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segunda-feira, 24 de março de 2014

Quatro sinais de que você deve investir mais na sua empresa

Camila Lam
19/03/2014
computador com gráfico na tela
Empreendedor que sonha alto sabe que para crescer é necessário investir no negócio. Mesmo que seja visto por muitos empreendedores como um custo, o investimento na verdade pressupõe uma expectativa de retorno maior no futuro. Ele pode significar a compra de uma máquina, a modernização da fábrica ou até mesmo a capacitação da equipe.

O investimento em pelo menos um desses aspectos, quando não todos, é necessário para uma empresa se manter lucrativa. A dúvida então não deve ser se devo ou não investir, mas, sim, quando investir. Afinal, investir antes da hora pode gerar também um custo mais alto que o necessário e, consequentemente, uma perda de competitividade. Veja alguns sinais de que o empreendedor precisa investir mais no próprio negócio.

1. Crescimento da demanda

Quando você espera vender mais, é natural que tenha que investir em mais máquinas ou na expansão da fábrica para conseguir entregar aos seus clientes. No entanto, algumas dicas aqui são importantes: sempre que possível, o investimento deve ser feito em etapas conforme o aumento da demanda.

Além disso, é fundamental entender se o aumento da demanda não é algo pontual, por exemplo, um aumento em função de um acontecimento específico ou em função da sazonalidade. Nesses casos, pode ser mais interessante buscar parceiros ou mão de obra temporária para dar conta do pico.

2. O desempenho dos concorrentes

Observe os seus concorrentes, desde coisas simples como verificar se ele está ou não investindo na fábrica a coisas mais específicas como a produtividade média das máquinas ou das sua equipe, o volume de investimento em pesquisa e desenvolvimento, a rentabilidade dos produtos e da empresa, entre outras métricas específicas do negócio. Estes são indicadores importantes para saber se você está com um resultado bom, se precisa investir mais, ou às vezes, se precisa rever seu negócio.

3. Equipe desmotivada

Neste contexto, provavelmente o mais difícil de definir é a hora certa de investir nas pessoas. O sinal de um elevado nível de stress dos funcionários, por exemplo, pode ser um indicativo importante. Outra sugestão é monitorar os ciclos de mudança da sua indústria ou definir um tempo ideal para investimento em gente, que deve variar entre três e cinco anos. Infelizmente, aqui não se tem ciência exata. Afinal, um dos talentos mais valiosos de um empreendedor é a habilidade de saber quando investir e cuidar de pessoas.

4. Falta de capacitação do empreendedor

E claro, monitorando a demanda, os concorrentes, e o time, não podemos nos esquecer de você mesmo! O empreendedor por muitas vezes é tido como solitário, o que implica em não ter alguém para lhe dar feedbacks e auxiliar no seu desenvolvimento. Então, não se esqueça de buscar capacitação e evoluir junto com seu negócio. Invista em conhecimento, cursos, troca de experiências, para compreender como atender às necessidades dos clientes e dos colaboradores.


Disponível em http://exame.abril.com.br/pme/noticias/4-sinais-de-que-voce-deve-investir-mais-na-sua-empresa. Acesso em 23 mar 2014.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Mão de obra vira principal dor de cabeça dos executivos

Valor Econômico
A preocupação com a mão de obra chegou ao topo da lista de temores dos executivos que comandam grandes empresas brasileiras, presentes à cerimônia de entrega da 12 ª edição do prêmio Executivo de Valor. Em uma lista de seis itens de "preocupações imediatas" - demanda fraca, mão de obra, inflação, câmbio, custo do crédito e inadimplência dos clientes - a disponibilidade, o custo de pessoal e sua qualificação receberam as notas máximas (de oito a dez), seja na indústria, no varejo ou em serviços. A nota para essa preocupação ficou acima da inflação, revertendo inquietações de 2011. No ano passado, no mesmo evento, executivos relataram que "velhas" preocupações com aumento de custos de insumos haviam retornado para sua agenda.

