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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Seja um empreendedor gestor e aumente as suas chances de sucesso

Marco Túlio Fumis


Você tem uma ideia, muita coragem, ousadia e vontade de empreender. Faz as contas, aperta daqui, puxa dali e finalmente abre seu negócio. A satisfação é enorme e a convicção de que tudo dará certo é o maior combustível para investir toda a sua energia no projeto. E com muito suor e trabalho, as coisas começam a acontecer. O negócio prospera, a empresa cresce, é necessário contratar mais gente, criar áreas específicas e pensar nas próximas etapas. De repente você começa a perceber que está faltando braço e cabeça para tomar conta de tudo que é necessário. No entanto, as oportunidades continuam a aparecer... E a escapar de suas mãos.
Se você caro empreendedor, já passou por isto ou está enfrentando esta situação não se desespere. Você não e o único! Esta cena é muito frequente e acontece com grande parte dos empreendedores que criam negócios de sucesso em sua fase inicial. Porém, o próximo passo é o responsável por definir a continuidade do seu sonho ou o começo da decadência. Costumo defini-lo como o dilema “EXECUTOR X GESTOR”.
A maioria dos empreendedores que alcançam sucesso no início de seus negócios são exímios executores. Conseguem transferir suas ideias para a prática e colocam a mão na massa para levar o projeto adiante. São, ao mesmo tempo, estratégico e operacional, comercial e financeiro, comprador e vendedor. Participam de todos os processos e têm a confiança de quem sabe o que está fazendo. Muitos acreditam que serão capazes de continuar a fazer isto conforme o negócio vai prosperando.
Poucos se lembram que, em algum momento, é necessário mudar a estratégia e começar a delegar antes que seja tarde. Pois, a medida que um negócio cresce e prospera, novos desafios aparecem e o volume de atividades diferentes aumenta. Se um empreendedor não percebe este momento ou não abre mão de sua vontade ou habilidade de executar, poderá ter sérios problemas e colocar tudo a perder.
Um negócio possui três fases: start-up, crescimento e maturidade. A fase da maturidade é a que requer mais atenção, grande dose de humildade e visão por parte do empreendedor. Este é o momento de parar de executar e começar a gerir seu empreendimento. Ou seja, gerir significa encontrar maneiras e processos para manter o negócio em trajetória ascendente, sem que tudo ou a maioria das ações seja efetuada apenas pelos fundadores.
É a hora de compartilhar responsabilidades com as pessoas que vem mostrando capacidade de assumir tarefas mais importantes e essenciais para o bom andamento do negócio. Para que isso aconteça, este capital humano deve ter sido criado e desenvolvido ao longo do tempo sob o risco de não atender as demandas quando estas aparecerem.
Os empreendedores que pensam grande sabem quando esta hora chega; quando é preciso dividir para ganhar mais. Sabem que, a partir de determinado momento, por mais competentes que sejam, não conseguirão dar conta de tudo e para o negócio continuar crescendo terão que pendurar a camisa de executores e vestir, com orgulho e serenidade, a farda de gestores, contribuindo e muito para a prosperidade de seu sonho.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Anota aí 15: foco; mente; luxo; e-mail; formalização

MATTOS, Ivo. Saia do foco e ganhe mais Acúmulo de tarefas por parte do empreendedor acarreta perda de produtividade do negócio e, consequentemente, prejuízos financeiros. Para não cair nessa armadilha e garanti o crescimento da empresa, aprenda a delegar. Meu Próprio Negócio, ano 8, nº 90, pp. 24-27.

YURI, Debora. Scanner da mente O que o consumidor realmente quer e sente? Ainda caro, o neuromarketing amplia espaço no Brasil, com sua promessa de usar aparelhos e técnicas da neurociência para impulsionar vendas e direcionar a comunicação ideal. Próxxima, nº 20, julho de 2010, pp. 42-45.

ROLLI, Claudia. Mercado de luxo espera crescer o triplo do PIBPesquisa com 95 empresas mostra que setor estima faturar R$ 15,1 bi. Folha de S. Paulo, 01 de agosto de 2010, Caderno Mercado, p. B4-B5.

FEIJÓ, Bruno Vieira. O e-mail que dá resultados Nove lições aprendidas por empreendedores que usam o correio eletrônico com inteligência ao se relacionar com os clientes. Exame PME, nº 27, julho de 2010, pp. 68-73.

