz Álvaro Martins, professor de Negociação da BSP (Business School São Paulo).

Antes de sentar para discutir detalhes de uma nova compra, o empreendedor precisa ter um plano B em mente e procurar saídas do tipo ganha-ganha. “Neste caso, valor negociado é distribuído para que as duas partes ganhem de alguma forma”, explica Carlos Cruz, do Ibvendas. Confira a seguir oito dicas essenciais antes de ir negociar com fornecedores.

1. Tenha um plano B

Ficar nas mãos do fornecedor durante uma negociação é uma péssima estratégia. É preciso ter outras opções, caso não se chegue a um acordo. “O empresário tem que ir preparado para saber qual o plano B dele, se não der negócio. A ideia é se concentrar no interesse e não na disputa de posição”, sugere Cruz.

Ter uma alternativa faz parte do trabalho preparatório para uma negociação. Se há várias ofertas no mercado, a negociação fica mais vantajosa. “Sem alternativa alguma, ele já parte em uma posição muito desfavorável. O pior cenário é ir comprar e não ter mais ninguém que venda aquilo”, diz Martins.

Lembre-se de que o outro lado da mesa também vai pesquisar para conhecer seu negócio e é preciso ter informações para chegar a um acordo bom para todos.

2. Conheça seus limites

Além do plano B, o empresário precisa ter um limite, seja de preço, prazo ou condições, muito claro na cabeça. “Tenha bastante conhecimento da sua própria realidade, principalmente do ponto de vista financeiro. Estabeleça quais são seus limites e qual o preço máximo que pagaria”, diz Martins. Essa informação, claro, não deve ser revelada ao outro negociador.

3. Construa relacionamento

Uma relação de ganha-ganha tem como base a confiança. Construir um relacionamento com o fornecedor facilita a troca de informações e torna o momento da negociação menos crítico. “Quanto mais você deixar o outro confortável, mais informações vai conseguir, se tiver capacidade de fazer as perguntas certas”, diz Cruz.

4. Tente desvendar o outro lado

O relacionamento é também um passo para conseguir entender como pensa o negociador, quais são seus limites e plano B. “O principal é ter esse relacionamento, para ter o máximo possível de informação”, explica Martins.

5. Defina uma estratégia

Antes de pedir desconto ou mais prazo para pagar, pense em que tipo de estratégia é mais vantajosa para seu negócio. “Uma tática é mirar no limite do outro. Quando você deixa que ele abra a negociação, ele dá mais elementos para conhecer o cenário dele. A outra é mirar no seu valor alvo e forçosamente abrir a negociação”, afirma Martins. São estratégias diferentes que dependem de contexto, e da força de cada um na mesa de negociação.

6. Deixe a emoção de fora

Quando a emoção fala mais alto, os riscos de negociar mal aumentam. “As empresas devem racionalizar o processo de negociação”, afirma Cruz. Com informações precisas em mãos, é mais fácil controlar a emoção na hora. “Quando você se prepara melhor, tem muito mais condição de ter um emocional mais equilibrado, colocar a comunicação de forma mais apropriada e também de conseguir entender melhor as coisas”, complementa Martins.

7. Cuidado com a postura corporal

Emoção demais também pode ser percebida na postura corporal. “A postura muito agressiva não é conveniente porque uma hora a coisa pode virar”, diz Martins. Cuidado para não deixar transparecer nervosismo e ansiedade de fechar negócio. “A pessoa revela pelo olhar que a coisa está muito certa e o outro lado pode endurecer, por exemplo”, afirma o professor.

8. Não fale demais

Assim como a postura corporal, o empreendedor precisa ter o cuidado de não falar mais do que deve. Todas as informações dadas na negociação podem prejudicar o resultado final. “Não revele mais que o necessário. Revelar prazo é coisa que prejudica muito. Quando não tem experiência, o empresário vai de peito muito aberto e isso não é bom. Isso deixa a pessoa completamente na mão do outro lado”, indica Martins.


Disponível em http://exame.abril.com.br/pme/noticias/8-dicas-para-negociar-bem-com-fornecedores?page=1. Acesso em 23 mar 2014.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Quatro sinais de que você deve investir mais na sua empresa

Camila Lam
19/03/2014
computador com gráfico na tela
Empreendedor que sonha alto sabe que para crescer é necessário investir no negócio. Mesmo que seja visto por muitos empreendedores como um custo, o investimento na verdade pressupõe uma expectativa de retorno maior no futuro. Ele pode significar a compra de uma máquina, a modernização da fábrica ou até mesmo a capacitação da equipe.

