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quinta-feira, 11 de julho de 2013

Dez dicas para sua empresa se dar bem nas redes sociais e não dar um tiro no pé

Carla de Gragnani; Claudia Assencio
08 de julho de 2013
Que as redes sociais são ferramentas importantes para iniciar um negócio ou reforçar a marca de uma empresa não é mais novidade. Estar em ambientes digitais, principalmente em páginas de relacionamento como Facebook e Twitter, pode ser uma poderosa forma das empresas criarem um novo ponto de contato e de diálogo com seu público. Em contrapartida, o mau uso das plataformas pode causar sérios danos à imagem de sua marca.

Para evitar o "tiro no pé", consultores e especialistas dão dicas para empresas que querem entrar na rede, mas ainda não sabem como:

1. Saber o que realmente deseja com a rede: Gustavo Arjones, sócio e CTO (sigla em inglês para Chefe do Departamento de Tecnologia) da Socialmetrix, afirma que é preciso entender que as mídias sociais são um apoio aos negócios. "Criar objetivos claros é a chave para não perder tempo e recursos. Muitas empresas criam seus perfis na rede e começam a conversar com seus clientes sem objetivos claros. A quantidade de energia necessária para atender bem nesse meio é altíssima e uma PME não pode se dar o luxo de gastar essa energia sem um plano claro."

2. Capacitação: Segundo Marcos Hiller, coordenador do curso de MBA em Marketing, Consumo e Mídia Online da Trevisan Escola de Negócios e do curso de Mídias Digitais da Escola São Paulo, para gerar conteúdo nas redes sociais, a empresa deve estar preparada para entrar de forma profissional, caso contrário, a imagem da marca pode ser prejudicada. "A empresa deve capacitar-se, fazer cursos e ler livros sérios sobre o tema. Hoje temos inúmeros cursos sobre o assunto ao alcance de todos", diz o consultor.

3. Agregue valor à conversa: Gustavo Arjones alerta que para ser relevante nas mídias sociais, como na vida real, é preciso expressar ideias interessantes. "Não fale apenas sobre a maravilha que é sua empresa, aproveite para conectar o seu negócio ao dia a dia do cliente. É mais interessante seguir um restaurante que ensina como fazer pratos rápidos, que dá dicas de nutrição do que aquele restaurante que só manda o cardápio do dia ou uma eventual promoção".

4. Real x Virtual: A empresa deve ter histórias relevantes para contar e nunca tentar passar para o mundo virtual um conceito que não pratica no mundo real. "As histórias contadas na rede devem estar alinhadas à marca. Deve ter uma narrativa envolvente que harmonize com seus princípios", diz Hiller.

5. Medir e acompanhar os resultados: Arjones adverte para um perigo comum: o de se perder na "guerra dos números, de quem tem mais amigos ou seguidores. "Ter muita gente fora do público-alvo não irá trazer mais negócios à empresa. O recomendável é mensurar aquilo que é importante para a organização como o número de atendimentos num SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) virtual, o número de inscrições ou downloads em uma promoção e o número de visitantes quando se está divulgando conteúdo".

6. Estar preparado para as críticas: Mesmo grandes empresas se veem despreparadas para responder perguntas, porque muitas vezes imaginam que nesse canal irão receber elogios e não tem um plano para as reclamações. Entenda que irá receber ambos e esteja preparado para as críticas. Os departamentos de vendas ou pós-vendas devem conhecer as críticas comuns.

7. Saber que existem detratores e aprender a conviver com eles: Sobre isso, Gustavo Arjones diz que é importante saber reconhecer se é um cliente que tem razão e que ele precisa de atenção, nesse caso, ignorá-lo pode ser desastroso.

8. As pessoas buscam respostas, não apenas um bate-papo: Se a intenção é fazer SAC virtual, os operadores devem resolver problemas, as respostas rápidas são importantes, mas ainda mais fundamental é sanar o problema.

