Endeavor
Desbravador, empolgado, provedor, apaixonado, antenado,
independente, arrojado, pragmático, lutador. Apenas esses adjetivos enumerados,
desprovidos de contexto e significado, pouco tem a mostrar. Mas, quando vistos
sob um prisma sócio-demográfico, sustentados por um conjunto de
características, atitudes e expectativas, revelam os sujeitos altamente
heterogêneos que compõem o panorama atual do empreendedorismo brasileiro.
Segmentados entre empreendedores formais, informais e
potenciais, esses diferentes perfis são o foco da pesquisa Empreendedores
Brasileiros: Perfis e Percepções 2013, realizada pela Endeavor Brasil com o
apoio da Ibope Inteligência. Para distinguir suas particularidades, ambições e
dificuldades, o estudo realizou entrevistas com cerca de 3 mil brasileiros,
entre proprietários de empresas, potenciais empreendedores e outros jovens e
adultos que não pretendem abrir um negócio próprio.
A finalidade da segmentação, como ressaltou Amisha Miller,
gerente da área de Pesquisa e Políticas Públicas da Endeavor, é esclarecer a
melhor forma de apoiar e desenvolver produtos e serviços direcionados a cada
perfil. “As organizações que se relacionam com empreendedores podem investir
seu dinheiro de uma forma muito mais eficaz, criando produtos focados em grupos
específicos e usando melhor os canais de comunicação para alcançá-los”, propõe.
“Não podemos tratar os empreendedores (28% da população entre 16 e 64 anos) e
os potenciais empreendedores (33% da mesma amostra) como um grupo padrão.”
O índice que mede o sucesso dos empreendedores, usado pela
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), é o
crescimento em número de funcionários e renda. Neste aspecto, a pesquisa mostra
que apenas 4% da população brasileira é de empreendedores com funcionários - os
mais desenvolvidos economicamente (sua renda pessoal é quase o dobro em
comparação à renda do total de empreendedores) e com maior nível de
escolaridade (24% deles completou o ensino superior, enquanto a média dos
empreendedores brasileiros é de 16%). Outro diferencial é que este grupo
recorre a mais fontes de informação - como jornais, internet etc. - e busca
mais treinamento e cursos na área.
Ainda assim, reconhece a pesquisa, independentemente do
perfil do empreendedor, existe um grande déficit educacional a suprir. Entre os
quatro maiores problemas enfrentados pelos empreendedores brasileiros, três
estão ligados à falta de conhecimento, principalmente nos quesitos: gestão de
pessoas, fluxo de caixa e como administrar um negócio. Soma-se a isso a
informação de que muitos acreditam que o empreendedorismo é algo intrínseco às
pessoas e, portanto, colocam o preparo em segundo plano.
Ao analisar as relações de empreendedores com associações de
classe e instituições de empreendedorismo, o estudo mostra que, embora quase
100% dos proprietários de negócios formais conheça o Sebrae, por exemplo,
apenas 46% deles já teve algum tipo de relacionamento com a instituição; entre
os informais, a mesma taxa fica em 31%.
“Atualmente, muitos cursos para empreendedores tem foco nas
empresas e não no empreendedor em si”, avalia Amisha. “Com isso, é mais difícil
chamar a atenção do empreendedor: ele reconhece os cursos de empreendedorismo
como um benefício para a empresa, mas não para ele, como pessoa ou líder.
Acreditamos que esta é uma das razões pelas quais os empreendedores não
recorram aos cursos, embora saibam da sua existência.”
Conheça algumas características e necessidades identificadas
pela pesquisa no grupo de empreendedores formais:
Apaixonado: a maioria é mulher, entre 25 e 35 anos. Em
geral, possui empresas nas áreas de saúde, estética e venda de acessórios.
Enfrenta dificuldades burocráticas e falta de investimento. Poderia se
beneficiar de cursos sobre acesso a capital, inovação e networking.
Antenado: geralmente é jovem e tem maior renda familiar.
Enfrenta obstáculos de conhecimento e investimento. Demanda mentoring e
coaching, além de ajuda com recursos humanos.
Independente: empreendedor mais maduro e estável. Não acessa
muito a internet, portanto precisa de conteúdo por meio de revistas e ou
jornais. Para resolver problemas financeiros, requer educação sobre linhas de
financiamento e oportunidades de acesso a capital.
Arrojado: a maioria é composta por homens com maiores rendas
pessoal e familiar. Para crescer, precisaria de ajuda sofisticada e mentoring
/networking com especialistas para resolver problemas de conhecimento
empresarial, obstáculos financeiros e pessoais.
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