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sábado, 23 de novembro de 2013

Transformação social altera consumo cultural de domésticas

Agência USP
13 de novembro de 2013
Uma pesquisa feita pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP analisa modalidades do consumo cultural entre empregadas domésticas, o contexto socioeconômico nos quais elas se movem e a possível atitude reflexiva provocada por esses produtos culturais. Com base em pesquisa etnográfica realizada em São Paulo, a antropóloga Renata Mourão Macedo sugeriu a existência de três perfis de consumidoras culturais: “românticas”, “descoladas” e “evangélicas”, salientando a importância do rádio e da televisão no universo estudado. O estudo constatou também mudanças em relação ao status envolvido no consumo de bens culturais em decorrência de transformações sociais recentes.

Ao acompanhar com tais trabalhadoras os capítulos da novela “Cheias de Charme”, exibida em 2012 pela Rede Globo e protagonizada por três empregadas domésticas, Renata observou que elas tinham uma visão relativamente crítica dos papéis e dos enredos que as representavam. Segundo a antropóloga, se na década de 1970, as empregadas domésticas foram associadas ao consumo de músicas “bregas”, tanto que o cantor romântico Odair José ficou conhecido como “cantor de empregadas”, a pesquisa revelou alguns matizes em relação às preferências culturais dessas trabalhadoras.

De acordo com Renata, apesar das polêmicas diante das definições de classes trabalhadoras ou médias, é possível perceber um conjunto de mudanças sociais derivadas da aquisição de maiores rendimentos e do aumento do poder de consumo entre as camadas de menor poder aquisitivo no Brasil. “Em relação ao consumo cultural, também é possível perceber algumas diferenças, já que com o aumento da escolaridade as pessoas têm menos medo de usufruir de produtos culturais que antes lhe pareciam inacessíveis”, ressalta.

A pesquisadora afirma que também é possível verificar o maior acesso a certas práticas, como viagens e cinema, ainda que muitas das mulheres pesquisadas nunca tivessem ido ao cinema, por exemplo. “Na prática, as diferenças culturais internas ao grupo pesquisado ainda são pequenas, já que mesmo as trabalhadoras com ensino médio completo apresentam um grande distanciamento em relação a qualquer produto da cultura dominante, como literatura, cinema de autor, músicos mais ‘sofisticados’, etc”, destaca.

Perfis

Entre os perfis sugeridos pela pesquisa, as “românticas” seriam aquelas mulheres que têm preferência pelos bens culturais associados ao âmbito feminino e popular. “Ouvir músicas românticas, assistir a telenovelas açucaradas ou acompanhar no rádio programas de cartas são preferências comuns”, descreve Renata. “Assim, ser fã do cantor Amado Batista e do radialista Eli Correa [do programa “A Hora da Saudade”, na rádio Capital AM, em São Paulo] seriam emblemáticos desse perfil”.

As “descoladas” foram identificadas como aquelas trabalhadoras que, assim como a maioria das pessoas de classes médias e altas, não querem se associar aos bens característicos do perfil das “românticas”. “Ainda que o gosto por telenovelas e programas de auditório seja comum aos dois perfis, essas trabalhadoras agregam às suas preferências seriados norte-americanos ou músicas do cenário pop internacional, por exemplo”, conta a pesquisadora.

O terceiro perfil, chamado de “evangélicas”, seria formado por trabalhadoras muito dedicadas à vida religiosa. “Participaram da pesquisa algumas trabalhadoras ligadas às religiões pentecostais (como Assembleia de Deus) que não assistiam ou ouviam qualquer programa profano, nem no rádio nem na televisão”, aponta a antropóloga. “Ao contrário, suas preferências culturais eram exclusivamente cantores gospel, programas religiosos e a leitura da Bíblia”.

Ficção e Realidade

Durante o acompanhamento da novela “Cheias de Charme”, foram diversas as reflexões entre as empregadas domésticas de que a novela era legal e interessante por retratar o emprego doméstico — sempre tão desvalorizado —, mas era também uma “fantasia”, era “exagerada”. “A novela as retratava como mulheres lindas, que ascendem socialmente por meio de um grupo musical, as ‘empreguetes’”, observa a pesquisadora.

