Bloomberg News
31 de maio de 2013
Depois de receber queixas sobre páginas que encorajavam a
violência contra mulheres, o Facebook decidiu intensificar seus esforços para
retirar os discursos de ódio da rede social - tipo de conteúdo que acabou
fazendo algumas empresas suspenderem anúncios no site.
A unidade britânica da montadora Nissan e a financeira
Nationwide Building Society, por exemplo, removeram alguns anúncios que podem
ter aparecido perto de conteúdo ofensivo. As empresas tomaram essa atitude após
o grupo ativista Women, Action & the Media dizer, em uma carta aberta na
semana passada, que o Facebook tinha "grupos, páginas e imagens
explicitamente coniventes com estupro ou violência doméstica ou que sugerem ser
motivo de riso ou zombaria".
Além de acender esse alerta, a organização, que luta contra
a discriminação de gêneros, iniciou uma campanha online para pressionar
empresas cujos anúncios aparecem próximos das imagens polêmicas. Algumas dessas
fotos eram de mulheres que teriam sido espancadas ou estupradas.
A iniciativa do Women, Action & the Media incluiu
mensagens por Twitter e e-mails. Algumas companhias, entre elas a Zipcar, a
Zappos.com e a marca Dove (da Unilever), responderam dizendo que estavam
trabalhando com o Facebook para resolver a questão. Elas não retiraram seus
anúncios, segundo a organização. O site reportou que, além da Nationwide e da
Nissan do Reino Unido, alguns anunciantes menores suspenderam seus anúncios.
O Facebook, baseado em Menlo Park, Califórnia, disse que
revisará suas diretrizes para avaliar conteúdos que possivelmente violem as
normas e atualizará o treinamento das equipes que têm a função de revisar as
mensagens ligadas a discursos de ódio.
Os serviços de mídia social aumentaram sua popularidade ao
oferecer aos usuários um caminho livre para postarem comentários, fotos e
vídeos. Mas essa liberdade pode causar contratempos ao Facebook se os conteúdos
publicados no site cruzarem a fronteira do bom gosto, afugentando potenciais
anunciantes. A organização de direitos humanos Simon Wiesenthal Center culpou o
Twitter este mês, dizendo que o serviço de microblogs ajudou a instigar o
crescimento de ódio e terror.
"Isso deveria ser uma grande preocupação do
Facebook", disse Shallendra Pandey, um analista de publicidade na Informa
Telecoms & Media, em Londres. As companhias que estão retirando sua
publicidade "são grandes marcas e trazem muita receita a cada
trimestre". O Facebook teve uma receita publicitária de US$ 1,25 bilhão no
primeiro trimestre de 2013, cerca de 85% de suas vendas totais.
Em um post, o Facebook confessou "precisar
melhorar". "Nos últimos dias, ficou claro que nossos sistemas para
identificar e remover discursos de ódio não funcionaram com a eficácia que
gostaríamos, particularmente em questões de ódio baseado em gênero."
O Facebook pretende criar comunicações mais formais com
representantes de organizações de mulheres e outras para acelerar suas
respostas a questões sobre conteúdo ofensivo. A companhia disse também que
aumentará a cobrança de responsabilidade de criadores de conteúdo "cruel".
A unidade britânica da Nissan paralisou temporariamente os
anúncios direcionados a faixas etárias que podem ter visto propaganda ao lado
de conteúdo controverso, disse Travis Parman, porta-voz da Nissan.
Os anúncios da marca Dove, Amazon (Reino Unido), American
Express e Sky também apareceram perto de imagens ofensivas, segundo imagens do
grupo ativista. Executivos do setor de publicidade acham que isso não
prejudicará o Facebook, pois as empresas estão tomando ciência de que os
anúncios podem acabar aparecendo em ambientes online repugnantes.
Disponível em
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,discurso-de-odio-espanta--anunciantes-do-facebook-,1037438,0.htm.
Acesso em 10 jun 2013.