Decidir empreender não é fácil. Mais complicado ainda é escolher entre persistir em um negócio que não está dando certo ou desistir dele, para abrir um novo. A decisão é, em primeiro lugar, extremamente pessoal, avaliam Evaldo Alves, professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, e Denis Mello, diretor-presidente da FBDE - consultoria de marketing, vendas e gestão. Mas, além da motivação pessoal, existem informações objetivas que podem ajudar na tomada de decisão.
Mello aconselha as empresas de qualquer porte a realizarem, pelo menos uma vez por ano, dois tipos de diagnóstico: um da parte operacional e outro, estratégico. O primeiro serve para controlar itens como fluxo de caixa e planejamento orçamentário. Já o segundo tem por objetivo avaliar o mercado e os concorrentes. Para isso, vale a pena ler livros e publicações especializadas, conversar com clientes e outras empresas do setor e ir a congressos e feiras. É nessa etapa que o empreendedor será capaz de detectar as tendências do mercado.
Com essas informações em mãos, o empreendedor deverá tomar a sua decisão. "O bom empresário é aquele que nunca é pego de surpresa. Mesmo quando o negócio vai mal, ele sabe disso de antemão", salienta Mello. A saída, se ele decidir continuar, pode ser alterar o portfólio, apostar em tecnologia ou fazer uma reestruturação interna. "Se ele perceber que não terá forças para competir, se o mercado em que atua está retraindo-se e ele não está disposto a lutar por espaço, aconselho que descontinue a empresa", afirma.
Já o professor da FVG garante que o grau de insucesso é algo tangível - e, portanto, não é preciso desespero quando algo sai do controle momentaneamente. Ele explica que enquanto o empreendedor cobrir gastos fixos (aluguel, impostos, contas), mesmo que não dê conta de parte dos custos variáveis (folha de pagamento, por exemplo), existem chances de a empresa se recuperar.
Quando o cenário é esse, Alves afirma que a saída é fazer ajustes nos produtos ou serviços. Outro ponto é investir ainda mais no negócio. Vale buscar financiamentos ou mesmo empenhar parte das economias pessoais.
Outro caso, mais grave, é quando o segmento de atuação como um todo está encolhendo-se. Ou, então, quando o empreendedor não é capaz nem mesmo de cobrir os gastos fixos. Se mesmo assim ele decidir continuar, os riscos são maiores. E os possíveis aportes financeiros para reestruturação, também.
Aposta na inovação
Os dois especialistas são categóricos ao afirmar que as empresas que fecham as portas seguem um padrão: não inovam. Permanecem paradas no tempo e veem a concorrência decolar.
Segundo o professor da FGV, é a inovação que traz competitividade e agrega valou ao produto ou serviço. Para isso, completa Mello, é extramente importante estar atento às "micro e macro tendências", como ele define. Ou seja, é preciso ficar de olho em algo que pode ser a saída para decolar, mesmo que o setor como um todo não vá bem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário