Forebrain
27/06/2012
As expressões faciais são a maneira mais forte de
transmitirmos informações sobre nossas emoções para as outras pessoas. De
maneira recíproca, quando observamos a fisionomia de alguém, podemos obter
informações sobre seu estado de humor e dizer se esta pessoa está com raiva,
triste, alegre ou preocupada, por exemplo. As expressões faciais são tão
importantes para comunicar aos outros o que sentimos que o nosso cérebro possui
um processamento bastante rápido e específico, altamente qualificado, para o
reconhecimento de expressões faciais.
A importância das expressões faciais foi observada pela
primeira vez por Charles Darwin em 1872, no livro “A Expressão das Emoções no
Homem e nos animais”, onde sugeriu que os mamíferos revelariam suas emoções
através de suas faces, e que algumas expressões faciais básicas teriam uma função
biológica adaptativa. Os diferentes estudos na área de neurociências têm
considerado como básicas seis tipos de emoções: alegria, tristeza, raiva, nojo,
medo e surpresa. Estas emoções seriam comuns à maioria dos povos e poderiam ser
facilmente reconhecidas por suas respectivas expressões faciais, que seriam
compostas pelo recrutamento de músculos faciais específicos para cada emoção. A
expressão de alegria, por exemplo, é marcada pelo sorriso e uma leve contração
dos olhos, enquanto que a expressão de surpresa é associada a uma boca
entreaberta e olhos arregalados. As expressões de raiva e nojo, por sua vez,
são marcadas pelo franzir do cenho.
Em virtude de suas origens biológicas evolutivas, durante
muitos anos acreditou-se que estas emoções básicas, reveladas através de suas
expressões faciais específicas, poderiam ser reconhecidas por diferentes
populações, em diferentes regiões do planeta, independente de fatores
culturais. Esta hipótese, chamada de hipótese da universalidade, considera que
as seis emoções básicas e suas respectivas expressões faciais seriam a
linguagem universal para sinalizar os estados emocionais internos. Porém, nas
últimas décadas, alguns pesquisadores começaram a questionar esta hipótese
devido a algumas evidências neurocientíficas.
Um estudo publicado em 2005 demonstrou que quando japoneses
e caucasianos visualizavam fotos de faces expressando medo, regiões cerebrais diferentes
eram ativadas em resposta à visualização. Mais ainda, este mesmo estudo
observou que as regiões ativadas nos indivíduos caucasianos estavam associadas
mais diretamente a uma percepcão emocional do estímulo, enquanto que os
japoneses não pareciam atribuir uma valência emocional (ou seja, considerá-las
como negativas) para as faces.
Um outro estudo mais recente, publicado pela revista
Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America
(PNAS,) avaliou indivíduos caucasianos ocidentais e indivíduos do leste
asiático, enquanto visualizavam animações de faces expressando as seis emoções
básicas. Os resultados obtidos indicaram que os caucasianos eram capazes de
reconhecer as seis emoções básicas de forma coerente, enquanto que os asiáticos
não conseguiam realizar essa tarefa, havendo uma considerável sobreposição no
reconhecimento das diferentes faces, especialmente as de surpresa, medo, nojo e
raiva. Os resultados desses e de outros estudos mostram que as expressões
faciais de emoção são percebidas de maneira diferenciada por indivíduos
pertencentes a culturas diferentes, colocando em xeque a ideia de que a emoção
humana seria universalmente representada pelo mesmo conjunto básico de somente
seis expressões faciais distintas.
Considerando que o estudo das expressões faciais é de grande
relevância para o Neuromarketing, é de extrema importância termos em mente que
aspectos culturais podem influenciar no reconhecimento de padrões emocionais,
antes aceitos como universais. Desta maneira, as ferramentas, que utilizam a
avaliação das expressões faciais como instrumento de avaliação de reação de
consumidores frente a estímulos de Marketing devem ser consideradas com
cautela.
Disponível em http://www.forebrain.com.br/nossas-expressoes-faciais-sao-universais/.
Acesso em 11 jul 2013.
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