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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Influenciadores nas redes sociais: como saber se minha marca precisa deles?

Bianca Carneiro
Influenciador nas Redes Sociais 
No uso das redes sociais, é comum vermos amigos ou pessoas falando de empresas e indicando ou criticando produtos. Além de influenciar na forma como nos relacionamos e respondemos a estímulos das empresas, este comportamento evidencia a importância do boca-a-boca na tomada de decisões dos consumidores.

Neste cenário, algumas pessoas com capacidade de disseminar informações para um público grande ou que tenham certa autoridade em um tema específico aparecem como facilitadores da comunicação entre uma empresa e seus públicos.

No planejamento de campanhas e ações nas redes sociais é comum que o trabalho com essas pessoas, conhecidas como influentes ou influenciadores, seja cogitado. Para isso, porém, é necessário analisar diversos fatores que vão determinar quanto o seu projeto realmente precisa (ou deve) investir nesta estratégia.

Para tomar essa decisão, é necessário definir os objetivos gerais e de marketing do projeto e o posicionamento de comunicação. O posicionamento vai ser uma das formas de retratar as principais características que o influenciador deverá ter para refletir a identidade da empresa ou destacar atributos da marca que precisam ser reforçados. Já o objetivo de marketing do projeto ajudará na determinação da melhor forma de abordar o público-alvo.

A seguir, são detalhadas algumas dessas formas de abordagens e a participação dos usuários influentes nelas:

Ser reconhecida e/ou gerar alcance. Com este objetivo, os usuários influentes com alto alcance nas principais redes sociais são os que têm maior destaque por conseguirem disseminar informação para mais pessoas. Por outro lado, o desafio ao trabalhar com esses influenciadores é, inicialmente, estudar os principais assuntos abordados por ele e o histórico de relacionamento com a marca, para se assegurar que não existam menções negativas e contraditórias que afetem este contato.

Outro ponto de atenção é que alguma/s destas pessoas influentes têm noção do poder de alcance que possuem e podem responder com maior facilidade a acordos comerciais do que ao relacionamento. Neste caso, para disseminar a sua mensagem é necessário criar conteúdo que repercuta entre os seguidores/assinantes/fãs desta pessoa. Por exemplo, a Claro aproveitou o potencial de alcance do jogador Ronaldo para atrelar a conta no Twitter deles ao jogador.

Diferenciar-se dos concorrentes. O usuário influente deve demonstrar essa diferenciação ao representar o produto ou ao afirmar os pontos mais fortes da marca. Ou seja, nesta etapa, a convergência entre as principais características da marca, o perfil do influenciador e a forma como ele se comporta nas redes sociais têm papel tão importante quanto o alcance, no estágio anterior.

Outro elemento deste estágio é que, para diferenciar e gerar confiança, os consumidores precisam se identificar com a experiência e a autoridade do influente no assunto. Aqui estão os casos mais comuns de comunicação entre marca e personalidade influente com o objetivo de gerar insumos para que opiniões sejam expressas (é a fase caracterizada pela entrega de produtos ou oferecimento de serviços para originar experiência ou divulgação de informações para afirmar crenças e posicionamentos da marca).

Neste quesito, há o caso da Starbucks que ofereceu café de graça para usuários que comentavam sobre café e tinham certa autoridade no assunto.

Manter relacionamento. Nesta etapa, a comunicação com os clientes tem como objetivo a consolidação de relacionamentos e a criação de diálogos que podem gerar insights para evolução na marca e nos produtos.

É comum encontrarmos pessoas com relacionamento forte com a marca, mas pouca capacidade de disseminação de conteúdo. Para esses usuários, o ideal é dar espaço (em veículos ou páginas próprias) para que a experiência possa ser compartilhada. Histórias interessantes envolvendo a marca, depoimentos sobre uso de produtos e atendimento ou simplesmente a opinião da pessoa já tem a possibilidade de repercussão positiva.

A Coca-Cola é exemplo de marca com clientes dispostos a falar positivamente e isso é aproveitado em ocasiões em que ela dá espaço para estes clientes.

As estratégias de ações com influenciadores mostradas são alguns exemplos de abordagem e não são excludentes, podem acontecer em diversas fases da campanha, contanto que satisfaçam as necessidades de contato com o público.