9. Não reproduzir casos de sucesso na rede: É bom ter em mente que os casos de sucesso não acontecem da mesma forma. "Tente analisar o que deseja e use a estratégia adequada ao sentimento da rede no momento, não existem fórmulas, nem gurus", afirma Walter Teixeira Lima, docente do Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo.

10. Custos: Ter noção de que há custo financeiro para se movimentar gerenciar a rede. "Não adianta contratar um analista de mídias sociais por R$ 3 mil, por exemplo, para monitorar a marca nas redes sociais e responder os consumidores em questões conflituosas. Isso é paliativo e não funciona em longo prazo. Também não adianta contratar um guru de mídias sociais por 100 mil para mostrar o que dá certo na rede naquele momento porque a rede é dinâmica, em um segundo muda a sua configuração social", diz Lima.


Disponível em http://pme.estadao.com.br/noticias/noticias,dez-dicas-para-sua-empresa-se-dar-bem-nas-redes-sociais-e-nao-dar-um-tiro-no-pe,3027,0.htm. Acesso em 10 jul 2013.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Empresas fazem 'big brother' dos consumidores

Marina Gazzoni
30 de junho de 2013

As atenções da equipe de desenvolvimento de produtos da Whirlpool, dona das marcas Cônsul e Brastemp, se voltaram para o administrador Lucas Gambin, de 26 anos, na última quinta-feira. Em uma "cozinha-teste" no meio da fábrica da empresa, em Joinville (SC), ele foi instigado a acionar o forno, selecionar a temperatura, escolher uma receita em uma tela sensível ao toque, que reunirá os comandos do primeiro fogão "smart" da Brastemp, que chegará ao varejo em outubro. Cada movimento de Gambin foi filmado e observado por designers e engenheiros da Whirlpool que assistiam ao teste por meio de um espelho falso.

Experiências como essa fazem parte de uma série de testes que as empresas aplicam para identificar o que querem os consumidores e buscar inspiração para criar ou aprimorar produtos. Os investimentos das empresas em estatísticas sobre hábitos de consumo, visitas à casa das pessoas e até na criação de laboratórios para observar os clientes usando seus produtos são crescentes. Em 2012, o mercado de pesquisas cresceu 10% no Brasil e faturou R$ 2 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisas (Abep).

"A corrida da inovação das empresas reflete na área de pesquisas. As empresas querem saber tudo sobre o consumidor para lançar produtos mais assertivos e otimizar os recursos aplicados no seu desenvolvimento", disse o vice-presidente da Abep, Fernando Ribeiro.

A Whirlpool, por exemplo, tem 23 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de produtos no Brasil - um deles dedicado exclusivamente a experiências com consumidores. Para testar o novo fogão da empresa, o laboratório recebeu cerca de 100 pessoas. Foi uma espécie de "test drive" para ver se as inovações, de fato, atendem o consumidor e são compreendidas e valorizadas por eles.

Foi observando a interação das pessoas com o produto que a empresa identificou que precisa melhorar a sensibilidade da tela "touch screen" e fazer ajustes no desenho do fogão. Gambin perdeu alguns minutos até entender que não precisava selecionar a temperatura para gratinar o forno -e não foi o único. A Whirlpool, então, passou a trabalhar em ajustes para deixar o manejo do produto mais fácil e claro ao usuário. "É quase impossível ter um protótipo sem ajustes. Em 90% dos casos, temos de refinar o produto e em 10% chegamos a mudar tudo", disse o gerente de experience design da Whirlpool, Mario Martuscello.

Oportunidades. A observação dos hábitos dos consumidores é, muitas vezes, o ponto de partida para as inovações. "A maioria dos insights para a criação de produtos vem de pesquisas na casa das pessoas", disse o diretor de Inteligência de Mercado da P&G Brasil, Patrick Aedo. Um exemplo é a ampola de hidratação da marca Head&Shoulder, criada depois que a empresa ouviu do próprio cliente a reclamação de que o xampu anticaspa ressecava o cabelo.