Além da mão de obra, demanda fraca e câmbio apareceram como fortes preocupações de curto prazo. Para esses itens, os temores foram mais fortes entre as companhias muito ligadas ao comércio exterior, mas também apareceram entre diferentes produtores de bens de consumo, como automóveis, vestuário e bebidas.

O presidente da CPFL, Wilson Ferreira Júnior, explica que não há "uma preocupação somente com qualificação, mas também com disponibilidade de mão de obra. A disputa por funcionários acaba inflacionando os salários e, em alguns casos, as opções de contratação são muito poucas", diz o executivo. Renato Alves Vale, presidente da CCR, acrescenta à disponibilidade outra preocupação: a formação. "Nossa preocupação é ter pessoal preparado para garantir sucesso em um ambiente de crescimento, com aumento de demanda." Essa preparação, salienta, também envolve a capacidade de gerar lideranças para guiar a empresa.

"A formação de mão de obra no médio prazo é o principal motivo de preocupação para a Totvs, afirma Laércio Cosentino, executivo-chefe da maior companhia de software de capital nacional. "O setor de tecnologia da informação demanda mão de obra em larga escala e a velocidade da formação de técnicos nos próximos anos será inferior à necessidade das empresas", diz Cosentino. Para ele, demanda fraca, crédito, inflação, inadimplência dos clientes e câmbio mereceram notas muito baixas - de dois a três.

A mão de obra também está entre as maiores preocupações da farmacêutica francesa Sanofi-Aventis, controladora do laboratório Medley, maior de genéricos do Brasil, presidida no país por Heraldo Marchezini. Esse item recebeu nota oito. Na petroquímica Braskem, o projeto de crescimento e internacionalização fez a mão de obra subir ao topo dos temores. Carlos Fadigas, presidente da companhia, diz que esse fator já seria crítico em qualquer circunstância. "Como vivemos uma época de pleno emprego, a disputa natural entre as empresas pelos melhores talentos do mercado torna-se mais acirrada e pressiona os salários para cima, o que torna a questão dos recursos humanos ainda mais relevante", diz ele. Por isso, o executivo sugere que o governo siga desonerando o custo da mão de obra.

Fabio Schvartsman, diretor-geral da Klabin, acrescenta demanda fraca e inadimplência à preocupação com mão de obra. Schvartsman diz que o conjunto de medidas tomadas pelo governo para fortalecimento da economia, seja de incentivo às indústrias, sejam as ações da política monetária de redução de juros, ainda não se traduziram em recuperação importante na economia. Outro setor, bem diferente, tem preocupação semelhante. A demanda fraca e o custo do crédito são as maiores preocupações para Jayme Garfynkel, presidente da Porto Seguro. Quanto ao custo do crédito, seu maior temor recai sobre o financiamento de veículos, que, segundo ele, já afeta o mercado de seguros.

Já para o presidente do grupo São Martinho, Fábio Venturelli, o câmbio está no topo das preocupações. A estabilidade do moeda, diz ele, é essencial para as atividades da companhia por conta de seu "expressivo volume de exportações". Em um segmento com características semelhantes, o presidente da BRF - Brasil Foods, José Antonio do Prado Fay, também relacionou a mão de obra como principal preocupação. "Trabalhamos em um setor em que a mão de obra é muito intensiva e temos dificuldade para contratar", disse ele, citando os cerca de 2 mil postos de trabalho abertos que a BRF não conseguiu preencher.

Ainda no agronegócio, o presidente da JBS, Wesley Batista, também elencou mão de obra como sua principal inquietação. "Para fazer frente ao crescimento do Brasil, precisamos de mão de obra qualificada", sendo necessário maior "investimento em educação".

Em outro setor, e procurando outro perfil de profissional, o presidente da operadora de telefonia Telefônica/Vivo, Antônio Carlos Valente, fez coro aos empresários do agronegócio. "Trata-se de um tema que, devido ao desempenho econômico dos anos recentes, pode trazer algumas dificuldades para companhias dos mais variados segmentos, em especial para aquelas com alto nível de especialização como o nosso", diz Valente. Ainda no setor de serviços, a retenção dos empregados é uma preocupação. O presidente do Cinemark, Marcelo Bertini, diz que a empresa trabalha muito com primeiro emprego e salário mínimo, onde o mercado é muito competitivo, dificultando a manutenção dos funcionários na empresa.