O investimento em pelo menos um desses aspectos, quando não todos, é necessário para uma empresa se manter lucrativa. A dúvida então não deve ser se devo ou não investir, mas, sim, quando investir. Afinal, investir antes da hora pode gerar também um custo mais alto que o necessário e, consequentemente, uma perda de competitividade. Veja alguns sinais de que o empreendedor precisa investir mais no próprio negócio.

1. Crescimento da demanda

Quando você espera vender mais, é natural que tenha que investir em mais máquinas ou na expansão da fábrica para conseguir entregar aos seus clientes. No entanto, algumas dicas aqui são importantes: sempre que possível, o investimento deve ser feito em etapas conforme o aumento da demanda.

Além disso, é fundamental entender se o aumento da demanda não é algo pontual, por exemplo, um aumento em função de um acontecimento específico ou em função da sazonalidade. Nesses casos, pode ser mais interessante buscar parceiros ou mão de obra temporária para dar conta do pico.

2. O desempenho dos concorrentes

Observe os seus concorrentes, desde coisas simples como verificar se ele está ou não investindo na fábrica a coisas mais específicas como a produtividade média das máquinas ou das sua equipe, o volume de investimento em pesquisa e desenvolvimento, a rentabilidade dos produtos e da empresa, entre outras métricas específicas do negócio. Estes são indicadores importantes para saber se você está com um resultado bom, se precisa investir mais, ou às vezes, se precisa rever seu negócio.

3. Equipe desmotivada

Neste contexto, provavelmente o mais difícil de definir é a hora certa de investir nas pessoas. O sinal de um elevado nível de stress dos funcionários, por exemplo, pode ser um indicativo importante. Outra sugestão é monitorar os ciclos de mudança da sua indústria ou definir um tempo ideal para investimento em gente, que deve variar entre três e cinco anos. Infelizmente, aqui não se tem ciência exata. Afinal, um dos talentos mais valiosos de um empreendedor é a habilidade de saber quando investir e cuidar de pessoas.

4. Falta de capacitação do empreendedor

E claro, monitorando a demanda, os concorrentes, e o time, não podemos nos esquecer de você mesmo! O empreendedor por muitas vezes é tido como solitário, o que implica em não ter alguém para lhe dar feedbacks e auxiliar no seu desenvolvimento. Então, não se esqueça de buscar capacitação e evoluir junto com seu negócio. Invista em conhecimento, cursos, troca de experiências, para compreender como atender às necessidades dos clientes e dos colaboradores.


Disponível em http://exame.abril.com.br/pme/noticias/4-sinais-de-que-voce-deve-investir-mais-na-sua-empresa. Acesso em 23 mar 2014.

domingo, 23 de março de 2014

75% dos brasileiros acham que são da classe média

João Pedro Caleiro
15/03/2014
Comércio no Rio de Janeiro

75% dos brasileiros dizem pertencer à classe média, de acordo com uma pesquisa recente da CNI (Confederação Nacional da Indústria) com 2002 pessoas em 143 cidades.

Na verdade, o número está mais próximo de 54% - e isso usando um critério de renda baixo (R$ 320 a R$ 1.120 por pessoa).

A "confusão" é natural. já que as pessoas tendem a usar a referências do seu próprio universo na hora de se classificarem, uma discrepância que acontece principalmente nas classes mais altas.

Em entrevista para EXAME.com, o presidente do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, deu um exemplo do fenômeno:

"55% da elite se acha classe média. E 35% da elite se acha baixa renda. Pessoas que têm uma renda familiar acima de cinco mil reais, na média. Essa questão de referência é que é fundamental."

A percepção dos brasileiros, no entanto, pode virar realidade em um futuro próximo. Pelo menos é o que acredita Ricardo Villela Marino, executivo-chefe para América Latina do Itaú Unibanco.

Em uma conferência no último Fórum Econômico Mundial em Davos, ele afirmou que 75% dos brasileiros serão de classe média já em 2016. Não está claro qual é o critério que ele usou para fazer a afirmação.


Disponível em http://exame.abril.com.br/economia/noticias/75-dos-brasileiros-acham-que-sao-da-classe-media. Acesso em 18 mar 2014.