“Dialogando com o universo das fábulas, a trama era a expressão da Gata Borralheira que vira Cinderela, agora encarnada na trabalhadora da ‘nova classe média’, ou da ‘classe C’, afirma Renata. “Porém, as mulheres pesquisadas, mais do que ninguém, sabem que na realidade ser mulher, pobre, empregada doméstica, muitas vezes negra, migrante, moradora de regiões pobres da cidade, significa enfrentar uma série de estigmas sociais que as marcam negativamente e que pouco tem a ver com os desfechos dos contos de fadas”.

De acordo com Renata, as transformações na lei (PEC das domésticas), nas famílias empregadoras (que passam a respeitar um pouco mais a profissão) e nas pesquisas de mercado (que passam a levar esses trabalhadores em conta) contribuíram para reduzir a “desumanização” que tais profissionais enfrentaram no passado. “Entretanto, a desigualdade social se refaz por novos caminhos, revelando ainda existir uma série de contradições e estereótipos tantos nos discursos da mídia sobre empregadas domésticas, como entre as próprias trabalhadoras”, conclui. A pesquisa é descrita na dissertação de mestrado “Espelho mágico: empregadas domésticas, consumo e mídias”, orientada por Heloisa Buarque de Almeida, do Departamento de Antropologia da FFLCH.

Disponível em http://consumidormoderno.uol.com.br/comportamento/transformac-o-social-altera-consumo-cultural-de-domesticas. Acesso em 20 nov 2013.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Consumindo e valorizando consciência

Marcelo Brandão
22 de outubro de 2013
 
Entre valores tangíveis e intangíveis, hoje, a empresa que melhor apresentar um portfólio de produtos e serviços coeso e aderente a estes conceitos, facilmente ganhará a preferência do consumidor. Com o foco na “valorização de pessoas”, a Losango é uma dessas companhias que se destaca no segmento de crédito direto ao consumidor

Hoje, no momento de comprar um produto ou serviço o consumidor não se apega somente ao preço. Para uma empresa moderna e atenta, valores intangíveis, como transparência, relacionamento, bom atendimento tornarem-se novos condutores na busca pela satisfação e fidelização deste novo consumidor.

Seja em mercados maduros ou emergentes, a equação entre valores tangíveis e intangíveis já se misturam e, como resultado, a empresa que melhor apresentar um portfólio de produtos e serviços coeso e aderente a estes conceitos, facilmente ganhará a preferência do consumidor.

Para tanto, ela passa a ser não só mais um player no mercado, mas uma “empresa cidadã”, aquela que oferece excelência no atendimento, qualidade no seu produto ou serviço, um pós-venda ativo, investimento no social e, acima de tudo, transparência no relacionamento.

Cumprir leis e desenvolver ações de responsabilidade socioambiental já não basta. É preciso agregar valores humanos ao negócio. Gastos milionários com propaganda também já não convencem e já não são mais necessários. A mensagem deve ter um conteúdo inteligente, simples, direto  - e se possível, bem humorado. A valorização do produto pela propaganda deve ser moderna e aderente às expectativas plurais e estratificadas do novo consumidor. O contato diário, tão valorizado em outras épocas e em pequenos negócios, retorna através de novos canais e o valor entre organizações e clientes passa a ser trabalhado e reconstruído diariamente. É  através destes conceitos e com base no respeito ao consumidor, que percebemos um movimento crescente em corporações atentas, e uma nova mentalidade de consumo começa a ser desenhada - e por que não, de negócios.

Porém, mesmo com todas estas evidências, ainda sim há casos que legitimam o alto volume de reclamações em órgãos de defesa do consumidor, judiciário e simultaneamente nas redes sociais – novas janelas para o diálogo e reclamações.

Mas, onde estará o erro, ou a saída para algumas empresas? Como seus gestores enxergam e identificam o seu maior valor? Deve-se valorizar o volume de vendas – arcando com o seu ônus – ou é melhor estar à margem da competição predatória, de resultados a curto prazo, e como apontam alguns especialistas, começar a produzir e a construir valor de verdade?

No Brasil, assim como em mercados internacionais, temos estes dois exemplos de conduta de negócios, mas, indiscutivelmente, todos hoje estão preocupados com uma questão primordial: a sobrevivência neste meio. Para tanto, criar valores que vão além do menor preço tornou-se um processo irreversível e necessário para aqueles que buscam a longevidade em seus negócios.

Neste ponto chegamos a um coeficiente: a utilização da consciência. Sim, porque consumidor feliz é aquele que hoje compra com consciência e empresa de sucesso é aquela que oferta e protege valores através do uso consciente de suas competências.

