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sexta-feira, 2 de julho de 2010

Por quê realizar pesquisas de mercado com o suporte das novas tecnologias

Henrique Freitas

A web associa às possibilidades de coleta e tratamento de dados, a força de uma rede capaz de atingir potencialmente milhares de respondentes dispersos geograficamente, e de lhes submeter ao mesmo tempo diversas mídias, como texto, imagem e som.

Importante instrumento do marketing, a pesquisa é um processo que influencia diretamente a sobrevivência, o crescimento e a expansão das organizações. Ao longo do tempo, foi assumindo novos formatos, sendo adaptada a novas ferramentas, semprem em busca de uma maior eficiência na coleta e análise de dados. Em seus primórdios (anos 50-70), a pesquisa de mercado era somente manual: papel, caneta, calculadora.

Em seguida, com a informática, a microinformática, e os sistemas estatísticos, surge uma segunda geração (anos 70-80), em que algumas das atividades já são automatizadas. Nos anos 90, com a união da informática e do telefone (telemática), da popularização dos códigos de barras e da leitura óptica, assim como o progresso da síntese vocal e do reconhecimento da fala, surge uma nova geração de pesquisas de mercado, esta sim quase que totalmente automatizada. E, finalmente, graças a sua capacidade de atingir potencialmente milhares de respondentes dispersos geograficamente, surge a web como a mais nova tendência no universo da pesquisa de mercado.

Apesar de todas estas mudanças e novas ferramentas disponíveis, boa parte das organizações ainda utiliza métodos convencionais para a aplicação de pesquisas: coleta de dados em formulários de papel, número alto de entrevistadores para suprir a demanda de entrevistas, esforço entre a coleta e a análise final dos dados (digitação, compilação), etc. Entretanto, a tendência é de crescimento no número de pesquisas realizadas com o suporte das novas tecnologias, o que aumenta a rapidez e reduz custos, além de trazer outras vantagens.

Hoje, já é possível utilizar ferramentas de pesquisa inteiramente baseadas na web, tanto para a elaboração dos formulários, quanto para a coleta, armazenagem e análise [e segmentação dinâmica] dos dados pesquisados. Um formulário de pesquisa na web pode ser facilmente difundido através de um link que direciona diretamente a este questionário, onde o entrevistado preenche as respostas de maneira rápida e sem intermédio de um entrevistador. Para os responsáveis pela análise dos dados, é possível visualizar, entre outros benefícios, em tempo real, a compilação das respostas que estão sendo enviadas ao site.

O processo tradicional de pesquisa por vezes é limitado em função de seu custo, tempo, dispersão geográfica ou intensidade de trabalho, o que pode ser amplamente resolvido pelo uso da tecnologia web. Pode-se dizer que a pesquisa via web é um marco, é a passagem das limitações físicas para um mundo de oportunidades facilidades provindas da plena automatização e quebra de barreiras temporais entre a coleta e a análise dos dados.

Dessa forma, muitas empresas que antes não tinham condições de realizar pesquisas em função dos custos envolvidos, hoje podem fazê-lo de forma bastante simples e relativamente barata. Empresas especializadas em coleta e análise de dados podem inclusive oferecer suporte metodológico, a fim de que a pesquisa seja formulada de maneira a atingir todos os objetivos almejados; e isso podendo usar infra-estrutura terceirizada de TI.

Os benefícios são muitos. A web associa às possibilidades de coleta e tratamento de dados, a força de uma rede capaz de atingir potencialmente milhares de respondentes dispersos geograficamente, e de lhes submeter - ao mesmo tempo - diversas mídias como texto, imagem e som.

Uma pesquisa lançada no dia de hoje pode ter milhares de respostas amanhã (praticamente sem custos relacionados à logística), e a análise desses dados pode ser feita em tempo real, à medida que os formulários vão sendo respondidos. Por não necessitar de entrevistadores, nem questionários por correio e nem digitação de dados, a internet encurta o tempo, a distância, os custos, e diminui as chances de erro ou viés no processo.

Após [e durante] a aplicação da pesquisa, a armazenagem é feita via web, e os dados podem ser exportados para análise local ou mesmo analisados diretamente, visto que existem hoje softwares para análise estatística e manipulação de dados que funcionam completamente online.

Alguns softwares desenvolvem na internet a pesquisa inteira - elaboração dos questionários, difusão por mailing, recebimento e armazenamento das respostas, exploração dos dados e análise estatística - de maneira bem simples e com uma interface amigável para todos os atores da pesquisa (gestor do processo, pesquisador e respondente).

Nas áreas de marketing e de comunicação, diversos websites abordam a pesquisa online na prática, e destacam diversas utilidades da web para os pesquisadores, tais como: fonte de provedores de pesquisa, de dados secundários, de software de pesquisa, para coleta de dados via grupos focais, etc.

Além dos estudos quantitativos, a internet cobre também os estudos qualitativos:desde a simples captação de sugestões e reclamações, ouvidorias, etc., produzindo categorias e resumos, usando dicionários, possibilitando extrações segmentadas bem interessantes, até a monitoração estratégica, aquisição e captação de informações antecipativas via enquetes, portais web ou emails; são alguns exemplos de estudos e abordagens qualitativas que dão um novo sentido ao uso da web como fonte de informações, facilitando atividades de inteligência e de tomada de decisão.