Câmbio, mão de obra, demanda fraca e inadimplência ocupam, cada um, a mesma nota de preocupação do presidente da Fiat, Cledorvino Belini. Marcando oito para cada um desses itens, ele aposta que a redução dos juros trará uma reversão do quadro de retração que marcou o primeiro trimestre.

A demanda também está entre as preocupações de outro setor ligado ao consumo. Apesar dos bons resultados da companhia nos últimos trimestres, o presidente da Hering, Fabio Hering, nota desaceleração da demanda. "Não sei se esse movimento está relacionado com o endividamento grande, principalmente da classe média. Porque a gente não vê nada em termos de emprego e renda", observa o executivo.

A dificuldade em entender o que está acontecendo com a demanda é partilhada pelo presidente da Ambev, João Castro Neves. Ele disse que a demanda é uma preocupação "importante" da companhia. Ele diz que o segmento em que a companhia atua passou por forte crescimento em 2009 e 2010, e desde 2011 está vivendo um processo de desaceleração. No primeiro trimestre do ano, o volume de vendas da companhia cresceu, mas por conta de ganho de participação de mercado, e não por conta da expansão do segmento. "A preocupação com essa retração ou desaceleração, como se queira chamar, não está restrita ao nosso setor nem à nossa companhia, mas ao mercado como um todo".

Mostrando que as preocupações de curto prazo são as mesmas que marcam uma visão de longo prazo, a questão tributária, um tema que vem atormentando a companhia nos últimos meses, é a principal preocupação do presidente da Vale, Murilo Ferreira. "Isso gera uma incerteza na precificação das ações da empresa e causa receio para os investidores e para a companhia", afirmou. A essa questão ele atribuiu nota oito. Em seguida, ele elenca a mão de obra (sete) e o câmbio.

Ferreira não ficou sozinho. O que mais preocupa Alessandro Carlucci, presidente da empresa de venda direta de cosméticos Natura, neste momento, é o "arcabouço tributário do Brasil", que, segundo ele, dificulta o planejamento das empresas. Entre os itens levantados pelo Valor, a dificuldade de mão de obra está entre os assuntos que mais afligem o executivo, que atribui um grau de preocupação entre cinco e seis ao tema. "A busca por talentos vai ficar cada vez mais desafiadora, porque a capacidade do Brasil de desenvolver pessoas não é na mesma velocidade com a qual a economia cresce", diz.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

MEC promete triplicar matrículas em EAD e alcançar 600 mil alunos até 2014

Simone Harnik
O MEC (Ministério da Educação) tem o plano de triplicar o número de matrículas em cursos públicos de EAD (Educação a Distância) até 2014, passando dos atuais 210 mil alunos para 600 mil. O dado é do diretor de Educação a Distância da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), João Carlos Teatini, responsável pelo programa UAB (Universidade Aberta do Brasil). Entre os obstáculos, segundo o gestor, estão o preconceito e a resistência ao modelo e as dificuldades de conexão e falta de banda larga pelo país.

A UAB é um sistema integrado por universidades públicas de todo o país, que oferecem ensino superior a distância. Implantada no segundo semestre de 2007, ela dispõe de cursos de licenciatura, formação pedagógica, bacharelado, tecnólogo e sequenciais. Há também formação continuada nas modalidades de especialização, aperfeiçoamento e extensão, e o Profmat (Programa de Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional). Atualmente, a UAB tem cerca de 11 mil professores formados em graduações e outros 16 mil concluintes.