Diante desta afirmação, nada melhor do que um CEO brasileiro para debater esta postura. Conversamos com Hilgo Gonçalves, um líder de sucesso que ao longo de 6 anos de atuação à frente da Losango, maior fornecedora de soluções financeiras no segmento de crédito direto ao consumidor, viu sua companhia tomar a dianteira deste mercado, fidelizar clientes e stakeholders e ainda abocanhar diversos prêmios.

Recentemente ela foi reconhecida pela 7ª vez consecutiva como uma das melhores empresas para se trabalhar no país - segundo resultados de uma pesquisa nacional. A empresa conquistou também o título de 8ª Melhor Empresa para Trabalhar do Brasil, através de outra pesquisa de um importante Instituto, no qual a Losango já figura há seis anos consecutivos. Recentemente sua matriz no Rio de Janeiro também foi escolhida como a MELHOR Empresa do Estado, pelo mesmo Instituto.

Parafraseando o pensador e filósofo chinês, Confúcio, o segredo do sucesso estaria então em “contribuir para a felicidade do outro, e assim alcançar a própria felicidade?” Como atingir esta excelência? Qual é o segredo? Onde reside o material bruto que faz da Losango um exemplo de empresa que produz e protege valor para o seu negócio?

Em uma rápida entrevista com Hilgo Gonçalves tentamos extrair algumas explicações deste sucesso. Mas, como todo bom líder ele não ensina, apenas mostra o caminho.

Consumidor Moderno - Fale resumidamente o que faz da Losango líder de mercado e eleita por diversos anos como a melhor empresa para se trabalhar no Brasil?

Hilgo Gonçalves - Se eu pudesse resumir em duas palavras o que tem levado a Losango ao sucesso ao longo dos seus 42 anos, essas palavras seriam: Pessoas e Resultados. Todas as iniciativas, projetos, enfim, todas as decisões contam sempre com um grande envolvimento dos Colaboradores, que são os grandes responsáveis pela longevidade e progresso de nossa Empresa.

Temos um ambiente de trabalho aberto e de alta confiança, conectado e confiável e isto só é possível em uma empresa de alta confiança e de respeito às pessoas, tanto Colaboradores quanto Clientes, o que contribui significativamente para manter a saúde dos negócios. E este respeito aos Clientes é reforçado dia a dia na Losango. Tanto que, quando algum colaborador é perguntado sobre que dia é hoje, a resposta é uma só: hoje é dia do Cliente. É através desta premissa que a Losango atua, e também através da postura “é comigo mesmo”, em que nossos colaboradores são incentivados a assumirem a postura resolvedora, garantindo a satisfação do Cliente.

A Losango tem paixão pelo Varejo, é líder de mercado no segmento de crédito direto ao consumidor (CDC) e está presente em mais de 2 mil municípios. Nosso compromisso é estimular e ajudar os nossos parceiros a construírem cada vez mais um ambiente de consumo consciente e de crédito sustentável e, consequentemente, ajudamos o país a crescer com qualidade.

CM - Qual é o maior valor da companhia: o seu colaborador ou o seu cliente?

HG - O maior valor da Losango são as pessoas, tanto Colaboradores quanto Clientes, fornecedores, acionistas e todos os envolvidos. Temos uma crença de que “Antes de Cliente tem um ser humano, antes de um colaborador tem um ser humano”. Por isto, sempre tratamos as relações de forma transparente, objetiva e clara. O respeito às pessoas é fundamental para qualquer tipo de relacionamento na Losango. Para os Colaboradores, trabalhamos com a meritocracia, desenvolvemos inúmeras ações e campanhas internas de reconhecimento e mantemos com nossos Clientes o compromisso de atendê-los sempre com sorriso no rosto e na voz e resolvendo as suas questões no primeiro contato, ouvindo cada necessidade. Recentemente divulgamos para todos os nossos Clientes a "Carta Losango ao Varejo"*, em que mostramos que estamos conectadas ao mercado e à sociedade, preocupados com o crescimento do país de maneira sustentável e consciente. Além disto, lançamos também uma Cartilha de Crédito Sustentável e temos a campanha interna "Atitude – Toda a Losango focada em melhorar a experiência do cliente", que tem como objetivo manter a qualidade no atendimento.

