Maria Paula Autran
Miojo sem
frango, promessas de um iogurte milagroso e a compra de um cruzeiro que não
consegue ser realizado. Essas foram algumas das razões que fizeram consumidores
insatisfeitos reclamarem no Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação
Publicitária) contra grandes empresas.
De
fevereiro a junho deste ano, a instituição recebeu 35 denúncias, das quais 20
eram de consumidores. No Procon-SP, as denúncias subiram de 1.534 para 2.321 no
primeiro semestre de 2010 em relação ao mesmo período de 2009.
"Publicidade
enganosa é aquela que não tem coerência com a oferta ou omite informação,
induzindo a pessoa ao erro", explica a advogada do Idec (Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor) Mariana Ferraz.
E, para
evitar problemas depois de comprar um produto e descobrir que foi enganado, ela
recomenda que o consumidor reúna todas as provas da oferta, como panfletos e
anúncios.
O
advogado e professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing)
Fernando Monteiro diz que, além de reclamar, é importante saber se prevenir.
"Normalmente
as empresas querem dar as informações por telefone. Se você vai comprar um
carro, peça todas as informações por escrito. Ou você pode ligar e gravar a
conversa", afirma.
Ele
recomenda ainda que, caso se sinta lesado, o consumidor faça uma representação
ao Ministério Público, além de procurar os órgãos de defesa do consumidor.
A
vendedora Sandra Lopes conta que comprou um produto para tirar verrugas, mas o
líquido não surtiu efeito.
Ela diz
que entrou em contato com a empresa, mas não obteve resposta e agora pensa em
procurar a Justiça. "Foi dolorido e sofrido. Na televisão, parecia uma
coisa imediata, mas a verruga não saiu e a pele ficou irritada", diz.
Guardar
sempre a nota fiscal e desconfiar de ofertas mirabolantes e preços abaixo da
média são as dicas da presidente do Movimento das Donas de Casa de Minas
Gerais, Lúcia Pacífico. "Eles gostam de vender produtos com defeito. Por
isso a importância da nota", afirma.
O
professor de direito do consumidor da PUC-SP Marcelo Sodré lembra ainda que é
preciso atentar para os asteriscos em panfletos.
"Eles
têm de ser legíveis, o consumidor deve ter acesso a essas informações. Elas têm
de ser claras e escritas", diz.