Alexandra Gonsalez
16/01/2014
Uma pesquisa do site de empregos Catho mostra
que a psicologia foi a carreira com maior alta salarial em 2013 — um aumento de
54,7% em relação ao ano anterior.
De acordo com Telma Souza, diretora do site, o crescimento
da remuneração apontado pelo estudo beneficiou principalmente os profissionais
que atuam no ambiente corporativo. "Isso engloba funções na indústria e na
área de serviços", diz Telma.
Segundo a executiva, os melhores rendimentos têm incentivado
muitos psicólogos a migrar de especialidade dentro da profissão, trocando a
área clínica, por exemplo, pelo trabalho em segmentos tão diversos como
administração hospitalar, área educacional ou recrutamento e seleção.
Mas ela faz um alerta. "Cursos de pós-graduação e MBA
são mandatórios para quem quer fazer essa transição. É preciso conhecer mais
sobre business e marketing", afirma.
Para os especialistas, a versatilidade da psicologia é um
dos principais fatores por trás do aumento na demanda por esses profissionais
no ambiente corporativo. Uma das mais recentes tendências é o recrutamento de
psicólogos por empresas que trabalham com big data — processamento de um grande
volume de informações online.
"Na prática, o psicólogo analisa qualquer tipo de
informação digital em tempo real e compreende o que há por trás desses
números", afirma Adriano Henriques, vice-presidente de inteligência de
mercado da Wunderman, uma das maiores agências digitais globais.
Para Adriano, o parecer de psicólogos sobre os dados
analisados é fundamental para desenvolver soluções para os negócios. "Eles
auxiliam na compreensão do comportamento do consumidor; são o fator humano do
levantamento estatístico." Estima-se que o déficit de mão de obra
especializada em big data chegará a 60% em 2015.
Interpretação de dados
O psicólogo paulistano Arthur Nagae, de 24 anos, nem cogitou
a possibilidade de atuar na área clínica. Desde que saiu da universidade, em
2012, tem trabalhado como analista de digital analytics no grupo Newcomm de
comunicação, fundado pelo empresário Roberto Justus.
Arthur faz análise da conduta de consumo dos clientes de
empresas bancárias, de telecom e de companhias aéreas, acompanhando campanhas
publicitárias e seu desempenho na mídia. Por meio das informações analisadas
por ele, são montadas ações de marketing para cada marca.
"Trabalho em conjunto com pessoas de mídia, marketing e
implementação de sistemas operacionais. Vivo inserido no mundo digital",
diz Arthur, que acredita que o big data é uma das áreas mais promissoras para
os profissionais de psicologia.
De acordo com um estudo recente da ABI Research, empresa
americana de pesquisa e inteligência de mercado, organizações do mundo inteiro
vão investir 31 bilhões de dólares neste ano em tecnologias de big data, um
mercado que deve crescer 30% ao ano até 2018.
Um bom exemplo é o Google: todos os produtos do gigante de
buscas têm base no levantamento de dados gerados graças às ferramentas de
análise em larga escala. "Áreas que lidam com o comportamento humano, como
a psicologia e a economia, cada vez mais terão ligação com o marketing, a
publicidade e o big data", afirma Adriano, da Wunderman.
Disponível em
http://exame.abril.com.br/revista-voce-sa/edicoes/188/noticias/salarios-que-freud-explica?utm_source=newsletter&utm_medium=e-mail&utm_campaign=news-diaria.html.
Acesso em 16 jan 2014.
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