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terça-feira, 4 de março de 2014

Não, as pessoas não compram produtos

Belle Cooper
20 de fevereiro de 2014
 
Há um famoso boato de que quando Steve Jobs inventou o iPod, todas as pessoas dos noticiários e das outras indústrias de tecnologia coçaram um pouco a cabeça. Os MP3 players estavam no mercado havia algum tempo. O que era tão diferente no iPod? Naturalmente, as pessoas apontaram muitas diferenças, mas o aspecto principal foi como Jobs o apresentou e comercializou: “1.000 músicas no seu bolso”.

Enquanto a concorrência dizia “1GB de armazenamento em seu MP3”, a respeito do produto, a Apple saiu à frente e fez do produto uma parte de você, que carregava 1.000 músicas no bolso. Nossos amigos do site “User Onboarding” escreveram um ótimo post e também construíram um gráfico mostrando como essa estrutura se apresenta em um nível superior:


Em particular, a imagem em si provou ser popular - compreensivelmente. É uma ótima maneira de descrever que o marketing inteligente foca nos benefícios em vez das características.

Eu ouvi pessoas falarem sobre os benefícios em vez dos recursos no marketing, mas resisti em entender a diferença. Para este artigo, explorei tal informação um pouco mais detalhadamente e descobri alguns exemplos de companhias que sabem fazer isso.

Características x benefícios: como perceber a diferença

Nossos amigos do User Onboarding explicaram a diferença entre as características e os benefícios:

“Pessoas não compram produtos; elas compram versões melhores de si mesmas. Quando está tentando ganhar clientes, você elenca os atributos da flor ou descreve o quão incrível é o fato de ela lançar bolas de fogo?”

Isso inclui ainda um tweet de Jason Fried sobre o assunto:

“‘Aqui está o que nosso produto pode fazer’ e ‘Aqui está o que você pode fazer com o nosso produto’ soam parecidos, mas são abordagens completamente diferentes”.

Lendo a respeito do tema, encontrei excelentes posts de blogs que se aprofundam ainda mais no tema. Um do blog Ideacrossing descreve as características como “o que seu produto ou serviço tem ou faz” e os benefícios como “o que os recursos significam e por que eles são importantes”. Na verdade, muitas vezes, produtos contêm recursos que nunca são utilizados e que podem ser “uma grande fonte de desperdício”.

Desse modo, parece que as características são o “quê” do seu produto ou serviço, enquanto benefícios representam o “porquê” deles.

Depois de tanto ler, finalmente resumi essa diferença em uma frase que torna mais fácil distinguir o que são as características e os benefícios:

“Característica é o que seu produto faz; benefício é o que o consumidor pode fazer com seu produto”.

Mas chega de teoria, vamos ver exemplos surpreendentes de algumas das melhores empresas lá fora. Para ter uma boa ideia de como as coisas funcionam na prática, achei que seria útil dar uma olhada em organizações renomadas que fazem uso dos benefícios na estratégia de marketing. Aqui vão alguns que encontrei:

Evernote: lembre-se de tudo

O Evernote não pode se lembrar de tudo por você. Na verdade, ele não pode se lembrar de nada – é um software. O que ele faz é oferecer recursos que permitem a você salvar e organizar coisas. Lembrar-se de tudo é o que você pode fazer com o Evernote – o benefício!

Twitter: inicie uma conversa, explore seus interesses e mantenha-se informado

O Twitter usou diferentes benefícios no slogan de sua página inicial, ainda assim ele se focou nos benefícios. Cada uma dessas três “coisas” você pode fazer com o Twitter. Não uma característica do produto.

Nest Thermostat: algo bonito é economizar energia

Gosto bastante desse exemplo por achá-lo extremamente inteligente. Em apenas seis palavras o slogan da marca diz qual é o maior benefício (você vai economizar energia), e algo sobre o que torna o produto único (ele é bem projetado; é “algo bonito”).

LinkedIn: seja ótimo no que faz

O LinkedIn foi ainda mais longe ao se referir ao consumidor no seu slogan. Ao dizer “Seja ótimo no eu faz” deixa claro que a ideia principal é que você vai ser ótimo no que faz se usar o LinkedIn. Em vez de empurrar as qualidades do produto ou o lema da empresa, ele se foca no consumidor.

Quais produtos, de fato, já impressionaram você? Eu adoraria saber suas ideias sobre o que é uma boa experiência junto a um produto.


Disponível em http://administradores.com.br/artigos/administracao-e-negocios/nao-as-pessoas-pessoas-nao-compram-produtos/75728/. Acesso em 01 mar 2014.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Por que um bom atendimento é essencial para o marketing

Camila Lam
21/02/2014
Varejo: atendente de vendas mostra televisores para cliente em loja das Casas Bahia 
Se observarmos, na mídia em geral ou em conversa com amigos, todos os dias encontramos consumidores reclamando que foram mal atendidos por essa ou por aquela empresa. Código de Defesa do Consumidor e Procon são recursos disponíveis que garantem os direitos e a defesa do consumidor se não atendidos adequadamente. Resta a pergunta: é sobre isso que estamos falando? Não.

O atendimento, a que me refiro neste texto, está embasado no relacionamento que as pequenas empresas deveriam ter com o cliente e, muitas vezes, não têm e que começa no momento em que ele entra em sua loja, por exemplo. Infelizmente, esse termo vem sendo muito associado às reclamações, SAC, ombudsman, fale conosco e outras tantas expressões que representam o canal que o cliente utiliza para reclamar ou pedir informações, sobre produtos e serviços, algumas vezes vendidos da maneira inadequada.

Um bom atendimento é sempre o resultado do quanto as empresas valorizam esse quesito e estão dispostas a investir nele. Responsabilizar somente o funcionário não é correto e injusto, pois é o gestor ou empresário que deve "dar o tom" que ele espera que sua equipe tenha ao tratar seus clientes. Seja qual for o ponto de contato, que inclui a recepção, a área de vendas, de contas a pagar, entre outras áreas que têm essa interface.

