Administradores
26 de novembro de 2014
Por que apenas 10% dos planos estratégicos são efetivamente
implementados? O que realmente é estratégia? Segundo os autores Leonardo Araújo
e Rogério Gava, definir o que é estratégia é uma das questões mais intrigantes
dos estudos em gestão. Porém, em Estratégias Proativas de Negócio (Ed.
Elsevier), eles tentam ajudar elegendo as dez lições que aprenderam sobre o
assunto, na teoria e na prática, nos últimos 15 anos.
1 – O sucesso na
competição resulta de ser “diferente”, não de ser o “melhor”
Um erro bastante comum é o de que “estratégia é buscar se
diferenciar dos competidores, e não necessariamente ser o melhor competidor”.
Ou seja, a essência da estratégia é gerar valor, e não derrotar os
competidores. Uma boa estratégia é aquela que coloca a empresa fora da
convergência competitiva, construindo os famosos White spaces descritos por
Hamel e Prahalad, nos anos de 1990.
2 – Estratégia é competir por lucros, e não só por
participação de mercado
Estratégia é competir por resultados, e não por ganhos de
mercado a todo custo. Repare quantas empresas se perderam e foram engolidas
pela busca constante de Market share? O foco da verdadeira estratégia é a
lucratividade, o retorno sobre o capital, e não aumentar a base de clientes.
Participação de mercado significa que a empresa é grande, mas não
necessariamente que ela esteja ganhando dinheiro.
3 – Estratégia é ficar sempre de olho nos custos, e não
somente nas vendas
Estratégias têm sempre dois lados: o lado da oferta e o da
demanda. Isso significa que estratégia tem a ver com marketing, mas também com
finanças. Vantagem competitiva é questão de custo menor e preço maior. Só quem
consegue gastar menos e/ou cobrar mais garante a lucratividade, a rentabilidade
do capital. Mas para isso, é preciso definir bons indicadores. E tão importante
quanto isso é preciso ter uma alimentação de custos eficiente, que não mascare
despesas nem oculte gastos.
4 – Estratégia é fazer escolhas e não comente estipular
objetivos
Estratégias geralmente começam com duas ou três escolhas
básicas e iniciais, e depois disso vão ganhando musculatura. São os clássicos
trade-offs, aos quais Michael Porter tanto se refere. Não há como se lançar a
novos mercados sem fazer uma escolha pela inovação de produto ou de
desenvolvimento de novos segmentos. Uma empresa que quer antecipar o futuro
terá que fazer escolhas importantes em suas estratégias. Será impossível, por
exemplo, não querer abrir mão de ganhos de curto prazo em prol de inovações de
retorno mais extenso.
5 – Estratégia não é satisfazer a todos os clientes, mas
somente àqueles que trazem lucros
O caminho mais curto para o insucesso competitivo é querer
agradar a todos os clientes. Boas estratégias deixam alguns clientes
descontentes, pode acreditar! Educar o mercado é a arma que as empresas
proativas utilizam para satisfazer os clientes.
6 – Estratégia não é questão de uma competência isolada e
básica, mas de competências distintas combinadas
Nenhuma estratégia se sustenta sem uma teia de competências
a ampará-las. Trata-se de uma abordagem sinérgica de competências, todas elas
essenciais, mas nenhuma mais essencial do que as outras. A chamada gestão
proativa se baseia justamente nessa ideia, segundo a qual uma estratégia será
sempre sustentada por uma rede de competências complementares.
7 – Estratégias nunca são 100% deliberadas, elas são também
emergentes
A visão de que nenhuma estratégia será 100% prescrita ajuda
a perceber que muitas vezes é vital dar o start estratégico inicial, para
depois ir lapidando e melhorando as estratégias traçadas.
8 – Não existe estratégia que resista a uma má operação
O verdadeiro teste de fogo de qualquer estratégia é a
operação. Imagine uma estratégia proativa de venda online. É possível conceber
uma estratégia desse tipo sem o aporte de uma logística eficaz sem o cuidado no
atendimento comercial, sem uma estrutura de embalagem de produto condizente?
Nem pensar! Os clientes não querem desculpas, querem serviçoes que funcionem e
soluções para os seus problemas.
9 – Planejamento estratégico e pensamento estratégico são
duas coisas importantes, mas bem diferentes
Se a construção estratégia também é emergente, isso não
significa que ela floresça ao acaso, de forma fácil e divertida. Construir
estratégias é um processo metodológico, que tem muito de análise e de suar a
camisa. Nesse ponto reside o equilíbrio entre o sentir e o pensar estratégicos.
O planejamento estratégico só funcionará e terá sentido em um ambiente
propício. E esse ambiente é aquilo que podemos chamar de cultura para a
estratégia, um aspecto, aliás, ventilado de forma marcante na literatura e por
todos os gurus em estratégia.
10 – Ao final, não se iluda: fazer estratégia não é fácil
Falamos sempre na existência de um paradoxo estratégico: ao
mesmo tempo em que muito se louva a estratégia competitiva, muito se fala sobre
o benefício do planejamento estratégico, muito se estuda e escreve sobre
estratégia, é incomum encontrarmos uma empresa que trabalhe de forma realmente
estratégica. E mesmo quando isso acontece, vemos estratégias nascentes serem
logo decepadas pela raiz. Por que isso acontece? Porque fazer estratégia
envolve correr riscos; muitas empresas têm arrogância estratégica; a premência
pela operação muitas vezes sufoca a estratégia; a estratégia é arte e ciência e
muitas estratégias sucumbem à prova da execução.
Disponível em
http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/dez-licoes-que-voce-precisa-aprender-sobre-estrategia/95525/.
Acesso em 03 dez 2014.