Vanessa Daraya
08/04/2014
A maioria das pessoas tende a deixar para amanhã
o que pode ser feito hoje. Mas não é por acaso. Existe uma explicação
científica para isso: um novo estudo sugere que a procrastinação está no gene
humano.
Um artigo sobre o estudo foi publicado no jornal
Psychological Science.
A pesquisa foi feita por cientistas da Universidade de
Colorado, nos Estados Unidos, que descobriram que a tendência a procrastinar é
afetada por fatores genéticos.
Procrastinação e impulsividade são traços geneticamente
ligados e provavelmente resultantes de origens evolutivas semelhantes.
Ser impulsivo tem uma vantagem evolutiva porque pode ter
ajudado os antepassados com a sobrevivência cotidiana. Eles buscavam
recompensas imediatas quando o dia seguinte era incerto.
A procrastinação, por outro lado, pode ser um fenômeno
recente na história humana. No mundo moderno, as pessoas têm muitas metas de
longo prazo que exigem preparo. Mas o impulso e a facilidade em se distrair
tornam essas tarefas distantes em alvos da procrastinação.
Para chegar nessa conclusão, os cientistas decidiram estudar
se esse mau hábito realmente podia ter suas raízes na genética. Os
pesquisadores avaliaram 181 gêmeos idênticos (que compartilham 100% de seus
genes) e 166 gêmeos fraternos (que compartilham apenas 50% de seus genes).
A discrepância genética ajudou os pesquisadores a entender a
importância das influências genéticas e ambientais sobre os comportamentos
específicos, como a procrastinação e impulsividade. Os gêmeos foram avaliados
na habilidade de estabelecer e manter objetivos, na propensão de procrastinar e
na impulsividade.
Baseado nos comportamentos parecidos entre os gêmeos, os
pesquisadores concluíram que a procrastinação é, de fato, um fator genético,
assim como a impulsividade.
Além disso, parece haver uma sobreposição genética entre
procrastinação e impulsividade, ou seja, não há influências genéticas
exclusivas para um ou outro traço sozinho. Isso sugere, portanto, que a
procrastinação é um subproduto da evolução da impulsividade.
Mas não pense que agora dá para culpar a genética quando
procrastinar. Segundo Daniel Gustavson, autor do artigo, entender sobre a
procrastinação serve, na verdade, para ajudar a criar meios de evitar essa
atitude.
Essa descoberta e futuros novos estudos sobre o tema têm
potencial para ajudar a superar essas tendências enraizadas de se distrair e se
esquecer do trabalho.
Disponível em
http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/tendencia-a-procrastinar-esta-no-gene-humano-diz-estudo.
Acesso em 8 abr 2014.