CM - Percebemos que o consumidor tem se tornado mais seletivo, exigente e informado. Como a Losango tem acompanhado essa evolução e de que forma a empresa tem refletido isso para a melhoria do seu negócio?

HG - Temos como propósito levar soluções sustentáveis para o varejo. Fazemos isto através da venda consciente, em que cada consumidor é orientado, seja em uma das nossas unidades ou através de nossos mais de 20 mil lojas parceiras, a adquirir o produto adequado a sua necessidade. Para que uma compra seja concluída, antes disso o cliente deve saber exatamente o que está comprando, os atributos de cada produto para que esta compra seja consciente.

Visando acompanhar às necessidades dos nossos Clientes, criamos um portal de orientação financeira (www.vocefazacontecer.com.br), em que geramos conteúdo educativo e divulgamos dicas e orientações sobre como usar melhor o dinheiro sem comprometer o orçamento, inclusive através de matérias com um consultor financeiro especializado. Além disso, temos um perfil institucional no Facebook e no Twitter, que atendem os clientes e um portal de treinamento, em que preparamos a força de vendas dos nossos lojistas parceiros. Para atender todos os clientes, a Losango oferece conexão de canais de atendimento, seja por telefone, redes sociais, e-mail, para que todas as suas dúvidas sejam atendidas.

CM - Hoje o aculturamento e a educação do consumidor estão em evidência. Como a Losango trabalha estes pontos com seus clientes?

HG - Temos mantido o investimento na orientação financeira, desde 2009, contamos com um Portal de Treinamento de Crédito Sustentável, nele, orientamos os colaboradores dos nossos lojistas a atenderem adequadamente os clientes. Vale ressaltar que, até o momento, já atingimos 60 mil ações de treinamento. Para reforçar a nossa preocupação com o crédito com qualidade, a Losango dá total suporte aos Clientes através dos nossos canais de atendimento, dos nossos consultores de vendas, que fazem o acompanhamento próximo do parceiro, garantindo que todas as suas necessidades sejam atendidas, a fim de que levemos para o Cliente final o crédito com qualidade.

CM - Se levarmos em conta que valor para uma empresa pode ser tangível (resultados financeiros de curto prazo, por exemplo) e intangível (reputação, solidez econômica a longo prazo...) de que forma a Losango equaliza estes conceitos para o seu sucesso do seu negócio?

HG - Tendo cada vez mais eficiência sustentável e levando valor agregado a todos os stakeholders. Queremos contribuir para que o consumidor possa realizar a compra de um bem de seu desejo dentro da sua capacidade de pagamento.

Estimulamos sempre o Crédito Sustentável, ou seja, caso o consumidor tenha recursos para comprar à vista, deve fazê-lo e caso precise de crédito, deve tomá-lo de forma consciente. Prezamos por uma relação de qualidade, durável e sustentável, já que esse cliente voltará a consumir e consequentemente movimentará a economia. A Losango procura sempre valorizar as pessoas e suas necessidades, por isso a importância da orientação financeira e do crédito sustentável. Prezamos por uma relação de qualidade, durável e sustentável, que movimente a economia. A nossa estratégia é proximidade e alinhamento com a nossa gente.

Acreditamos no que chamamos de Círculo Virtuoso, ou seja, com equipes preparadas para oferecer o produto mais adequado para cada perfil, teremos consumidores aptos para escolher a opção de crédito mais adequada e realizar uma compra consciente.


Disponível em http://consumidormoderno.uol.com.br/negocios-marcas/consumindo-e-valorizando-consciencia. Acesso em 24 out 2013.

sábado, 26 de outubro de 2013

Superendividamento: afinal, a culpa é de quem?

Paula Furlan
 
O crédito cresceu, a população bancarizada tem aumentado a cada dia e o novo consumidor emergente passa a conviver com elementos antes desconhecidos – e impeditivos – para o seu perfil socioeconômico. Lidar com essa nova situação pode ser um desafio para o equilíbrio financeiro dos brasileiros

Nos últimos anos, a ampliação do crédito fácil fez com que os consumidores passassem a contrair empréstimos de variados tipos sem qualquer preparação para o consumo consciente. Um estudo recente do Banco Central (BC) revelou que o endividamento já compromete 44,82% da renda das famílias brasileiras.