Após a análise das necessidades, é possível que se perceba que o uso de influenciadores nas redes sociais não seja a estratégia mais adequada por diversos motivos como: falta de verba, diretrizes de marca, não alinhamento com os influenciadores, entre outros. Entretanto, o marketing, e principalmente as redes sociais, são campos férteis para a criação de ações criativas e inovadoras que chamam atenção dos usuários e que auxiliam a alcançar os objetivos.


Disponível em http://www.dp6.com.br/influenciadores-nas-redes-sociais-como-saber-se-minha-marca-precisa-deles. Acesso em 28 ago 2013.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Da periferia das cidades para o grande público

Rodrigo Carneiro
29/03/2012
Sempre foi assim. À margem, a periferia das grandes cidades concebe seus próprios modos de expressão artística. Diante das adversidades do dia a dia, cria e os desenvolve. Eles, então, ultrapassam a linha da pobreza e, digamos, ascendem socialmente; chegando à indústria cultural - que tenta codificá-los. Amplificada, a voz dos excluídos causa desejo e repulsa em um novo público, para, no final do processo, ser assimilada, domesticada, na visão dos mais alarmistas, pelo sistema. No caso da música, isso é de uma clareza exemplar.

Afinal, o samba, reconhecido pela Unesco como patrimônio imaterial da humanidade, em 2005, originário do recôncavo baiano, levado à região da Praça Onze, no centro do Rio de Janeiro, e, devido à especulação imobiliária, aos morros da Guanabara, só começou a ser levado a sério nos grandes salões com a chancela do maestro e compositor Heitor Villa-Lobos (1887-1959). No ano de 1940, em parceria com o regente britânico, naturalizado americano, Leopold Stokowski, Villa-Lobos promoveu um registro fonográfico à bordo do navio S.S. Uruguai, com as participações de Donga, Pixinguinha, Cartola, João da Baiana e Zé Espinguela.

Até então, o samba era visto com reservas e alvo constante de preconceito. Cartola, vale lembrar, lavava carros quando foi reencontrado pelo jornalista Sérgio Porto em 1956. Compositor de sucessos gravados por Carmen Miranda, Mário Reis, Francisco Alves e Silvio Caldas durante a década de 1930, o poeta de "As Rosas Não Falam" sumira do cenário e só foi estrear como intérprete de suas composições em 1974.

Outros gêneros também protagonizaram ciclo de absorção semelhante no Brasil. O punk rock, o rap e o funk carioca são alguns deles. "Todas estas expressões surgiram entre as pessoas de baixa renda, trabalhadoras e moradoras nos bairros mais pobres. São manifestações de autoestima dentro de uma sociedade tão discriminadora quanto a nossa", diz João Batista de Jesus Felix, doutor em antropologia social pela USP.

Os primeiros ecos da versão brasileira do punk, que nasceu nos EUA, em meados dos anos 1970, e explodiu mundialmente com a cena inglesa, foram ouvidos em afastados bairros paulistanos e em cidades vizinhas de tradição operária como Osasco e a região do Grande ABC (Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul). Vivendo os momentos finais de horrendas duas décadas de ditadura militar, subdesenvolvimento econômico e uma inflação de dimensões continentais, o Brasil era punk, aliás, pré-punk.

"Se o punk não tivesse sido inventado no exterior, nós o inventaríamos aqui", diz Clemente Nascimento, fundador dos Inocentes, músico da Plebe Rude e curador do festival O Fim do Mundo, Enfim, que acontece entre hoje e domingo no Sesc Pompeia, em SP. "Já de início as bandas se preocuparam em fazer som próprio e praticamente ninguém fazia cover. Isso foi fundamental para que criássemos a nossa identidade".

A movimentação fez barulho. Logo, a estética punk da garotada suburbana seria incorporada na produção do pós-punk paulistano - Mercenárias, Voluntários da Pátria, Smack, entre outros -, na sonoridade dos demais Estados, na faixa "Punk da Periferia", composta e gravada por Gilberto Gil no disco "Extra", de 1983, e até mesmo em um dos álbuns mais significativos e bem-sucedidos comercialmente dos Titãs, "Cabeça Dinossauro", de 1986.