Uma coisa é certa: as empresas não podem prometer aos clientes que jamais irão errar. O que ela pode é se prontificar e caso ocorra algum problema com cliente, a agilizar a solução de maneira eficiente e rápida para todos. Além disso, é preciso que as empresas selecionem e treinem seus funcionários de maneira criteriosa, para estabelecer um bom padrão de atendimento.

Uma boa venda é quase sempre resultado de um bom relacionamento, estabelecido de maneira sábia, entre um vendedor e um comprador. Um atendimento pós-venda eficiente, então, é a garantia de retorno do cliente. E, na verdade, os atendentes e empresários deveriam partir de uma empatia com seu cliente, tratando o outro da maneira como gostaria de ser tratado.


Disponível em http://exame.abril.com.br/pme/noticias/por-que-um-bom-atendimento-e-essencial-para-o-marketing. Acesso em 01 mar 2014.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Geração Y não acredita em publicidade

Mauro Segura
29-AUG-2013
 
O estudo chamado "Millenials as Brand Advocates", da Social Chorus, publicado em julho de 2013, traz informações interessantes a respeito de como a geração Y lida com as marcas e com o marketing das empresas. A pesquisa, que alimentou o estudo, foi feita nos EUA, mas creio que a maioria das conclusões se aplica muito bem ao mercado brasileiro.

Geração Y são todos aqueles nascidos entre 1980 e 2000. Uma boa parte desse povo já compõe a população ativa economicamente, são consumidores e fazem parte da força de trabalho nas empresas. Nos EUA, são 79 milhões da geração Y versus 48 milhões da geração X (nascidos entre 1965 e 1980).

É evidente que a geração Y reina absoluta nas redes sociais. Se analisarmos o Twitter, 50% dos usuários são Ys. A conclusão mais impactante do estudo é que os Ys não acreditam em publicidade. Apenas 6% dos pesquisados disseram acreditar na publicidade on-line. Existe uma insatisfação com histórias patrocinadas postadas nas redes sociais. 67% disseram que nunca clicaram numa história patrocinada.

Ironicamente, um estudo recente da Edelman Berland, também realizado junto à Geração Y, apontou que somente 3% acham que a publicidade é chata. O mesmo estudo concluiu que 70% dos Ys se sentem responsáveis em publicar feedbacks a respeito de suas experiências com as empresas, sejam positivas ou negativas. Parece que existe um compromisso tácito entre eles de fazer isso.

Em contraponto ao descrédito com a publicidade, o estudo da Social Chorus diz que os Ys confiam no que seus amigos e comunidades falam. 91% dos Ys consideram comprar um produto recomendado por um amigo e 98% deles são mais propensos a se engajar num post de um amigo do que num post de uma marca.

Estamos diante de um novo desafio para o marketing das empresas: buscar métodos para incentivar os Ys a compartilhar suas ações nas redes sociais. Ou seja, falamos de uma espécie de co-marketing entre empresas e jovens. Em vez de marketing para eles, estamos falando de marketing com eles.

As empresas devem investir em plataformas para incentivar que os Ys contem suas experiências com as marcas para seus amigos e comunidades. Essa é uma relação que precisa ser construída de forma genuína, não o tradicional marketing forçado usado por muitas empresas.

Os Ys, de maneira geral, são mais propensos a fornecer suas informações pessoais e preferências do que outras gerações, as empresas devem se aproveitar dessa característica se associando a eles, criando um relacionamento mais aberto e aceitando bem os riscos inerentes a uma convivência mais espontânea e transparente.

A conclusão é que estamos diante de uma transformação profunda do marketing. As marcas já sabem disso, mas não existe uma clareza de como fazer. É evidente a corrida atual das empresas na adoção de uma estratégia diferenciada para lidar com a Geração Y. Quem está no poder são eles, não mais as organizações.


Disponível em http://www.meioemensagem.com.br/home/marketing/ponto_de_vista/2013/08/29/Geracao-Y-nao-acredita-em-publicidade.html?utm_campaign=ponto_de_vista_fb&utm_source=facebook&utm_medium=facebook. Acesso em 09 fev 2014.

domingo, 5 de janeiro de 2014

O novo significado do marketing e o futuro do branded content

Patricia Weiss
02 jan 2014
Há pelo menos uns 12 anos, um sábio inglês, muito respeitado e admirado até hoje, disse: “No futuro, o comercial de TV ainda terá uma importância fundamental, o entretenimento será parte do produto. Se o produto não for comunicado nos entretendo, ele não nos interessará. Não é o fim do comercial tradicional, se ele nos entreter. Será o fim de qualquer coisa se não nos entreter.”

Estamos vivendo hoje com o máximo de intensidade, aceleração, e natural despreparo, a realidade da potente intersecção entre o marketing, a publicidade e o entretenimento. Principalmente em 2013, que representou o ápice desse encontro de territórios, da inevitável convergência, que há décadas é realidade fora do Brasil.

Ao mesmo tempo, nunca foi tão difícil identificar o que é advertising que entretém e o que é branded entertainment e branded content, sem falar de native advertising, brand publishing, brand newsroom, etc.

Por mais nebuloso que isso pareça, é um fato que ainda reverbera no Brasil como se fosse demorar para chegar em terras onde a coexistência da mídia tradicional com as novas mídias se mantém.

No mundo todo, o consumidor não é mais passivo; é coautor da ampla conversa social não linear - e altamente visual, que acontece ao redor dos conteúdos distribuídos pelo modelo tradicional de broadcast. Ele produz plenamente em uma cultura participativa e hiperconectada, vendo e interagindo com os acontecimentos e conteúdos, simultaneamente, na hora, ao vivo. E em tempo real.

Em 2013, vivemos um clímax da “era social” visual sem fronteiras, como uma versão atualizada da “Sociedade do Espetáculo”, preconizada no livro de Guy Debord em 1967: uma sociedade com abundância de informações, imagens, hiperconsumista. Regida pela lógica totalitária do “espetáculo”, onde a própria sociedade é o espetáculo, a relação social entre as pessoas é mediada por imagens, e vive em ritmo de espetáculo. O “parecer ser” vale mais do que “ser”, e o “parecer ter”, também.

É espetáculo porque tudo o que antes era vivido diretamente pelas pessoas, tornou-se hoje, uma espécie de representação. Natural então, o surgimento dos selfies.

Os microespetáculos representados por cada um de nós, em 140 caracteres, com fotos, grandes imagens e vídeos, muitos vídeos, circularam pelos palcos de 2013, ano em que o Vine e depois o Instagram, foram as vedetes das mídias sociais. Se 2012 foi o ano da foto, 2013 foi o ano do vídeo.

O contexto cultural mundial atual é um imenso desafio para as marcas, que precisam reinventar as antigas formas de conexão com o consumidor, modificar a gestão do ecossistema vital e do significado da marca. E o marketing deve reprogramar radicalmente o seu mindset, a forma de enxergar e atrair o consumidor, abandonando o pensamento convencional orientado à mídia e à quantidade, centrado no que a marca pode ou não prometer e oferecer ao mundo.

Há uma revolução criativa afetando a sociedade mundial; todos os setores estão sendo impactados. No mundo acadêmico, na educação, no mundo editorial, no showbiz do entretenimento, enfim, todas as indústrias estão em processo irreversível de mudanças. Mesmo que alguns não queiram assumir.

Essa revolução foi extremamente sentida e acentuada em 2013, e pode mudar o nome e o significado do marketing para sempre. Marketing agora se chama storytelling.

Hoje, a promessa de uma marca, seus valores, seus produtos, não interessam mais aos consumidores, se o rumo da história não mudar. O marketing deve contar e efetivamente realizar histórias que conectam as pessoas, como nunca antes.

Marcas agora devem ser, de forma amplificada, storytellers e storydoers.

A sociedade pós-moderna respira e transpira o futuro em todos os sentidos. A obsessiva necessidade humana de alcançar e viver no futuro se materializou.

Bem-vindo ao “presentismo”, onde o colapso das narrativas impera permeando a sociedade. Neste contexto de ampla dispersão da atenção humana e fragmentação da linguagem universal, as narrativas estruturadas, presentes no storytelling, histórias com começo, meio e fim que nos fazem mais humanos desde sempre, se estabelecem como um bálsamo.

As corporações devem contar histórias que sejam maiores que os seus produtos, com um conteúdo relevante, capaz de envolver, entreter e engajar o consumidor, sendo naturalmente compartilhado, porque conseguiu participar da tal conversa social que acontece ao redor das telas e dos conteúdos. A conversa humana que acontece entre as pessoas, na vida delas.

Histórias onde o protagonista e herói deve ser sempre o consumidor, e não a marca, fazendo sentido para a audiência, informando e transmitindo o significado e valor da marca, de forma sutil e adequada, sem forçar a venda de produto. Com o storytelling como a poderosa ferramenta de marketing da atualidade, as marcas podem concretizar uma conversa, uma experiência contagiante, um relacionamento com as pessoas, sem interromper a vida delas.

Colocando o storytelling no centro da estratégia da marca, não apenas em um evento, ou uma campanha. Aliás, perdendo a mentalidade de campanha, de peças, de plataformas. Porque não é assim que o ser humano se relaciona com os fatos.

E o mundo mudou, as pessoas mudaram e não querem nem campanha, nem promessas, nem histórias egocêntricas centradas na marca.

O sucesso de “Dove Real Beauty Sketches” materializa isso

A história mais vista, comentada e compartilhada do mundo ano passado (163 milhões de views em dois meses). Uma história criada pela Ogilvy Brasil - não uma campanha, caso você que lê aqui tenha cogitado mudar o nome.

Uma poderosa ideia e solução criativa que ajudou a humanizar mais a marca Dove e contagiou as pessoas por vários motivos: focou na audiência, como protagonista e heroína, tocou uma questão humana e relevante, reunindo na história o Consumer Insight e o Brand Truth, a verdade da marca, seu propósito. Com maestria, transferindo autenticidade, transparência e originalidade para o conteúdo.

O branded film de Dove mostrou a marca somente no final. Um case de sucesso que representa, como alguns outros mencionados abaixo, o quanto 2013 foi um ano único e, definitivamente, divisor de águas para um novo tempo, em que o entretenimento é a linguagem fundamental.

Como acontece com a marca mais bem-sucedida como storyteller e storydoer até hoje, Red Bull

Qualquer manifestação dessa marca é uma história que entretém. O produto funciona até como um canal de comunicação, uma mídia. O entretenimento faz parte da essência e alma dessa marca, da história consistente que conta e entrega.

Red Bull é muito mais que uma media company ou brand publisher, que publica conteúdos próprios e autênticos há tantos anos.

Red Bull é uma entertainment brand, uma marca de entretenimento, absolutamente coerente com a sua vocação, e profundamente sintonizada com a sua audiência, seu contexto e o que mais interessa a ela. Enquanto Red Bull entretém e dá asas à audiência, vende o produto.

Reinterpretando e reinventando o significado da marca e o “território” de atuação do negócio

A Coca-Cola redimensionou seu propósito e papel na vida das pessoas indo além da categoria de bebidas, da indústria em que atua, fortalecendo a reputação da marca.

O negócio da Coca-Cola hoje é story factory, em vez de beverages factory. Muito mais do que gerenciar seus produtos, a sua marca, ela compartilha histórias humanas interessantes que aproximam as pessoas mais distantes.
Histórias criadas para as pessoas participarem e colaborarem, abrindo mão do controle sobre o quanto aquele potente conteúdo pode afetar e contagiar o ser humano no Brasil, na Índia, no Paquistão.

Afinal, que história é essa de “contar histórias”?

Um fato tem 20 vezes mais chance de ser lembrado, se estiver ancorado em uma história. A arte de contar histórias é presente na vida do ser humano desde o seu nascimento. Histórias têm o poder de capturar e reter a nossa atenção, transmitindo conhecimento, valores e conceitos desde o berço, literalmente.

Somos naturalmente acostumados e ávidos por histórias. Em todo o mundo é assim. Sempre foi e será porque é cientificamente comprovado. Storytelling, a arte de contar histórias, pertence somente ao universo humano.

Quando “sonhamos acordados” durante o dia, a nossa imaginação e fantasia fluem como história. Quando sonhamos enquanto dormimos, acontece também em formato de história, com direitos inconscientes a um enredo com vários personagens, antagonistas (porque o protagonista, na maioria das vezes, somos nós), começo, meio e fim, desafios, derrotas, vitórias, embates, clímax – pelo menos um – e superação. Uma verdadeira jornada do herói, como nos contou Joseph Campbell.

Sem falar que acordamos com uma forte sensação de que estávamos realmente em um filme ficcional.

Grandes histórias são compartilhadas porque são interessantes. Quando conectam, são viralizadas. Podem contagiar o ser humano “infectando” mentes com ideias.

Como contou o autor do livro “The Storytelling Animal – How stories make us human”, de Jonathan Gottschall, em 2012.

Somos infectados quando nos transportamos emocionalmente, através daquele universo, nos perdendo imersos na história contada, e logo depois, nos reencontrando, mas impregnados por ela.

No mundo corporativo, as histórias funcionam como um eficiente “veículo” de mensagens que podem nos infectar, derrubando nossas defesas e resistências ao que é comercial, a nossa imunidade intelectual e emocional.

O storytelling foi o grande tema em 2013, reconhecido e aplicado no mundo, como uma poderosa ferramenta vital para o negócio. O novo marketing se chama storytelling.

A verdadeira beleza interior não precisa ser evidente, e nem excessiva, no branded entertainment

As marcas Intel e Toshiba deram aula em 2013 sobre como respeitar o território do entretenimento, sem intrusão, por meio do imenso talento para contar histórias da agência americana Pereira & O’Dell (responsável também pela criação das emocionantes histórias de Skype), comandada pelo brasileiro PJ Pereira.

A história ficcional do protagonista Alex rompeu de vez com as fronteiras da publicidade e do entretenimento. Tanto que até um merecido Emmy Award ela ganhou. Totalmente centrada na audiência. Contemporânea, universal, social e participativa, um verdadeiro case de transmedia storytteling. “The Beauty Inside” não era uma campanha. Humanizou as duas marcas e conversou com as pessoas.

Nem todo conteúdo é rei

Com a crescente e definitiva força da social web em 2013, incorporar storytelling e planejamento ao content marketing será mandatório em 2014. Uma das questões mais em pauta no ano que passou, mundo afora, foi a urgente necessidade do content marketing se tornar mais estratégico, útil, qualificado e personalizado.

Em tempos de conversa social visual, com a crescente produção e consumo de video content, o risco de criar ruído e “poluir” com conteúdos pouco relevantes e focados na marca é enorme. Atenção total porque esse tipo de poluição pode ser tão intrusiva e ineficiente quanto um tradicional filme de 30’’, que interrompe a programação da TV, incomodando a audiência, com exposição excessiva de produto.

Não é todo branded content que tem história e funciona. Por isso, o branded content em 2014 deverá ser muito mais estratégico e incorporar de vez o storytelling.

Hoje, o conteúdo só é rei se contar uma história que conecta e cria conversa colaborativa, nada impositiva, com o protagonismo da audiência e o entretenimento como linguagem.

Em 2014, o brand publishing ganhará maior dimensão, visto que as marcas investirão cada vez mais em desenvolvimento de conteúdo próprio e original, gerando mais parcerias com os publishers impressos e online. Ouviremos falar de outros content studios - como a Vice montou para atender a demanda das marcas, que desenvolverão seus conteúdos com maior independência, através também de estruturas internas no marketing (in-house).

Teremos uma mesma sensação em 2014: ainda não sabemos identificar quando a história contada é uma publicidade que entretém e quando é um branded content. Isso não é um problema. Pelo contrário. Os filmes da campanha de Dodge Durango, os da campanha de Old Spice, o elástico filme com Van Damme para Volvo, seriam filmes publicitários compondo uma campanha. Como são filmes de publicidade que entretém enquanto vendem produtos, são vídeos vencedores, distribuídos e compartilhados na internet. Os cases emocionantes de Chipotle, da agência CAA, e “Dumb ways to die”, da McCann Melbourne, contam histórias contagiantes que nos entretém enquanto transmitem uma mensagem e o propósito das marcas/anunciantes.

Na verdade, a fronteira que separa a publicidade do branded content é bem mais real e forte nas nossas cabeças, no nosso mindset de publicitários e anunciantes. O que importa é se criamos uma relevante história que realmente conectará e construirá conversa com a audiência.

Por onde começar a história?

Comece sempre pela audiência. Não pela marca. Tenha a história no coração de todas as manifestações da marca. Evite o branded content “too branded”. Não force com a marca, nem com a venda de produto. Fuja da intrusão. Como o consumidor faz.

Porque as palavras envolvimento e engajamento substituíram de vez as palavras interrupção e intrusão. A linguagem é o entretenimento. O meio é a história. O fim? A conversa, o relacionamento.

Sir John Hegarty, criativo e um dos fundadores da agência BBH, estava coberto de razão. It’s all about entertainment.

Disponível em http://www.meioemensagem.com.br/home/comunicacao/ponto_de_vista/2014/01/02/O-novo-significado-do-marketing-e-o-futuro-do-branded-content?utm_campaign=mkt_branded&utm_source=facebook&utm_medium=facebook#ixzz2pGnjr8xu. Acesso em 02 jan 2014.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Existe vida fora do engajamento?

Jean Scatamachia
29 oct 2013
Estive em Londres nos últimos dias para visitar a Cross Media Live, uma feira concebida para que as empresas que prestam serviços de marketing, comunicação e mídia possam mostrar aos anunciantes e agências as novidades que criam e desenvolvem nas mais diversas áreas.

Durante os dois dias, só se falou de conteúdo e da sua importância neste novo mundo em que a informação corre mais rápido do que a velocidade da luz. Porém, o que mais me chamou a atenção, tanto nos estandes quanto nos seminários, é que todos, em algum momento, asseguram que ninguém sobreviverá sem engajar a audiência.

