Carlos
Miranda
Outro
dia estava conversando com um empreendedor que precisava de
financiamento para pagar dívidas geradas por conta de ter colocado suas
despesas pessoais e familiares dentro de sua empresa.
Esse empreendedor tem um negócio extremamente promissor, mas hoje essas dívidas estão
tornando o empreendimento praticamente inviável.
Quando perguntei a ele como foi esse processo, me disse que basicamente foram
dívidas criadas de duas formas: o seu pró-labore, que tinha um valor
extremamente generoso para o tamanho de seu negócio, e as despesas de sua vida
pessoal, tais como compra de automóveis para ele e a esposa e pagamento de
empregados, clube e caseiro da casa de praia, entre outros.
O pior é que ele e a família foram se acostumando com o padrão de vida ligado a
essas despesas, e a empresa (que era a única fonte de renda da família) estava
entrando em um processo de falta de recursos para investimentos.
Agora, não só o seu negócio mas também a família caminham para um colapso
financeiro. Da forma mais traumática possível, esse empresário começou a
aprender o perigo de misturar as pessoas físicas com as jurídicas.
Durante a nossa conversa, esse empresário comentou que achava incrível
como os empreendedores de origem mais simples, que passaram mais dificuldades
na vida, foram muito mais bem-sucedidos do que aqueles com melhores condições
sociais.
Realmente, ele está certo. Quando olhamos as histórias de empreendedores
brasileiros de sucesso, ficamos impressionados com a grande quantidade daqueles
que começaram do zero ou, como diz um grande empreendedor meu amigo, do “menos
dez”.
Não pretendo fazer aqui nenhum tratado sobre isso, mas, quando analisamos a
história de todos eles e a forma que administram seus negócios e suas vidas,
percebemos que essas pessoas são extremamente cuidadosas ao administrar os
próprios recursos e os de sua organização. Na grande maioria das vezes,
aprenderam desde cedo que só se gasta o que dá e guarda-se um pouco para os
períodos mais difíceis. Mais importante, sabem que seu padrão de vida deverá
sempre ser compatível com a remuneração que o seu negócio pode oferecer.
Um dos grandes inimigos das pessoas, e mais ainda daqueles que pretendem
empreender, é a vaidade. Às vezes, empreendedores se endividam e usam a
operação de suas organizações em benefício próprio, por conta de manter um
“status” e mostrar uma imagem de bem-sucedido. Essa fachada irá rapidamente
desmoronar se não souberem ter a humildade suficiente para viver dentro de seus
recursos ou, se for o caso, dar um passo para trás para proporcionar um grande
salto para frente.
Costumo dizer que, apesar dos avanços das formas de se administrar um negócio e
das inúmeras formas de se financiar o mesmo, existem
procedimentos que de tão básicos são esquecidos, mas que nunca devem mudar. Por
exemplo: custos e despesas devem ser menores que receita, pró-labore deve ser
proporcional ao tamanho do negócio e só se tira dinheiro da empresa se ela der
lucro, depois de pagar todas as suas obrigações com colaboradores e com o
governo.
Realmente, isso pode parecer muito básico, e é mesmo. Isso deveria ser um
mantra a ser repetido diariamente aos empreendedores, tal como um treinamento
de esporte, em que os movimentos são repetidos à exaustão até serem
incorporados naturalmente pela pessoa.
Esse procedimento, embora simples e óbvio, será extremamente importante ao longo
da vida de uma organização, principalmente para aqueles que estão com foco em
crescimento.
Fazer crescer uma organização pressupõe fazer certo desde o início. Ou seja:
saber fazer contas, pagar impostos e, principalmente, respeitar o negócio, seus
colaboradores e seus sócios antes de tudo.
Essas atitudes simples e óbvias serão decisivas no processo de crescimento da
organização, pois trarão equilíbrio, credibilidade e, certamente, pessoas e
instituições dispostas a investir no negócio. Lembre-se: menos é mais.
O Consultor é o profissional que diagnostica e formula soluções para problemas empresariais, que podem ter origem em qualquer área da empresa, seja ela de caráter eminentemente técnico ou operacional e administrativo. Estando a par de modelos consagrados de análise e de gestão e em consonância com as prioridades estabelecidas pelo mercado, o Consultor pode ajudar estas empresas a se posicionarem adequadamente frente à concorrência.
Mostrando postagens com marcador vida pessoal. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador vida pessoal. Mostrar todas as postagens
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)