O Procon de Campinas dá a seguinte definição ao superendividamento impelido pela forte propaganda e facilidades oferecidas pelas empresas na concessão de crédito: “Diante da assertiva de que o povo é guiado pelo poder das imagens, o marketing agressivo força a venda dos produtos e envolve o consumidor de tal forma que fica difícil fugir do chamativo empresarial; a situação piora na medida em que as camadas sociais mais desprovidas de recursos se submetem à publicidade enganosa, por exemplo, quando aceitam a oferta de pagamento parcial do cartão de crédito, imaginando obtenção de vantagens; as facilidades para empréstimos consignados, pensando na conquista de juros baixos para o dinheiro que será aplicado na compra de produtos supérfluos, mas que se vai perceber já tarde”.

Para evitar que o cenário se torne ainda pior, uma proposta de atualização do Código de Defesa do Consumidor (CDC) foi apresentada no Senado Federal. Entre outros pontos, o projeto de lei (PLS 283/2012) estabelece que as instituições financeiras serão corresponsáveis pelo superendividamento do consumidor no empréstimo consignado, no caso de descumprimento dos limites, devendo até mesmo rever os prazos de pagamento e reduzir juros e multas.

De acordo com o advogado da área cível do escritório Peixoto e Cury Advogados, Leonardo Furlaneto, a fiscalização das instituições financeiras é primordial para que abusos sejam evitados. “De forma frequente o consumidor é levado ao erro, na maioria das vezes por ignorância e completo desconhecimento, devido à veiculação recorrente de propagandas que oferecem crédito fácil. Os aposentados, por exemplo, são alvos de verdadeiras perseguições por profissionais comissionados – chamados de “pastinhas” –, que oferecem o consignado. Na pressa para aproveitar o suposto bom negócio, o consumidor se precipita”, afirma.

O texto do PLS 283/2012 também prevê que o consumidor poderá, em até sete dias, desistir da contratação de crédito consignado, a partir da data de celebração ou do recebimento da cópia do contrato, sem necessidade de indicar o motivo. Na opinião do advogado Leonardo Furlaneto, “as alterações estabelecidas privilegiam aos princípios da função social do contrato, da boa-fé objetiva, da vulnerabilidade do consumidor e da onerosidade excessiva, protegendo a pessoa física contra cláusulas abusivas", diz.

Para o especialista, o mais importante ainda é investir na educação financeira das famílias brasileiras. “Pelo histórico que temos, é evidente que o mais sábio a se fazer é a criação de planos de educação e inteligência financeira à população, além de eficaz fiscalização das instituições financeiras para cumprimento da lei. Assim, certamente o governo e o judiciário não seriam tão instados a se manifestarem acerca dos negócios entre particulares. É preciso criar e difundir a cultura de educação e não de remediação”, orienta Furlaneto.

O direito francês, através do “Code de La Consommation”, que cria regras especiais de acesso ao crédito, busca a “recuperação do devedor”, através do reescalonamento de pagamentos, remissão do débito, redução ou supressão de taxas de juros, etc. A solução da demanda principia-se por estudo a cargo de comissão administrativa e pode chegar ao juiz que tem poderes para suspender eventuais execuções.

Quem são os endividados do Brasil?


Um levantamento feito pelo GuiaBolso.com, com os cerca de 10 mil usuários cadastrados na plataforma no segundo trimestre de 2013, aponta que 31% dos usuários da classe C gastam tudo aquilo que recebem, sem criar uma reserva que possa recorrer em casos inesperados, como doenças na família ou desemprego. Apenas 15% dos usuários da classe C possuem algum tipo de poupança, enquanto apenas 2% são realmente investidores, com reserva financeira superior a três meses de salário.

Nas classes A e B os números não são muito diferentes, com 49% dos usuários com dívidas que comprometem um valor superior a um terço da receita mensal, enquanto outros 28% gastam tudo o que recebem. Por outro lado, as classes A e B têm um porcentual maior de poupadores e investidores, respectivamente 16% e 7%.
 
A parcela dos usuários que realmente chama a atenção é formada pelas classes D, E e F. Mesmo com a renda menor, apenas 36% deles têm dívidas superiores a um terço da receita mensal, enquanto 41% gastam tudo o que recebem mensalmente.
 
Considerando toda a base, 55% dos usuários estão “em apuros”, ou seja, passam constantemente por falta de dinheiro e precisam quitar dívidas maiores que um terço da renda, enquanto 33% estão “no limite”, gastando tudo o que recebem. “Isso representa 88% das pessoas com problemas no orçamento”, define o executivo.