A P&G realiza mundialmente 40 pesquisas diárias para entender o consumidor, um esforço que faz parte do investimento anual de US$ 2 bilhões para desenvolvimento de produtos no mundo. No Brasil, todos os 800 funcionários da área administrativa precisam participar de um teste na casa do consumidor por ano. O próprio presidente da P&G Brasil, Alberto Carvalho, saiu em uma espécie de "maratona" por domicílios brasileiros de diferentes cidades e classes sociais logo que assumiu o comando da unidade brasileira, em dezembro de 2012.

O desafio das empresas é entender o que o cliente quer quando muitas vezes nem ele consegue expressar. "Nenhum consumidor vai dizer 'eu quero uma Smart TV', antes de existir a tecnologia. Mas vimos que ele passou a usar a TV e o computador ao mesmo tempo, então, a indústria entendeu que ele queria conectividade na TV", explicou o diretor de marketing da LG no Brasil, Pablo Vidal.

A lógica é a mesma que pauta a inovação há muito tempo e que se explica bem em uma das frases célebres de Henry Ford: "Se eu perguntasse aos clientes o que eles queriam eles diriam: um cavalo mais veloz".

Às empresas, fica o trabalho de decifrar o desejo e lançar algo que atende essa necessidade. "No caso da indústria de tecnologia, uma aposta que não é bem aceita pelo consumidor pode tirar uma empresa do mercado", disse Vidal. "É por isso que pesquisamos, e muito, o que o consumidor quer e como ele reage às inovações."


Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,empresas-fazem-big-brother-dos-consumidores-,1048551,0.htm. Acesso em 03 jul 2013.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Área de marketing já é a 2ª maior preocupação das empresas

Marina Gazzoni
03 de julho de 2013

A área de marketing ganhou importância na agenda dos presidente de grandes empresas brasileiras. Uma pesquisa feita entre maio e junho pelo Grupo Troiano de Branding com 50 CEOs (chief executive officer, na sigla em inglês) aponta que o tema é o segundo mais relevante na gestão da companhia para os líderes empresariais, atrás apenas de gestão de pessoas, mas à frente de preocupações com vendas e questões financeiras.

Essa é a segunda vez que o grupo Troiano faz a pesquisa. Ao todo, foram procurados executivos de empresas que, juntas, faturam mais de US$ 100 bilhões. Na primeira edição do estudo, feita em 2008, a área de marketing era a terceira mais relevante na agenda dos executivos.

"A pesquisa mostra uma evolução das empresas na direção de valorizar mais a importância do poder da marca e a necessidade de investir nela", disse o diretor-presidente do grupo Troiano, Jaime Troiano. "Antes a preocupação era vender. Hoje o entendimento dos CEOs é de que a venda é consequência de todo um trabalho bem-feito de planejamento, marketing e gestão de equipe."

O aumento da importância da marca para os presidentes das empresas se reflete em investimentos maiores: 62% dos executivos disseram neste ano que o orçamento de marketing vem crescendo na empresa, contra 52% em 2008.

Segundo Troiano, o motivo é uma mudança de visão das empresas, que passaram a enxergar a marca como uma ferramenta para gerar negócios e melhorar as margens das empresas. "Na cadeia produtiva, a maior parte da margem de lucro fica para quem tem a marca forte", diz Troiano.

Ajuda externa. Apesar de valorizar mais a importância de manter uma grife, apenas 15% dos presidentes disseram estar "muitos satisfeitos" com a expressão de suas marcas. Essa visão de que podem fortalecer suas marcas associada ao entendimento de que ela é estratégica para os negócios levou as empresas a contratarem mais consultorias especializadas.

Segundo a pesquisa da Troiano, 32% dos 50 CEOs consultados disseram que já contrataram uma consultoria de marca, contra 23% em 2008.

Outros 38% relataram que suas empresas possuem agências específicas para publicidade digital, contra 31% em 2008. E 30% deles têm equipe especializada em monitorar redes sociais, uma estatística que não foi computada na pesquisa de 2008.As empresas também têm aumentado seu interesse em mensurar o valor de suas marcas. Ao todo, 22% dos CEOs consultados disseram que avaliam o valor econômico de suas grifes frequentemente ou eventualmente, mais que o dobro do porcentual registrado em 2008.

