Keny Sawaya
15 Out 2013
Uma boa notícia para os varejistas instalados ou que
pretendem se instalar em pontos comerciais de rua é que, de acordo com
pesquisas recentes, os polos de rua ainda têm a maior fatia das vendas do
varejo. Contudo, o crescimento do número de shoppings centers em todo o país
deve ser motivo de atenção para a sobrevivência dos Polos Varejistas de Rua
(PVR), em que se faz necessário uma nova dinamização, pois a força do comércio
varejista de rua garante a vitalidade das regiões e das cidades, bem como, a
decadência desses centros comerciais pode gerar a deterioração do seu entorno.
Atualmente, podemos perceber a força desse comércio através
de inúmeros indicadores. Dentre os principais destacamos a intenção de grandes
redes em expandir seus negócios nos PVR. Em que pese, também devemos ligar o
sinal de alerta a algumas ameaças. É fato que a intenção de compra nos PVR
declina conforme aumenta a renda. Também é fato que a renda média das famílias
brasileiras vem crescendo nos últimos anos. Esse aumento da renda acaba gerando
uma maior mobilidade, pois as pessoas passam a ter mais automóveis próprios, o
consumidor passa a ser mais exigente quanto a conforto, segurança e
estacionamento. Bem como, o aumento do número de shoppings nas regiões da
classe C acabam fazendo com que os consumidores dessas regiões passem a migrar
para esses shoppings na hora de comprar.
Para que esse cenário não acabe enfraquecendo os PVR algumas
medidas já estão sendo estudadas. Parcerias público-privadas deverão trabalhar
na revitalização dos polos de rua e na dinamização dos mesmos, o que irá
incentivar a integração social e melhorar a qualidade de vida das cidades. O
grande desafio é encontrar as soluções mais adequadas para tais fins.
Entre as estratégias do município de São Paulo, por exemplo,
para revitalizar esses centros comerciais, podemos destacar a intenção de uma
grande estruturação metropolitana, a redução da vulnerabilidade social e a
otimização dos eixos de transporte coletivo. A ativação da revitalização dos
eixos se dá somente após a implantação das infraestruturas de transporte
coletivo, ou seja, mais corredores de ônibus, linhas de metrô licenciadas e a
criação de novos eixos de transporte.
Um dos grandes objetivos do novo Plano Diretor Estratégico
que está sendo analisado para a cidade de São Paulo será priorizar o
adensamento no entorno dos eixos de transporte público. Além de favorecer os
PVR, irá contribuir também com a redução do número de automóveis em circulação.
Para tal, pretendem conceder aumento do potencial construtivo das novas
incorporações imobiliárias mediante alguns parâmetros, tais quais: os
empreendimentos deverão ter número máximo de uma vaga de garagem para cada
unidade habitacional – o que incentiva o uso do transporte público e diminui o
número de automóveis nas ruas - e unidades habitacionais com metragem entre
25-35m², garantindo assim maior densidade habitacional nesses eixos – o que
gera fluxo de pedestres/consumidores para os pontos comerciais de rua.
O Plano Diretor Estratégico também incentivará que os novos
empreendimentos deixem o pavimento térreo livre ao acesso público, sem serem
murados, para que possam ser ocupados por novos comércios no pavimento térreo.
Isso fará com que haja uma “extensão” das calçadas e favorecerá o comércio desses
locais. O adensamento aumentará o fluxo cotidiano dos moradores locais que
podem se tornar consumidores potenciais.
Outra boa estratégia que está sendo proposta é a de se
deslocar os corredores de ônibus que hoje ocupam a faixa do lado direito das
vias, a ocuparem a faixa do lado esquerdo (ou canaleta central). Os corredores
de ônibus que ocupam a faixa da direita dificultam o acesso aos comércios de
rua e também diminuem a visibilidade dos pontos comerciais. Transferir os
corredores para a faixa da esquerda contribuirá significativamente para uma
nova dinamização dos pontos comerciais de rua. A idéia é também aumentar e
revitalizar as calçadas, para melhorar a circulação dos consumidores.
A grande mensagem que o mercado nos transmite é que, de
fato, a Rua recuperou seu espaço no plano de expansão das redes. Hoje, cerca de
dois terços das lojas de rua são as chamadas “lojas únicas” que possuem somente
uma unidade. Mas existe um movimento das grandes redes em expandir seus
respectivos negócios nos polos varejistas de rua. Para nós, que atuamos com o
mercado imobiliário, o cenário é promissor. Estima-se que cerca de 80% dos
imóveis comerciais de varejo são imóveis alugados e a demanda para encontrar
tais imóveis comerciais é crescente.
Em São Paulo, a revisão do Plano Diretor Estratégico e do
Zoneamento da cidade, pretende valorizar o comércio de rua e revitalizar os
polos varejistas, além de fortalecer o crescimento de novos polos nas regiões
periféricas. Importante é sempre identificar os imóveis e as localidades que
respeitem o DNA da marca para que se obtenha sucesso na expansão do negócio.
Disponível em
http://www.gsmd.com.br/pt/eventos/pontos-comerciais/comercio-de-rua-e-preciso-dinamiza-lo.
Acesso em 15 out 2013.