segunda-feira, 31 de maio de 2010

Com mais dinheiro, população gastará mais com sonho que com necessidade

Flávia Furlan Nunes



Se, no passado, a população mundial consumia para atender as suas necessidades básicas, no futuro, ela viverá num cenário de realização de sonhos. De acordo com o professor de Economia da Universidade do Estado do Novo México, Lowell Catlett, existe um dinheiro excedente no mundo jamais visto.

"São US$ 6 trilhões excedentes nos Estados Unidos. No Japão, são US$ 4 trilhões. No Brasil, é US$ 1 trilhão. É dinheiro vivo e isso nunca aconteceu antes", afirmou o professor, durante a palestra "Novas Fronteiras que mudam o mundo", realizada no III Fórum de Longevidade do Bradesco Vida e Previdência.

Com mais dinheiro disponível, as sociedades já passam de um mundo da produção para o mundo do consumo. "O da produção é dar o básico e a do consumo é dar o que o consumidor quer. O consumidor é quem manda", explicou Catlett, durante a palestra.

Hierarquia das necessidades

Segundo ele explicou, os seres humanos são todos iguais, porque têm as mesmas necessidades fisiológicas. No entanto, até a Segunda Guerra Mundial, a população vivia para se manter: pagar aluguel e comer, o que está mudando com o enriquecimento das sociedades.

"Conforme recebemos mais dinheiro, priorizamos a realização. Em 2012, metade da população estará buscando a realização. Estará no espaço dos sonhos e não das necessidades. Quando está vivendo nas necessidades, 90% da vida são para manutenção das condições. Você está feliz por ter algo para sobreviver", disse o professor.

Nascidos depois da Segunda Guerra Mundial, os babyboomers foram os primeiros a não viverem somente da manutenção. Isso aconteceu porque a geração anterior acumulou patrimônio, afinal, viveu em um momento de escassez e aprendeu a guardar dinheiro. Serão transferidos US$ 40 trilhões em patrimônio, de uma geração para outra.

A busca pelas realizações

E o que a população fará com este dinheiro? Irá em busca de suas realizações. Conforme explicou o professor, na geração atual, a Y, isso já acontece. "Eles já cresceram no mundo das realizações". Para se ter uma idéia, nos EUA, o aparelho mais importante para os novos jovens é o Ipod, porque eles possuem a oportunidade de escolha.

Planejamento financeiro

Diante desta realidade, fica a questão: se a população está vivendo mais, mas realizando seus sonhos, há necessidade de planejamento financeiro? De acordo com Catlett, ele é essencial, mas a abordagem que é feita hoje para alcançá-lo está errada. "A maneira não é dizer que a pessoa precisa poupar mais, comprar ações ou investir. Me diga que eu posso viver meus sonhos e eu vou guardar para arcar com eles", finalizou.

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