A maioria das empresas, no entanto, nunca quantificou o peso das marcas. Segundo a diretora-geral do grupo Troiano, Cecília Russo, o interesse em mensurar essa ativo aumenta na medida em que a área passa a ser integrada a outros setores da empresa, como o financeiro.

Em processos de fusões e aquisições, por exemplo, muitas empresas passam a demandar avaliações do valor de suas marcas para definir o preço de venda ou compra de uma empresa.


Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,area-de-marketing-ja-e-a-2-maior-preocupacao-das-empresas-,1049658,0.htm. Acesso em 03 jul 2013.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Discurso de ódio espanta anunciantes do Facebook

Bloomberg News
31 de maio de 2013

Depois de receber queixas sobre páginas que encorajavam a violência contra mulheres, o Facebook decidiu intensificar seus esforços para retirar os discursos de ódio da rede social - tipo de conteúdo que acabou fazendo algumas empresas suspenderem anúncios no site.

A unidade britânica da montadora Nissan e a financeira Nationwide Building Society, por exemplo, removeram alguns anúncios que podem ter aparecido perto de conteúdo ofensivo. As empresas tomaram essa atitude após o grupo ativista Women, Action & the Media dizer, em uma carta aberta na semana passada, que o Facebook tinha "grupos, páginas e imagens explicitamente coniventes com estupro ou violência doméstica ou que sugerem ser motivo de riso ou zombaria".

Além de acender esse alerta, a organização, que luta contra a discriminação de gêneros, iniciou uma campanha online para pressionar empresas cujos anúncios aparecem próximos das imagens polêmicas. Algumas dessas fotos eram de mulheres que teriam sido espancadas ou estupradas.

A iniciativa do Women, Action & the Media incluiu mensagens por Twitter e e-mails. Algumas companhias, entre elas a Zipcar, a Zappos.com e a marca Dove (da Unilever), responderam dizendo que estavam trabalhando com o Facebook para resolver a questão. Elas não retiraram seus anúncios, segundo a organização. O site reportou que, além da Nationwide e da Nissan do Reino Unido, alguns anunciantes menores suspenderam seus anúncios.

O Facebook, baseado em Menlo Park, Califórnia, disse que revisará suas diretrizes para avaliar conteúdos que possivelmente violem as normas e atualizará o treinamento das equipes que têm a função de revisar as mensagens ligadas a discursos de ódio.

Os serviços de mídia social aumentaram sua popularidade ao oferecer aos usuários um caminho livre para postarem comentários, fotos e vídeos. Mas essa liberdade pode causar contratempos ao Facebook se os conteúdos publicados no site cruzarem a fronteira do bom gosto, afugentando potenciais anunciantes. A organização de direitos humanos Simon Wiesenthal Center culpou o Twitter este mês, dizendo que o serviço de microblogs ajudou a instigar o crescimento de ódio e terror.

"Isso deveria ser uma grande preocupação do Facebook", disse Shallendra Pandey, um analista de publicidade na Informa Telecoms & Media, em Londres. As companhias que estão retirando sua publicidade "são grandes marcas e trazem muita receita a cada trimestre". O Facebook teve uma receita publicitária de US$ 1,25 bilhão no primeiro trimestre de 2013, cerca de 85% de suas vendas totais.

Em um post, o Facebook confessou "precisar melhorar". "Nos últimos dias, ficou claro que nossos sistemas para identificar e remover discursos de ódio não funcionaram com a eficácia que gostaríamos, particularmente em questões de ódio baseado em gênero."

O Facebook pretende criar comunicações mais formais com representantes de organizações de mulheres e outras para acelerar suas respostas a questões sobre conteúdo ofensivo. A companhia disse também que aumentará a cobrança de responsabilidade de criadores de conteúdo "cruel".

A unidade britânica da Nissan paralisou temporariamente os anúncios direcionados a faixas etárias que podem ter visto propaganda ao lado de conteúdo controverso, disse Travis Parman, porta-voz da Nissan.