Disponível em http://consumidormoderno.uol.com.br/hot-news/superendividamento-afinal-a-culpa-e-de-quem. Acesso em 24 out 2013.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A nova cara do Brasil: a alteração de paradigmas de consumo

Priscilla de Andrade
19 de setembro de 2013
Durante os dois dias de CONAREC 2013, considerado o maior evento de relacionamento com os clientes do mundo Renato Meirelles divulgou um estudo que mostrou o comportamento do consumidor na hora de reclamar.

O sócio-diretor do Data Popular, instituto de pesquisa das classes C, D e E no Brasil, trouxe bom humor e muita informação para o público que lotou o auditório no último dia de evento. O foco do palestrante, foi mostrar o comportamento do novo consumidor que se tornou cada vez mais exigente e não mede esforços para valer seu direito de reclamar.

A pesquisa, realizada pelo Data Popular especialmente para o CONAREC, trouxe dados inéditos sobre as transformações no mercado de consumo do país. Na última década mais de 50 milhões de novos consumidores formam a classe C com renda média de 300 a 1000 reais mensais.

“Quem tem mais de 30 anos lembra que durante a inflação, as pessoas acordavam com o valor da farinha custando um preço e ao dormir já era outro – brinca com a plateia – e quando iam ao supermercado, com uma mão pegava o produto e com a outra segurava a remarcadora de preços, com o salário que parecia um cubo de gelo”, relembrou Meirelles.

Uma década depois o consumidor tem cada vez mais clareza do poder que tem nas mãos. Viajar de avião, frequentar centros estéticos, comprar carros e ter acesso à tecnologia, tudo isso já faz parte do cotidiano da nova classe média. O sócio-diretor sinalizou para os empresários que buscam informações a longo prazo. “O crescimento da classe C cresce através da redução da pobreza, então se quiserem entender a classe média de amanhã, estude a classe D de hoje (31,1%)”.   

Confie no seu SAC

O consumidor está menos dependente e ao contrário do que se pensava muito menos fiel. O cliente não pensará duas vezes em mudar de marca se for mal atendido. Os dados da pesquisa dimensionam o cenário atual: 94,2 milhões de pessoas afirmaram que já tiveram problemas com empresas no último mês, 20,3 milhões reclamaram nos últimos 30 dias sobre as cobranças feitas pelas empresas.

As empresas precisam ficar atentas para não caírem na cilada de achar que conhecem a classe média, é importante que o empresário avalie a diferença de comportamento entre as classes.  Hoje o consumidor recorre às redes sociais para “gritar aos quatro ventos” seu descontentamento sobre um produto ou serviço. E a repercussão negativa é imediata.

Dentro da classe C, são os jovens que lideram o ranking de reclamantes que utilizam a internet como um “SAC a céu aberto”, a pesquisa mostrou que os comerciantes mudam para melhor depois de uma reclamação, 88% das pessoas afirmam ter reclamado às Centrais de Atendimento ao Consumidor.

É preciso que as companhias passem a se preocupar em oferecer informações que vão além do produto, Meirelles contou a experiência de uma família que viajou pela primeira vez, “um casal comprou um pacote turístico - eles nunca haviam viajado de avião -, chegando no hotel perderam o Time Tour e, quando questionados, respondeu que estavam prontos para sair, mas quando o marido foi para a porta do quarto do hotel viu a placa 'por favor arrume o quarto’, ele voltou e foi arrumar a cama”, em meios as brincadeiras e lições, a mensagem que ficou da palestra é que as empresas precisam entender que comunicação não é o que se é divulgado, mas o que o interlocutor entende. O desafio é conquistar a classe C e romper a dissonância cognitiva que separa o mundo corporativo da nova “cara” do Brasil.


Disponível em http://consumidormoderno.uol.com.br/experiencia/a-nova-cara-do-brasil. Acesso em 25 set 2013.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Pesquisa desvenda hábitos dos telespectadores brasileiros

Consumidor Moderno
Telespectadores brasileiros estão mudando seus tradicionais hábitos de consumo de vídeo em busca de um conteúdo mais variado. Esse é um dos principais resultados do Barômetro de Engajamento de Mídia da Motorola Mobility, estudo realizado pela Vanson Bourne, especializada em pesquisas do mercado de tecnologia.

