Orlando Norio
24 de março de 2014
Os empresários e sócios em geral não estão preparados para
vender a empresa ou sua participação nela. Por isso, é comum estabelecer um
valor baseado em sentimentos pessoais, lembranças do passado - especificamente
das dificuldades enfrentadas, horas de trabalho e dedicação para fazer a empresa
crescer.
Glórias passadas não pagam contas atuais, portanto não
entram na hora de valorar a empresa. É como querer obter mais dinheiro
emprestado do banco enumerando ao gerente as realizações pessoais do passado. O
que vale nesta hora são as garantias por meio de bens duráveis com valor de
mercado.
Conhecer o lucro real da empresa é o ponto de partida para
poder avaliar a empresa corretamente. Não importa se é pequena, média ou grande
empresa, o fundamental é ter uma contabilidade organizada para ter os valores
confiáveis. O que mais vale em uma empresa é a sua capacidade de geração de
resultados nos próximos anos.
Conhecer o lucro não é só conhecer o montante do lucro. O
fundamental é saber como ele é gerado para poder estimar os ganhos futuros.
Faz-se uma projeção financeira baseada em parâmetros técnicos dos negócios
futuros. Não se deve projetar os ganhos futuros baseados só no desempenho
histórico da empresa, nem em sentimentos pessoais.
O segundo aspecto a analisar é a real situação patrimonial
da empresa. A situação patrimonial é o valor dos ativos permanentes, mais
contas a receber, menos contas a pagar, pendências tributárias, passivos
trabalhistas e passivos ocultos que não constam dos balanços patrimoniais.
Os ativos permanentes representam a parcela do capital
investido do negócio. É composto de bens corpóreos ou tangíveis: imóveis,
máquinas, veículos, e bens incorpóreos: marcas e patentes. Excetuando as
indústrias, geralmente os valores dos bens corpóreos são pouco significativos e
interferem pouco na geração de caixa.
Para algumas indústrias o processo de fabricação é o segredo
do sucesso do negócio. Para esta situação é fundamental avaliar a capacidade
dos seus ativos e gerar riqueza nos próximos anos. Se a empresa realizou e
contabilizou a avaliação do valor justo, esta expectativa de geração de
benefícios futuros dos ativos já está registrada na contabilidade na conta de
Ajuste de Avaliação Patrimonial.
Existem atividades industriais em que o potencial de geração
de caixa não está nos equipamentos e na tecnologia de fabricação. Como exemplo,
podemos citar a indústria de produtos de limpeza. A marca representa o
potencial de geração de receita e consequente o valor do negócio. Desta forma,
há a necessidade de fazer a avaliação da marca para determinar o potencial de
geração de receitas.
Em alguns ramos o que vale não são as máquinas, nem a marca.
O que tem valor são patentes, ponto comercial, localização e atuação
geográfica, condições privilegiadas de legislação, etc. Se outra empresa abrir
o negócio vai ter sucesso. Portanto, o valor da empresa está limitado ao seu
custo-benefício.
Alguns empresários tendem a supervalorizar a carteira de
clientes. Cliente não pertence especificamente a uma empresa. Clientes são
atraídos pela tradição da empresa no mercado, qualidade dos produtos ou
serviços. Estes componentes já estão contemplados na avaliação da marca.
Um aspecto que a parte vendedora acaba ignorando é o
levantamento dos passivos, sejam eles trabalhistas, tributários e até ocultos,
os não registrados na contabilidade tais como multas rescisórias, pendências
judiciais. Estes valores devem ser deduzidos do valor da empresa e sua análise
ajuda a mostrar a verdadeira saúde financeira do empreendimento em questão.
Disponível em
http://administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/como-descobrir-o-valor-de-uma-empresa/76325/.
Acesso em 31 mar 2014.
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