Os anúncios da marca Dove, Amazon (Reino Unido), American Express e Sky também apareceram perto de imagens ofensivas, segundo imagens do grupo ativista. Executivos do setor de publicidade acham que isso não prejudicará o Facebook, pois as empresas estão tomando ciência de que os anúncios podem acabar aparecendo em ambientes online repugnantes.


Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,discurso-de-odio-espanta--anunciantes-do-facebook-,1037438,0.htm. Acesso em 10 jun 2013.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Artesanato já movimenta R$ 50 bilhões por ano no Brasil e envolve 8,5 milhões de pessoas

Cris Olivette   
10 de dezembro de 2012
Há 19 anos, o engenheiro químico Luis Moureira deu uma virada em sua vida: tornou-se um artesão e vive desse empreendimento até hoje. “A pintura em tecido era um hobby, até que desenvolvi uma técnica em tecido molhado que ganhou fama e se espalhou pelo País. Hoje, sou um privilegiado que pode ter o trabalho como hobby.”

Moureira conta que foi premiado nas duas últimas edições da feira Mega Artesanal. “Em 2010, ganhei o Prêmio Artesão e em 2011, entre 30 categorias, ganhei o prêmio principal.”

Em todo o País, cerca de 8,5 milhões de brasileiros fazem do artesanato o seu pequeno negócio, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Juntos, esses microempreendedores movimentam mais de R$ 50 bilhões por ano. 

Um mercado que motiva feiras como o 2º Salão do Artesão, iniciado no dia 5 de dezembro e que termina neste domingo, no Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo do Campo. Em busca de expansão da sua atividade, o ex-engenheiro é um dos participantes do evento.

Os negócios envolvendo artesanato têm um pé na realização pessoal e permitem até iniciativas sociais como a de Marcela Muñoz. Sua primeira iniciativa foi criar a Oficina Pedacinhos de Arte, em 2002. “A partir de 2005, passei a conciliar a produção com um trabalho social chamado Solidariedade com Arte.”

Este projeto ensina jovens e adultos carentes a fazer peças artesanais que, depois de prontas, são comercializadas. Para manter o projeto, Marcela foi atrás de parcerias e hoje conta com o apoio de grandes empresas que fornecem matéria prima como vidro, rejunte, cimento, ferramentas elétricas, cola e madeira. 

A artesã afirma que, no período de sete anos, pelo menos mil pessoas já foram capacitadas por ela. “Comecei com 17 meninos extremamente carentes. Hoje, alguns fazem cursos técnicos, outros estão na faculdade e trabalham em grandes empresas.” Segundo ela, a Etna – empresa que vende móveis – adquire seus produtos por conta do trabalho social. 

Mesmo achando difícil viver de arte no Brasil, ela se sente feliz: “Apesar das dificuldades, sou uma artista que vive do artesanato e que ama o que faz".

Marcela lembra que começou a produzir mosaicos com o objetivo de reduzir sua ansiedade. “Depois que comecei esse trabalho, passei a enxergar a vida de outro jeito. Sinto que criá-los é uma forma de organizá-la. É como se a vida estivesse toda estraçalhada e fosse se transformando conforme vou encaixando os pedacinhos.” Antes de virar artesã, Marcela coordenava cursos de arte em uma galeria. 

Ela gosta de ressaltar que seu trabalho é artesanal, solidário e sustentável. “É bom divulgá-lo (no salão) para reforçar a importância das parcerias.”

A primeira edição do Salão do Artesão ocorreu em 2011 e contou com 80 expositores e 35 mil visitantes. Neste ano, entre indústrias de insumos para o artesanato e ateliês o evento teve 130 expositores.

A realizadora do evento, Sônia Sodré, dona da Metroprom Feiras e Eventos, diz que a feira busca a integração do artista com a indústria.“O salão promove e divulga o artesanato, principalmente os produzidos na região do ABC e Baixada Santista, e é uma ótima oportunidade para a indústria lançar novos produtos e ensinar novas técnicas.”