"Não ter medo da rua aguça a criatividade. Nesse sentido, a periferia está mais do que exposta ao que acontece no mundo", diz Marco Butcher, fundador, nos anos 1990, do Thee Butchers' Orchestra, e hoje envolvido em projetos como Jesus & the Groupies, The Uncle Butcher e Thee Kaipirinas. O músico Kiko Dinucci, de trabalhos como Metá Metá e Passo Torto, concorda com Butcher. "Desde os primórdios da música popular no Brasil há a fusão de gêneros estrangeiros, o que se dá de forma aculturada. A arte periférica sempre existirá e sempre será espontânea, de acordo com as influências, externas ou não, que as rodeiam", diz Dinucci.

Dividindo espaço com punks na estação São Bento do metrô e nas Grandes Galerias, na rua 24 de maio, ambas no centro de São Paulo, em meados dos nos 1980, os primeiros adeptos do hip hop no Brasil também vinham da periferia - assim como toda aquela cultura originária dos guetos negros e latinos nova-iorquinos que tem como elementos de formação o DJ, a dança de rua, o MC e o grafite. Em solo brasileiro, os pioneiros do gênero - gente como Mister Théo, Thaíde & DJ Hum, Ndee Naldinho e Racionais MCs - foram iniciados nos chamados bailes black, promovidos por equipes de disc-jóqueis. Ainda mais associado aos desvalidos, o rap, a manifestação musical do hip hop, trazia a informação do sample, onde se compõe a partir de uma base já existente. Além de uma contundente infinidade de temas narrativos.

De seus passos iniciais até os dias de hoje, o hip hop passou por momentos de obscuridade e holofotes midiáticos. Segundo Jesus Felix, autor de estudos acadêmicos como "Chic Show e Zimbabwe e a Construção da Identidade nos Bailes Black Paulistanos" e "Hip Hop: Cultura e Política no Contexto Paulistano", o período atual é o de visibilidade. E reafirmação do caráter contestador.

"Recentemente, Emicida participou do 'Conexão Repórter', do SBT. As cenas externas foram todas gravadas no bairro onde ele nasceu, o Jardim Novo, no extremo norte de São Paulo. Já o Criolo, no 'Esquenta', da Rede Globo, fez questão de reafirmar sua condição de negro. Também defendeu os interesses dos oprimidos", diz o antropólogo. "E tem o Thaíde, que é um dos apresentadores de 'A Liga', na Band. Os espaços midiáticos estão sendo ocupados. O que eu considero extremamente positivo."

O funk carioca, que no definitivo refrão de "Som de Preto", sucesso de Amilcka e Chocolate, "é som de preto, de favelado, mas quando toca ninguém fica parado", suscita paixões extremadas desde os anos 1980. Hoje, o pancadão, como também é conhecido, é trilha sonora tanto de festas ao ar livre - que têm sido reprimidas pela polícia nas comunidades carentes - quanto das casas noturnas destinadas ao público abastado. Isso em todo o país. Lulu Santos, Xuxa e Regina Casé já se declaram entusiastas. Enquanto setores da Secretaria de Segurança carioca dirigia atenções ao segmento "proibidão" do funk - sim, o elogio à marginalidade também faz parte do agito. No jogo de amor e ódio, uma lei estadual, de 2009, diz: o pancadão é movimento cultural do Rio.

Tudo acontece na periferia, atentava uma das músicas do Ratos de Porão, no álbum "Crucificados pelo Sistema", de 1984. A máxima punk hardcore crossover do RDP continua valendo em 2012. Afinal, neste exato momento, algo, do ponto de vista artístico, está sendo desenvolvido n'alguma localidade negligenciada pelas autoridades. Algo legítimo que será absorvido em seguida. É o inevitável.


Disponível em http://www.valor.com.br/cultura/2592460/da-periferia-das-cidades-para-o-grande-publico?utm_source=newsletter_manha&utm_medium=29032012&utm_term=da+periferia+das+cidades+para+o+grande+publico&utm_campaign=informativo&NewsNid=2589792. Acesso em 02 jun 2013.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Brasileiros querem consumir mais tênis de marca e menos carne, diz estudo

BBC BRASIL


Os consumidores brasileiros pretendem comprar mais tênis de marcas nos próximos 12 meses, mas esperam uma queda no consumo de carne no mesmo período, segundo indica uma pesquisa encomendada pelo banco Credit Suisse.

A pesquisa, que ouviu 13 mil pessoas, analisou o comportamento dos consumidores em sete economias emergentes -- Brasil, China, Índia, Rússia, Egito, Indonésia e Arábia Saudita --, com uma população total de 3,2 bilhões de pessoas.