A pesquisa revela que os telespectadores mais jovens estão impulsionando a adoção de novos serviços, como vídeo via internet, e que consumidores no Brasil, e outros mercados emergentes estão começando a adotar mídias de relacionamento para ampliar suas experiências de televisão e vídeo. De acordo com o estudo, os laptops rivalizam com a televisão na veiculação de conteúdo de vídeo em residências desses dois países.

Os resultados também mostram que, globalmente, enquanto os serviços free-to-air estão disponíveis para 65% dos telespectadores, em comparação com os 60% dos serviços de TV paga, a preferência do usuário continua sendo pela TV por assinatura. No Brasil, 66% dos usuários têm acesso a serviços gratuitos e 60% no Brasil têm acesso a serviços pagos.

O estudo de hábitos de consumo de vídeo foi realizado com cerca de 9 mil consumidores em 16 mercados e aponta que as mídias de relacionamento estão mudando a maneira como o consumidor assiste a vídeos, embora a taxa de adoção varie de acordo com a região. No Brasil 61% dos entrevistados, respectivamente, já usaram e-mail, chat via mensagem instantânea ou rede de relacionamento para conversar com amigos que assistiam ao mesmo programa ou conteúdo de vídeo.

Em comparação, 46% dos entrevistados em nível global já compartilharam conteúdo dessa maneira. Dos 61% dos brasileiros que usam redes sociais enquanto assistem a conteúdo de vídeo, 46% disseram que esse tipo de comportamento já é parte normal da experiência de telespectador. E 82% dos pesquisados brasileiros disseram que estariam dispostos a trocar suas operadoras de TV por outras que oferecessem esses serviços integrados.  

Também aumentou o número de novas tecnologias para assistir a televisão e vídeo. Atualmente, 33% dos brasileiros possuem um televisor de alta definição (HD), e 57% esperam comprar um aparelho HD nos próximos 18 meses. Em comparação, 4% das pessoas já possuem um televisor 3D, e 53% dos pesquisados do Brasil planejam adquirir esse tipo de modelo nos próximos 18 meses. Em nível global, 76% dos entrevistados ou possuem ou planejam adquirir um televisor HD nos próximos 18 meses, e 29% esperam adquirir um aparelho 3D no mesmo período.

“A pesquisa mostra claramente uma mudança no horizonte televisivo, com a massificação dos serviços de assinatura e o aumento da integração com atividades sociais como os chats e as redes de relacionamento via internet”, afirma Steve Bullock, vice-presidente e gerente-geral de Go-to-Market da divisão de Home para a Motorola Mobility na América Latina. “Conforme avançarmos na era da televisão via internet, a capacidade dos provedores de serviços de diferenciar suas ofertas se tornará ainda mais importante, à medida que os consumidores busquem valor adicional em suas assinaturas. A boa notícia, de acordo com os resultados da pesquisa, é que existe uma disposição de pagar por esses novos serviços, desde que seu valor faça sentido.”

Em nível global, as pessoas assistem a uma média de 16 horas de televisão e vídeo por semana. Os telespectadores brasileiros ficam muito próximos da média mundial, com 14 e 16 horas, respectivamente. Sua ‘dieta’ de conteúdo consiste principalmente em serviços abertos gratuitos e por assinatura, embora 21% dos brasileiros acessem a conteúdo de televisão e vídeo via internet.

Em termos de preferência de serviços, apenas 21% assistem exclusivamente a conteúdo da grade de programação ou conteúdo ao vivo, e um pouco mais de um terço afirma que consome semanalmente, em partes iguais, a conteúdo programado e outros serviços (tais como vídeo via internet, programas pré-gravados, por exemplo, DVDs e programação sob demanda).

Novos serviços

Os mercados emergentes demonstram a disposição de ampliar suas experiências televisivas com novos serviços. Ao todo, 42% dos brasileiros gostariam de ter algo que os ajudasse a conectar dispositivos pessoais ao televisor, para compartilhar músicas, filmes e fotos, e que também oferecesse suporte contínuo. O estudo mostra que 37% dos telespectadores do Brasil querem ter recomendações com base nos programas assistidos anteriormente, e que possam compartilhar esse tipo de conteúdo com os amigos. Em nível global, 23% dos entrevistados gostariam de ver um serviço de televisão que oferecesse recomendações e 26% gostariam de ter dispositivos e serviços conectados.