PADUAN, Roberta. Formalização, o Brasil começa a andar na linha O fortalecimento da economia e o aperto dos fiscos têm possibilitado – e forçado – a crescente formalização dos negócios no país. Mais que indicadores econômicos, o fenômeno afeta a vida de pessoas de carne e osso – do empresário rico a um modesto pintor de parede. Exame, ano 44, nº 13, edição 972, 28 de julho de 2010, pp. 124-132.

sábado, 26 de junho de 2010

Como identificar uma oportunidade de negócio

Carlos Dias

Só quem é ou já foi empreendedor sabe: não é fácil alcançar o sucesso em um mercado cada dia mais competitivo. É só pensar em algo que alguém já teve a idéia e já está ganhando dinheiro com ela, não é mesmo? Por isso, identificar uma boa oportunidade de negócio requer cada vez mais esforço e dedicação do empresário para se destacar entre os concorrentes. Não existem, você sabe, receitas prontas no mundo do empreendedorismo, mas sempre vale a pena ler, se informar e procurar pôr em prática as dicas de especialistas. A revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios publicou uma reportagem com quatro dicas para enxergar e criar oportunidades de negócio, elaboradas por Clayton Christensen, consultor e professor da Harvard Business School, uma das mais respeitadas escolas de negócios do mundo, e autor de O Crescimento pela Inovação, entre outros títulos. Confira suas dicas, resumidas e adaptadas pelo Empreendedores. Você vai notar, por exemplo, que as quatro dicas têm em comum o fato de aproveitar problemas do consumidor e dar uma solução para ele.

Problemas

Os problemas dos consumidores podem ser a solução dos seus negócios. Segundo o especialista, as pessoas não costumam gastar seu dinheiro para comprar coisas por comprar. Elas querem coisas que as ajudem a resolver seus problemas, sejam emocionais, funcionais ou sociais. Por isso, o empreendedor precisa perguntar a si mesmo como resolver o problema do cliente. E não adianta perguntar para ele, pois ele geralmente não sabe. Dizem que Henry Ford, o pioneiro da indústria automobilística, costumava dizer que se fosse perguntar ao consumidor o que ele queria, provavelmente a resposta seria cavalos mais rápidos, e não o automóvel.

O não-consumidor

Christensen recomenda identificar as pessoas que não costumam consumir determinado produto e criar algo especialmente para eles. Ele lembra que a Sony, por exemplo, inventou e lançou o rádio de pilha portátil, em 1955, não estava mirando os compradores de rádios de mesa, fabricados por concorrentes muito mais poderosos, mas sim os adolescentes, que não compravam rádios de mesa.

Mudar a segmentação

A tendência das empresas é tentar segmentar seu público da forma tradicional, ou seja, por sexo, idade ou preço. Christensen diz que é preciso olhar de forma diferente para isso. Segmente seu mercado de acordo com a realidade do consumidor. O McDonald’s, por exemplo, observou seus consumidores e descobriu certa vez que as pessoas tomavam milk shake de manhã porque era mais fácil de consumir no trânsito, sem risco de derramar, ao contrário de salgados e pãezinhos, mais incômodos, pois soltam migalhas e sujam a roupa.

Restrições

O especialista aconselha a prestar atenção em qualquer fator que restrinja o consumo, como falta de tempo e de dinheiro. É aí que mora a oportunidade. Ele dá como exemplo a Minute Clinic, uma rede de ambulatórios que cresceu por ver na falta de tempo e de dinheiro das pessoas uma oportunidade. Ao notar que os pacientes perdem mais tempo esperando do que sendo atendidas num consultório, e pagando muito por isso, criaram clínicas de atendimento rápido para problemas simples, como gripes e resfriados. A consulta custa menos de um terço da média, e o paciente não gasta mais de 15 minutos com espera.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Anote aí 5: público-alvo; pré-adolescentes; melhor idade; sucesso; futebol

ROSA, André. Identificação do público-alvo exige pesquisa e conhecimento Conhecer o perfil do cliente é importante para planejar ações e realizar um atendimento adequado. Diário de S. Paulo, 20 de junho de 2010, Caderno Negócios, p. 6.