Segundo o levantamento, 74% dos brasileiros com renda superior a US$ 2 mil por mês (cerca de R$ 3.350) pretendem comprar tênis de marca nos próximos 12 meses.

Entre os egípcios da mesma faixa de renda, 67% esperam comprar tênis de marca no próximo ano, enquanto os indianos são os que menos preveem a compra desse tipo de produto -- 24%.

Para o mesmo período, a diferença entre os brasileiros com renda superior a US$ 2 mil mensais que esperam uma queda no consumo de carne e os que esperam um aumento é de 6 pontos percentuais.

Entre os indianos da mesma faixa de renda essa diferença também é de 6 pontos, mas na faixa de renda entre US$ 1 mil e US$ 2 mil há uma diferença negativa de 3 pontos percentuais entre os brasileiros e de 10 pontos positivos entre os indianos.

Laticínios e refrigerante

O levantamento também indicou que, entre os brasileiros com renda superior a US$ 2 mil por mês, 27% esperam consumir mais laticínios, 21% preveem comprar mais refrigerantes e 18% acham que vão beber mais água mineral.

Na mesma faixa salarial, 22% dos brasileiros disseram pretender comprar um imóvel no período e 34% pretendem comprar um carro.

Os brasileiros estão entre os que menos planejam viajar ao exterior nos próximos 12 meses (3% com renda superior a US$ 2 mil disseram ter planos de viajar), atrás somente de indianos (1%) e egípcios (0%).

A proporção de brasileiros nessa faixa de renda que pretende viajar ao exterior é um terço da dos chineses (9%) e bem abaixo de russos (26%), sauditas (18%) e indonésios (13%).

Otimismo

A pesquisa do Credit Suisse também comparou gastos nos sete países com educação e saúde. Os brasileiros são os que mais gastam com saúde (9,8% da renda) e só gastam menos em educação (4,6%) do que os russos (3,1%).

Os consumidores brasileiros foram ainda os que mais se disseram otimistas com o estado das finanças pessoais nos próximos seis meses, com 63% esperando uma melhora, bem acima dos chineses (45%), indianos (43%) e sauditas (35%).

No Egito, apenas 12% disseram esperar uma melhora nos próximos seis meses.

O otimismo dos brasileiros com o futuro é maior entre os consumidores da faixa mais baixa de renda (menos de US$ 400 mensais), na qual supera os 80%, e entre os que ganham mais de US$ 9 mil mensais, com 75% esperando uma melhora nos próximos seis meses.

sábado, 31 de julho de 2010

Boas famílias de marca versus o perigoso império de uma marca só

Jaime Troiano e Levi Carneiro
Há algum tempo temos chamado a atenção para uma significativa e crescente tendência contemporânea do branding: o reforço da marca corporativa das organizações em seus produtos, serviços, suportes e manifestações. Sobre essa tendência, escrevemos livros e artigos, relatamos cases, realizamos pesquisas e temos feito vários trabalhos para diferentes empresas.  

Do nosso ponto de vista, o reforço da marca-mãe tem origem em duas pressões diferentes, mas complementares. Do lado de fora das empresas, as pessoas querem saber “quem está por trás” de produtos e serviços cada vez mais abundantes e parecidos entre si.  Do lado de dentro (embora essas fronteiras se tornem mais e mais tênues), são as próprias empresas que se ressentem da necessidade de criar um “halo effect”, um “guarda-chuva”, uma proteção contra as ruídos e crises de um mundo de negócios tempestuoso e barulhento.

Isso leva a esse movimento de se estender o DNA corporativo às diversas manifestações da marca. A presença do sinal corporativo – na embalagem, propaganda e em outros suportes - dá segurança e tranquilidade aos que procuram um “selo de origem” ou “certificado de qualidade” e, ao mesmo tempo, cria um aval, uma chancela para os diferentes produtos ou serviços que passam a ficar mais resguardados sob a assinatura-mãe e mais potencializadas para o desempenho no mercado.

Sob uma lente mais ampla, esse é um movimento em favor da maior sustentabilidade dos relacionamentos entre empresas, seus públicos, o mercado e a sociedade. E com inegáveis vantagens para os resultados das empresas. Há inclusive estudos, em diferentes bolsas do mundo, demonstrando que as marcas corporativas com maior prestígio têm sido cada vez mais valorizadas no mercado e pelos investidores, sem contar o tanto que facilitam a expansão mais natural e segura dos negócios.

