Brasil já é o segundo país do
mundo em número de lançamentos de produtos. Devido à queda no número de
lançamentos em diversos países do mundo desde o início da crise no último
trimestre, o Brasil passou do sexto para o segundo lugar em janeiro deste ano
em quantidade de produtos lançados, ultrapassando o Reino Unido, o Japão, a
França e a China. Em primeiro lugar mantêm-se os Estados Unidos, apesar de
também apresentar uma queda.
Mesmo seguindo um ritmo de
lançamentos igual de 2007 até outubro, o número de novos produtos em
todo o mundo no ano de 2008 sofreu uma queda de 5% no acumulado do ano. Esse é
o resultado de um estudo realizado pelo Laboratório de Monitoramento Global de
Embalagem da ESPM com a ferramenta Global New Product Database do instituto de
pesquisa americano Mintel, que cataloga cerca de 80% dos lançamentos em
supermercados de todo o mundo.
Foram 231,2 mil produtos lançados
no ano passado, contra 242,7 mil em 2007. A média foi de 19.272 lançamentos por
mês – contra 20.231 no ano passado. Em janeiro de 2009, foram lançados 18.338
produtos contra 22.484 no mesmo período do ano passado, representando uma queda
de 18,5%. “Essa estória de que o Brasil foi menos atingido pela crise econômica
do que outros países é verdade no que se refere a lançamentos de produtos”, diz
Fábio Mestriner, Coordenador Acadêmico de Pós-Graduação do Núcleo de Estudos de
Embalagem, responsável pela pesquisa.
Cosméticos continuam liderando lançamentos
O maior destaque nas categorias de produtos ainda são os cosméticos, responsáveis por 16% do total lançamentos em todo o mundo. O Brasil é um dos responsáveis por esse alto número, com seu mercado ultrapassando o japonês em 2008, após também passar à frente da França em 2007 e ficando agora atrás apenas dos Estados Unidos.
“A mulher é responsável por esse
aumento a medida que ganha mais importância na sociedade, como maior
participação no mercado de trabalho e também na decisão de compra”, explica
Mestriner em entrevista ao Mundo do Marketing. Os produtos para os lábios,
pescoço, olhos e corpo são o que concentram o maior número de lançamento em
todo o mundo. No Brasil, no entanto, a maioria são de produtos para cabelos.
Entre os países que mais lançaram
produtos no ano passado, o destaque fica para o Brasil, que passou do sétimo
lugar em número de lançamentos em 2007 para o sexto lugar no acumulado do ano,
por conta da queda sofrida pelos países norte-americanos e europeus. A China
também está entre os cinco primeiros na quinta posição. Segundo Mestriner, dos
dois outros países emergentes do chamado grupo BRIC, a Índia não entra ainda na
lista por não ter um varejo concentrado em supermercados, tipo de
ponto-de-venda onde é realizada a pesquisa. Já a Rússia encontra-se em
dificuldade por conta da recessão econômica que enfrenta no momento.
Número de lançamentos em 2009 foi ainda
menor
O posicionamento mais adotado nos produtos lançados foi o “natural”, tendência que vem se reforçando nos últimos anos à medida que o debate sobre sustentabilidade e qualidade de vida cresce. O produto de marca própria é outro que se destacou nesse cenário de crise. Representando 16% dos produtos lançados em 2008 em todo o mundo, em janeiro deste ano passou para 21%. “É um ajuste à crise. Com a restrição de recursos, os consumidores estão se voltando mais às marcas próprias e os varejistas estão correspondendo”, explica Mestriner.
O tipo de embalagem mais lançado
em todo o mundo foi a embalagem flexível (18%), ultrapassando ligeiramente,
pela primeira vez, as garrafas (também 18%), devido a sua maior versatilidade
de formato, possibilitando atender diversas categorias de produtos. Já o tipo
de material mais utilizado ainda é o plástico (36%), por conta de sua
diversidade de composições e flexibilidade de apresentações. Em seguida, mas
muito atrás, está o vidro simples, com 6%.
Para 2009, a expectativa é que o
número de lançamentos seja ainda menor que em 2008 por conta da crise
econômica, que também deverá provocar uma mudança no tipo de produtos lançados.
“Vamos assistir a um ajuste das embalagens. Como os consumidores estarão mais
restritos financeiramente, a tendência é que categorias de produtos mais
baratos ascendam. A marca própria deve crescer por conta disso, assim como as
embalagens flexíveis, que são mais baratas que outros tipos de embalagem”, diz
o professor da ESPM. Segundo ele, a categoria dominante ainda será a de
cosméticos.