Sei que este conceito já é bastante difundido e comentado no Brasil e a maior prova foi o recente buzz gerado em torno do casamento do Twitter com a TV aberta. Só que, aqui, eles já estão indo mais fundo. Debatem o tempo todo sobre maneiras de unir plataformas não só para agregar audiência e criar maior efetividade para as campanhas, mas também para fazer com que o público participe constantemente desse processo.

Criaram até o MultiChannelMachine, um software capaz de criar soluções multimídia para personalizar, automatizar e integrar plataformas de mídia buscando o engajamento. E não param de repetir esta frase: “managed service for personalized, automated and integrated cross-media engagement”.

Entre todos, o discurso de um húngaro radicado há 20 anos em Londres foi o que mais me intrigou, apesar de ainda estar muito longe de me convencer. Ele defende que nenhuma plataforma de comunicação, sejam as tradicionais analógicas ou as digitais mais recentes, sobreviverá se não democratizar praticamente 100% do seu conteúdo.

Segundo ele, as redes sociais mudaram o comportamento de todos se relacionarem com a mídia e, por mais que muitos ainda tenham dúvidas, inclusive eu, as novas gerações, que têm tanta informação disponível, só buscam as notícias e as opiniões superficiais dos seus grupos e das suas tribos.

Ele finaliza o papo comigo dizendo que as notícias tradicionais e os artigos mais aprofundados, que abordam temas amplos e globais, morrerão em breve. Em menos de dez anos, sentencia.

Começo a achar que esse conceito está se espalhando lentamente pela Europa, inclusive numa tentativa clara de salvar alguns canais e alguns meios. Na Itália, começam a surgir estações de rádio com cerca de 70% ou 80% do seu tempo de arte dedicados aos ouvintes. Já ouvi uma estação em que o slogan é algo como ‘aqui a única voz é a sua’.

Além disso, não vejo mais nenhum veículo não se apoiar na já famosa “segunda tela” ou ter programas ou grandes espaços dedicados à fusão com redes sociais, mobile e outras mídias. Algumas delas de formas muito criativas e efetivas, ainda não exploradas no Brasil.

Mas isso pode ser tema para um próximo artigo. Agora, me despeço com uma provocação.

Aqui ainda há cidades com menos de 400 mil habitantes e com nove títulos de jornais diários, como é o caso de Bolonha. E no Brasil, onde a esmagadora maioria não tem o menor hábito de ler ou até mesmo de assistir a um programa cultural e educativo? E quando chegar o momento em que quase toda a população tiver acesso à internet e às redes sociais? O que será do nosso futuro em relação ao conteúdo dos meios de massa? Muitos se renderão a esse conteúdo 100% produzido por quem ouve, assiste ou lê para sobreviver?

Disponível em http://www.meioemensagem.com.br/home/midia/ponto_de_vista/2013/10/29/Existe-vida-fora-do-engajamento?utm_campaign=engajamento_vida&utm_source=facebook&utm_medium=facebook. Acesso em 19 dez 2013.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Geomarketing: estratégia e realidade

Valmir Mondejar,
20 de novembro de 2013
Concretamente, os problemas mais frequentes que podem ser tratados graças às técnicas do geomarketing são:

•    Segmentação e marketing direto: para um gestor de uma loja, a distribuição de um folheto promocional tem sido uma das principais formas de comunicar aos clientes suas promoções. A possibilidade de publicidade nos meios televisivos mudou o jogo para as marcas, mas não para o comércio de mais próximo ao consumidor em bairros mais distantes,

•    Validação de posicionamento: para aperfeiçoar o ROI de pontos de venda, de equipe de vendas ou representantes comerciais ou de seus centros de distribuição,

•   Construção e conhecimento dos fluxos e pontos de venda, estimando seus potenciais: trata-se de uma análise previa visando descrever e melhor compreender a região, de onde vêm os produtos e clientes. As ferramentas de geomarketing permitem recomendar onde construir, por exemplo, um novo centro de distribuição considerando o potencial de vendas, evolução sócio demográfica, perfil de compras, etc.

•     Definição da vocação de um centro de distribuição: o objetivo aqui é adaptar a oferta a propor a um ponto de venda em função de todas as componentes de seu ambiente (natureza e poder da concorrência, perfil da clientela potencial, características internas do ponto de venda). As analise de geomarketing permitem fornecer todos os elementos de observação das especificidades dos pontos de venda, a fim de adaptar individualmente ou por segmento de pontos de venda a oferta às realidades locais.

•      Otimização da rede e do esquema diretor de desenvolvimento: determinar as regiões a maior potencial de desenvolvimento, reconhecer as regiões já saturadas, quantificar as perspectivas de desenvolvimento e hierarquiza-las, identificar localmente as localizações de maior potencial.

É possível afirmar que se trata de uma atividade profissional que demanda forte tecnicidade, permitindo confrontar questões altamente estratégicas, mas também muito fundamentada na realidade (todos os modelos construídos são de fato muito rapidamente avaliados com base nos resultados de campo), e que proporcionam projetos e carreiras muito atraentes. Quem se habilita?


Disponível em http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/geomarketing-estrategia-e-realidade/74246/. Acesso em 24 nov 2013

sábado, 16 de novembro de 2013

Como a semiótica contribui para as transformações do marketing

Lilian Calmon
13/11/2013
A semiótica tem papel fundamental para a compreensão das transformações pela qual o Marketing está passando. Com o ambiente em rede e as mídias sociais, a relação do consumidor com a marca não é mais única. Ela faz parte de diferentes relacionamentos das pessoas e, por isso, é importante entender os mecanismos sociais que desenham os significados conferidos pelas pessoas. Atualmente, tudo é proclamado novo sem necessariamente carregar alguma novidade.

O estudo da semiótica como ferramenta para entender as transformações do Marketing é a proposta do livro “A Inovação em Discursos Publicitários – comunicação, semiótica e marketing” escrito por João Ciaco, Diretor de Publicidade e Marketing de Relacionamento da Fiat Automóveis para o Brasil e América Latina, e publicado pela Estação das Letras e Cores. Com 20 anos de trabalho na área, ele escolheu voltar ao doutorado na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) para dar conta das suas inquietações diante de um mundo cada vez mais fragmentado. Ciaco foi buscar o sentido disso na construção de produtos, marcas e estratégias de Marketing.

