Victor Assis
03 de junho de 2013
Sabemos que um dos objetivos da propaganda é persuadir o
consumidor, chamando a atenção para uma determinada mensagem através de imagem
e texto. Campanhas mais chocantes são muitas vezes opção para garantir maior
impacto. Mas não podemos nos esquecer de que sentimentos como repúdio, medo e
indignação podem acompanhar a comunicação dependendo de quem for atingido por
ela.
É preciso entender os valores do público alvo, antes de
definir a linguagem e a partir daí tentar levar algo novo e, quem sabe, até
ampliar a mentalidade da população. No final de 2012 o Ministério de Transporte
de Londres veiculou peças sobre atenção na hora de atravessar a rua e evitar
acidentes. Um dos anúncios mostrava o rosto de um jovem atropelado, caído no
chão com um fone de ouvido e a mensagem “Meu amigo ouviu a música, mas ele não
ouviu a van”. Em outro, um jovem aparecia com um celular e o texto: “Ele viu o
SMS mas não viu o caminhão”.
O Ministério da Saúde Britânico fez um comercial falando
sobre os males que o cigarro causa. As imagens mostravam um rapaz fumando, ao
mesmo tempo, em que um tumor ia se desenvolvendo. Outro tipo de publicidade que
seria considerada “fora dos padrões brasileiros”.
Estes são exemplos de campanhas que, provavelmente,
escandalizariam o público brasileiro, que não tem o costume de receber uma
publicidade tão direta. Ao meu ver, falta ousadia por parte das agências e
principalmente para os clientes. Uma campanha, se não é bem recebida, é
teoricamente “desperdício de verba”, por outro lado, acabamos não produzindo
campanhas marcantes como as citadas.
Entendo que a cultura de um país deve ser levada em conta na
hora de produzir uma campanha. Mas essa “cultura” também deve ser desafiada,
com o bom senso, para que a publicidade tenha formas de surpreender e impactar
o público de diferentes formas. Resta-nos convencer nossos clientes a apostar
em uma publicidade fora da caixa, aquela mais forte, que realmente marque as
pessoas.
Disponível em
http://adnews.com.br/artigos/comunicar-e-deixar-marcas. Acesso em 10 jun 2013.