“A pesquisa mostra claramente um mercado diverso. Embora estejam surgindo tendências bem definidas, cada região apresenta desafios e oportunidades próprias”, disse Bullock. “Provedores de serviços precisam desenvolver um entendimento aguçado das necessidades culturais, tecnológicas e econômicas de seus clientes em cada mercado e ter a agilidade de implementar serviços que atendam a necessidades e anseios específicos. Isso significa ter o conteúdo e as plataformas para oferecer novos serviços de vídeo e reagir às exigências dos clientes rapidamente, em vez de adotar uma abordagem padronizada.”

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Você conhece o neuromarketing?

Consumidor Moderno
Procurando satisfazer o público consumidor cada vez mais complexo e exigente, as empresas vêm buscando diferenciais para obter o sucesso de suas marcas. Surgindo como um novo conceito, o neuromarketing traz avanços nas pesquisas de marketing, aliando os progressos da medicina para obter conhecimento sobre o público consumidor.


A base dos estudos em neuromarketing tem como base a busca do genoma da venda, com a intenção de obter conhecimento sobre as preferências do consumidor, sem que ele precise experimentar um produto. Para isso, são utilizados aparelhos de ressonância magnética, em que o consumidor fica plugado ao equipamento enquanto são feitos os exames e as análises de seu gosto.


No Brasil, diz o professor de neuromarketing e também chefe-executivo da empresa especializada em gestão do comportamento humano CAPC, Cesar Pancinha Costa, as pesquisas na área ainda são baixas devido aos preços elevados e à necessidade de aparelhos especializados, mas prometem crescimento nos próximos anos. "Temos muitos estudos avançando e algumas previsões de investimentos. Deveremos trazer em 2011 um equipamento voltado para a realização das pesquisas em neuromarketing, já com as devidas adaptações", observa.


Para o desenvolvimento das pesquisas, estão sendo realizados testes que não necessitam de tantos recursos, utilizando uma metodologia que tem por finalidade colocar na memória do consumidor a imagem da empresa. "Assim, quando o cliente recebe uma abordagem dessa empresa, não sabe exatamente de onde, mas já tem uma imagem da marca na mente", explica Cesar.


Para Cesar, esse tipo de estudo é uma alternativa de baixo investimento e que apresenta bons resultados. "Hoje em dia, as técnicas que não exigem investimento em equipamento, e sim somente em pesquisa, estudo e observação estão se difundindo muito. Isso facilita a abordagem, pois as maiores dificuldades estão em criar a credibilidade no prospect. As ferramentas de neuromarketing aliadas à mensagem que a empresa quer passar conseguem êxito nisso", destaca.


Essas técnicas também apresentam eficiência no ramo da publicidade, principalmente no exterior. "No Brasil, pouquíssima coisa já foi desenvolvida, mas os consumidores já estão vivendo as novas experiências do neuromarketing. Os grandes anunciantes pedem mais estudos ligados ao sabor e às sensações de prazer dos produtos", salienta o especialista, que acredita estar nessa área a forma mais eficiente de medir os resultados na publicidade. "Medimos o resultado antes que o próprio cliente saiba se gostou ou não. Essas informações, acredita-se, poderão orientar campanhas publicitárias e estratégias de marketing mais eficazes".


A principal descoberta do neuromarketing até agora é a prova de que as marcas têm, de fato, um poder profundo na mente dos consumidores. Fato comprovado na primeira experiência realizada em 2003, em que cientistas convocaram 67 pessoas que provaram os refrigerantes sem conhecer a marca. A escolha da maioria foi pela Pepsi. No entanto, ao saberem a qual marca pertencia a bebida que estavam tomando, a mais escolhida foi a Coca-Cola.


Todo o processo de neuromarketing consiste em decodificar os segredos do cérebro humano, mapear a forma como cada neurônio reage ao estímulo de uma campanha publicitária ou ao sabor de um alimento, visando chegar ao genoma da venda. "Não poderíamos avançar em nada, se não fosse o estudo do cérebro. No estudo do cérebro, a base conceitual foi a percepção e a comunicação. Na percepção e comunicação, a base foi a emoção e a razão. Depois que passamos pelo nível de sentimentos, deixamos de ser quem somos e passamos a ser quem gostaríamos de ser. Esse é o nó que o marketing precisa resolver: vender para quem somos ou para quem gostaríamos de ser?", indaga Cesar.