Unilever, Pepsico, Nestlé, Grupo Algar, Votorantim, dentre outras. Já são várias empresas que têm incorporado essa tendência de tornar mais evidente o seu código genético, a sua assinatura corporativa. E vêm adotando várias medidas, que vão desde revisões de procedimentos internos até as ações mais eloqüentes de propaganda, para demonstrar isso. No caso da Unilever, envolveu até uma campanha de aniversário da marca corporativa e de sua presença no Brasil.

No entanto, é preciso certo cuidado nesse processo para evitar simplificações e açodamentos. A nossa observação cuidadosa e atenta sobre essa movimentação nos permite apontar duas grandes “tentações” na incorporação do referencial corporativo. E vale refletir sobre elas pelo risco que representam.

1. O poder imperial de uma marca só – há uma enorme tentação de, no embalo da mudança, colocar-se um foco excessivo na marca-mãe, em vez de reforçar uma família de marcas de produtos e serviços que, além de uma matriz, contam também com características e singularidades de cada um de seus membros. De repente, uma série de produtos de grande reconhecimento é colocada na sombra e a luz fica apenas na marca principal. O risco, grave no caso, é de se criar um império de uma marca só, que progressivamente vai apagando a identidade e a diferença que compõe e enriquece aquele grupo ou família de marcas. 

2. A majestade do marketing de produto – outra tentação acontece ao se imprimir à marca-mãe ou corporativa uma lógica de relacionamento, exposição e apelo promocional típicos das marcas de produto e do marketing que lhes corresponde. Ora, os produtos têm metas específicas de ocupação e domínio de espaços e o marketing opera com uma lógica de guerra entre eles. Não se pode submeter uma marca corporativa a esse jogo, elas têm outros objetivos e modelos de operação. Como bem advertem Schultz e Hatch, marca corporativa “não é um produto gigante” e nem tem vocação para “reinar” absoluta e soberana a qualquer preço.  

Por que essas advertências? Porque, como já dissemos, nós acreditamos que o movimento de reforço corporativo das marcas tem motivações muito nobres e grande alcance, que não podem ser comprometidas por equívocos e orientações limitadoras. No fundo, o que se busca é o estabelecimento ou restabelecimento de famílias de marcas com nome, sobrenome e um estatuto de valores e atitudes que aprofundem a sua identificação e compromisso com os diversos públicos e a sociedade em geral.

Mais do que isso, o que se pretende também é  assegurar condições para a expansão consistente e saudável dos negócios, com resultados e conexões mais perenes e duradouros. A presença da marca corporativa vem potencializar os negócios de forma mais equilibrada, com mais geração de valor para as empresas e não com uma visão míope de ganhos imediatos e a qualquer custo. 

Para Luiz Carlos Dutra, Vice-Presidente de Assuntos Corporativos da Unilever, o que está em jogo é uma delicada orquestração de papéis e funções da marca corporativa. Nas suas próprias palavras, “No futuro  próximo, o sucesso da gestão da marca corporativa poderá ser a percepção combinada da ‘marca-mãe’ (endosso, referência, história)  com a ‘marca -sócia ou parceira’ (dinamismo, foco no mercado, integração no negócio).”

Ou seja, muito além das pressões de superfície, estamos diante de um novo momento de restauração de fundamentos de maior sustentabilidade para as empresas, as marcas e os resultados que elas geram. A presença da marca corporativa deve ser sempre um passo na direção de aumentar a intensidade da confiança nos produtos e serviços da empresa (como as pessoas hoje demandam) e dar mais solidez aos negócios (como as empresas atualmente precisam).

Portanto, vale prestar atenção: fazer da marca corporativa uma onipresença simplificada e aniquiladora das diferenças entre as outras marcas da família ou transformá-la no “super produto” todo-poderoso são dois esforços que estão na contramão desse momento. Para fazer frutificar essa nova tendência do branding, é preciso evitar o aparecimento de enormes impérios de um marca só, com todas as deturpações que sempre decorrem do poder imperial.