Em entrevista ao UOL Educação, Teatini, que é engenheiro e professor da UnB (Universidade de Brasília), explicou que o programa tem duas prioridades: formação de professores, em caráter emergencial, e instalação de cursos com foco no desenvolvimento do país. Confira:

UOL Educação: Quais são as prioridades da UAB?
Teatini: A prioridade é a formação de professores. Temos hoje cerca de 1,7 milhão de professores na educação básica pública e cerca 400 mil sem formação adequada, conforme determina a LDB [Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional] de 1996. Entre os objetivos também está o apoio a cursos com foco a desenvolvimento regional. Sendo otimista, assim que a formação de professores, de caráter emergencial, entrar no fluxo, vamos abrir mais UAB para cursos com outros focos, pensando no desenvolvimento do Brasil.

UOL Educação: Quais são as regiões foco?
Teatini: A maior concentração de ensino superior privado está no Sudeste (85%). Majoritariamente, essas redes atendem as periferias das grandes cidades, e este é um campo amplo para a UAB. Hoje, temos a meta de alcançar 20% dos municípios do Brasil com polos da UAB. A princípio, os municípios com 50 mil habitantes são candidatos a ter polos, desde que exista uma instituição pública com interesse e apta a oferecer curso naquela localidade.
Já temos na região amazônica 19% dos municípios com UAB. No Sudeste, 12%. A média nacional é de 14%. Precisamos olhar o número de municípios e a população e também as desigualdades regionais.

NÚMEROS DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

Modalidade
IES
Cursos
Matrículas
Aperfeiçoamento
41
123
15.230
Bacharelado
41
56
21.155
Especialização
61
210
55.811
Extensão
12
16
3.571
Formação Pedagógica
2
2
166
Licenciatura
69
236
104.707
Sequencial
2
2
691
Tecnólogo
13
14
5.522
Total
81
659
206.853


UOL Educação: Quantos estudantes a UAB pretende alcançar?
Teatini: Estamos com 210 mil alunos. Nesse primeiro semestre, temos mais 40 mil vagas. Até 2014, a meta é chegar a 600 mil alunos matriculados na formação inicial e na continuada. A intenção é triplicar o número atual. Temos 92 instituições cadastradas, e há pedidos de instituições para participar da UAB, levando esse número a 100. Queremos que todas as instituições federais e estaduais participem. Há a perspectiva de chegarmos a mil polos até 2014.

UOL Educação: Como são os custos para essa expansão? Há recursos disponíveis para isso?
Teatini: Há recursos [para 2012, a dotação é de R$ 370 milhões]. Existe uma economia de escala que é uma coisa muito interessante. Comparar o investimento em EAD com o investimento em educação presencial é como comparar o de construir uma rodovia com o de uma ferrovia: a ferrovia tem um investimento inicial maior, mas, para conservação, gasta menos. O custo-aluno é extremamente competitivo em EAD [De 2007 a 2011, a UAB investiu cerca de R$ 1,5 bilhão].

UOL Educação: Qual é o maior desafio para expandir o programa?
Teatini: Existe o preconceito contra a EAD, que tem vários aspectos. E o maior desafio é que o Brasil é continental. A EAD não pode ter soluções únicas, precisa ter flexibilidade. Hoje, um problema sério é a banda larga. Até Manaus, que é uma capital, tem dificuldades de conexão. Além disso, no sistema da educação brasileira, a autonomia dos estados e municípios faz com que muitos não tenham carreira, não respeitem o piso do magistério e não apliquem o PIB em educação. Precisamos ter um Sistema Nacional de Educação, para garantir salário atraente e formação adequada.

UOL Educação: Existe a perspectiva de abrir mais cursos de mestrado a distância? Hoje, só temos o Profmat.
Teatini: Estão sendo estudados um curso na área de letras e outros dois na área de química e física. A previsão é de que, para 2013, já existam mais alunos em mestrados a distância.

UOL Educação: A evasão de cursos da UAB é maior que a de cursos presenciais?
Teatini: Esse é um boato espalhado principalmente pelas pessoas que são contra a EAD. Há cursos presenciais na UnB que têm evasão enorme. Até pouco tempo, nas engenharias, a evasão estava chegando a 50%. A taxa geral aproximada de evasão de alunos da UAB é de 20%, e varia por tipo de curso ou polo de apoio presencial.

