Marianna Aragão
22/03/2012
Embora em ritmo menos acelerado, a classe C continuou a
crescer no Brasil em 2011. A participação desse estrato social no total da
população brasileira foi de 54% no ano passado, segundo pesquisa divulgada pela Cetelem, financeira do grupo francês BNP Paribas em
parceria com o instituto Ipsos.
Em 2010, ela representava 53% da população.
De acordo com a pesquisa "O Observador Brasil
2011", a classe C recebeu 2,7 milhões de brasileiros em 2011, vindos da
classe DE. Hoje, 103 milhões de pessoas fazem parte dessa classe social. A
classe DE, por sua vez, encolheu no ano passado, representando 24% da
população, num total de 45,2 milhões de brasileiros. Em 2010, eram 47,9 milhões
de pessoas, ou 25% da população.
"Essas mudanças marcam a consolidação da mobilidade
social que vimos ocorrer no Brasil nos últimos anos", diz Marcos Etchegoyen,
diretor-presidente da Cetelem BGN. A pesquisa, realizada desde 2005, mostra que
63,7 milhões de brasileiros ascenderam socialmente no Brasil nos últimos sete
anos. "É o equivalente a toda a população da Itália", comenta
Etchegoyen.
O grupo que mais contribuiu para essa evolução foi a classe
C, que representava 34% da população em 2005, e hoje está em 54%.
As classes sociais utilizadas no estudo são as definidas
pelo CCEB (Critério de Classificação Econômica Brasil), fornecida pela Abep
(Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa).
O conceito não considera a renda, mas a posse de itens como
eletrodomésticos, veículos, quantidade de cômodos na casa e grau de instrução
do chefe de família.
Renda
A pesquisa mostrou ainda que a classe C foi a única camada da
população cuja renda média familiar cresceu em 2011. A evolução foi de 8%, para
R$ 1.450. Já as classes AB e DE tiveram uma ligeira queda na renda. No caso da
AB, a renda caiu de R$ 2.907 em 2010 para R$ 2.893 no ano passado. A renda da
classe DE diminuiu de R$ 809 para R$ 792 no mesmo período.
A renda disponível, que corresponde à renda da família após
os gastos, cresceu em todas as classes sociais no ano passado, o que indica que
houve uma maior contenção dos gastos. "As pessoas gastaram menos no ano passado,
influenciadas pela piora no ambiente econômico, especialmente no segundo
semestre", diz Miltonleise Filho, vice-presidente da Cetelem BGN.
A preocupação com o futuro da economia apareceu em outro
dado levantado pela pesquisa, sobre intenção de compra para 2012. Em comparação
com o ano anterior, os brasileiros mostraram-se mais cautelosos para consumir
itens como carros, computadores e eletrodomésticos.
O percentual de pessoas com intenção de comprar um automóvel
este ano, por exemplo, caiu de 18% para 15% em 2011. Apenas 25% da população
declarou ter pretensão de comprar algum serviço relacionado a lazer ou viagem,
ante 32% na pesquisa anterior. "Devido a essa cautela, em 2012 podemos não
ter o mesmo nível gasto visto no ano passado", diz Miltonleise Filho.
Ainda assim, o brasileiro ainda é o povo mais otimista,
dentre os 13 países onde a pesquisa é realizada anualmente. A nota média dada
pelos entrevistados à situação do país foi de 6,3 em 2011, a maior avaliação
nos mercados pesquisados. Os alemães têm a segunda melhor avaliação sobre seu
país: a nota média no país foi de 6,2.
A pesquisa ouviu 1.500 pessoas em 70 cidades brasileiras, em
dezembro do ano passado.
Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1065542-classe-c-chega-a-54-da-populacao-e-tem-renda-media-de-r-1450.shtml.
Acesso em 11 jul 2013.