TOLEDO, Karina. Pais falham ao orientar gastos de pré-adolescentes Estudo mostra que tweens, jovens de 8 a 14 anos, ditam consumo da família e recebem dinheiro dos pais, mas não sabem como usá-lo. O Estado de S. Paulo, 20 de junho de 2010, Caderno Vida, p. A23.


DITOLVO, Mariana. Bons negócios na melhor idade Pesquisas apontam para mudança de comportamento e potencial de consumo dos brasileiros com mais de 50 anos. Meio & Mensagem, ano XXXII, nº 1413, 14 de junho de 2010, pp. 42-43.


NONOMURA, Eduardo et all. O verdadeiro caminho do sucesso Rico, sem patrão e com tempo de sobra. Ao contrário do que se imagina, a vida de empreendedor tem muito mais facetas do que sugere esse bordão. Pequenas Empresas Grandes Negócios, nº 255, abril de 2010, pp. 48-58.


BIONDO, Graciela González et all. O que os clubes têm  - Empresas ou times? Essas organizações do futebol são um mix de ambos, o que resulta em um tipo peculiar de gestão, que trabalha com o paradigma da construção da fidelidade de seus consumidores-torcedores. HSM Management, ano 14, volume 5, nº 80, maio-junho de 2010, pp. 74-83.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Como definir o preço da prestação de serviços

Amanda Camasmie

O empreendedor do setor de serviços fica às vezes perdido na hora de definir o preço do seu produto. Afinal, o que ele faz não é palpável. Uma coisa é fabricar e/ou vender um computador. Outra é consertá-lo. As pessoas têm mais facilidade para entender, por exemplo, o custo de um chip do que o da eliminação de um vírus. Por isso, muitos empreendedores tendem a escolher um preço “porque sim”. Só que isso é perigoso. A definição de preço de um serviço deve ser tão bem calculada quanto a de qualquer outro produto. Segundo o Sebrae, o preço está diretamente relacionado com todo o planejamento da empresa.

Mas o que se deve, então, considerar no planejamento? Aspectos que vão desde o segmento de atuação e perfil de clientes até a estrutura da empresa, o ponto, o atendimento e a garantia dos serviços. Também devem ser levados em conta certos fatores, como relacionamento pós-venda, prazo de recebimento e volume de serviços que se pode prestar. Em material elaborado pelo Sebrae, descubra como deve ser feito o cálculo do valor de venda e reflita sobre algumas questões. Mas caso sua dúvida seja sobre como definir o preço ideal para o seu produto no varejo, veja reportagem publicada pelo Empreendedores.

É possível estabelecer para os serviços o valor de preço que o empresário desejar?
Normalmente não. Existe uma grande quantidade de empresas atuando, o que permite aos clientes procurar várias opções de orçamentos.

Então deve-se seguir sempre os preços da concorrência?
O principal é saber quem é de fato o concorrente direto, ou seja, as empresas que atuam no mesmo segmento e oferecem os serviços nas mesmas condições e para o mesmo perfil de clientes (hábitos de compra e poder aquisitivo). Após a análise, é preciso praticar preços equivalentes e estabelecer outros diferenciais em relação à concorrência.

Qual é o preço de venda ideal para os serviços prestados?
É aquele que oferece para a empresa competitividade em relação à concorrência direta. Ter competitividade significa que a empresa dispõe de condições, forças, para competir em determinado segmento comercial. O preço de venda ideal também deve ser um valor que cubra todos os custos e as despesas e ainda permita, é claro, que gere lucro.

Todas os serviços devem ter as mesmas estratégias em relação ao preço de venda?
É melhor que não. Os serviços normalmente apresentam algumas características diferentes cliente a cliente. Muitos podem ser os motivos dessas diferenças no orçamento, como maior complexidade na hora da execução, padrões exigidos de qualidade e exclusividades da empresa, por exemplo.

Qual é o custo de um serviço?
São os valores gastos especificamente na realização do serviço. São as despesas com mão-de-obra (interna e externa, se for o caso) e o material aplicado (peças, produtos e componentes). Apresente sempre orçamento para determinar o custo e também para comprovar os valores após a execução do serviço.

