Beatriz Souza
03/12/2014
O Brasil subiu três posições no ranking de
corrupção elaborado pela organização Transparência Internacional. De acordo com
os dados divulgados nesta quarta-feira, o país está na 69ª posição no
Corruption Perception Index (Índice de percepção de corrupção, em tradução
livre).
Foram avaliados 175 países - os que ficaram nas primeiras
posições são os menos corruptos. O ranking foi feito com base em notas que vai
de 0 a 100. Quanto mais próxima de zero, mais corrupto é o país.
O Brasil registrou 43 pontos, um a mais do que no ano
passado. Com isso, o país subiu 3 posições em relação ao ranking de 2013 - mas
isso não é uma boa notícia.
Primeiro, porque com esta pontuação o Brasil continua sendo
considerado mais corrupto que nações como Ruanda, Namíbia, Cabo Verde, Emirados
Árabes, Turquia e Cuba. Na América Latina, o Brasil está atrás de Chile e
Uruguai, ambos com 73 pontos e na 21ª posição do ranking. Veja quais são os 40
países mais corruptos do mundo.
Além disso, o avanço em apenas um ponto pode ser um sinal de
que o Brasil está estagnado no assunto. E em termos de corrupção nacional,
estagnação é um péssimo sinal.
Segundo Alejandro Salas, diretor regional para as Américas
da Transparência Internacional, cada ano sem melhoras significa mais 365 dias
perdidos no processo de fortalecimento das instituições do Estado e da melhoria
da qualidade de vida das pessoas.
Para o especialista, o sutil avanço do Brasil no ranking
pode ser explicado porque com algumas reformas pontuais contra a corrupção, mas
que, na prática, não trazem avanços em questões centrais.
O caso do escândalo da Petrobras é um exemplo, segundo
Salas. "Ao invés de fazer uso positivo de sua influência como líder
geopolítico, o Brasil mostra sinais de estagnação e até mesmo de atraso, permitindo
o abuso de poder e o roubo de recursos do país para o benefício de
poucos", afirmou o diretor em texto publicado no estudo.
A culpa também é sua
Apesar das críticas aos agentes públicos, Salas diz também
que o cidadão comum tem sua parcela de responsabilidade pela corrupção.
"Parece pouco realista pensar que os que se beneficiam da corrupção serão
aqueles que vão trabalhar para erradicá-la", afirma.
Ele diz que os membros da sociedade civil também são
culpados em vários níveis: quando subornam um policial para se livrar de uma
multa, quando justificam o voto em um político corrupto usando a famosa frase
"ele rouba mas faz" e quando simplesmente se conformam com a ideia de
que a corrupção é inevitável.
Disponível em http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/brasil-melhora-em-ranking-de-corrupcao-mas-isso-nao-e-bom?utm_source=newsletter%26utm_medium=e-mail%26utm_campaign=news-diaria.html.
Acesso em 03 dez 2014.