Renato Bernhoeft
27/04/2012
A preocupação com o próprio futuro e o dos
familiares independe de estabilidade financeira ou de crise no mercado. E como
resposta a esse comportamento, é natural que haja um aumento da oferta por
especialistas em investimentos pessoais ou em grupo.
A gama de produtos é a mais variada possível. Desde recursos
para manter a renda em uma previsível aposentadoria, financiar os estudos dos
filhos, criação de reservas para futuros desfrutes ou até um seguro de vida
para reduzir o baque financeiro dos familiares na eventual falta por falecimento
ou incapacidade. Todos são produtos importantes e com forte conotação
preventiva. Mas nenhum deles relaciona a necessária tranquilidade financeira no
futuro a um projeto de vida correspondente a essas reservas.
Além de ter claro qual o rendimento que minhas aplicações
irão me proporcionar ao atingir os 50, 60 ou 70 anos de idade, por exemplo,
também devo pensar sobre o que aspiro ser, parecer, fazer, pensar e transmitir
quando essas fases chegarem.
Ao perder a identidade que a empresa me emprestou enquanto
estive empregado, com que “sobrenome” vou me apresentar depois de aposentado? O
que farei com o tempo livre? Como será meu relacionamento como cônjuge,
familiar e amigo? Ainda estaremos juntos como casal? Estarei morando no mesmo
lugar? Como vou manter minha autoestima
e amor pela vida? Quais os cuidados que devo ter em relação à saúde? Qual é o
padrão de vida que pretendo manter?
E uma pergunta crucial: Desejo continuar mantendo minha
autonomia financeira e afetiva, ou espero que os filhos me cuidem na velhice?
Em relação aos que se preocupam em criar reservas financeiras para os filhos,
seja no sentido de financiar seus estudos ou proporcionar alguma tranquilidade
material para o início da vida adulta, as recomendações também são importantes.
Poupar, investir e buscar melhores alternativas visando um
futuro confortável para os dependentes é algo que os pais podem fazer sem
consultá-los. Mas a experiência tem demonstrado que filhos que recebem recursos
e facilidades financeiras sem uma efetiva participação, esforço e sacrifício
apresentam como tendência um comportamento de desperdício.
Envolva seus filhos, desde muito cedo, em planos,
compromissos e consciência no seu relacionamento com o dinheiro. Crianças e
adolescentes que nunca transacionaram nada na sua infância tendem a desconhecer
o valor relativo dos bens materiais. Para muitos, o preço de um automóvel não
difere muito do custo de uma bicicleta. Afinal, tudo sempre lhe foi muito
facilitado.
Desse modo, é importante não omitir informações procurando
“poupá-los” das dificuldades da vida. Inclua nas conversas com a família os
planos futuros de cada um, vinculados a uma adequada educação financeira.
Disponível em http://www.valor.com.br/carreira/2636320/planejamento-financeiro-deve-ser-parte-do-projeto-de-vida.
Acesso em 28 ago 2013.