E as despesas variáveis?
São os valores gastos somente quando se realizam as vendas. Normalmente são considerados como despesas variáveis os impostos sobre a venda e a comissão de vendedores.
Impostos federais calculados sobre o valor da venda
• PIS (Programa de Integração Social),
• Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social),
• CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) e
• IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica).
Quanto à forma de pagar esses impostos, o que chamamos de regime tributário, existem três opções:
• Simples Federal, Lucro Presumido e Apuração de Lucro Real (Confira com o seu contador qual é o melhor regime para sua empresa e esclareça dúvidas emreportagem do Empreendedores)

Taxa de Administração
Para o caso de vendas recebidas por meio de cartão de crédito e financeiras. Como podem existir vendas sujeitas a essas taxas e outras não, é preciso tratar no preço o percentual médio dessas taxas. Como?
Exemplo:
1º) Valor anual das taxas de administração de cartões de crédito, tíquetes e financeiras = R$ 6.000
2º) Valor total das vendas em um ano = R$ 240.000
3º) R$ 6.000 dividido por R$ 240.000 vezes 100 = 2,5%
Neste exemplo 2,5% é o percentual médio das taxas de administração em relação a todas as vendas realizadas.

Frete ou despesas de locomoção
O valor relativo a esses gastos dependerá de cada serviço e pode ser incluído no preço a ser cobrado ou ainda cobrado à parte do cliente, mas em ambos os casos é preciso que você apure esses gastos e os leve em conta na hora de apresentar o orçamento total do serviço solicitado. Ele pode estar embutido no preço total ou pode ser discriminado para o cliente, mas não pode ser esquecido.

Despesas fixas
São assim tratados todos os gastos que acontecem independentemente de ocorrer ou não vendas na empresa. São valores gastos com o funcionamento da empresa, ou seja, a administração e a estrutura montada para prestar os serviços (aluguel, luz, IPTU, salários, etc.). Essas despesas também precisam estar contempladas no preço de venda de cada serviço. Uma forma bastante comum no segmento de serviços é a de aplicar as despesas fixas proporcionalmente à quantidade de horas gastas em cada serviço prestado. Para encontrar o valor proporcional das despesas fixas nos serviços faça assim:
Exemplo:
1º) Valor anual das despesas fixas = R$ 42.406.
2º) Quantidade anual de horas efetivas (capacidade produtiva) = 1.820 horas.
3º) R$ 42.406 dividido por 1.820 horas = R$ 23,30 a hora.
Para saber em cada serviço o valor das despesas fixas a ser considerado é só multiplicar o valor da hora (item 3) pela quantidade de horas trabalhadas em cada serviço. Exemplo: supondo que um determinado serviço necessite de 5 horas de
trabalho efetivo, temos para este serviço um total de R$ 116,50 de despesas fixas, ou seja, R$ 23,30 multiplicado por 5 horas.
Os valores relativos aos salários e respectivos encargos trabalhistas dos funcionários que executam os serviços, se já foram contemplados no cálculo do valor da hora de mão-de-obra, não devem estar novamente no cálculo das despesas fixas.
Das despesas fixas, o pró-labore deve receber atenção muito especial. Pró-labore é o salário mensal do sócio que trabalha na empresa. O valor desse salário deve ser estabelecido em função do que a empresa pode pagar, não em função do que o sócio precisa ou queira ganhar.

Lucro líquido
É o ganho que se espera ter com a venda de serviços. Sendo assim, é preciso vender o suficiente para ter lucro. Quanto mais suficiente, mais lucro se pode ter. Alguns possibilitam mais lucro, outros menos, isso depende da expectativa e do volume de venda de cada tipo de serviço que são prestados em sua empresa.
Fazendo a conta do preço de venda acertadamente:
Para demonstrar como fazer o cálculo, utilizaremos valores hipotéticos
Imposto federal – Simples 6,863% +
Comissão dos Vendedores 3,0% +
Taxa de administração – cartões de crédito 2,5% +
Frete 3,0% +
Juros para venda a prazo 3,500% +
Lucro 15,0% +
Total dos percentuais 34,243% =
Compreendida a importância dessas informações, o valor do preço de venda pode ser calculado assim:
Exemplo, considerando as informações do quadro acima:
1) Somando as informações em percentuais (%):
2) Subtraindo esse total encontrado (34,243%) de 100% temos 65,757%, que é o fator de formação do preço de venda, ou seja, 100% menos 34,243% = 65,757%
3) Somando todas as informações em R$ (reais): R$ 253,20
4) Dividindo o valor em R$ pelo percentual do 2º passo, que é o fator de formação do preço, temos para este serviço o valor de R$ 385,05, ou seja, R$ 253,20 divido por 65,757%.
Neste exemplo, R$ 385,05 representa o valor do preço de venda para o serviço.
Agora avalie se o o preço definido é competitivo em relação à concorrência. Em caso afirmativo, o Sebrae aponta que correrá tudo bem. Se o valor estiver acima, reveja todas as informações e avalie como e o que será preciso para ter preço competitivo.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Crédito sem gestão pode quebrar pequena empresa

