Carlos Pires
5 de outubro de 2013
Não há dúvidas de que o número de idosos no mundo está
aumentando rapidamente. Um dos indicadores é a estimativa das Nações Unidas de
que cerca de 800 milhões de pessoas com mais de 60 anos estavam iniciando os
preparativos para a aposentadoria ou já estavam contemplando a possibilidade em
2012. A previsão é de que esse número pule para 2,03 bilhões até 2050. Não é
diferente no Brasil. Recente pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) apontou que a expectativa de vida do brasileiro
aumenta quatro meses a cada ano. Subiu de 62,5 anos, em 1980, para 73,7, em
2010.
Enquanto o impacto desse crescimento sobre os orçamentos
governamentais está sendo discutido de maneira intensa, um número muito pequeno
de varejistas e fabricantes tem notado que essa mudança etária pode gerar
incrementos às suas receitas. Essa “nova geração” de idosos está mais ativa,
mais preocupada com a saúde e mais rica do que nunca. No Reino Unido, por
exemplo, as pessoas com mais de 50 anos são responsáveis por 80% das compras de
automóveis "top de linha”.
O poder de consumo dessas pessoas representa uma grande
oportunidade. As estimativas do censo de 2012 dos Estados Unidos mostram que
famílias chefiadas por pessoas de 55 a 64 anos de idade possuem uma renda
mediana de US$ 55.748 em comparação com a renda de US$ 49.659 daquelas famílias
chefiadas por pessoas de 25 a 34 anos de idade.
Um dos focos da terceira idade é gastar seu dinheiro com
alimentos e bebidas. Outro levantamento no Reino Unido indica que as pessoas
entre 50 e 64 anos gastam 50% mais com produtos alimentícios do que aquelas com
menos de 30 anos. À medida que os consumidores vão ficando mais velhos, eles
mudam sua abordagem em relação aos alimentos que consomem, e para prolongar um
estilo de vida ativo, focam em produtos mais saudáveis. Deste modo, a atitude
mais sensata dos fabricantes e dos varejistas é tratar esse segmento do mercado
como uma dos pontos primordiais em suas estratégias de negócio.
A criação de um produto direcionado é somente o início. Com
algumas grandes marcas percebendo o crescimento dessa classe, é provável que em
breve encontremos, no mercado local, lançamentos de produtos alimentícios com
quantidade de acidez reduzida, fórmulas nutricionais que colaborem para um
envelhecimento saudável, texturas fáceis de ingerir e embalagens leves, como já
acontece no Japão, por exemplo.
Entretanto, a maneira de se comunicar com esse público é tão
ou mais importante do que a criação de um produto. Os fabricantes precisam
reconhecer que os consumidores mais velhos se comportam de maneira diferente
dos consumidores mais jovens. Não se trata somente do fato de que eles gastam
menos com roupas e mais com alimentos e produtos saudáveis, mas eles têm o
tempo e a vontade de pesquisar produtos específicos. Eles são menos
influenciados pelas propagandas, buscam produtos de qualidade e são fiéis às
marcas que representam valor.
Torna-se, portanto, de extrema importância oferecer o maior
número de informações possíveis aos consumidores. Nos dias atuais, não se pode
esquecer a utilização da internet para esse fim. Grande parte do aumento do
acesso à internet está sendo impulsionada por grupos de pessoas com idade mais
avançada. As mídias sociais também têm papel fundamental na troca de
informações sobre determinado produto. Para as redes varejistas, os focos são
priorizar o desenvolvimento de uma navegação fácil em suas páginas da Web e
oferecer serviços de entrega convenientes.
Outro ponto que também deve ser observado é a estrutura
física oferecida. Vagas especiais, caixas exclusivos, escadas rolantes
adaptadas são itens básicos, mas que não devem ser os únicos. Redes de supermercados
na Europa, por exemplo, oferecem aos idosos carrinhos de compra equipados com
lupas. Características atraentes aos olhos de consumidores mais velhos serão
diferenciais no momento de escolha do local onde fazer compras.
O aumento de consumidores idosos não é uma moda passageira,
trata-se de um fato da vida. Hoje vivemos uma mudança da estrutura
populacional, com o aumento da expectativa de vida e os jovens dividindo com os
idosos a base da pirâmide demográfica. Os executivos e as empresas que já estiverem
prontas para atender essa nova demanda serão as que conseguirão mais destaque
no mercado.
Disponível em
http://www.administradores.com.br/noticias/administracao-e-negocios/terceira-idade-uma-nova-classe-consumidora/80639/.
Acesso em 09 out 2013.