Luciana Carvalho
Saindo dos básicos chinelos azuis e brancos para chegar às sandálias
multicores e com design moderno, a Havaianas, a tradicional marca de sandálias
da Alpargatas, passou por uma grande mudança e, em 2007, iniciou um processo de
globalização. Hoje, a marca é conhecida mundialmente graças ao trabalho
conjunto de profissionais inovadores e apaixonados.
Para o especialista em marketing e estratégia
Dominique Turpin, a Havaianas é um exemplo de como montar uma boa equipe.
Turpin, que também é presidente do IMD (Institute for Management Development),
considera que não existe um perfil de gestor ideal para toda e qualquer
empresa, mas há algumas características mais desejáveis. Confira a seguir as
qualidades citadas por ele.
Boa comunicação
"Os gestores precisam ter características,
habilidades e competências de um bom comunicador", afirma. Não é à toa que
ele diz isso. Com um trabalho intenso de comunicação, publicidade e relações
públicas, a Havaianas teve seu status elevado e se expandiu para a Europa.
Devido ao trabalho de comunicação dos profissionais
da Alpargatas, em parceria com agências especializadas, o produto passou a ser
conhecido e, mais importante, usado por celebridades internacionais, como
Catherine Zeta-Jones, Jennifer Aniston, Britney Spears e Julia Roberts.
"Em Paris, também foi colocada uma 'Havaianas' gigante em frente a um
famoso hotel, para que a mídia pudesse dar notícia", diz.
Inovação e flexibilidade
Não adianta ter habilidades de comunicação se o
produto não está adequado. Até chegar ao potencial de expansão, a Havaianas mudou
de cara. "Quando se quer criar uma grande marca, é preciso ter algo
diferente. A primeira coisa que Havaianas fez foi transformar um produto comum,
chato, em algo da moda", diz Turpin.
Todo
esse trabalho de reformulação do produto requer uma cabeça fresca, maleável e
sem preconceitos para gerar inovações de valor, que não sejam apenas mais uma
coisa maluca que não vai dar certo. "Inovação é muito importante para
manter a sustentabilidade da marca. Se não há inovação, a marca vai morrer,
pois a empresa vai perder a próxima geração de consumidores", afirma.
Trabalho
em equipe
Um
trabalho da magnitude do que foi feito com a Havaianas requer profissionais de
várias áreas e origens. Por isso é essencial que eles saibam trabalhar em
equipe e lidar com pessoas de diferentes tipos, desde o executivo que planeja a
expansão do produto até o artista que pensa nas estampas dos chinelos.
"Eles,
da Havaianas, também não trabalham sozinhos. Junto com eles há também agências
de criação, comunicação, propaganda, designers... É um trabalho que partiu da
empresa, mas envolveu todos os outros níveis", diz Turpin. O líder tem
grande participação neste processo, pois deve ser aberto a ideias de opiniões
de todos da equipe, deixando de lado a característica ultrapassada de
"chefe mandão".
Liderança
apaixonada
Para
fazer uma marca ou produto emplacar, os profissionais precisam estar motivados
para realizar um trabalho interessante e positivo. O papel do líder é essencial
neste sentido, uma vez que tem a responsabilidade de fazer com que os membros
da equipe queiram fazer o melhor trabalho possível.
"Se
os líderes na Havaianas tivessem sido chatos e entediantes, eles não teriam
tido bons resultados. Normalmente essas pessoas têm uma espécie de paixão pelo
que fazem e isso é o que importa", diz. Mas, segundo o especialista, não é
qualquer pessoa que pode ser assim. Turpin acredita que paixão não pode ser
ensinada: é algo que o líder tem ou não tem.