Estadão
13 Novembro 2013
Um trabalhador negro recebe em média um salário 36,11% menor
que um trabalhador não negro, de acordo com o estudo "Os Negros no Mercado
de Trabalho", divulgado nesta quarta-feira (13) pelo Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). "Os
negros recebem menos em qualquer comparação que se faça, seja por setores de
atividades, seja por escolaridade", disse a economista Lúcia Garcia,
coordenadora de pesquisa sobre emprego e desemprego do Dieese.
As informações analisadas foram apuradas pelo Sistema
Pesquisa Emprego e Desemprego (Sistema PED), realizado por meio do convênio
entre o Dieese, a Fundação Seade, o Ministério do Trabalho e parceiros
regionais no Distrito Federal e nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte,
Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo. O segmento de negros é
composto por pretos e pardos e o de não negros engloba brancos e amarelos.
Segundo a pesquisa, no biênio 2011-2012, nas regiões
metropolitanas acompanhadas pelo Sistema PED, praticamente a metade dos
ocupados eram negros (48,2%), porém suas remunerações por hora, em média,
ficavam limitadas a 63,89% do ganho-hora dos não negros. "E o leque da
desigualdade se abre mais quanto maior é a escolaridade", afirmou Lucia.
O rendimento médio real por hora dos não negros ocupados na
Indústria de Transformação no biênio 2011-2012, por exemplo, foi de R$ 29,03
para aqueles que têm ensino superior, enquanto o de negros na mesma condição
foi de R$ 17,39. A diferença era menor, embora desvantajosa sempre para os
negros, no caso daqueles que tinham ensino médio (R$ 9,56 para não negros e R$
7,13 para negros), fundamental completo (R$ 6,76 contra R$ 5,77) e fundamental
incompleto (R$ 6,46 contra R$ 5,27).
Além disso, os negros têm mais dificuldades de chegar a
cargos de direção e planejamento. No caso de São Paulo, por exemplo, apenas
5,7% dos negros ocupavam esses cargos no biênio 2011-2012 ante 18,1% dos não
negros. Os negros, porém, eram 61,1% em cargos de execução e 24,7% nos de
apoio, na comparação com 52,1% e 23,3% dos não negros, respectivamente. "O
negro não só enfrenta seletividade no trabalho como enfrenta obstáculos que o
direcionam para empregos de menor qualificação", disse Lucia.
Disponível em
http://www.dcomercio.com.br/index.php/economia/sub-menu-economia/117897-mercado-paga-salario-3611-menor-a-negros-apura-dieese.
Acesso em 13 nov 2013.
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