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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Alunos que não entendem o enunciado

Sthefan Berwanger
24 de outubro de 2006, 16:46
Todo ano é a mesma coisa: grande parte dos alunos matriculados em cursos superiores de tecnologia ou no bacharelado apresenta problemas na interpretação de textos.

A situação é terrível e desanimadora: em um simples texto de três linhas não se consegue identificar o que é dado e o que está sendo pedido.

Logo que comecei a lecionar não acreditava no que estava acontecendo. Afinal, a palavra estava lá escrita, clara e imutável, e as orações continham todos os elementos essenciais na ordem correta: sujeitos, verbos e predicados.

Em princípio pensei em duas hipóteses: ou era implicância dos alunos com a minha pessoa, ou os textos apresentados eram herméticos demais, sobretudo para turmas de primeiro ano.

O universo de alunos a que me refiro é composto em grande parte por jovens recém saídos do ensino médio, com idade entre 17 e 21 anos, e por uma parcela um pouco menor que tem entre 22 e 29 anos. Não é raro turmas com alunos já na faixa dos 30 ou 40 anos — e neste pequeno grupo o desempenho interpretativo é um pouco melhor, mas ainda assim segue abaixo do esperado.

Tem que entender o texto

O estudante que obtém diploma em um curso superior de tecnologia precisa, entre outras habilidades e competências, saber criar soluções adequadas aos inúmeros problemas inerentes à sua atividade profissional.

Para que esse processo ocorra satisfatoriamente, ele precisa primeiro entender o problema que quase sempre vem documentado na forma escrita. Precisa extrair as informações de que necessita e refletir sobre os caminhos que o levarão à solução.

A ditadura

Como docente, nunca havia questionado a origem desta dificuldade, até o dia em que li a entrevista do psicólogo Carlos Perktold (1) que trata justamente da dificuldade da geração pós 1964 em entender o que lê. Segundo o artigo, este fenômeno não ocorre exclusivamente na população com baixa escolaridade, não é catalogável como doença e nem é uma característica de pessoas com déficit intelectual; é sim um fenômeno intelectual de toda uma geração.

O argumento principal dado na entrevista é que após o golpe militar de 1964 houve uma castração cultural e política da geração nascida após esse período, capaz de causar um desestímulo ao hábito da leitura e por conseqüência prejudicar a capacidade crítica.

Disciplinas como Filosofia e Sociologia foram retiradas do currículo do antigo ensino clássico, atual ensino médio, porque o regime não estaria interessado na formação de pessoas capazes de analisar idéias, refletir sobre os conceitos sociais e atuar politicamente.

A televisão

Foi também a partir desse período, com o barateamento dos aparelhos, que a televisão ampliou sua participação dentro da população brasileira. O processo de expansão, que resultou na televisão como meio de comunicação de massa, se estendeu pelas décadas seguintes, com as transmissões via satélite, a melhoria da qualidade técnica e de conteúdo e a maior variedade de programas.

Desta forma, os recursos audiovisuais tomaram o lugar do texto escrito e surge então uma geração que entende o que ouve, mas não o que lê. Pode-se argumentar que o rádio também poderia ter o mesmo efeito que a televisão, mas segundo Perktold, o rádio pelo fato de não carregar a imagem, estimula o ouvinte a imaginar, fantasiar e pensar.

O que o docente pode fazer?

Então como contornar o problema? Infelizmente não é possível reverter o cenário em apenas um semestre, sobretudo pelo esforço de apenas um professor. É preciso lembrar que os educandos se submeteram, ano após ano, à mesma rotina de exposição exagerada à televisão e ausência de (boa) leitura e cultura em geral. Tentar obrigá-los a engolir textos e mais textos e a formar uma opinião crítica pode ser uma violência, com todas as suas consequências.

O que costumo fazer é explicar o mesmo exercício várias vezes, sob vários ângulos, fazer comparações e criar metáforas e analogias que tenham a ver com o universo concreto deles.

Muitas vezes dou sugestões de leitura online e off-line, indico bibliotecas públicas e também estimulo visitas a eventos culturais gratuitos, pois uma grande parte dos alunos é financeiramente carente e depende de bolsa de estudos.

Outra solução adotada é criar pequenos enunciados matemáticos com o objetivo específico de treiná-los na identificação do que é dado, e do que é pedido.

Algo bem simples, como por exemplo:

Dada a equação z = x + y. Sabendo que x vale 4 e y vale 7, quanto vale z?

A internet

Falando um pouco do presente, com vistas ao futuro, está em curso uma mudança importante: o surgimento da mídia digital que gradativamente vem tomando o espaço da televisão.

A sua principal característica é a descentralização da audiência e a produção de mídia para públicos específicos. Com essa mudança de modelo em curso, seria interessante observar como a geração nascida durante a revolução tecnológica irá aprender e se comportar criticamente nesse meio, que oferece um número gigantesco de opções a respeito do que se quer ver, ler ou ouvir. 

Referência bibliográfica
(1) PERKTOLD, C. Assisto, logo existo. Revista Carta Capital, 7jul. 2004, n. 298, p.28-29.

Disponível em http://webinsider.com.br/2006/10/24/alunos-que-nao-entendem-o-enunciado/. Acesso em 10 set 2013.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Anote 36: Web; Cosméticos; Email Marketing; Formalização; Leitura Digital

RIBEIRO, Maria Fernanda. Brasil versus o mundo Comparativo da audiência da web brasileira com 40 países. Próxxima, Especial 2010, pp. 60-63.

GUEGUEN, Nicolas. Truques da maquiagem Mulheres usam cosméticos para ficar mais bonitas, mas seus efeitos não são apenas estéticos: um rosto feminino bem pintado, com bom gosto e sem exagero, pode tornar os homens mais generosos, propensos a se deixar seduzir, e até mesmo alterar as capacidades cognitivas masculinas. Mente & Cérebro Especial, A ciência da Sedução, n. 25, pp. 32-39.

HAGE, Kamila El. E-mail marketing: gaste pouco e tenha resultados Especialista dá dicas de como usar a ferramenta para conquistar mais clientes. Meu Próprio Negócio, Ano 9, n.º 94, p. 16. 

VIOTTO, Jordana. Formalização impulsiona crescimento de empresas Com acesso ao crédito, empreendedores individuais planejam melhorias. Folha de S. Paulo, 12 de dezembro de 2010, Caderno Negócios, pp. 1-3.

MANDELLI, Mariana. Jovens trocam livros por ‘leitura digital’ - Gerações anteriores só liam as obras cobradas pela escola; agora, a prática é diferente: são sites, redes sociais, SMS e e-mails. O Estado de S. Paulo, 12 de dezembro de 2010, Caderno Vida, p. A26.