Letícia Alasse
26/04/2012
O comércio virtual e as redes sociais vivem
um momento de expansão no Brasil. O Facebook já se tornou uma plataforma de
relacionamento das marcas com os consumidores, mas aparece também como um
ambiente com potencial para vendas.
Por meio de ferramentas como LikeStore e beeSocial, o
F-Commerce, como é chamado o modelo de negócio, ganha popularidade e é adotado
por empresas de variados portes, desde pequenos empreendedores até grandes
varejistas.
Players como Magazine Luiza e Submarino aderiram ao ambiente
com plataformas próprias e metodologia de revenda. Outro varejista que entrou
no canal este mês foi o Compra Fácil, por meio do beeSocial, desenvolvido pela
agência Frog.
Com a iniciativa, a empresa pretende aumentar em 5% o seu
faturamento. A LikeStore, no entanto, é a plataforma mais conhecida no mercado.
Lançada no início de 2011, a startup possui 4.800 lojas cadastradas e recebeu
mais de 100 mil visitas no período de um ano, com lojas que chegam a faturar,
em média, R$ 30 mil por mês.
“O interessante da ferramenta é que, na maioria dos casos,
as pequenas empresas que tinham vendas inexpressivas no seu e-commerce
aumentaram de 100% a 200% por mês. Estamos próximos de uma estrutura que se
paga com apenas oito meses da primeira loja ter sido lançada”, Ricardo
Grandinetti, gerente de produto da LikeStore.
Dificuldades do F-Commerce
O desempenho positivo, no entanto, não impede que haja
obstáculos. A estrutura atual da LikeStore é totalmente manual e esse é um dos
principais inconvenientes da ferramenta.
Pequenas e médias empresas, que lidam com baixos volumes e
estoques, conseguem gerenciar melhor o trabalho. Para solucionar esta barreira
de adesão por parte das companhias de grande porte, a startup está investindo
na construção de uma API, que permitirá a integração do canal com o e-commerce
das marcas.
“Vamos oferecer esta possibilidade porque há muitas lojas
que gostariam de estar no Facebook, mas não conseguem fazer esta integração.
Para isto, elas gastariam, em média, de R$ 3 mil a R$ 6 mil para tê-la. Dentro
da nossa plataforma, a API será praticamente gratuita. O vendedor subirá o
produto no e-commerce e logo chegará ao Facebook. A venda na rede social também
acusará uma baixa no estoque”, conta Grandinetti.
Outros varejistas criaram sua própria integração com a rede
social e conseguem gerenciar bem a relação entre os canais, entretanto,
empresas que entraram no F-Commerce por meio da LikeStore, como o Hotel Urbano,
não obtiveram o mesmo êxito. Após quatro meses na plataforma, o site decidiu
investir apenas em promoções mais direcionadas para os seus mais de dois
milhões de fãs no Facebook.
“O Hotel Urbano cresce muito por mês e temos um volume de
vendas alto. A loja do Facebook era muito manual para nós, já que não era
integrada ao nosso sistema. Tínhamos que criar outro controle de estoque fora
do nosso administrativo e pelo tamanho da empresa começou a ser inviável”,
destaca Roberta Antunes, diretora de marketing do Hotel Urbano.
Cases de sucesso
No Brasil, o maior player no F-commerce é o Magazine Você,
do Magazine Luiza, que desde março conta com mais de 20 mil lojas cadastradas.
O modelo também abrange o Orkut e trabalha por meio de comissões aos
revendedores de 2,5% ou 4,5%, dependo do produto.
Assim como a varejista, o Submarino também disponibilizou
uma metodologia simples de revenda com os consumidores. Em ambas as
plataformas, os usuários podem escolher o nome da sua loja, como “Loja da
Fátima” e “Loucos Por Descontos”.
Já na plataforma do LikeStore, a DellaSanta tem se destacado
pela movimentação que a loja gerou em um mês no sistema, faturando quase R$ 30
mil. A marca de acessórios femininos
começou em janeiro com um e-commerce próprio, mas o servidor do site não
suportava a quantidade de acessos e caía frequentemente. A saída para a
sobrevivência foi o Facebook.
“O segredo do nosso sucesso é que estamos constantemente
online, respondendo às dúvidas das consumidoras e mostramos variados produtos
que agradam as mulheres. Quando elas estão satisfeitas nos divulgam na rede e
ajudam a aumentar o nosso público. Anteriormente, pensávamos na loja como uma
grana extra, mas a adesão está sendo muito grande e já estamos administrando
como um negócio da família”, ressalta Arthur Moraes, diretor de tecnologia da
DellaSanta Brasil.
Novidades para a plataforma
Com um aplicativo sem custo de adesão e apenas taxas sobre
vendas, a LikeStore hoje se apresenta como o principal canal brasileiro para se
afiliar ao F-Commerce.
A Fashionera, por exemplo, lançou esta semana uma loja na
plataforma para impactar diretamente os seus fãs e planeja abrir a
possibilidade para os internautas revenderem seus produtos.
Para atrair mais empresas, além de conectar a API do
aplicativo ao e-commerce das empresas, a LikeStore criou a ferramenta de
recarga de créditos para celular por meio do Facebook. Com o modelo, a startup
pretende brincar com as questões sociais, em que o usuário pode dar créditos
aos amigos e também pedir quando estiver sem.
Já o Compra Fácil entrou no setor com um modelo diferente de
loja, produzido pela Agência Frog. O design da loja do varejista no Facebook é
mais trabalhado do que o dos concorrentes e os produtores da ferramenta apostam
no aplicativo “Buzz” como diferencial.
A ferramenta é um termômetro que simula a experiência do
shopping, isto é, todos os produtos que o usuário visualiza e coloca no
carrinho serão vistos pelos seus amigos dentro do ambiente de compra. O
internauta também pode postar qualquer item na sua timeline e pedir a opinião
dos amigos para ajudar na sua escolha.
“Queríamos juntar todo o nosso conhecimento das redes
sociais com o e-commerce, que é uma atividade fria, ou seja, a pessoa entra
para comprar e está sozinha naquele espaço virtual. Nosso objetivo era trazer o
diálogo e opiniões de amigos para esta atividade. Montamos, então, uma plataforma
com novo visual e que poderia ser usado em outra rede, como por exemplo, o
Google +, caso venha a aderir ao modelo”, declara Brunno Gens, sócio diretor de
criação e Operações da Agência Frog.
Depois da primeira fase, em que muito se falou sobre o Facebook
como plataforma de vendas, agora, o F-Commerce vive um novo momento e pode
caminhar para a consolidação.
“O brasileiro é o povo que passa mais tempo no Facebook e
que tem mais amigos. Existe um número grande de pessoas que usam esse canal
excessivamente, por isso o F-Commerce é uma consequência natural do mercado.
Existiu uma primeira onda, em que os consumidores conheceram a plataforma e
isso gerou muito barulho, mas não trouxe resultados. Estamos numa segundo
etapa, em que as pessoas estão começando a usar a plataforma e tornando-a
realmente um modelo de negócios. Daqui a cinco anos, o modelo estará mais
substancial”, acredita Grandinetti, da LikeStore.
Disponível em
http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/facebook-avanca-como-plataforma-de-comercio?page=1&utm_campaign=news-marketing.html&utm_medium=e-mail&utm_source=newsletter.
Acesso em 06 ago 2013.