UOL Educação: Em quais cursos a evasão é maior?
Teatini: A maior evasão se dá nos cursos de formação continuada para professores. Muitas vezes as secretarias de Educação não apoiam os professores. Outra questão séria é que as carreiras não estimulam professores a buscar formação. Há estados, por exemplo, em que um professor que faz a graduação tem aumento de 5% no salário, o que é muito pouco. Para professores de universidades que fazem mestrado, o salário sobre 50%.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O futuro da capacitação está no ensino a distância

Glória W. de Oliveira Souza
Tempos atrás era comum vermos nos espaços de jornais e revistas, bem como nas matérias de televisão e em blogs da internet de que o Brasil vivia uma crise de apagão de mão-de-obra. Os empresários, que sentiam os efeitos em seus empreendimentos, também perceberam que o mundo estava mudando e que ele também necessitava de capacitação para enfrentar, não somente seus concorrentes, mas uma nova era econômica que se avizinhava. Mas muitos não investiram em educação por falta de tempo ou alto investimento. Hoje, entretanto, há saída para superar estes obstáculos: o ensino a distância. Tanto para o empresário como para seus funcionários.

Em 2006 Berwanger já afirmava que a mão-de-obra existente era “terrível e desanimadora: em um simples texto de três linhas não se consegue identificar o que é dado e o que está sendo pedido”. E completava que o “universo de alunos a que me refiro é composto em grande parte por jovens recém-saídos do ensino médio, com idade entre 17 e 21 anos, e por uma parcela um pouco menor que tem entre 22 e 29 anos. E a queixa desse autor se confirmava em estudo feito em 2009 pelo IPM (Instituto Paulo Montenegro), ao constatar que cerca de 28% dos brasileiros ainda poderiam ser classificados como analfabetos funcionais, enquanto somente 25% dominam plenamente o uso da língua. 

De acordo com o estudo, se os jovens completassem o ensino fundamental com melhor qualificação, poderiam atingir um nível pleno de alfabetismo, ou seja, seriam capazes de ler e analisar textos, tabelas e gráficos presentes em manuais, jornais, etc., comparando e estabelecendo relações entre as informações, resolvendo problemas matemáticos que envolvem sequências de cálculos (como porcentagens, por exemplo). E esta deficiência ainda existe e afeta diretamente as empresas, notadamente nas micro e pequenas que, devido ao seu tamanho, necessitam de profissionais mais capacitados. Em 2010, a jornalista Daniela D’Ambrosio publicou em jornal de grande circulação que os empresários viviam reclamando de que “está difícil contratar profissionais qualificados e com experiência”. Um ano depois, o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) apontava que a situação não melhorava e que o crescimento do mercado de trabalho brasileiro ocorreu, principalmente, entre os empregos que pagavam até dois salários mínimos. 

Ensino a distância

A alternativa para a baixa qualificação de mão-de-obra, bem como para ajudar os micro e pequenos empresários possam se capacitar, é investir nos cursos feitos pela internet. No sistema de estudos pela web o estudante é responsável por estabelecer os horários de aula e a rotina de estudos para buscar conhecimento complementar. Assim, a capacitação pode ser feita tanto em dias e locais que melhor atendem ao estudante, tanto dentro da empresa como fora dela, sem prejuízo para as atividades laborais.

E os investimentos na capacitação vão da pós-graduação aos cursos livres, especialmente criados para atender necessidades imediatas. Segundo Glória de Oliveira Souza, sócia-diretora da Canalw Difusão do Conhecimento, empresa que disponibiliza cursos livres voltados para o universo das micro e pequenos empreendimentos, “a disponibilização da internet na maioria das empresas permite que tanto o empresário como o empregado possam estudar a qualquer momento e, desta forma, pode enfrentar o mundo competitivo que o cercam”. Segundo ela, o sistema de ensino a distância gera ganho de tempo e investimento reduzido.