Na obra, são abordadas as etapas do processo semiótico que constroem o discurso da novidade a partir de elementos textuais, imagéticos e gráficos da comunicação contemporânea de automóveis. “Os carros são novos todos os anos e, no fundo, eles mudam muito pouco. A essência não muda. São discursos para demarcar o tempo hoje, que é esse momento que todos nós conhecemos. Qual é o sentido desse novo que está tão presente em nosso dia a dia?”, questiona João Ciaco, Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, Diretor de Publicidade e Marketing de Relacionamento da Fiat Automóveis para o Brasil e América Latina e Presidente da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), em entrevista ao Mundo do Marketing. Veja a entrevista completa.

Mundo do Marketing: O livro é fruto da sua tese de doutorado. Como foi a volta à academia?
João Ciaco: Na verdade, o mais importante é que com 20 anos de trabalho na área de Marketing, voltei para o doutorado, porque percebi que os instrumentos que temos disponíveis não conseguem dar conta dessa realidade e das transformações do novo consumidor e das novas mídias. Há uma série de elementos que faz com que precisemos de novas ferramentas para fazer melhor aquilo que já fazemos.

Meu trabalho de doutorado não é de afastamento do Marketing em direção à semiótica. Pelo contrário, é um aprofundamento através de instrumentos novos que ajudam a dar conta dela como elemento agregador. Talvez a essência disso seja a própria gestão dos elementos de sentido da marca e das ferramentas novas. A semiótica é uma ciência da significação que consegue fazer isso. O estudo a partir dela nos ajuda a dar conta da marca no universo pós-moderno e contemporâneo.

Mundo do Marketing: Que transformações no Marketing você vê hoje?
João Ciaco: Com o ambiente em rede e as mídias sociais, a marca vai perdendo força gradativamente. Não existe mais a relação entre ela e o consumidor unicamente. Ela faz parte de diferentes relacionamentos das pessoas. Então, é importante entender os mecanismos sociais que desenham os significados conferidos pelas pessoas. A semiótica é uma metodologia que dá conta disso. Agregá-la ao fazer do Marketing enriquece o conhecimento em relação ao consumidor.

Mundo do Marketing: Você diz que há um culto ao novo nos discursos publicitários. O que quer dizer?
João Ciaco: Tudo é proclamado novo sem necessariamente carregar alguma novidade.

Os automóveis são novos todos os anos, quando são relançados e, no fundo, mudam muito pouco. A essência do produto não muda. O que fui buscar é o sentido que esse discurso do novo traz para a construção de marcas, produtos e estratégias de Marketing.

Não estou estudando metodologia de inovação. Não é um livro de engenharia. É um trabalho que vai ajudar a entender como se constrói o discurso do novo no reposicionamento de imagem, no desenho de atributos, na valorização de determinados aspectos em detrimento de outros. A minha pergunta é qual o sentido desse novo que está tão presente em nosso dia a dia.

Mundo do Marketing: Isso é algo recente?
João Ciaco: No mundo contemporâneo, o novo é destituído de sentido. Ele é tão repetitivo e presente, que passa a não ter significado. Talvez seja muito mais um demarcador do tempo para mostrar que está acontecendo agora do que um elemento de transformação. O novo só denota que é algo extremamente atual, sem necessariamente carregar qualquer valor de inovação, de ruptura ou de quebra com o que existia anteriormente.

Para as empresas, é mais importante trabalhar essa construção do discurso do que se voltar para uma estratégia de engenharia. É mais interessante essa percepção social, cultural, antropológica ou semiótica de inovação do que efetivamente se valer de coisas novas. Faz mais sentido se proclamar novo e demarcar a novidade do que efetivamente ter que prová-la. Meu trabalho é baseado na publicidade, da comunicação. O livro fala etapa por etapa do processo semiótico para essa construção a partir de elementos textuais, imagéticos e gráficos. Com isso, vai decupando como a inovação é construída do ponto de vista do discurso na comunicação contemporânea de automóveis e que sentido ela terá no fim.

Mundo do Marketing: Você pode mencionar algum exemplo estudado na tese?
João Ciaco: Na verdade, não é um caso só: a análise é mais ampla. O sentido maior é o automóvel, que todo ano se diz novo, mas não ter nada diferente de 2013 para 2014. Pode ter uma coisinha ou outra de novidade. O livro, apesar de acadêmico e voltado para os estudantes de comunicação, interessará as pessoas que trabalham com Marketing e que talvez tenham as mesmas inquietações que tive para fazer o doutorado. Acho que a obra ajuda a responder alguns anseios e angústias que vivi, porque tem a ver com o dia a dia do Marketing.

Mundo do Marketing: O IX Fórum Internacional de Mídia da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) realizado na semana passa teve como tema “Tempos de evolução ou de revolução?”. Quais são os desafios atuais?
João Ciaco: O Fórum é um evento anual que reúne anunciantes para compartilhar desafios. Um deles é como a mídia é gerida num mundo tão fragmentado, onde a definição dela é muito mais do consumidor do que do emissor da marca. Como é consumir nesse universo em que as amarras que fazem sentido no que falamos são feitas pelo consumidor e não por nós? Como é tratar o poder da marca quando ela já não o tem mais? Como é criar relevância nesse universo? Como pensar a fragmentação das mídias e como fazer a gestão desses meios se há tantas opções para compra? Tanto os anunciantes quanto as agências e os próprios veículos estão procurando entender quais são as melhores práticas.

Mundo do Marketing: Em relação à produção de conteúdo, o que você destacaria?
João Ciaco: Temos que despertar no consumidor não mais a audiência, mas a atenção. Ele escolhe o que vai ver, em qual mídia e em que hora.  Ou seja, a decisão está nas mãos dele. Se não criar conteúdo relevante, a marca passará totalmente despercebida. A criação de conteúdo talvez seja uma das formas mais eficazes para fazer com que os olhos das pessoas se voltem para o que estamos produzindo. Por isso, as empresas estão tão preocupadas com este tema.


Disponível em http://www.mundodomarketing.com.br/entrevistas/29224/como-a-semiotica-contribui-para-as-transformacoes-do-marketing.html. Acesso em 13 nov 2013.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Quer entender o consumo? Estude a cultura!

