Nas grandes capitais já se desenha a chamada classe D emergente. Trata-se de um grupo menos distante do público C, com renda familiar entre R$ 1.100 e R$ 1.600, e comportamento de consumo peculiar. Eles ainda fazem compra mensal e preferem grandes supermercados para se abastecer, mas devem migrar para a classe média e sofisticar o consumo. A avaliação é de Claudio Silveira, diretor da Quorum, que fez um estudo com 400 paulistanos dessa classe social.
Por que 61% da classe D ascendente ainda prefere fazer compras em grandes supermercados?
A compra do mês ainda tem muito peso na renda dessas famílias. Elas até já estão gastando mais nos supermercados. Quase 30% revelam destinar de R$ 300 a R$ 400 às compras. Um valor alto para uma família com renda de até R$ 1.600. Mas esses consumidores ainda evitam ir a lojas que ofereçam serviços e comodidades, porque sabem que os preços são mais altos. Eles querem mesmo é encontrar preços baixos e melhores ofertas para poder colocar mais produtos no carrinho. E é nas grandes lojas que veem essas oportunidades.
Mais da metade da classe D ascendente opta por compras mensais. Por quê?
Hoje, 61% preferem ir ao supermercado apenas uma vez por mês. Trata-se de uma tática para evitar gastos por impulso. Eles estão dispostos a gastar mais, porém de forma controlada. A maioria tem até o hábito de acompanhar – geralmente pelos tabloides – os dias com o maior número de ofertas e promoções das lojas. Baseados nessa informação, costumam definir o dia em que irão às compras.
Esse público tem na alimentação seu principal gasto. Existe margem para consumir mais alimentos?
Sim, existe. Certamente o consumo irá crescer pelo simples fato de muitas categorias ainda estarem distantes de sua cesta de compras, devido principalmente à falta de hábito de adquiri-las. Caso dos iogurtes, azeites, massas e queijos mais sofisticados. O fato de 8% dos entrevistados ter declarado que pretendem comer melhor também mostra que esse público está disposto a incluir alimentos diferenciados no carrinho.
Com o tempo esse público vai passar a priorizar mais qualidade do que preço?
Não há dúvidas. Acredito que isso poderá acontecer nos próximos três anos, graças a um gradativo aumento de renda. Hoje, eles priorizam a marca. Buscam aquelas em que confiam, mas que tenham bom preço. Por esse motivo, não adianta o supermercado encher as gôndolas de mercadorias baratas, mas de marcas desconhecidas, porque esses consumidores não vão comprá-las. É comum que a qualidade seja priorizada em não alimentos. Por se tratar de bens duráveis, esse público não se importa em pagar um pouco mais, desde que a garantia seja boa.
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