Na internet, o processo de pesquisa encontra seu ápice: interatividade, retornos muito rápidos, agregação de múltiplos recursos multimídia, análise online [de dados e textos] com filtros dinâmicos, enfim, é a automatização do ciclo de pesquisa, caracterizando a união de protocolos tradicionais com o universo de todas as novas tecnologias hoje disponíveis. Tudo isso representa maior eficiência, menores custos e muito mais suporte à tomada de decisão.

Uma pesquisa que traz um alto retorno sobre o investimento e serve como base adequada para decisões e inovações, antes podia ser vista como um desafio. Hoje, é uma oportunidade. Nunca foi tão fácil chegar às informações desejadas. Depois é com o mundo executivo-gerencial: o que fazer a partir daí?!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

A cidade que enriqueceu com calcinhas

Thiago Cid

A cidade de Juruaia, no sudoeste de Minas Gerais, tem aproximadamente 8.300 habitantes e mais de 140 confecções de lingerie -- uma confecção para cada 60 habitantes. É um município que prosperou graças ao dinheiro da venda de calcinhas e sutiãs. De acordo com a Associação Comercial de Juruaia, o PIB da cidade cresce a uma taxa média de 30% ao ano desde 2005. Essa história de dinamismo, porém, é recente. Até o meio da década de 1990, Juruaia era um vilarejo cuja principal fonte de renda, o café, amargava um crise. A guinada começou em 1991, quando o então prefeito Rubens Lacerda anunciou na televisão, no país todo, que a cidade ofereceria incentivos para atrair empresas.

O resultado ainda não foi o esperado. Apenas um industrial de Goiás, que fabricava calcinhas populares, mudou-se para a cidade. Ele não imaginava que seu modesto negócio acenderia o espírito empreendedor da cidade. A primeira fábrica durou menos de dois anos, mas serviu de exemplo. Em 1992, duas empresárias abriram a segunda confecção. Em 1993, outras três confecções já estavam em funcionamento. “Vimos que era a oportunidade do momento”, afirma Joelma Reis, que começou a fabricar lingerie em 1993 e hoje tem uma loja de 750 metros quadrados no centro da cidade.

As funcionárias da primeira empresa, que logo fechou as portas, decidiram insistir no ramo. Onélia de Mello foi uma delas. “Naquela época, meu marido plantava café. Falei para ele deixar a lavoura e abrir uma confecção comigo”, diz. O casal vendeu o patrimônio que tinha disponível -- seis sacas de café -- e comprou três máquinas de costura caseiras usadas. No início, Onélia e o marido, Dair, compravam peças para descosturar e ver como eram feitas, numa engenharia reversa de confecção. O marido era responável pelo corte dos moldes e Onélia costurava. Quinze anos depois, a empresa do casal, a D´Mellos, conta com 17 funcionários e fatura aproximademente R$ 1 milhão por ano. 

Histórias como as de Joelma e Onélia são comuns na cidade. Apesar de veteranas no mercado, novos empreendimentos, surgidos há menos de cinco anos, também têm sucesso. A advogada Ana Cristina Dias preferiu deixar os tribunais de lado, abriu sua confecção há dois anos e está satisfeita.
Juruaia produz cerca de 350 mil peças de lingerie por mês, e com elas fatura R$ 4 milhões, de acordo com o secretário municipal de Indústria, Comércio e Turismo, João Batista da Silva. “As lingeries rendem mais que as 100 mil sacas anuais de café e os 20 mil litros diários de leite que produzimos”, afirma Silva. 

Juruaia se tornou o terceiro maior polo produtor de roupas íntimas femininas do Brasil, atrás de Fortaleza, no Ceará, e Nova Friburgo, no interior do Rio de Janeiro. A produção municipal corresponde a 15% do total de lingeries fabricadas no Brasil, de acordo com dados da Associação Brasileira de Indústria Têxtil. A prefeitura e os empreendedores pretendem diferenciar a produção da cidade, no futuro, não pela quantidade, mas pela sofisticação. O ímpeto empreendedor da pequena cidade já até despertou a atenção no exterior. O site de notícias americano Global Post enviou um repórter para que retratasse as peculiaridades de Juruaia, onde um terreno de 200 metros quadrados no centro não sai por menos de R$ 150 mil.

Histórias de Juruaia:

- as confecções e lojas de lingerie de Juruaia empregam aproximadamente 3.500 pessoas, ou 45% da população. 
- as pequenas empresas locais precisam de mais mão de obra qualificada, apesar de o Sebrae oferecer na cidade cursos de design, corte e costura e administração. “Costureira experiente aqui é disputada a tapa”, diz a empresária Lúcia Ioria.
- a produção de roupas íntimas femininas na cidade consome, por mês, 10 toneladas de tecido. 
- além dos produtos fabricados serem, na maioria, destinados a mulheres, elas também controlam cerca de 80% das empresas. Isso cria situações peculiares, principalmente aos olhos de forasteiros. Não é raro uma mulher encontrar outra na rua, mosrtrar a alça do sutiã que usa e dizer: “olha a nova peça que eu criei!” 
- todas as administrações municipais, desde os anos 90, tiveram como prioridade alimentar a vocação de polo de lingerie. 
- a cidade promove, anualmente, um dos principais festivais de moda íntima do pais: a Feira de Lingerie de Juruaia, ou Felinju.