Os cursos da Canalw utilizam a plataforma Moodle (CMS opensource), baseada em tecnologia de interação, no sistema LCMS (Learning Content Management Systems), que é o mais adequado para implementação de cursos 100% online. Além disso, a empresa baseia seus cursos na filosofia de aprendizagem da pedagogia social-construcionista (Piaget; Papert; Vygotsky). Para complementar a eficácia dos estudos, a metodologia utilizada apoia-se na fixação de conteúdo mediante disponibilização de ferramentas lúdicas.

Cursos prontos e personalizados

A Canalw oferece ao mercado dois tipos de cursos: prontos e personalizados. Os cursos prontos visam atender um público amplo e estão disponíveis os cursos A comunicação na empresa’; ‘Os segredos de uma boa negociação’; ‘As finanças da empresa’ e ‘De olho nos impostos’, que podem ser adquiridos imediatamente.

Já para àqueles empresários que necessitam de cursos para atender especificamente uma necessidade própria, a empresa dispõe de ferramentas para criar cursos personalizados. Estes cursos são criados a partir de um tema (que definirá o nome do curso) e, a seguir, são escolhidos os assuntos (que definirão os textos-base de cada módulo), sendo que o curso será inserido em uma subcategoria (que identificará o cliente), na categoria ‘Privativos’. “O valor aplicado nos cursos a distância não é um gasto, mas sim investimento, já que tanto o empresário como o funcionário estarão melhores preparados para o dia-a-dia da empresa”, completa Clóvis Machado, também sócio-diretor da Canalw, ao adicionar que o investimento não supera a dois dígitos por curso. 

sábado, 26 de junho de 2010

Na espera da recuperação do mercado, foco deve ser na educação profissional

Flavia Furlan Nunes

Com a crise, o emprego no Brasil registrou quedas nunca antes imaginadas para o ano de 2009. Para se ter uma ideia, no caso da indústria, houve recuo de 5,6% em abril, frente ao mesmo período do ano anterior, a maior retração deste 2001, quando o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) começou a medir o emprego na indústria.

Os dados não são nada animadores. Mesmo assim, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou na segunda-feira (6) que o Brasil deverá gerar entre 500 mil e 700 mil empregos formais até o final do ano. Em resumo: a retração econômica realmente gerou desemprego, mas a promessa é de que novos postos serão abertos ainda neste ano. Enquanto isso, qual deve ser a atitude do profissional que perdeu o emprego?

Foco na educação

De acordo com o gerente de Marketing da S.O.S Educação Profissional, Sérgio Souza Carvalho Jr., com o colapso econômico, as duas frentes mais afetadas da estrutura organizacional foram o "alto escalão" e o pessoal do "chão da fábrica". "O funcionário sem qualificação foi demitido, assim como muitos diretores e gerentes".

Como cada vez mais as empresas exigem colaboradores capacitados, a realização de cursos num momento de desemprego pode significar uma melhor posição na retomada das contratações no mercado de trabalho. Em qualquer situação, a qualificação profissional será bem-vista pelos departamentos de Recursos Humanos. "Quem realmente quer fazer um curso de peso tem todas as condições de alçar voo na carreira e na vida pessoal", disse.

Mas, para isso, é preciso ter as finanças em equilíbrio. Afinal, o aprimoramento profissional pode custar caro. De acordo com o consultor de carreiras da DBM, Alexandre Nabil, o ideal é que o profissional tenha uma reserva referente a nove meses de trabalho, para pagamento de suas despesas, caso esteja sem emprego.

Para quem quer dar um novo rumo na carreira, essa pode ser a oportunidade para começar um mestrado ou partir para o doutorado, já que se terá mais tempo para estudar. No momento de retomada do mercado, você poderá contar com duas formas de atuação: tanto na área acadêmica quanto no mercado de trabalho.

Universitários

E para quem ainda está na faculdade, a alternativa pode ser o aprofundamento em uma nova língua, enquanto as vagas de estágio permanecerem escassas por conta da crise. Em julho, por exemplo, existem empresas internacionais que procuram estudantes para fazer um estágio de um mês remunerado.