sábado, 24 de julho de 2010

Branding também se faz na web

Ruy Carneiro


Tive o prazer de conversar por e-mail com Gian Fulgoni, o chairman e co-fundador da comScore. Ele esteve no Brasil para palestrar no Digital Age 2.0, conferência que reúne especialistas em marketing, publicidade, comunicação, negócios e internet.
Dono de um arsenal de números e informações sobre o que ocorre com os sites ao redor do mundo, Fulgoni tem em suas mãos dados que mostram como poderá ser o futuro da publicidade na internet.
Longo prazo e paciência
Entre seus pontos de vista, Fulgoni defende que o anunciante deve parar de se preocupar com taxas de cliques em publicidade digital. Segundo ele, a efetividade das campanhas online deve ser medida em longo prazo, já que essas taxas nos dão uma avaliação direta do trabalho com determinado veículo e não a visão de criação da marca.
Fulgoni faz críticas às empresas que buscam a internet como um veículo de resposta rápida. Para ele, a internet não é diferente da TV ou do rádio para a criação de marca, além de ainda trabalhar a resposta direta da campanha.
Os profissionais de métricas já entenderam como ter uma resposta direta a uma campanha. Falta agora trabalhar também a criação de marca. Para isso é preciso ter uma visão de longo prazo e paciência.
Processo mental
Não há dúvida de que o último clique de uma busca funciona para vendas, mas não levar em conta todo o processo mental do consumidor até chegar ali é ignorar todas as outras influências que levam essa pessoa a comprar.
Quando uma pessoa inicia uma busca, ela está influenciada pelos diversos meios de comunicação que estão presentes em sua vida. Nesse momento já existe uma percepção, um valor que leva o consumidor a realizar a busca.
Hoje é muito comum analisar campanhas pela conversão. Essa é uma maneira de mostrar aos anunciantes o potencial da rede. Os dados dos sistemas de webanalytics mostram todo o trajeto até a finalização da compra de um bem. Porém, não é analisado o esforço de marketing feito para que a pessoa chegue ao site.
Como convencer anunciantes a anunciar na web?
Para convencer os anunciantes, é preciso mostrar que a mídia digital oferece tanto ou mais ROI (retorno sobre investimento) do que as demais.
Se o trabalho de publicidade fosse dividido em dois grandes grupos (resposta direta? e construção de marca?), pode-se perceber que a internet é muito mais utilizada em campanhas de resposta direta e bem menos para a construção da marca.
Mas por que é tão difícil vender campanhas de construção de marca na web? O problema pode estar na definição do clique como medida de desempenho da campanha. Para mostrar o outro lado da moeda para os anunciantes, deve-se criar métricas adequadas que mostrem a capacidade que a internet tem para trabalhar as campanhas de marca.
Para Fulgoni, a medição como é realizada hoje deve levar em consideração aquilo que já é usado há décadas, o GRP (de Gross Rating Point, audiência de um elemento de mídia multiplicada pelo total de inserções).
Essa é uma métrica comum em outras mídias, quando os anunciantes precisam saber quantas pessoas foram expostas à mensagem publicitária e quantas vezes isso ocorreu. Ou seja, apenas o clique não conta toda a história.
As pessoas expostas a essas campanhas, mesmo não clicando nas peças, têm maior probabilidade de visitar o site do anunciante, de fazer uma busca, visitar uma loja física e fazer a compra na loja física ou na digital.
Gian comentou que hoje a comScore possibilita aos seus clientes uma análise sobre o comportamento dos que viram uma campanha versus o comportamento de quem não viu. As pessoas expostas à campanha foram significativamente mais influenciadas a visitar o site da empresa, a fazer buscas com as palavras-chave e mesmo a comprar a marca anunciada.
Além do clique
Alcance e frequência são métricas que também deveriam ser trazidas do mundo offline. Além de importantes ferramentas para o planejamento e análise de mídia, elas têm sido usadas há décadas pelos anunciantes. Elas mostram ao anunciante quantas pessoas foram impactadas e quantas vezes isso aconteceu, medindo o sucesso de um planejamento na construção de uma marca.
Além do simulador de alcance e frequência oferecido há anos, a comScore tem trabalhado junto à Microsoft Advertising para oferecer uma ferramenta de análise baseada em seus painéis e nos dados do AdServer Atlas a agências e anunciantes.
Com isso é possivel auxiliar melhor o planejamento de mídia em mais de 200 agências com as quais a comScore trabalha em todo o mundo, com bons resultados.
O futuro da mídia digital está na mesa. Aumentar sua fatia no mercado depende da percepção de que é possível trabalhar campanhas de marca também na internet.