Gustavo Coltri
3 de março de 2014
Para muitos brasileiros, o bom comportamento parece receber
uma folga em tempos de exageros carnavalescos, na maioria das vezes sem grandes
consequências. Se o descuido com a boa imagem ganha um passe livre nesses
quatro dias de feriadão, durante o expediente nas organizações, há bem menos
espaço para os escorregões.
A construção da imagem profissional não depende de episódios
isolados. De acordo com diz a gerente de orientação de carreira da empresa Cia
de Talentos e DMRH, Bruna Tokunaga Dias, as reputações de carreira são baseadas
em um conjunto de ações e posturas consideradas pelo mercado a partir do
momento em que a pessoa se direciona para o mundo do trabalho por meio de
cursos de qualificação e graduações. “O seu colega de faculdade pode trabalhar com
você no futuro.”
É no dia a dia, porém, que as marcas mais fortes das
percepções se determinam. Segundo o coach Homero Reis, as imagens profissionais
são construídas sobre três pilares de conduta: responsabilidade, competência e
ética. “Você mantém uma reputação ilibada pelo que se compromete, atendendo
requisitos de qualidade. Por ter uma vontade imensa de agradar, muitos prometem
o que não podem cumprir e acabam trocando os pés pelas mãos”, diz.
A vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos
(ABRH-Nacional), Elaine Saad, destaca os erros recorrentes durante o exercício
das atividades como as principais fontes de problemas na esfera técnica, mais
importantes até do que o grau de eficiência.
Quando o assunto vai para a esfera comportamental, há uma
complexidade maior, na opinião de Elaine. “Nesse sentido, é preciso fazer uma
separação por cultura organizacional. Algumas, por exemplo, aceitam melhor os
comportamentos rudes do que outras”, diz. A dica para evitar gafes é observar
as escolhas dos profissionais mais valorizados pela organização.
Ainda que tenham efeitos relativos, algumas ações costumam
não ser bem-vindas nas companhias, de acordo com os especialistas. Usar sem
moderação impressoras e telefones, falar alto e vestir-se de maneira inadequada
ante o contexto são alguns dos principais erros cometidos pelos profissionais.
Outras falhas crescentes seriam a utilização indevida dos celulares no
expediente, inclusive reuniões, e as críticas nas redes sociais envolvendo o
trabalho, além das descuidadas reclamações nos elevadores, cafés e bares nos
happy hours.
Fatores externos também podem interferir na imagem
profissional. “Muitas vezes, pessoas trabalham em organizações conhecidas por
alguma característica forte e acabam sendo associadas às empresas”, diz a
responsável pela Coordenadoria de Estágios e Colocação Profissional da Escola
de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas
(FGV-EAESP), Beatriz Braga.
Por outro lado, ela ressalta que nem sempre a imagem cultivada
pelos indivíduos corresponde à que colegas, chefes e subordinados fazem sobre
elas. “Não deveríamos ter surpresas em relação aos que os outros pensam sobre
nós. E não adianta tentar parecer um executivo supereficiente se não houver
substância”, explica.
Estabelecer pontos de verificação entre a autoimagem e a
reputação externa pode ajudar na correção de rotas quando necessário. As
estratégias podem incluir de feedbacks a questionamentos ítimos: “Pergunte para
si: qual é a primeira impressão que os outros geralmente têm de mim? O que as
pessoas que não vejo há muito tempo sabem sobre a minha vida pelas redes
sociais?”, diz a gerente de orientação de carreira da Cia de Talentos e DMRH.
Se ruins, as reputações podem ser recuperadas, mas o
processo de mudança de entendimento é lento e difícil segundo especialistas,
porque depende do esforço dos indivíduos e da compreensão dos seus pares. “Tudo
o que faz parte integrante de uma conduta adequada não é lembrada porque é
pressuposto. Mas o contrario é lembrado”, diz Homero Reis.
Disponível em
http://blogs.estadao.com.br/radar-do-emprego/a-importancia-dos-cuidados-com-a-imagem-profissional/.
Acesso em 15 mar 2014.
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