Karina Fusco
28/11/2013
Ninguém
duvida de que inteligência, habilidade para trabalhar em grupo, espírito
empreendedor e liderança são competências essenciais para quem deseja crescer
na carreira. Pouca gente, entretanto, leva em conta o peso da aparência em uma
trajetória profissional de sucesso.
Mas o economista Daniel Hamermesh, da Universidade do Texas,
acredita que esse fator esteja sendo subestimado. Ex-presidente da sociedade de
economistas do Trabalho dos Estados Unidos e pesquisador do National Bureau of
Economic Research naquele país, Daniel concluiu que pessoas com melhor
aparência recebem salários até 20% maiores e, ao longo da carreira, somam, em
média, 230.000 dólares mais do que as pessoas menos atraentes.
Além disso, os bonitões e as bonitonas têm maior probabilidade
de ser promovidos e de permanecer empregados. Essas informações constam do
livro de teoria econômica O Valor da Beleza — Por Que as Pessoas Atraentes Têm
Mais Sucesso, publicado no Brasil pela editora Elsevier-Campus.
Desde os anos 70, Daniel pesquisa a correlação de salário e
sucesso profissional com aparência física. Num desses estudos, produzido pela Universidade de Michigan, entrevistadores
classificaram voluntários em diferentes graus de beleza. Depois de cruzar esses
dados com o salário informado por eles, concluíram que, quanto melhor a
aparência, maior a remuneração.
Em outra pesquisa, publicada no Journal of Applied Social
Psychology, fotos de estudantes de MBA foram avaliadas e comparadas com seu
contracheque dez anos após a formatura. Entre os bonitos, a remuneração cresceu
mais rápido desde o fim do curso.
Mas não são apenas as pessoas abençoadas pela natureza que
podem desfrutar os efeitos da boa aparência sobre o contracheque. Pesquisadores
da Universidade Harvard constataram em uma pesquisa recente que mulheres que
usam maquiagem são avaliadas como mais confiáveis e competentes.
Além disso, uma enquete do site de empregos americano
CareerBuilder com recrutadores apurou que, ao optar entre dois candidatos
igualmente qualificados, estar bem-vestido foi considerado o terceiro critério
mais importante, atrás apenas de senso de humor e voluntariado e à frente de
conhecimentos gerais e familiaridade com as mídias sociais.
Sinais de que os cuidados conscientes para melhorar a
aparência, acessíveis aos pobres mortais, também podem impactar positivamente a
percepção de colegas e superiores sobre seu valor no mercado de trabalho.
Esporte para uma imagem mais ativa
Após contratarem um coach, os advogados Luiz Guilherme
Barreto e Rodrigo Souza Leite, de 34 anos, de São Paulo, fizeram mudanças no
visual. "Percebemos que o trato muito formal e a maneira como nos
vestíamos afastavam novos clientes", afirma Luiz Guilherme.
Além de ternos com corte moderno e gravatas mais coloridas,
Rodrigo mudou a alimentação e adotou a bicicleta para voltar para casa.
"Perdi quase 14 quilos", diz o advogado, que considera que agora
transmite uma imagem mais ativa.
As mudanças repercutiram nos resultados do escritório, que
conquistou novos clientes, principalmente na área de informática.
Mais autoconfiança na competição do ambiente corporativo
Para a executiva Carolina Magri, de 33 anos, de Campinas,
interior de São Paulo, o investimento na imagem foi um diferencial para crescer
na multinacional em que era analista plena de marketing.
Em 2009, quando começou a buscar um cargo de liderança,
intensificou os cuidados com os cabelos, investiu no guarda-roupa e incluiu
corrida e pilates na rotina. Em pouco tempo, foi promovida a coordenadora.
"Estar bem consigo mesma ajuda a ter autoconfiança no
mundo corporativo, muito competitivo. Meus líderes perceberam a mudança e me
deram feedbacks positivos."
Disponível em
http://exame.abril.com.br/revista-voce-sa/edicoes/186/noticias/a-economia-da-beleza?page=1.
Acesso em 05 dez 2013.