Melhor negócio. Entre os expositores do Salão do Artesão está, por exemplo, a Tec-Screen, que produz e comercializa tintas da marca Gato Preto. Segundo o sócio diretor da empresa, Eurípedes de Almeida, negócios ligados ao artesanato estão apresentando forte crescimento não apenas no Brasil quanto em toda a América Latina. 

“Hoje, esse mercado está cotado como o quinto melhor negócio na América Latina. E depois da crise americana, o segmento está crescendo de forma acelerada também nos Estados Unidos.”

Almeida afirma que o setor cresce mais de 15% ao ano e que sua empresa, que já exporta para países das Américas do Sul e Central, Portugal e Espanha, está em processo de negociação para vender para a França e Inglaterra.

Para incentivar a produção artesanal no País, o sistema Sebrae criou o prêmio Pop 100 de Artesanato, que contempla, a cada dois anos, 100 unidades produtivas de artesanato que tiveram o melhor índice de gestão. 

“Montamos no Salão do Artesão um espaço que chamamos de vitrine, onde apresentamos as 100 unidades vencedoras da terceira edição do prêmio, ocorrida em 2012. Além disso, montamos uma grande loja, para vender as peças que vieram de todo o Brasil”, afirma o consultor do Sebrae-SP Cassio dos Santos e Oliveira. 

Em sua opinião, a produção artesanal brasileira está cada vez mais em evidência, principalmente entre os artesãos que se preocupam em agregar a questão da sustentabilidade aos produtos, bem como valores culturais. “Explorar a identidade cultural da localidade onde as peças são produzidas, aumenta sua competitividade.”

Oliveira ressalta, ainda, que o artesão precisa ter uma boa técnica de produção e que os produtos devem ter bom acabamento para atender as expectativas do consumidor. “Também é importante que o profissional desenvolva suas habilidades gerenciais para saber calcular o preço de venda.”

Na feira também há orientações dadas, além do Sebrae, pela Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades (Sutaco). “O Banco do Brasil e o Banco do Povo, também montaram estandes para oferecer linha de crédito com taxas bem acessíveis”, conta Sônia

Segundo a diretora técnica da Sutaco, Marlene do Santos, o objetivo do órgão é promover e comercializar o artesanato paulista e prestar serviços aos artesãos. “Ao se cadastrar na Sutaco, o artista recebe uma carteira que dá direito, por exemplo, a emitir nota fiscal por meio do órgão, sem a necessidade de abrir uma firma.” Atualmente, a entidade conta com 78 mil cadastrados.

Antes de se decidir pela feira, Sônia diz que fez pesquisa de mercado durante três anos e encontrou um bom nicho no segmento de artesanato.

“Já organizo a Feira do Circuito das Malhas. Então, tínhamos espaço na empresa para realizar outro evento no segundo semestre.” No Salão, a maioria dos participantes é de São Paulo.

Disponível em http://pme.estadao.com.br/noticias/noticias,artesanato-ja-movimenta-r-50-bilhoes-por-ano-no-brasil-e-envolve-8-5-milhoes-de-pessoas,2507,0.htm. Acesso em 10 dez 2012.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Baixa proficiência de inglês no Brasil expõe deficiências no sistema de ensino

Lourival Sant’Anna
17 de novembro de 2012

“Do you speak English?” Disfarçado de turista estrangeiro, o repórter do Estado fez essa pergunta a 110 pessoas que passavam pela esquina da Avenida Paulista com a Rua Haddock Lobo. Dessas, 22 responderam que sim, e conseguiram explicar em inglês, com diversos graus de fluência, como chegar ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), a 500 metros dali. Uma em cada cinco.

Isso, num dos pontos do País por onde transita mais riqueza e, com ela, a maior proporção de profissionais liberais e empregados de grandes empresas.

Todos os 88 que responderam “não” aparentavam ter concluído ao menos o ensino médio e, portanto, ter passado no mínimo oito anos tendo duas aulas de inglês por semana. “No, sorry”, desculparam-se alguns, antes de emudecer.

