Afonso Ferreira
25/11/2013
A fábrica Sierra, de Biritiba-Mirim (SP), aumentou em até
257% as vendas de cogumelos, e a Dunati, de São José (SC), elevou em 70% a
comercialização de comida congelada depois que mudaram as embalagens de seus
produtos.
Até 2008, a empresa paulista vendia apenas cogumelos em
baldinhos de plásticos. Mas, para conseguir crescer, a proprietária do negócio,
Cíntia Motta, 54, diz que notou que era preciso mudar a embalagem do produto.
O baldinho transparente foi trocado por um sachê colorido
com receitas no verso. Antes, a empresa vendia, em média, 700 caixas de
cogumelos por mês. Hoje, são vendidas 2.500 em igual período, ou seja, 257% a
mais.
"Queria uma embalagem mais colorida, apetitosa e
atraente para que o meu produto se destacasse nas prateleiras", afirma
Motta. A empresária conta que o logotipo também foi alterado e a embalagem
ganhou uma espécie de zíper para facilitar sua abertura e fechamento.
Ao todo, o planejamento da nova embalagem levou um ano para
sair do papel.
A empresária aproveitou o momento de mudança para ampliar o
mix de produtos. A Sierra passou a produzir também outros tipos de cogumelos,
como o shimeji, o shiitake e o eryngui. A venda das quatro variedades soma
3.500 caixas por mês.
Segundo Motta, foi preciso investir cerca de R$ 80 mil em
máquinas de embalar, material e no novo logotipo. A mudança da embalagem teve
auxílio do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). O
faturamento do negócio não foi divulgado.
Nova embalagem eleva venda de comida congelada
Outra empresa que resolveu mudar a embalagem foi a
fabricante de comida congelada Dunati. Ela adotou um recipiente em forma de
trapézio (com as laterais inclinadas) e trocou o papel alumínio do interior por
papel cartão.
A mudança, implantada em maio de 2013, fez com que as vendas
mensais subissem de 3,5 toneladas para 5,95 toneladas, alta de 70%. Cada
embalagem com o produto pesa entre 300 g e 400 g.
"O novo formato faz com que a embalagem pareça maior do
que as demais e, sem o papel alumínio, o consumidor pode aquecer o produto
diretamente no micro-ondas", diz o sócio da empresa Caio Márcio Marins,
41.
O empresário afirma que o planejamento das novas embalagens
levou um ano e meio. O investimento foi de R$ 50 mil e inclui fotos dos pratos
prontos, mudança do logotipo e do site da empresa.
"A nova embalagem nos deu visibilidade. Conseguimos
entrar em pontos de venda que dificilmente conseguiríamos com o recipiente
antigo", declara.
A Dunati tem 12 tipos de prato congelado saudáveis, como
berinjela à parmegiana, lasanha de espinafre e bolonhesa de soja. Os preços
variam de R$ 5,90 a R$ 16,90. O faturamento não foi divulgado.
Empresa pode perder cliente se mudança não agradar
Para o diretor-técnico do Sebrae Nacional, Carlos Alberto
dos Santos, se a nova embalagem não agradar, a empresa pode perder mercado.
"O cliente que já está acostumado a comprar o produto pode não
reconhecê-lo e mudar de marca."
Uma substituição errada do recipiente ou da apresentação do
produto, segundo ele, também pode comprometer a conquista de novos clientes.
"Um recipiente inadequado afasta o consumidor e faz com que o produto não
seja notado em meio aos concorrentes."
Por isso, de acordo com Santos, a mudança deve ser uma
decisão planejada. "Uma embalagem atraente influencia a decisão de compra
do consumidor. Ela seduz e faz as pessoas comprarem aquele produto mesmo quando
ele não é essencial", diz.
Antes de fazer a reformulação, no entanto, é preciso avaliar
se o revestimento está em sintonia com o mercado, quais os custos envolvidos e
de que forma um novo recipiente poderia facilitar o consumo ou o armazenamento
do produto.
Curvas e cores chamam atenção
De acordo com o professor e coordenador do núcleo de estudos
da embalagem da ESPM, Fábio Mestriner, um recipiente diferente, colorido, com
curvas e imagens chamativas salta mais aos olhos do consumidor.
"A embalagem é a grande ferramenta de marketing de um
produto em um ponto de venda e, principalmente, as pequenas empresas devem
investir neste quesito", diz.
Mestriner afirma que erros comuns nas embalagens são: falta
de informações sobre o produto (origem, produção, componentes etc.) e não
destacar qualidades ou diferenciais da mercadoria.
"Se o produto é artesanal ou orgânico, isso deve ser
destacado na embalagem. A empresa, por ser pequena, não precisa ficar acanhada
quando concorre com grandes, ela deve ser ousada", declara.
Segundo o professor, toda embalagem precisa ser aprovada
pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ou pelo Ministério da
Agricultura. Há algumas obrigações a serem seguidas, como informar peso, número
de unidades e informação nutricional, no caso de alimentos.
Disponível em
http://economia.uol.com.br/empreendedorismo/noticias/redacao/2013/11/25/troca-de-embalagem-eleva-em-ate-257-as-vendas-lembre-mudanca-de-produtos.htm.
Acesso em 01 dez 2013.
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