Marcos Hiller
23 de outubro de 2013
Só no Brasil fogão tem tampa. No sul do Brasil, uma parcela da população come pizza com maionese. No Rio de Janeiro, se tem o hábito de colocar catchup na pizza. Peça catchup numa pizzaria tradicional da cidade de São Paulo para você ver a olhada de repressão que o garçom te dará. Em algumas regiões do Nordeste se tem o costume de comer catchup no meio do feijão com arroz. Só no Brasil, alguns carros modelo SUV, como a EcoSport, por exemplo, possuem aquele pneu do step afixado na traseira do veículo à mostra para os demais motoristas da rua verem e, geralmente, envolvidos com capas estilizadas ou até personalizadas.

Só no Brasil máquina de lavar tem a abertura na parte superior e, geralmente com tampa de vidro, para a dona de casa brasileira poder ver a roupa revirando pra lá e pra cá, limpando e lavando. Há quem diga que uma parcela de pessoas que usam dentadura no estado de Mato Grosso do Sul tem o costume de colocar aparelho dentário na dentadura, justamente para que o fato de possuir aparelho tente negar a existência de uma prótese dentária. No Brasil, a cor do luto é o preto e no Japão a cor do luto é o branco (vi isso outro dia numa cena de funeral em um dos filmes do Bruce Lee).

Todos esses fatos, por mais esquisitos e até mesmo pitorescos que possam parecer, se dão fortemente por conta de um elemento chamado cultura. Estudar marketing, comunicação, branding e práticas do consumo em geral nos requer cada vez mais, na contemporaneidade, que compreendamos a cultura do consumidor. E o que é a cultura? Nada mais é do que esse acervo de conhecimentos que modela e modula boa parte das relações entre as pessoas. Cultura é aquele elemento central formado por uma mistura de questões sociais, econômicas, políticas de um determinado grupo.

É na cultura onde encontramos as respostas mais profundas para desafios e dilemas do processo de marketing hoje em dia. Ferramentas mercadológicas, teoremas de Paretto, cinco forças de Porter, teorias de estratégia competitiva, os exaustivos quatro “pês” de marketing, entre outros modelos são fundamentais para entender os processos de marketing e consumo em dia? Acho que sim. Mas quer compreender um pouco mais a fundo as verdadeiras motivações, desejos e comportamentos das pessoas? Vá estudar a cultura. Tire o snorkel e coloque o tubo de oxigênio. Mergulhe. E nada melhor do que se ancorar em outras áreas do conhecimento.

Vamos com outro exemplo! Recentemente um amigo que trabalha na área de pesquisa de mercado da Kibon/Unilever me disse que fizeram algumas seções de pesquisa, por meio da técnica de grupo focal (ou focus group, como habitualmente se fala no mercado), com grupos de crianças para se detectar novas cores de picolé que a Kibon deveria lançar no Brasil. E após as discussões com a criançada, quais foram as cores preferidas? Rosa? Laranja? Vermelho? Verde? Amarelo? Azul? Quem respondeu alguma dessas, errou. A cor favorita da molecada foi o preto. Sim, um picolé de cor preta. Absolutamente imprevisível e inusitado. E se lançarmos um picolé preto seria um tremendo sucesso? Eu não apostaria nisso. E justamente por isso que esse negócio chamado pesquisa é tão fascinante.

Mas por que o preto? Confesso que não sei a razão exata. Precisaria me aprofundar um pouco mais para encontrar respostas críveis. Mas acredito que a razão do porquê o preto foi a cor vencedora não esteja no marketing, mas sim na antropologia, na sociologia, na psicologia, na semiótica. No chamado Neuromarketing talvez? Eu acho que também não. Aliás, não quero soar como uma percepção leviana, mas eu acho que misturar Marketing com Medicina é forçar um pouco a barra. Pra mim, mergulhar nas ciências sociais e ler autores como Nestor Garcia Canclini, Jesus Martín Barbero, Gilles Lipovetsky, Gisela Castro, Rose de Melo Rocha e Maria Aparecida Baccega tem me dado respostas bastante lúcidas para todos esses dilemas e complexidades das relações entre pessoas e marcas. Aliás, estudar mais a fundo o porquê de o preto ter sido a cor favorita das crianças na pesquisa talvez nos traga evidências sobre por que a meninas piram hoje em dia nessas bonecas vestidas de vampiras e monstros. Isso particularmente me inquieta.

Muito de minha visão nesse despretensioso texto é fruto de um curso de mestrado que estou para concluir hoje na ESPM/SP na área de comunicação e práticas do consumo. Estudamos o consumo não como consumismo, não como uma mera relação de troca entre bens e valores monetários. Discutimos o consumo não à luz de teorias clássicas de comportamento do consumidor, como a de Abraham Maslow e tantos outros. Pensamos o consumo como uma apropriação social, sinérgica e simbólica. Consumir hoje em dia é estar na sociedade. Consumir é se inscrever em algo. Consumimos o tempo todo, desde um maço de cigarros que compramos na esquina até mesmo uma lata de Coca-Cola que seguramos na mão ou uma telenovela a que assistimos. Consumimos sempre. Negar o consumo é negar que vivemos em sociedade.

Ah, por que diabos só no Brasil fogão tem tampa? Oras, por conta de uma questão cultural. Mais que isso: para a dona de casa brasileira, e só para a brasileira, por mais que a cozinha não esteja com aquele brilho impecável, o ato sígnico de se abaixar uma tampa de fogão significa: “Pronto! Missão cumprida! Posso curtir minha novela e meu maridão”.


Disponível em http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/quer-entender-o-consumo-estude-a-cultura/73788/. Acesso em 29 out 2013.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Geomarketing: suas múltiplas aplicações

Valmir Mondejar
29 de outubro de 2013
As questões estratégicas e econômicas ligadas ao geomarketing fazem parte de um setor da atividade pouco sensível a crises econômicas e promete um forte desenvolvimento.