Dois policiais militares - cuja corporação exige o ensino médio - ficaram olhando, até que um deles balbuciou: “no stand”, querendo talvez dizer “we don’t understand” (não entendemos). Os que falavam fizeram cursos particulares de inglês e até mesmo intercâmbio nos Estados Unidos e na Inglaterra, e em geral usam o idioma no dia a dia.

A Paulista é um oásis cosmopolita em um deserto monoglota. A Education First (EF), rede mundial de intercâmbio, aplicou, entre 2009 e 2011, exames em 1,67 milhão de adultos interessados em aperfeiçoar seu inglês, em 54 países onde o idioma não é nativo. O Brasil ficou em 46.º lugar, atrás de países como Argentina, Uruguai, Irã, Peru, China, Venezuela e Síria. A nota média obtida pelos brasileiros, 46,86, colocou o País no pior nível, o de “proficiência muito baixa”.

De acordo com o relatório da pesquisa, quanto melhor a posição do país no ranking, maior a renda e o valor de suas exportações per capita, maiores os gastos com pesquisa e desenvolvimento, mais usuários de internet por 100 habitantes, mais alto o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), maiores o gasto público com educação e o nível de escolaridade da população. O estudo indica que o conhecimento de inglês está para a economia assim como a infraestrutura.

Luciano Timm, diretor de Marketing da EF no Brasil, observa que grande parte dos trabalhos que resultam no Prêmio Nobel é feita em colaboração. “O cientista só pode colaborar se falar inglês.” Esse é também o idioma dos negócios e das relações internacionais, adotado, por exemplo, na União Europeia, apesar de o francês ser a língua nativa do maior número de países membros, a começar pela sua sede, a Bélgica. Timm cita o filósofo austríaco naturalizado britânico Ludwig Wittgenstein: “Os limites da linguagem significam os limites do meu mundo.”

O repórter esteve em 35 dos 54 países. Neles, escolas de idiomas não são tão comuns como no Brasil. Quem fala inglês em geral aprendeu no ensino regular.

Ensino. Para o sociólogo Simon Schwartzman, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), a baixa colocação do Brasil no ranking é compatível com outras comparações internacionais, como o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que testa a compreensão de leitura, matemática e ciências. No último exame, divulgado em 2009, o Brasil ficou em 57.º, de um total de 74 países. Há um problema geral de qualidade de ensino.

Dos cerca de 2 milhões de professores do nível fundamental e médio do Brasil, 182 mil ensinam inglês (134 mil na rede pública e 48 mil na particular), segundo o Ministério da Educação. Com duas aulas por semana ao longo de oito anos, “daria para ensinar muita coisa”, atesta Vinícius Nobre, presidente do Braz-Tesol, que reúne 2 mil professores da língua. Inglês parece ser uma disciplina de segunda classe. “O inglês entrou no currículo como algo obrigatório, cuja necessidade não era comprovada”, analisa Nobre. “É sempre a aula de inglês que é cancelada quando tem reunião de pais ou festa junina.”

Kelvin Oliveira, de 17 anos, conta que só começou a estudar inglês na 7.ª série, embora o ensino da língua seja obrigatório a partir da 5.ª. “Na 6.ª série, a professora entrou de licença e não tive nenhuma aula”, diz o jovem, que na época estudava em uma escola municipal no Jardim Rodolfo Pirani, no extremo leste de São Paulo. “Na 5.ª, não lembro de ter tido inglês.”

Hoje aluno do 3.º ano em uma escola estadual, Kelvin é aficionado pela língua: “Eu sempre quis ver a neve.” No ano passado, prestou a seleção para o programa Jovens Embaixadores, do governo americano, que envia estudantes para os Estados Unidos, mas não passou. Em dezembro, graças a sua intimidade com computadores, conseguiu estágio na rede Acessa São Paulo e, com o salário de R$ 390, passou a pagar escola de inglês. Além disso, ingressou no Curso de Inglês Online da Secretaria Estadual de Educação. Resultado: passou em nova seleção dos Jovens Embaixadores e vai ficar três semanas nos EUA em janeiro, começando por Washington. Onde verá muita neve.

Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,baixa-proficiencia-de-ingles-no-brasil-expoe-deficiencias-no-sistema-de-ensino,961579,0.htm. Acesso em 26 nov 2012.

domingo, 18 de novembro de 2012

Carga tributária do Brasil é maior que em 17 países da OCDE

Sandra Manfrini
13 de novembro de 2012
As receitas tributárias brasileiras cresceram "consideravelmente" nas últimas duas décadas em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e atingiram níveis superiores aos verificados em muitos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Essa é uma das constatações do documento Estatísticas sobre Receita na América Latina, divulgado nesta terça-feira, 13, pela entidade, que mostra que, em 2010, a proporção dos tributos no Brasil em relação ao PIB foi maior do que em 17 países da OCDE, incluindo Austrália, Canadá, Japão, Nova Zelândia, Espanha, Suíça e Estados Unidos.

"Historicamente, o Brasil tem sido o país da América Latina com a maior proporção de tributos em relação ao PIB durante o período de 1990-2009 (mas em segundo lugar depois da Argentina em 2010), mostrando percentuais semelhantes à média da OCDE, especialmente depois de 2004", diz o documento.

Segundo o estudo, em 2010, a relação entre a arrecadação de impostos e o PIB foi de 19,4% para os 15 países latino-americanos e de 33,8% para todos os países que integram a OCDE. Em relação especificamente ao Brasil, os impostos representaram 32,4% do PIB (ante 28,2% do PIB em 1990), ficando atrás apenas da Argentina (33,5%).

Com relação à estrutura tributária, o documento destaca que o porcentual de impostos indiretos e particularmente o ICMS é relativamente alto no Brasil na comparação com os demais países da OCDE. A avaliação feita é de que as elevadas receitas provenientes da tributação indireta no Brasil estão ligadas a quatro formas distintas de ICMS, que são arrecadados pelos Estados, o que torna o sistema complexo.

No caso da tributação direta, o estudo mostra que as receitas tributárias de impostos sobre os rendimentos e lucros têm desempenhado um papel secundário como fonte de receita na América Latina, mesmo com a tendência de alta observada de 1990-2010. Essas tributos também cresceram no Brasil, mas, segundo o levantamento, em ritmo mais lento que a média na região.

As receitas de impostos sobre a renda da pessoa física foram consideradas "especialmente baixas". Em contrapartida, as contribuições para a previdência contribuem com uma proporção significativa das receitas tributárias totais do Brasil nas últimas duas décadas, atingindo níveis próximos aos da OCDE. "Em certa medida, isto é explicado pela grande variação nos regimes de previdência da América Latina. A previdência representa a maior parte das receitas em países que têm regimes públicos e mistos, como Brasil, Costa Rica, Equador, Panamá, Paraguai e Uruguai", diz o documento.

Os impostos sobre rendimentos e lucros no Brasil atingiram 6,9% do PIB em 2010, ante 4,8% nos países da região e 11,3% nos países da OCDE. As contribuições previdenciárias representaram 8,4% do PIB no Brasil no mesmo ano (3,6% nos países latino-americanos e 9,1% nos integrantes da OCDE).

O estudo ainda observou uma tendência de crescimento da participação das contribuições sociais e trabalhistas no total da arrecadação de impostos do Brasil entre 1990 e 2010, com níveis superiores ao da média da região e entre países da OCDE. Segundo o levantamento, em 2010, a proporção média do total de receitas geradas pelos impostos diretos, contribuições sociais, previdenciárias e trabalhistas em relação ao PIB foi de 16,2% no Brasil, de 20,8% nos países da OCDE e de 8,5% na região latino-americana. A tributação sobre propriedade no Brasil atingiu 1,9% do PIB em 2010, ficando próxima aos níveis dos países da OCDE (1,8%) e acima dos países da região (0,8%).

Disponível em http://economia.estadao.com.br/noticias/economia%20geral,carga-tributaria-do-brasil-e-maior-que-em-17-paises-da-ocde,134633,0.htm. Acesso em 17 nov 2012.