Agência Sebrae

Empréstimo nem sempre representa solução para os problemas do empreendedor. Em muitos casos, o gargalo está em como o empresário conduz, no dia-a-dia, o seu empreendimento, ou seja, na gestão empresarial. Uma má administração pode representar equívocos nas decisões empresariais de investimento, descontrole financeiro, falhas no gerenciamento do fluxo de caixa, entre outros. Esses fatores acabam impactando no uso indevido do capital de giro do negócio, podendo levar a empresa à falência. 

As informações citadas acima podem ser constatadas na pesquisa ‘Taxa de Sobrevivência e Mortalidade das Micro e Pequenas Empresas 2007’, feita pelo Sebrae. O estudo mostra, que as principais causas que levaram 22% dos empresários entevistados a fechar suas portas com menos de dois anos de funcionamento concentram-se em falhas gerenciais, destacando-se: falta de conhecimento gerencial e desconhecimento do mercado, seguida de Causas Econômicas Conjunturais (68%). 

Para o técnico na área de Acesso a Serviços Financeiros do Sebrae João Silvério, a falta de crédito não é de fato o único problema enfrentado pelo pequeno empresário e, sim, parte do problema. “Se as finanças da empresa estão em dia, o crédito virá como solução. Mas caso as contas da empresa estejam atrasadas, o crédito pode representar a gota d’água para quebrar a empresa”, alerta. Ainda segundo ele, uma boa gestão empresarial torna desnecessário o acesso a recursos de terceiros, a não ser que o empresário esteja com as contas em dia e queira expandir seu empreendimento. 

O gerente-executivo do Banco do Nordeste, Kenedy Montenegro, explica que em alguns casos é notório o despreparo e a crença, por parte do empresário, que o financiamento que está pleiteando é a solução de todos os seus problemas. “O que o empresário não percebe é que a solução está na forma como ele administra sua empresa”, disse. Atento a esse comportamento, o banco buscou apoio no Sebrae/CE para que fosse criado um curso específico de orientação ao acesso ao crédito. “A ideia foi aliar capacitação e crédito”, explica o gerente. 

A parceria das duas instituições resultou na criação do Programa 'Meta', metodologia de consultoria gerencial e acompanhamento pós-crédito para micro e pequena empresa. A capacitação envolve conteúdos teóricos e práticos repassados gradualmente, além de apoio creditício, tanto para as ações de consultoria quanto para as ações relacionadas com as atividades produtivas do empreendimento. “Trabalhamos para incentivar o empresário a buscar orientação e conhecimento. Nosso objetivo é minimizar os riscos para o banco e elevar a possibilidade de êxito das empresas”, afirma Kenedy. 

Para o superintendente nacional de Micro e Pequena Empresa da Caixa, Zaqueu Soares Ribeiro, o plano de negócios disponibilizado pela Caixa para as micro e pequenas empresas, que deve ser apresentado no caso de operações de investimento, é um dos mais simplificados do mercado. “Um dos problemas observados em relação a esse segmento de empresa é apresentação de documentos necessários, assimetria de informações”, afirma. 

A restrição cadastral ainda é o principal motivo de recusa de crédito pela Caixa Econômica. “Um dos principais objetivos do Convênio de Cooperação Técnica assinado entre Sebrae e Caixa é justamente apoiar os empresários de micro e pequenas empresas, com oferta de crédito e capacitação. As superintendências regionais da Caixa e as unidades estaduais do Sebrae já vem desenvolvendo ações de forma a atender as necessidades dessas empresas”, disse Zaqueu Soares. Em 2008, 57% do crédito concedido pela Caixa para pessoa jurídica foi para micro e pequena empresa. 