Nos Estados Unidos, resorts, restaurantes e outros estabelecimentos em que a demanda aumenta nas férias de julho, quando é verão no hemisfério norte, procuram por estudantes brasileiros. Segundo o gerente da área de Experiência de Trabalho da STB, Samuel Lloyd, os empregadores norte-americanos identificam nos brasileiros características como empatia, facilidade de entrosamento e adaptação a novas culturas.

E essa é uma oportunidade de se aprimorar, já que, de acordo com Lloyd, programas como este proporcionam uma chance única para jovens dispostos a desenvolver competências por meio da experiência de trabalho remunerado durante as férias nos Estados Unidos.

"Além de administrarem o próprio orçamento e a moradia, enfrentarem desafios e cumprirem sua missão profissional, os estudantes voltam com uma bagagem cultural, histórias para contar, fotos e lembranças", afirmou.

terça-feira, 1 de junho de 2010

72% dos jovens têm preparação inadequada para enfrentar mercado de trabalho

Antônio Gois

De cada 100 brasileiros de 15 a 19 anos, 72 não estão preparados para conseguir uma boa colocação no mercado de trabalho. A constatação é de um estudo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) sobre a qualidade do ensino na América Latina.
A mesma conta foi feita em outros cinco países da região: Peru, México, Uruguai, Chile e Argentina. O percentual do Brasil só não foi pior do que o verificado no Peru.

Para chegar a essa conclusão, os autores do estudo levaram em conta não só o percentual de jovens sem ensino fundamental completo mas também aqueles que, mesmo concluindo este nível, tiveram uma educação de péssima qualidade.

No caso do Brasil, 43% dos jovens de 15 a 19 anos sequer haviam conseguido concluir o ensino fundamental. Dos 57% que fizeram o fundamental, no entanto, o estudo estima que metade teve uma educação de baixa qualidade, já que 50% dos alunos brasileiros que fizeram a prova de leitura do Pisa (exame internacional que compara a educação em diferentes países) não passaram do nível 1 de aprendizado, o mais baixo.

"Não estamos dizendo que esses jovens não conseguirão emprego algum. Poderão até trabalhar em atividades mais básicas, mas não será essa força de trabalho que atrairá empresas de alta tecnologia", diz o economista responsável pelo estudo, Juan Carlos Navarro.

O argentino Jorge Werthein, diretor-executivo da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana e representante da Unesco no Brasil de 1997 a 2005, concorda. "O desempenho dos latino-americanos no Pisa, quando comparado com o de estudantes europeus, deixa claro que ainda não temos uma educação de qualidade."

Além de estimar o percentual de jovens sem preparação adequada para conseguir um emprego bem remunerado, o estudo do BID, por meio de uma pesquisa do instituto Gallup feita em vários países, compara também o grau de satisfação da população local com a qualidade do ensino. O que surpreende no caso dos países latino-americanos é que, mesmo tendo níveis baixos de qualidade, a população avalia de forma positiva a educação, fenômeno classificado no estudo como "satisfação excessiva".

No caso brasileiro, mais da metade (64%) da população disse estar satisfeita com a educação. O percentual do Brasil, porém, nem é um dos mais altos. No Paraguai, por exemplo, os satisfeitos chegam a 75%, percentual maior que o do Japão (70%). Uma explicação para essa "satisfação excessiva" está na escolaridade da população, já que, quanto mais escolarizados são os pais, menor a satisfação.

"Se uma criança atinge um patamar mais elevado que o do seus pais, a tendência é avaliarem positivamente a escola. Mas, no futuro, essa percepção favorável deve diminuir, porque as novas gerações estão chegando em um nível maior de escolaridade", afirma Navarro.

Para Werthein, nem sempre a população mais pobre tem a consciência de que a educação é um direito: "Essa consciência permite ter uma postura mais crítica sobre a qualidade".

Outro fator a influenciar a percepção de qualidade da educação é a existência de avaliações institucionais. Neste caso, o Brasil, ao lado do Chile, é elogiado no relatório por realizar exames nacionais que ajudam a população a julgar a qualidade.