Dentre as especialidades das várias atividades do marketing, o geomarketing particularmente, é provavelmente uma das atividades mais consumidoras de métodos estatísticos sofisticados e poderá constituir um verdadeiro viveiro de oportunidades e de carreiras.

O geomarketing é uma ferramenta de ajuda à tomada de decisão permitindo aperfeiçoar as estratégias de desenvolvimento das redes comerciais, em particular às redes de venda, de logística/distribuição.

De uma forma geral, o geomarketing se apoia sobre três componentes:
  • A tecnologia, na medida em que ela permite não somente a representação gráfica da informação, mas também na sua capacidade de acessar, explorar e difundir as bases de dados sempre mais ricas e complexas,
  • Os dados, aqueles oficiais ou derivados daqueles dados internos específicos de uma atividade ou mercado,
  • Os métodos quantitativos, tendo como objetivo alimentar a reflexão graças a uma melhor exploração dos dados e das informações disponíveis, estimando principalmente as consequências das diferentes evoluções de um ambiente.

Tradicionalmente, os quatro setores mais consumidores do geomarketing são as grandes redes de alimentos (hipermercados, supermercados, lojas de descontos) e as grandes redes de distribuição de produtos generalizados (do it yourself, mobiliário, cultura, esporte), bancos e empresas de seguro.

Dentro destas empresas, os interlocutores são muitos, desde o diretor de supply chain, que deve aperfeiçoar sua comunicação local, onde do candidato à abertura de um ponto de venda (varejo) que desejaria validar seu posicionamento, até o diretor de desenvolvimento de uma rede que procura aperfeiçoar seu desempenho de seus pontos de vendas ou à direção geral que quer estabelecer um programa de desenvolvimento com horizonte de cinco anos.

E por ser tão abrangente e por apresentar enormes possibilidades, é um tema que merece ser descoberto e aprofundado.


Disponível em http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/geomarketing-suas-multiplas-aplicacoes/73860/. Acesso em 29 out 2013.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Com 2,53%, e-mail marketing possui a melhor taxa de conversão

Gouvêa de Souza
22 Out 2013
 
Trazer um panorama sobre o impacto das principais ações de marketing digital no comércio eletrônico brasileiro foi o objetivo do estudo inédito da Serasa Experian sobre Performance nos Canais Digitais, que apontou o ciclo do e-mail dentro do segmento.

Realizada com cerca de mil empresas, 90% disseram investir em ações de e-mail marketing. A principal utilidade do canal para os 45% dos entrevistados é o aumento da receita com vendas, enquanto 17% o enxergam como um canal digital eficiente na busca de aumento do tráfego de usuário ao website. Ainda, 16% dos entrevistados acreditam que este canal traz resultados como geração dos leads e outros 13% acreditam que e-mail marketing pode ser usado para aumentar a exposição da marca online. Por fim, apenas 5% das empresas acreditam que este médio de comunicação digital pode aumentar as receitas com vendas.

Além disso, 65% dos entrevistados afirmaram que o e-mail marketing está gerando ROI (retorno de investimento) e que continuarão investindo ou aumentarão o investimento. Além disso, outros 17% afirmam que vão investir no canal porque acreditam que ele gerará ROI.

Já na participação efetiva do e-mail marketing dentro do e-commerce, em que foi monitorado o comportamento de cerca de 500 mil e-consumidores em todo o país, a representatividade do canal no tráfego total é de 9,39% e a participação na conversão total é de 14,14%. A taxa de conversão do canal fica em 2,53%.

“Apesar de menos representativo no volume total de vendas, o canal e-mail apresentou a melhor taxa de conversão em vendas entre os canais digitais. Isto ocorre porque este canal já vem sendo utilizado há muitos anos pelos profissionais de marketing que vêm desenvolvendo e aperfeiçoando diversas técnicas para maximizar o relacionamento com seus clientes”, afirma Juliana Azuma, superintendente de Marketing Services da Serasa Experian.

A pesquisa completa pode ser encontrada no Slide Share da Virtual Target:
http://www.slideshare.net/VirtualTarget/

Disponível em http://www.gsmd.com.br/pt/noticias/varejo-digital/com-253-e-mail-marketing-possui-a-melhor-taxa-de-conversao. Acesso em 24 out 2013.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Tweets podem revelar sua personalidade

Olhar Digital
14/10/2013              
A IBM desenvolveu um sistema capaz de traçar a personalidade de uma pessoa com base em um punhado de tweets enviados por ela. Com isso, anunciantes poderiam economizar muito dinheiro e ainda conseguir informações mais precisas de possíveis clientes.

Só no ano passado foram investidos US$ 170 bilhões com envio de e-mails marketing que apresentaram apenas 0,1% de efetividade. A maioria não acertou o alvo porque empresas estão tentando entender os consumidores estudando demografia (sexo, idade, local, classe social etc.)

Em entrevista ao VentureBeat, a pesquisadora Michelle Zhou, da IBM, explicou que há muita diferença entre estudar o perfil de uma pessoa e entender quem ela é. A Amazon é um bom exemplo, pois entendeu que um internauta lê algo ou compra algo; uma coisa não precisa estar ligada à outra. O Google também faz um bom trabalho nesse sentido.

"Essas características intrínsecas incluem o que te motiva, em que você acredita, suas necessidades fundamentais", disse ela. Pensando assim, é difícil conhecer uma pessoa sem fazer um teste psicológico. Ela comenta que você não pode abordar um cliente e pedir permissão para estudá-lo na porta da loja, mas com seus tweets públicos isso é possível.

A combinação de palavras é o que faz com que se saiba mais sobre a pessoa. Um idealista, por exemplo, está mais propenso a comprar comida orgânica. A felicidade e a depressão geram palavras diferentes, mostrando que a pessoa varia em cada situação, então não adiantaria tratá-la sempre da mesma forma.

Mesmo com a descoberta da IBM, a precisão é de apenas 10%, mas eles só precisam de 200 tweets - algo entre 2,5 mil e 3 mil palavras - para chegar a perfis mais fiéis dos internautas do que os métodos atuais.


Disponível em http://olhardigital.uol.com.br/noticia/tweets-podem-revelar-sua-personalidade/38231. Acesso em 15 out 2013.