Ao perceber que o empresário está desinformado, as agências do Banco do Brasil tem também como orientação estratégica encaminhá-lo aos balcões de negócios do Sistema Sebrae. “Nosso objetivo é buscar esclarecer o empresário quanto às suas principais dúvidas referentes ao crédito bancário, oportunidades de mercado, garantias, capacitação, associativismo”, afirma o gerente-executivo da diretoria de Micro e Pequenas Empresas do Banco do Brasil, Kedson Macedo. 

De acordo com o gerente, estando em dia com a documentação da empresa, o empreendedor consegue solicitar crédito em até 48 horas pelo site do Banco do Brasil. A documentação mínima exigida é o CNPJ, contrato social e balanço recente. Os principais motivos de recusa do Banco do Brasil aos pedidos de crédito é a inscrição do empresário no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (Cadin) e Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos do Banco Central do Brasil (CCF). Em dezembro de 2008, o saldo total de operações do banco com o segmento de micro e pequena empresa atingiu R$ 34,9 bilhões, sendo R$ 25,5 bilhões em capital de giro. 

terça-feira, 15 de junho de 2010

Empresário brasileiro é o que trabalha mais para pagar impostos no mundo

Janaina Lage
O empresário brasileiro trabalha 2.600 horas a cada ano para acertar suas contas com o fisco. Segundo o relatório "Doing Business - 2010", divulgado pelo Bird (Banco Mundial), trata-se do maior patamar verificado em um conjunto de 183 países.

Na lista de economias onde o empreendedor precisa trabalhar mais tempo para pagar os impostos figuram ainda as de Camarões, com 1.400 horas, Bolívia (1.080 horas) e Vietnã (1.050 horas). No sentido oposto, o empresário precisa trabalhar apenas 12 horas para quitar as dívidas com o fisco nos Emirados Árabes e 63 horas na Suíça. Na comparação regional, o Brasil também vai mal: a média dos países da América Latina é de 563,1 horas.

De modo geral, o Brasil fica no 129º lugar no ranking elaborado pelo Banco Mundial de locais de maior facilidade para a realização de negócios. A classificação coloca o país atrás de Colômbia, Chile, Peru, El Salvador e Nicarágua, entre outros. No relatório anterior, o país estava no 127º lugar.

O indicador leva em conta exigências para abertura de um negócio, legislação trabalhista, registro de propriedade, pagamento de impostos, comércio exterior e fechamento de empresas, entre outros aspectos.

A única reforma computada no estudo a favor da iniciativa privada adotada no Brasil está relacionada à abertura de negócios, com o fim da exigência de licença e inspeção da brigada de incêndio antes da obtenção da licença de operação no âmbito municipal. O relatório cita ainda o começo da implementação de serviços on-line em algumas cidades de São Paulo.

O Banco Mundial diz que um ambiente de negócios com regulação engessada não contribui para elevar a qualidade dos produtos, tornar o trabalho mais seguro ou reduzir a poluição. Na prática, serve só para inibir a iniciativa privada, o que eleva o número de pessoas na economia informal, aumenta os preços ao consumidor e incentiva a corrupção.

Além do peso dos impostos, o empresário brasileiro lida com entraves relacionados ao número de procedimentos para a abertura de um negócio. No Brasil, a burocracia requer 16 procedimentos, um dos patamares mais elevados no mundo, mas houve melhora em relação ao ano anterior, quando eram necessários 18. A abertura de um negócio no país leva cerca de 120 dias. A média da América Latina é de 45,5 dias.

Um dos pontos favoráveis ao país é o custo para abertura de uma empresa, estimado em 6,9% da renda per capita, contra a média de 35,6% da América Latina.

Nos dados de comércio exterior, o Brasil tem resultado mais positivo do que a média latino-americana: 12 dias contra 19,9. Em compensação, o custo é mais elevado, de US$ 1.540 por contêiner. Na região, esse valor fica em US$ 1.309,80. O tempo médio de importação é de 16 dias, abaixo da média de 22,9 dias na região.

O Banco Mundial destaca que mesmo em um ambiente de crise, 70% das 183 economias analisadas no relatório fizeram algum tipo de reforma no período de junho de 2008 a maio de 2009. A Colômbia é o único país da América Latina na lista dos dez maiores reformadores. O país empreendeu mudanças como a criação de um novo operador de saúde público-privado onde empregados e empregadores podem se registrar no prazo de uma semana, entre outras alterações.