Forebrain
05/12/2012
Você já parou para perceber como a visão é um sentido
essencial, principalmente para nós, seres humanos? É com a visão que
conseguimos perceber o ambiente ao nosso redor e podemos formar opiniões,
lembranças, preferências e experimentar sensações. Porém, existe uma série de
estímulos visuais acontecendo a todo o momento e, por isso, nosso cérebro tem
que selecionar para onde vamos olhar, ou seja, para onde nossa visão estará
centralizada. Entender como e porque as pessoas prestam atenção nos diferentes
estímulos ambientais é de grande valia, por exemplo, dentro da área da
propaganda e marketing. Em um mundo com tantos atrativos, chamar a atenção do
cliente se torna um pré-requisito importante para fazer com que a marca ou o
produto que se está promovendo atinja o público-alvo.
Dentro desse assunto, os neurocientistas discutem que
existiriam duas formas básicas através das quais um determinado estímulo
estaria “chamando atenção”: por mecanismos iniciados por características
relevantes do próprio objeto (também chamadas de fatores “de baixo para cima”
ou “bottom-up”) ou por processos que começam quando estamos procurando no
ambiente algo que nos interessa. Quando encontramos, aquilo “prende” nossa
atenção (também chamados de fatores “de cima para baixo” ou “top-down”).
Por existirem esses dois tipos de processos que direcionam
nossa atenção e, consequentemente, nossos olhares, diversas pesquisas nessa
área procuram investigar justamente quando acontece um destes fenômenos, para
que seja possível identificar o que captura a atenção de alguém e, com isso,
saber o que é realmente relevante para o indivíduo. Com isso, uma das questões
que existe em aberto é: será que apesar das características do estímulo (ou
seja, dos fatores “bottom-up”), a sua relevância emocional pode agir de forma
mais forte para chamar e direcionar a atenção? Em outras palavras: existira
alguma diferença entre estímulos visuais positivos, negativos ou neutros com
relação à sua capacidade de “chamar a atenção”?
Para ajudar a responder essas perguntas, pesquisadores da
Universidade de Toronto, no Canadá, investigaram o impacto de fatores emocionais
no padrão de direcionamento do olhar para entender até que ponto as
características físicas (como, por exemplo, cor, brilho, contraste, número de
pessoas ou objetos na foto, dentre outras) e as emocionais (como, por exemplo,
se a foto retrata uma cena que transmite tristeza ou felicidade) estariam
“competindo” entre si durante o processo de visualização de uma cena complexa.
Com o objetivo de examinar como o movimento dos olhos
poderia diferenciar, entre si, fotos negativas, positivas e neutras, os cientistas
compararam a forma que tais imagens capturaram a atenção das pessoas utilizando
a técnica de “eye-tracking”. Com esse tipo de tecnologia, os cientistas são
capazes de monitorar continuamente para onde uma pessoa está olhando e, desse
modo, montar um mapa com o padrão de direcionamento do olhar que o indivíduo
apresenta.
Os resultados desse estudo indicaram que a relevância
emocional de uma cena (ou seja, se ela retratava uma situação agradável ou
desagradável) estaria desviando mais atenção dos participantes do estudo,
independente das suas características físicas. Em outras palavras, independente
das qualidades visuais das fotos, aquelas que possuíam algum valor emocional
(negativo ou positivo) possuíam maiores tempos de fixação do olhar, e, consequentemente,
maior alocação de recursos atencionais do que as fotos neutras (sem valor
emocional).
Dessa forma, a conclusão do estudo indica que a importância
emocional do estímulo visual era mais importante para capturar a atenção das
pessoas do qualquer outro fator, como brilho, contraste e cor, indo ao encontro
da ideia que fatores afetivos e processos racionais estariam desempenhando um
papel fundamental para controlar o direcionamento do olhar e, consequentemente,
para onde a pessoa está prestando atenção. Com isso, esse estudo fornece mais
informações sobre como nós selecionamos o que vemos e pode ser útil,
principalmente para os profissionais da área de propaganda e marketing, para
esclarecer quais são os fatores que influenciam na percepção, pelo público, das
campanhas publicitárias idealizadas.
Disponível em
http://www.forebrain.com.br/como-escolhemos-o-que-vemos/. Acesso em 02 jun
2013.